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GATO PRETO CAPÍTULO 5
45:00 min
CYBERTV APRESENTA
GATO PRETO
Minissérie
de
Cristina Ravela
Capítulo 5 de 13
© 2018, CyberTV.
Todos os direitos reservados.
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ATO DE ABERTURA
FADE
IN
CENA
1 INT. - CEMITÉRIO – DIA
ÂNGULO
BAIXO – Um par de sapatos de couro preto aproxima-se de um jazigo, coberto por
algumas rosas brancas. CLOSE na inscrição:
“Catarina
Guerra dos Santos
12.09.1995 – 07.10.2016
12.09.1995 – 07.10.2016
CAM
BUSCA as mãos masculinas do visitante, segurando uma rosa VERMELHA, sem
espinhos, com afinco. Quando vai depositá-la no jazigo /
VOZ MASCULINA
É muito bonita.
É muito bonita.
No
SOBRESSALTO, o visitante deixa a rosa cair no meio das outras, e volta-se. É
Batista.
BATISTA
Seu João, eu…
Seu João, eu…
João
dá um tapinha camarada em seu ombro.
JOÃO
Está no seu direito, rapaz. Direito este que ajudei a tirá-lo de você. Peço perdão por/
Está no seu direito, rapaz. Direito este que ajudei a tirá-lo de você. Peço perdão por/
BATISTA
(por cima) Por favor, não. Quem me deve perdão é o seu Avelino, mas….O que é dito num confessionário, fica no confessionário.
(por cima) Por favor, não. Quem me deve perdão é o seu Avelino, mas….O que é dito num confessionário, fica no confessionário.
JOÃO
Tem razão. (encara-o, simpático) Ela teria orgulho de você.
Tem razão. (encara-o, simpático) Ela teria orgulho de você.
Batista
olha para o jazigo, angustiado.
BATISTA
É. Acho que sim.
É. Acho que sim.
CENA
2 EXT. - RUAS DA CIDADE -
DIA
Algumas
MULHERES conversam perto da IGREJA; Outras saem da praça. Movimento normal. A
pickup de João estaciona diante da igreja. Portas abrem-se; João e o padre
descem. As mulheres cochicham entre si, entreolhando a cena com asco.
BATISTA
Obrigado, seu João. Espero vê-lo mais vezes por aqui.
Obrigado, seu João. Espero vê-lo mais vezes por aqui.
JOÃO
Digo o mesmo. Apareça na fazenda.
Digo o mesmo. Apareça na fazenda.
Ambos
sorriem. João se prepara para entrar no carro, quando nota as mulheres
encarando-o, enquanto fofocam. João acena.
JOÃO
Bom dia!
Bom dia!
As
mulheres apenas cumprimentam com a cabeça, esboçando desprezo.
ZOOM-OUT – Um MENINO de uns 10 anos, de costas para a CAM, arremessa uma pedra no carro de João. Este, volta-se, no susto. Corre até ele.
ZOOM-OUT – Um MENINO de uns 10 anos, de costas para a CAM, arremessa uma pedra no carro de João. Este, volta-se, no susto. Corre até ele.
JOÃO
EI, MOLEQUE! O QUE É ISSO?
EI, MOLEQUE! O QUE É ISSO?
Uma
MULHER, beirando os 40 anos, rapidamente abraça o menino, recuando-o.
MULHER #1
O senhor me desculpe, seu João. Ele deu algum prejuízo?
O senhor me desculpe, seu João. Ele deu algum prejuízo?
João
olha para o carro, respira fundo.
JOÃO
Não, nada. (para o moleque) Mas isso não é coisa que se faça, garoto.
Não, nada. (para o moleque) Mas isso não é coisa que se faça, garoto.
João
dá as costas, Batista faz a negativa para a situação.
MENINO
O SENHOR MATOU SUA FILHA!
O SENHOR MATOU SUA FILHA!
Batista
cobre a boca, tenso. João se volta, arredio.
JOÃO
O que você disse, seu moleque?
O que você disse, seu moleque?
A
tal mulher tenta levar o garoto dalí, mas ele teima.
MENINO
É o que tão dizendo, moço. O senhor é ruim! O senhor é ruim!
É o que tão dizendo, moço. O senhor é ruim! O senhor é ruim!
E
sai correndo. A mulher, envergonhada, vai atrás. João encara as outras
mulheres.
JOÃO
É isso que vocês andam espalhando para seus filhos? É isso?
É isso que vocês andam espalhando para seus filhos? É isso?
BATISTA
Seu João, vamos entrar. Não adianta bater boca /
Seu João, vamos entrar. Não adianta bater boca /
JOÃO
Eu to sendo mal visto na cidade onde eu nasci, padre! (para as mulheres) As senhoras deviam arrumar alguma coisa melhor pra fazer do que ouvir besteiras e sair espalhando. Isso é calúnia e difamação! Ouviram?
Eu to sendo mal visto na cidade onde eu nasci, padre! (para as mulheres) As senhoras deviam arrumar alguma coisa melhor pra fazer do que ouvir besteiras e sair espalhando. Isso é calúnia e difamação! Ouviram?
Batista
vai levando João para o interior da igreja, enquanto ele, furioso, encara as
alcoviteiras.
CENA
3 INT. - IGREJA – DIA
Em
mãos masculinas que BATEM contra a madeira.
JOÃO
(furioso)
INFERNO! INFERNO!
(furioso)
INFERNO! INFERNO!
Batista
faz sinal de oração, surpreso.
BATISTA
Seu João, estamos na Igreja!
Seu João, estamos na Igreja!
João
esfrega as mãos na testa, percebe o erro.
JOÃO
Perdão, padre. (faz sinal da cruz diante do altar) Mas é que isso me enerva! Nasci e fui criado aqui, povo sempre respeitou a mim e ao Avelino, mas agora vão ficar só do lado dele? O cara que veio lá do Rio fazer a vida aqui? Não aceito, sou contra.
Perdão, padre. (faz sinal da cruz diante do altar) Mas é que isso me enerva! Nasci e fui criado aqui, povo sempre respeitou a mim e ao Avelino, mas agora vão ficar só do lado dele? O cara que veio lá do Rio fazer a vida aqui? Não aceito, sou contra.
BATISTA
O senhor sabe como é o povo do interior; Tudo que acontece é motivo de alarde, mas depois aparece outra coisa e esquecem o ocorrido.
O senhor sabe como é o povo do interior; Tudo que acontece é motivo de alarde, mas depois aparece outra coisa e esquecem o ocorrido.
João
toca os ombros do padre, encara-o, firme.
JOÃO
Esse é o problema; Esquecerem que a minha filha foi assassinada, que o assassino continua por aí, mas eu é que sou visto como bandido da história. Padre, se eu afrouxar, saio da cidade com má fama.
Esse é o problema; Esquecerem que a minha filha foi assassinada, que o assassino continua por aí, mas eu é que sou visto como bandido da história. Padre, se eu afrouxar, saio da cidade com má fama.
Batista
engole a seco, olhar inquieto.
BATISTA
Mas o que o senhor pode fazer? Se o seu Avelino estiver colocando todos contra o senhor, até a polícia!
Mas o que o senhor pode fazer? Se o seu Avelino estiver colocando todos contra o senhor, até a polícia!
João
se afasta, contorna o padre, pensativo.
JOÃO
Unir provas, provas concretas de tudo o que ele fez. (volta a encarar o padre). Ele não tá sozinho nessa, padre; Todo mundo acaba tendo um cúmplice e o dele eu sei bem quem é. Aquele traste do Mazinho gosta de jogar sujo, mas tem cara de deixar rastros. Pode ter certeza disso.
Unir provas, provas concretas de tudo o que ele fez. (volta a encarar o padre). Ele não tá sozinho nessa, padre; Todo mundo acaba tendo um cúmplice e o dele eu sei bem quem é. Aquele traste do Mazinho gosta de jogar sujo, mas tem cara de deixar rastros. Pode ter certeza disso.
Em
Batista, curioso.
CENA
4 EXT. - FAZENDA GUERRA –
DIA
Pelo
estreito caminho de terra, Alice vem caminhando, enquanto fala ao telefone.
ALICE
(ao tel.)
Queria ter falado com o seu João, mas ele saiu cedo. Nem celular atende. (T) Eu sei, Noel, mas você tava dormindo. O seu João precisa saber que o Mazinho tá disposto a tudo.
(ao tel.)
Queria ter falado com o seu João, mas ele saiu cedo. Nem celular atende. (T) Eu sei, Noel, mas você tava dormindo. O seu João precisa saber que o Mazinho tá disposto a tudo.
Ao
FUNDO, um JIPE VERDE se aproxima, em alta velocidade. Alice nem ouve.
ALICE
(ao tel.)
Provar que o seu pai mandou matar a Catarina, não vai ser fácil, mas podemos bolar uma estratégia antes que ele tente cumprir a ameaça que fez /
(ao tel.)
Provar que o seu pai mandou matar a Catarina, não vai ser fácil, mas podemos bolar uma estratégia antes que ele tente cumprir a ameaça que fez /
Uma
BUZINA assusta a garota que, ao virar-se, dá com o JIPE vindo em sua direção.
Alice recua, para dar passagem, mas o jipe vai pra cima. Vemos que é Mazinho
quem dirige. Alice se apavora.
Pelo
PONTO DE VISTA de Mazinho, Alice corre, desesperada, olhando para trás, aos
GRITOS.
ALICE
PARA COM ISSO! PARA!
PARA COM ISSO! PARA!
Mazinho
GARGALHA.
VOLTA
A CENA, Alice vai perdendo o fôlego, faz a curva numa ESTRADINHA, o JIPE em
cima. CORTA PARA Walter, SAINDO da FAZENDA SANTOS, preocupa-se ao ver a cena.
WALTER
EI! EI!
EI! EI!
O
jipe vai com tudo pra cima de Alice, aflita, já largou o celular em algum
canto. Até que ela, percebendo que não há jeito, SALTA sobre o capô e é
ARREMESSADA contra uma CERCA. A cerca é derrubada e Alice rola do outro lado.
Walter chega alí no desespero, apoia Alice em seus braços.
WALTER
Alice, você tá bem?
Alice, você tá bem?
O
rosto de Alice, muito próximo do peito de Walter. OUVIMOS o coração dele BATER
forte. Há uma troca intensa de olhares; Alice, sem entender a situação,
ofegante; Walter, realmente preocupado. A SONOPLASTIA cessa. Alice, com os
braços escoriados, se solta dele, assustada, e levanta-se, rispidamente.
ALICE
Me solta! Ainda pergunta se to bem?
Me solta! Ainda pergunta se to bem?
Mazinho,
já fora do jipe, encara a cena fingindo preocupação.
MAZINHO
Você se machucou, Alice? Não sei o que houve, eu não consegui frear. Desculpa.
Você se machucou, Alice? Não sei o que houve, eu não consegui frear. Desculpa.
ALICE
Aham, sei. Tentou frear em cima de mim, né? Você me perseguiu. Walter deve ter visto né? Ou vai dizer que não?
Aham, sei. Tentou frear em cima de mim, né? Você me perseguiu. Walter deve ter visto né? Ou vai dizer que não?
MAZINHO
Qualé, garota? To sendo sincero. Cê acha que se eu quisesse te matar, ia ser assim? De dia, a céu aberto? Eu hen!
Qualé, garota? To sendo sincero. Cê acha que se eu quisesse te matar, ia ser assim? De dia, a céu aberto? Eu hen!
WALTER
Melhor você ver esses freios, Mazinho, antes que mais alguém se machuque. Vamos, Alice, cuidar desses ferimentos.
Melhor você ver esses freios, Mazinho, antes que mais alguém se machuque. Vamos, Alice, cuidar desses ferimentos.
ALICE
Eu sei me cuidar sozinha!
Eu sei me cuidar sozinha!
E
Alice se afasta, injuriada. Walter fecha o semblante e Mazinho esconde o riso.
CENA
5 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / ESCRITÓRIO – DIA
Avelino
e Mazinho discutem, às portas fechadas.
AVELINO
Que ideia de jerico foi aquela, Mazinho? Tentar matar a Maria Alice em plena luz do dia e com testemunha? Você ficou maluco?
Que ideia de jerico foi aquela, Mazinho? Tentar matar a Maria Alice em plena luz do dia e com testemunha? Você ficou maluco?
MAZINHO
Não é a primeira vez, né? Sei fazer o serviço, pô.
Não é a primeira vez, né? Sei fazer o serviço, pô.
AVELINO
Da outra vez a testemunha era uma CRIANÇA, Mazinho! E era só pra dar um susto. Tu já fazia merda desde aquela época, francamente /
Da outra vez a testemunha era uma CRIANÇA, Mazinho! E era só pra dar um susto. Tu já fazia merda desde aquela época, francamente /
Mazinho
agarra Avelino pelo colarinho. Este mede força, sem medo.
MAZINHO
Tu não me arrasa, não hen. Que isso tudo que você tem foi graças a mim. Até parece que foi prejuízo eu ter mandado a mãe do padreco pro beleléu.
Tu não me arrasa, não hen. Que isso tudo que você tem foi graças a mim. Até parece que foi prejuízo eu ter mandado a mãe do padreco pro beleléu.
Avelino
se afasta dele, bruscamente.
AVELINO
Já falei pra você não tocar mais nesse assunto, caramba! Aquilo já foi enterrado, e você muito bem recompensado.
Já falei pra você não tocar mais nesse assunto, caramba! Aquilo já foi enterrado, e você muito bem recompensado.
MAZINHO
Morando na fazenda que também é minha? Muito obrigado pela recompensa!
Morando na fazenda que também é minha? Muito obrigado pela recompensa!
AVELINO
Devia me agradecer por ainda estar aqui. Não pensa que eu não sei que você colocou na cabeça do Alessandro de fingir casamento só pra me afrontar, não tá? Até nisso você fez merda. Até nisso!
Devia me agradecer por ainda estar aqui. Não pensa que eu não sei que você colocou na cabeça do Alessandro de fingir casamento só pra me afrontar, não tá? Até nisso você fez merda. Até nisso!
Mazinho
se apoia na mesa e aproxima-se do irmão.
MAZINHO
Não se esqueça que eu ajudei a camuflar a merda que você fez. Se não, tu ia ser apontado na rua como o assassino da Catarina.
Não se esqueça que eu ajudei a camuflar a merda que você fez. Se não, tu ia ser apontado na rua como o assassino da Catarina.
Avelino
também se apoia na mesa, ficando cara a cara com o irmão.
AVELINO
Você acha mesmo que eu matei a garota, é? Se eu quisesse matá-la, nem teria deixado nascer. Você apenas afrouxou a cela depois do acidente. A acusação contra João tinha que ter fundamento, poxa!
Você acha mesmo que eu matei a garota, é? Se eu quisesse matá-la, nem teria deixado nascer. Você apenas afrouxou a cela depois do acidente. A acusação contra João tinha que ter fundamento, poxa!
MAZINHO
Mas se não foi você, quem teria motivo pra matá-la? Maria Alice pode ser tudo, mas não é mentirosa.
Mas se não foi você, quem teria motivo pra matá-la? Maria Alice pode ser tudo, mas não é mentirosa.
Avelino,
exaltado, caminha até a porta.
AVELINO
Ah, sei lá! Cristina Ravela, Rafael Oliveira, qualquer um sem paciência para personagem insosso. Agora vê se toma jeito, se não vou ter que colocar o Alessandro nessa roda e fazer o que você não consegue, ok?
Ah, sei lá! Cristina Ravela, Rafael Oliveira, qualquer um sem paciência para personagem insosso. Agora vê se toma jeito, se não vou ter que colocar o Alessandro nessa roda e fazer o que você não consegue, ok?
Avelino
abre a porta e SAI. Em Mazinho, socando a mesa.
CENA
6 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / QUARTO DE ALICE - DIA
Alice
está sentada na cama, enquanto Noel, de frente, limpa seus ferimentos usando um
algodão.
NOEL
Mazinho já tá indo longe demais, Alice. Vai contar pro seus pais?
Mazinho já tá indo longe demais, Alice. Vai contar pro seus pais?
ALICE
Meu pai estrangula o Mazinho, cê sabe. Precisamos contra-atacar.
Meu pai estrangula o Mazinho, cê sabe. Precisamos contra-atacar.
Noel
para um instante, embebeda o algodão em um utensílio com água.
NOEL
Já temos o Paulo e a Ana do nosso lado. Seus pais, com certeza, compram essa briga. Mas… A gente precisa contar com mais alguém daqui. Alguém que eles possam ouvir e acreditar, sabe?
Já temos o Paulo e a Ana do nosso lado. Seus pais, com certeza, compram essa briga. Mas… A gente precisa contar com mais alguém daqui. Alguém que eles possam ouvir e acreditar, sabe?
ALICE
Em quem?
Em quem?
NOEL
O Walter.
(Alice, surpresa) Ele já demostrou que gosta da gente e pode ser um forte aliado contra os próprios irmãos. É a nossa grande sacada!
O Walter.
(Alice, surpresa) Ele já demostrou que gosta da gente e pode ser um forte aliado contra os próprios irmãos. É a nossa grande sacada!
Em
Alice, sem acreditar.
FADE
OUT
FIM DO ATO DE ABERTURA
CAPÍTULO 5
DIABO A
QUATRO
PRIMEIRO ATO
CENA
7 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / QUARTO DE ALICE - DIA
Alice
levanta-se, repentinamente, quase derrubando o primo.
ALICE
Nem pensar!
Nem pensar!
Noel
ajeita-se, confuso. Alice anda de um lado para o outro, com as mãos na cintura.
NOEL
Ué, como assim? Nele eu confio.
Ué, como assim? Nele eu confio.
ALICE
Pois não devia! Eu não acredito nesse apoio todo que ele quer nos dar, Noel. Veja! Minha mãe não apoia o teu pai e onde ela tá?
Pois não devia! Eu não acredito nesse apoio todo que ele quer nos dar, Noel. Veja! Minha mãe não apoia o teu pai e onde ela tá?
NOEL
Primeiramente, sua mãe é casada. Segundo, tio Walter não tem por que deixar a fazenda; É tão dele quanto do meu pai. Terceiro /
Primeiramente, sua mãe é casada. Segundo, tio Walter não tem por que deixar a fazenda; É tão dele quanto do meu pai. Terceiro /
ALICE
Ele não tem como se manter sozinho, blá blá blá. Ele não tem nem pulso forte pra calar a boca do Mazinho. Tá sempre apaziguando as coisas.
Ele não tem como se manter sozinho, blá blá blá. Ele não tem nem pulso forte pra calar a boca do Mazinho. Tá sempre apaziguando as coisas.
NOEL
Ih, tá querendo ver tiro, porrada e bomba é? Tio Walter é sensato, da paz, mas isso pode mudar se a gente deixá-lo chegar, sacas? (ele percebe a prima agitada) O que foi? Seu problema com ele é maior do que com o tio Mazinho?
Ih, tá querendo ver tiro, porrada e bomba é? Tio Walter é sensato, da paz, mas isso pode mudar se a gente deixá-lo chegar, sacas? (ele percebe a prima agitada) O que foi? Seu problema com ele é maior do que com o tio Mazinho?
ALICE
(disfarça) Claro que não, garoto! É que /
(disfarça) Claro que não, garoto! É que /
NOEL
Então bora! (abraça Alice) Walter será nosso aliado.
Então bora! (abraça Alice) Walter será nosso aliado.
Noel
sorri; Alice força o sorriso.
CENA
8 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / SALA - DIA
Alice
e Noel descendo as escadas. Alessandro e Mazinho, até então conversando, param
para olhar os dois.
ALESSANDRO
(provoca) Que coisa feia, hen dona Alice? Querer acusar o nosso tio de tentativa de assassinato? (faz a negativa).
(provoca) Que coisa feia, hen dona Alice? Querer acusar o nosso tio de tentativa de assassinato? (faz a negativa).
ALICE
Ele joga o carro em cima de mim e /
Ele joga o carro em cima de mim e /
ALESSANDRO
(por cima)
Você viu que ele tava sem controle e ficou na frente dele, garota. Pra que isso? Vamos jogar limpo.
(por cima)
Você viu que ele tava sem controle e ficou na frente dele, garota. Pra que isso? Vamos jogar limpo.
NOEL
Deixa, Alice. Eles estão se fazendo de vítimas, coitados. Querem estar certos, sem serem.
Deixa, Alice. Eles estão se fazendo de vítimas, coitados. Querem estar certos, sem serem.
MAZINHO
Admite que você fez de propósito, Alice. Vou tentar até relevar, mas antes de tudo que você tenha humildade, né não, Alê?
Admite que você fez de propósito, Alice. Vou tentar até relevar, mas antes de tudo que você tenha humildade, né não, Alê?
ALESSANDRO
Humildade é o que diferencia tudo.
Humildade é o que diferencia tudo.
ALICE
Cês não sabem nem o que é respeito, vem falar em humildade. Me poupe!
Cês não sabem nem o que é respeito, vem falar em humildade. Me poupe!
Alessandro
aproxima-se de Alice, expressando asco.
ALESSANDRO
Respeito? Olha aí, tio! A amante do seu João quer respeito. Tu não presta mesmo.
Respeito? Olha aí, tio! A amante do seu João quer respeito. Tu não presta mesmo.
Alice
tenta acertar um TAPA, mas Alessandro segura seu braço a tempo. Ambos
encaram-se, expressão de raiva.
AVELINO
Posso saber o que tá havendo aqui? Ah, tinha que ser vocês dois.
Posso saber o que tá havendo aqui? Ah, tinha que ser vocês dois.
Alice
se solta de Alessandro, ríspida.
AVELINO
Eu vou dar uma saída. Alice, comporte-se, ok? Aprenda a conviver conosco, por Deus.
Eu vou dar uma saída. Alice, comporte-se, ok? Aprenda a conviver conosco, por Deus.
Alice
bufa, sem acreditar. Alessandro e Mazinho riem da cara deles. Noel observa o
pai SAINDO, apressado.
CENA
9 EXT. - CABANA – DIA
Um
jipe verde (a mesma usada por Mazinho na cena 4) estacionada próxima ao local.
CENA
10 INT. - CABANA – DIA
Avelino
e Tina, sentados frente a frente e diante de cartas dispostas sobre a mesa.
AVELINO
Como assim você não vê coisa boa pra mim nessas cartas? Tá tudo dando certo, mulher. Em breve terei aquela fazenda, em breve.
Como assim você não vê coisa boa pra mim nessas cartas? Tá tudo dando certo, mulher. Em breve terei aquela fazenda, em breve.
TINA
Só espero que não tente fazer o mesmo que você fez contra o seu Jaime.
Só espero que não tente fazer o mesmo que você fez contra o seu Jaime.
Avelino
levanta, possesso.
AVELINO
Mas será o Benedito? Tiraram o dia pra me atormentar com isso? Se não fosse por mim, aquelas terras jamais seriam produtivas. Jaime não sabia conduzir um negócio.
Mas será o Benedito? Tiraram o dia pra me atormentar com isso? Se não fosse por mim, aquelas terras jamais seriam produtivas. Jaime não sabia conduzir um negócio.
TINA
Você destruiu uma família, Avelino!
Você destruiu uma família, Avelino!
AVELINO
E você, como vidente que é, sabia de tudo. Minha cúmplice, pronto.
E você, como vidente que é, sabia de tudo. Minha cúmplice, pronto.
TINA
Eu te pedi pra não fazer nada, Avelino! Naquela época, quem ia acreditar em mim, caso eu dissesse alguma coisa? Você não tem remorso pelo padre?
Eu te pedi pra não fazer nada, Avelino! Naquela época, quem ia acreditar em mim, caso eu dissesse alguma coisa? Você não tem remorso pelo padre?
AVELINO
Cê sabe por que ele é padre, Tina? Porque EU dei estudos a ele, EU dei um futuro pra ele e pra irmã dele. As coisas só saíram um pouco do controle.
Cê sabe por que ele é padre, Tina? Porque EU dei estudos a ele, EU dei um futuro pra ele e pra irmã dele. As coisas só saíram um pouco do controle.
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= FLASHBACK = =
CENA
11 INT. - CASARÃO / FAZENDA
/ QUARTO - DIA
SURGE A LEGENDA: SETEMBRO DE 1995
Avelino
(mais jovem) está diante de um homem (45 anos, branco, cabelos curtos e pretos)
acamado, visivelmente doente.
HOMEM #1
É o que eu to dizendo, Lino. Meu pai nunca registrou esse terreno. Roubou o dinheiro da minha mãe e comprou essas terras, mas como ela era matuta, nunca exigiu o documento. Tenho vergonha de dizer isso, mas eu precisava.
É o que eu to dizendo, Lino. Meu pai nunca registrou esse terreno. Roubou o dinheiro da minha mãe e comprou essas terras, mas como ela era matuta, nunca exigiu o documento. Tenho vergonha de dizer isso, mas eu precisava.
AVELINO
Mas por que ela não o denunciou? Ela não tinha como provar?
Mas por que ela não o denunciou? Ela não tinha como provar?
JAIME
Meu pai era safo. Fez amizade com Deus e o mundo, isso inclui gente graúda. Fazia ameaças, sabia que a minha mãe não tinha pra onde ir. Eu só soube disso após a morte dele, mas quando eu descobri que não havia nada registrado, minha mãe morreu. Meu amigo, preciso deixar minha esposa e meus filhos amparados. Não quero repetir a história.
Meu pai era safo. Fez amizade com Deus e o mundo, isso inclui gente graúda. Fazia ameaças, sabia que a minha mãe não tinha pra onde ir. Eu só soube disso após a morte dele, mas quando eu descobri que não havia nada registrado, minha mãe morreu. Meu amigo, preciso deixar minha esposa e meus filhos amparados. Não quero repetir a história.
AVELINO
Trarei o escrivão aqui, seu Jaime. Sua fazenda há de ser registrada.
Trarei o escrivão aqui, seu Jaime. Sua fazenda há de ser registrada.
JAIME
Obrigado. Você é mais do que um funcionário pra mim; É um amigo.
Obrigado. Você é mais do que um funcionário pra mim; É um amigo.
Avelino
sorri, concordando. Ao fundo, pela fresta da porta, uma MULHER espia.
Corta
para o
CORREDOR
Onde
a mulher (branca, 30 anos, cabelos longos e pretos, trajando um vestido bege,
rendado, encobrindo a barriga grande de grávida) esboça preocupação e SAI dalí.
Logo atrás, surge Mazinho (mais jovem), que a segue.
CENA
12 INT. - CASARÃO / FAZENDA
/ ESCRITÓRIO – DIA
A
mulher, da cena anterior, revira gavetas, dispõe pastas sobre a mesa, abre-as e
verifica os papéis. O telefone TOCA. A mulher ATENDE.
MULHER #1
Alô? (T) Oi, Tina (T) Não, nada bem. Você estava certa, amiga, o perigo que nos ronda se chama Avelino. (T) É fácil deduzir depois do que você viu nas cartas. Ele quer nos passar a perna!
Alô? (T) Oi, Tina (T) Não, nada bem. Você estava certa, amiga, o perigo que nos ronda se chama Avelino. (T) É fácil deduzir depois do que você viu nas cartas. Ele quer nos passar a perna!
CAM
BUSCA a fresta da porta, onde Mazinho OUVE tudo, preocupado.
CENA
13 INT. - CASARÃO / FAZENDA
/ SALA – DIA
Avelino
desce as escadas, Mazinho vem na contramão, intercepta-o.
MAZINHO
(Murmura) Avelino! Temos um problema.
(Murmura) Avelino! Temos um problema.
AVELINO
Fale logo, to com pressa.
Fale logo, to com pressa.
MAZINHO
A dona Mariana já sabe sobre você. Ela saiu daqui direto pro cartório pra registrar a fazenda.
A dona Mariana já sabe sobre você. Ela saiu daqui direto pro cartório pra registrar a fazenda.
AVELINO
Mas o quê?! E o que você ainda tá fazendo aí? Já devia ter ido atrás dela, rápido!
Mas o quê?! E o que você ainda tá fazendo aí? Já devia ter ido atrás dela, rápido!
Mazinho
titubeia, tenso.
CENA
14 EXT. - ESTRADA DE
TERRA – DIA
ÂNGULO
ALTO - Um JIPE BRANCO cortando o cenário em uma velocidade média.
CORTA
PARA
Mariana,
dirigindo, enquanto olha rapidamente o banco do carona no qual está uma pasta
preta. Volta a atenção para a estrada, espia algo pelo
RETROVISOR
Um
JIPE MARROM logo atrás. BUZINA.
Mazinho
aproxima-se com o seu jipe ficando lado a lado com Mariana.
MAZINHO
A senhora tá indo pra onde, dona? O seu médico recomendou descanso.
A senhora tá indo pra onde, dona? O seu médico recomendou descanso.
MARIANA
Tô indo fazer uma coisa que eu devia ter feito há muito tempo.
Tô indo fazer uma coisa que eu devia ter feito há muito tempo.
MAZINHO
Para esse carro, dona! Vai se machucar.
Para esse carro, dona! Vai se machucar.
MARIANA
Vai à merda!
Vai à merda!
E
Mariana acelera com o seu jipe, levantando poeira.
MAZINHO
(estupefato)
Mas que vadia!
(estupefato)
Mas que vadia!
Mazinho
PISA no acelerador.
Mariana,
aflita, olha para trás, sem perder o ritmo.
Mazinho,
na cola, não desiste, até que BATE na traseira do outro jipe.
Mariana
GRITA, perde o controle e o jipe SAI da pista
CAPOTA
e PARA adiante.
CAPOTA
e PARA adiante.
Mazinho
desce do carro, tenso, corre até o jipe. Ao olhar pela janela, encontra Mariana
desacordada sobre a pasta, com a testa sangrando. É quando se depara com uma
CRIANÇA (6 anos) no banco traseiro, ilesa, encarando-o, inocentemente.
Na
cara assustada de Mazinho.
CENA
14 INT. - CASARÃO / FAZENDA
/ QUARTO – DIA
Sentado
na cama, Jaime segura na gola de Avelino, muito angustiado.
JAIME
Como assim? Como tá a minha mulher? FALA, HOMEM!
Como assim? Como tá a minha mulher? FALA, HOMEM!
AVELINO
(segurando suas mãos)
Ela entrou em trabalho de parto.
(segurando suas mãos)
Ela entrou em trabalho de parto.
JAIME
Ela vai ficar bem, não é? Você falou com os médicos? Foi grave o acidente? (tenta se levantar) Cadê o meu filho? Não quero que saiba por aí.
Ela vai ficar bem, não é? Você falou com os médicos? Foi grave o acidente? (tenta se levantar) Cadê o meu filho? Não quero que saiba por aí.
AVELINO
Não vai ser preciso.
Não vai ser preciso.
JAIME
Como não? Anda, me ajuda.
Como não? Anda, me ajuda.
AVELINO
Seu filho tava no carro.
Seu filho tava no carro.
Jaime
encara Avelino, pasmado. Avelino esboça lamento.
AVELINO
Sinto muito.
Sinto muito.
JAIME
Não pode ser...(abaixa a cabeça, desolado) Não...Meu filho não pode tá morto! Não pode!
Não pode ser...(abaixa a cabeça, desolado) Não...Meu filho não pode tá morto! Não pode!
Ao
tentar se levantar, Jaime GEME de dor, põe a mão no peito. Avelino tenta
ampará-lo, mas Jaime vai ao chão.
AVELINO
Seu Jaime, Seu Jaime! (Jaime, de olhar frio) Seu filho não tá morto, ouviu? Ele não morreu.
Seu Jaime, Seu Jaime! (Jaime, de olhar frio) Seu filho não tá morto, ouviu? Ele não morreu.
Em
Jaime, inerte. Avelino TOCA sua jugular e se assusta; Jaime está morto.
=
= FIM DO FLASHBACK = =
CENA
15 INT. - CABANA – DIA
VOLTA
EM AVELINO, diante de Tina.
AVELINO
Não era pra ter sido assim.
Não era pra ter sido assim.
TINA
Se não tivesse sido assim, você teria levado um tiro no meio dos cornos, Avelino! Jaime perderia a fazenda, mas mandaria você pro quinto dos infernos!
Se não tivesse sido assim, você teria levado um tiro no meio dos cornos, Avelino! Jaime perderia a fazenda, mas mandaria você pro quinto dos infernos!
Avelino
pega Tina pelos ombros e a levanta, abruptamente.
AVELINO
De que lado você está, mulher? Eu me abro contigo, sou sincero, mas você não perde a chance de me atacar.
De que lado você está, mulher? Eu me abro contigo, sou sincero, mas você não perde a chance de me atacar.
TINA
(raiva)
Sinceridade não diminui o mal que você fez. E você sabe muito bem porque ainda te aturo.
(raiva)
Sinceridade não diminui o mal que você fez. E você sabe muito bem porque ainda te aturo.
Os
dois encaram-se. Tina esboça preocupação e empurra Avelino.
TINA
Tem alguém se aproximando.
Tem alguém se aproximando.
CENA
16 EXT. - CABANA – DIA
Tina
e Avelino chegam da porta. Espiam.
TINA
Pensei que era alguém. Mas é melhor você ir.
Pensei que era alguém. Mas é melhor você ir.
AVELINO
Melhor mesmo. Só perdi meu tempo vindo aqui. Você tá sempre contra mim.
Melhor mesmo. Só perdi meu tempo vindo aqui. Você tá sempre contra mim.
Avelino
SACA, de dentro do bolso da camisa, um maço de dinheiro. Entrega a ela.
AVELINO
Pra não sair dizendo que não pago as consultas.
Pra não sair dizendo que não pago as consultas.
Tina
bufa, mas pega o maço e esconde no decote. Avelino já descendo as escadas.
CAM
BUSCA os arvoredos onde encontra-se Noel, de olho na cena. Pelo seu PONTO DE
VISTA, Avelino entra no carro, Tina volta para a cabana.
Em
Noel, desconfiado.
FADE
OUT
FIM DO PRIMEIRO ATO
SEGUNDO ATO
FADE
IN
CENA
17 EXT. - ESTÁBULO / FAZENDA
SANTOS – DIA
Noel
vem caminhando, para, pousa a mão no estábulo; Descansa. CLOSE em seu rosto. Ao
seu lado, a fresta da madeira revela algo. Noel espia.
Maria
José e Mazinho aos beijos, rolando pela palha.
VOLTA
Em Noel, esperto.
CENA
18 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / SALA – DIA
Noel
adentra, dá uma averiguada pelo local, Alice descendo as escadas. Noel se
apressa, pega a prima pelas mãos.
NOEL
Alice, vem cá, rápido!
Alice, vem cá, rápido!
ALICE
O que houve?
O que houve?
Noel
puxa a prima até o sofá. Sentam-se.
NOEL
Eu já sei como você vai se reaproximar do Walter.
Eu já sei como você vai se reaproximar do Walter.
ALICE
Me reaproximar? Você ainda tá com essa ideia?
Me reaproximar? Você ainda tá com essa ideia?
NOEL
Você tem outra? Olha, nessa casa a gente tem mais inimigos que amigos, e você reclamou que o Walter é muito na dele, não toma partido, certo? (Alice faz que sim) Pois então, agora cê já imaginou se ele flagra a noivinha com o irmão? Pensa.
Você tem outra? Olha, nessa casa a gente tem mais inimigos que amigos, e você reclamou que o Walter é muito na dele, não toma partido, certo? (Alice faz que sim) Pois então, agora cê já imaginou se ele flagra a noivinha com o irmão? Pensa.
ALICE
Você faria isso?
Você faria isso?
NOEL
Não é show? Os dois estão lá no estábulo, traindo o nosso tio. Se ele pega, pode expulsar a noiva e, de quebra, não pensará duas vezes antes de ficar contra ele, seja lá o que acontecer. Vamos matar dois coelhos com uma cajadada só!
Não é show? Os dois estão lá no estábulo, traindo o nosso tio. Se ele pega, pode expulsar a noiva e, de quebra, não pensará duas vezes antes de ficar contra ele, seja lá o que acontecer. Vamos matar dois coelhos com uma cajadada só!
ALICE
Não sei...E se der a louca no Walter e ele matar os dois?
Não sei...E se der a louca no Walter e ele matar os dois?
NOEL
(ri)
Desculpe, mas matar é um nível muito hard pra ele.
(ri)
Desculpe, mas matar é um nível muito hard pra ele.
Enquanto
riem, Walter ADENTRA a sala, procurando algo.
WALTER
Esqueci a minha carteira. Deve tá no quarto.
Esqueci a minha carteira. Deve tá no quarto.
Noel
faz sinal para Alice, enquanto Walter SOBE. Alice se levanta, rapidamente.
ALICE
Walter!
(Walter volta-se prontamente)
Tio Walter...Será que podemos conversar rapidinho?
Walter!
(Walter volta-se prontamente)
Tio Walter...Será que podemos conversar rapidinho?
WALTER
(sem esconder a satisfação)
Ahn...Claro.
(sem esconder a satisfação)
Ahn...Claro.
CAM
ENCONTRA, no alto do 2º andar, Cícero, dando a entender que ouviu tudo.
CENA
19 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS – DIA
Alice
e Walter andando lado a lado, calados.
ALICE e WALTER
Então…
Então…
Ambos
se encaram, sem graça.
ALICE e WALTER
Pode falar.
Pode falar.
Ambos
riem.
WALTER
Eu acho que não estamos nos entendendo.
Eu acho que não estamos nos entendendo.
ALICE
Não, é que...Eu queria te pedir desculpas por hoje cedo.
Não, é que...Eu queria te pedir desculpas por hoje cedo.
WALTER
E o que você fez pra isso?
E o que você fez pra isso?
ALICE
Eu fui ríspida. Não é fácil estar num lugar sem ser bem-vinda.
Eu fui ríspida. Não é fácil estar num lugar sem ser bem-vinda.
WALTER
Você e o Noel sabem que podem contar comigo, não sabem? E quem sabe o Avelino não faz as pazes com vocês?
Você e o Noel sabem que podem contar comigo, não sabem? E quem sabe o Avelino não faz as pazes com vocês?
ALICE
Pelas atitudes do Mazinho, acho meio difícil.
Pelas atitudes do Mazinho, acho meio difícil.
WALTER
Mazinho é uma pessoa meio difícil de lidar, mas não é má pessoa.
Mazinho é uma pessoa meio difícil de lidar, mas não é má pessoa.
Alice
para diante dele, incrédula.
ALICE
O Mazinho já tentou me matar duas vezes, Walter! Ele já provou que não é só meio difícil de lidar.
O Mazinho já tentou me matar duas vezes, Walter! Ele já provou que não é só meio difícil de lidar.
WALTER
Não, Alice, também não é assim. Mazinho é turrão, arrogante, mas, no fundo, tem coração.
Não, Alice, também não é assim. Mazinho é turrão, arrogante, mas, no fundo, tem coração.
Alice,
chateada, olha adiante e vê o
ESTÁBULO
VOLTA
EM Alice, encorajada.
ALICE
(raiva / aproveita e encena)
Sabe que é isso que me irrita em você? Sempre compreensivo, paz e amor, pagando de bom moço. Ainda perdi meu tempo pedindo desculpas.
(raiva / aproveita e encena)
Sabe que é isso que me irrita em você? Sempre compreensivo, paz e amor, pagando de bom moço. Ainda perdi meu tempo pedindo desculpas.
Alice
apressa o passo na direção do estábulo. Walter atrás.
WALTER
Peraí, Maria Alice! Desculpa!
Peraí, Maria Alice! Desculpa!
No
exato instante em que Alice para DIANTE DO ESTÁBULO, Maria José e Mazinho estão
SAINDO, agarrados e aos beijos.
Walter
flagra, petrificado.
WALTER
Maria José?!
Maria José?!
Maria
José larga Mazinho, subitamente, apavorada.
WALTER
Como você faz isso debaixo do meu nariz, Mazinho?
Como você faz isso debaixo do meu nariz, Mazinho?
MAZINHO
Pera lá, irmão...
Pera lá, irmão...
ALICE
(debocha)
Calma, Walter! Mazinho, no fundo, tem coração; Ama demais, né?
(debocha)
Calma, Walter! Mazinho, no fundo, tem coração; Ama demais, né?
Alice
disfarça o riso. Maria José agarra Walter, desesperada.
MARIA JOSÉ
Walter, por favor, é só você que eu amo, acredite/
Walter, por favor, é só você que eu amo, acredite/
WALTER
(solta as mãos dela / estranhamente calmo)
Você vai pegar as suas coisas e sair daqui agora.
(solta as mãos dela / estranhamente calmo)
Você vai pegar as suas coisas e sair daqui agora.
Walter
se afasta, desolado. Alice debocha na cara de Maria José e Mazinho.
CENA
20 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / SALA – DIA
Walter
atravessa o local, Maria José atrás, aflita, puxa o cara pelo braço.
MARIA JOSÉ
Por favor, Walter! Eu fui fraca, me perdoa!
Por favor, Walter! Eu fui fraca, me perdoa!
WALTER
Você vai pegar as suas coisas ou quer que eu mesmo faça?
Você vai pegar as suas coisas ou quer que eu mesmo faça?
MARIA JOSÉ
Walter, foi um momento de fraqueza, você nunca olhou pra outra mulher?
Walter, foi um momento de fraqueza, você nunca olhou pra outra mulher?
WALTER
Eu nunca te traí, Maria José!
Eu nunca te traí, Maria José!
MARIA JOSÉ
Nem em pensamento?
Nem em pensamento?
Walter
paralisa com a pergunta. Ambos percebem Noel e Cícero, do outro lado,
observando.
WALTER
Eu vim pegar minha carteira, e quando eu voltar do serviço, não quero te encontrar aqui.
Eu vim pegar minha carteira, e quando eu voltar do serviço, não quero te encontrar aqui.
Walter
sobe as escadas deixando Maria José preocupada.
CENA
21 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / QUARTO DE WALTER – DIA
A
porta é escancarada, Maria José entra e BATE a porta com força. Põe as mãos na
cabeça, irada, trêmula. Vai até o guarda-roupa, abre e apanha suas roupas.
Arremessa contra a cama.
MARIA JOSÉ
Merda! Merda!
Merda! Merda!
A
garota se agacha, apanha uma mala azul debaixo da cama, joga sobre ela. Abre-a.
Começa a dobrar as roupas de qualquer jeito, amassa e joga contra a mala.
A
porta é aberta abruptamente. Avelino ENTRA, sem cerimônia, arrogante como
sempre.
MARIA JOSÉ
Como o senhor entra sem bater no meu quarto?
Como o senhor entra sem bater no meu quarto?
AVELINO
Você ainda tem um quarto? Cê tem que dar graças a mim que você ainda vai levar suas coisas, porque metade do que você tem foi comprado com o meu dinheiro.
Você ainda tem um quarto? Cê tem que dar graças a mim que você ainda vai levar suas coisas, porque metade do que você tem foi comprado com o meu dinheiro.
MARIA JOSÉ
O dinheiro também é do Walter, não se esqueça.
O dinheiro também é do Walter, não se esqueça.
AVELINO
Isso tudo aqui é meu, garota! Eu sempre soube que tu é vadia, mas que bola fora você deu, hen.
Isso tudo aqui é meu, garota! Eu sempre soube que tu é vadia, mas que bola fora você deu, hen.
Maria
José vai a sua direção e aponta o dedo.
MARIA JOSÉ
Vadia o caramba!
Vadia o caramba!
Avelino
segura sua mão com força e, com a outra, aperta sua nuca.
AVELINO
Vadia sim! Eu não via a hora desse dia chegar e ter o prazer de ver você e aquele folgado do teu pai longe daqui.
Vadia sim! Eu não via a hora desse dia chegar e ter o prazer de ver você e aquele folgado do teu pai longe daqui.
E
solta a garota, que CAI no chão, já em lágrimas.
AVELINO
E seja rápida com isso. Vou mandar a Ana desinfetar esse quarto, e preparar um jantar comemorativo. O frouxo do Walter até que merece.
E seja rápida com isso. Vou mandar a Ana desinfetar esse quarto, e preparar um jantar comemorativo. O frouxo do Walter até que merece.
Avelino
SAI e bate a porta. Maria José seca as lágrimas, com ódio no olhar. Vai se
levantando, meio atordoada.
MARIA JOSÉ
Isso não ficar assim não, velho maldito. Não vai não.
Isso não ficar assim não, velho maldito. Não vai não.
A
garota volta pra cama, pega as roupas, mas logo para, pensativa. Põe a mão no
bolso da calça e retira seu smartphone. Dá uma sacada. Sorri, maliciosa.
CENA
21 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
GUERRA – DIA
Alguns
policiais fazendo uma ronda. Ao fundo, através da imensa janela, João observa,
confuso.
CORTA
PARA O SEU
INTERIOR
João
vira-se para Helô, que acaba de entrar na SALA.
JOÃO
Helô, tem uns policiais aqui em frente. Aconteceu alguma coisa?
Helô, tem uns policiais aqui em frente. Aconteceu alguma coisa?
Helô
vai espiar.
OS
POLICIAIS, VOLTA E MEIA, OLHAM PARA A FAZENDA
HELÔ
Que estranho...Melhor perguntar.
Que estranho...Melhor perguntar.
CENA
22 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS – DIA
João
e Helô está próximos à cerca, diante de um policial, preocupados.
JOÃO
Bandidos? Não soube de nenhum vizinho que tenha sido roubado.
Bandidos? Não soube de nenhum vizinho que tenha sido roubado.
POLICIAL #1
Temos apenas a suspeita, seu João. Nada ainda alarmante.
Temos apenas a suspeita, seu João. Nada ainda alarmante.
HELÔ
Como não? A polícia não costuma fazer ronda sem que haja um caso comprovado de roubo ou outro crime. E eu to percebendo que vocês estão concentrados aqui em frente. Há suspeita de que somos o alvo deles?
Como não? A polícia não costuma fazer ronda sem que haja um caso comprovado de roubo ou outro crime. E eu to percebendo que vocês estão concentrados aqui em frente. Há suspeita de que somos o alvo deles?
POLICIAL #1
Podem não ser o alvo exatamente...De qualquer maneira, quando tivermos a certeza, vocês serão os primeiros a saber. Com licença.
Podem não ser o alvo exatamente...De qualquer maneira, quando tivermos a certeza, vocês serão os primeiros a saber. Com licença.
O
policial se afasta, deixando João e Helô desconfiados.
CORTA
PARA
Takes
da cidade. A praia agitada, ônibus chegando, quiosques a todo vapor.
CAM
AÉREA sobre a FAZENDA SANTOS /
CENA
23 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / ESCRITÓRIO – DIA
Avelino
acaba de ENTRAR, mas para. Mostra-se indignado com o que vê.
Maria
José está sentada de costas para a porta, tranquila, sagaz.
AVELINO
Posso saber o que você ainda faz aqui?
Posso saber o que você ainda faz aqui?
MARIA JOSÉ
Eu tava te esperando pra tentar nos entender.
Eu tava te esperando pra tentar nos entender.
AVELINO
Eu não me entendo com vadia, sai daqui, anda!
Eu não me entendo com vadia, sai daqui, anda!
Avelino
avança, mas a garota exibe o celular com uma gravação. Avelino baqueia.
A
GRAVAÇÃO MOSTRA AVELINO PAGANDO PROPINA AO POLICIAL LUCAS (cena 16 – cap. 2)
MARIA JOSÉ
(O.S)
Certeza que não quer conversar?
(O.S)
Certeza que não quer conversar?
Avelino,
tomado de fúria, tenta arrancar seu celular, mas Maria José une forças. Vence.
A garota se levanta, procura ficar bem afastada.
MARIA JOSÉ
Que é, velho? Tá achando que sou besta? Tenho cópias. Se tentar alguma coisa contra mim, meu pai exibe o vídeo pra toda família. Aí o senhor vai ter que explicar por que pagou um policial no dia em que ele abafou o tal acidente da Catarina.
Que é, velho? Tá achando que sou besta? Tenho cópias. Se tentar alguma coisa contra mim, meu pai exibe o vídeo pra toda família. Aí o senhor vai ter que explicar por que pagou um policial no dia em que ele abafou o tal acidente da Catarina.
AVELINO
Você tá achando que eu a matei? (empurra a cadeira, aproxima-se / Maria José treme) Devia ter mais cuidado. Porque se eu matei uma vez, não me custará matar de novo.
Você tá achando que eu a matei? (empurra a cadeira, aproxima-se / Maria José treme) Devia ter mais cuidado. Porque se eu matei uma vez, não me custará matar de novo.
MARIA JOSÉ
(esquiva-se até onde pode)
Não conseguirá matar dois ao mesmo tempo, não é? Porque o meu pai tá me esperando lá fora. Se eu não sair em dez minutos, ele vai abrir o verbo pra toda família.
(esquiva-se até onde pode)
Não conseguirá matar dois ao mesmo tempo, não é? Porque o meu pai tá me esperando lá fora. Se eu não sair em dez minutos, ele vai abrir o verbo pra toda família.
Avelino
trinca os dentes, pensa. Contorna a mesa.
AVELINO
É dinheiro que você quer?
(abre a gaveta, apanha um cheque) Diz quanto, que eu faço aqui e você se manda.
É dinheiro que você quer?
(abre a gaveta, apanha um cheque) Diz quanto, que eu faço aqui e você se manda.
MARIA JOSÉ
Eu não quero sair daqui.
Eu não quero sair daqui.
AVELINO
(Pega a caneta, ignora)
Diz logo. Cinco mil? Dez, talvez?
(Pega a caneta, ignora)
Diz logo. Cinco mil? Dez, talvez?
MARIA JOSÉ
Acha que eu vou me contentar com dez mil? O meu negócio é casar com o Alessandro.
Acha que eu vou me contentar com dez mil? O meu negócio é casar com o Alessandro.
Ambos
encaram-se. Avelino gargalha, deixando a garota chateada.
AVELINO
Você está louca? Namorou o Walter, foi pra cama com o irmão, agora quer casar com o sobrinho deles? Anda, diz logo quanto quer. Dez mil, mesmo?
Você está louca? Namorou o Walter, foi pra cama com o irmão, agora quer casar com o sobrinho deles? Anda, diz logo quanto quer. Dez mil, mesmo?
MARIA JOSÉ
A parte da herança que ele vai receber vale mais que dez mil.
A parte da herança que ele vai receber vale mais que dez mil.
AVELINO
(Bufa)
Tá meio difícil a gente se entender.
(Bufa)
Tá meio difícil a gente se entender.
MARIA JOSÉ
(firme)
Não tá não. Eu ajudo o Alessandro a abocanhar essa grana e ninguém saberá o que o senhor aprontou.
(firme)
Não tá não. Eu ajudo o Alessandro a abocanhar essa grana e ninguém saberá o que o senhor aprontou.
AVELINO
Você foi expulsa daqui, esqueceu? Vou dizer o que pra eles?
Você foi expulsa daqui, esqueceu? Vou dizer o que pra eles?
MARIA JOSÉ
Inventa. Tu não é o dono da fazenda? Dá seu jeito. E é bom tratar bem sua futura nora.
Inventa. Tu não é o dono da fazenda? Dá seu jeito. E é bom tratar bem sua futura nora.
Maria
José segue até a porta. Dá uma última olhada para ele. Sorri, debochada. Bate a
porta.
Em Avelino.
Em Avelino.
FADE
OUT
FIM DO SEGUNDO ATO
ATO FINAL
FADE
IN
CENA 24 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / COZINHA – NOITE
CENA 24 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / COZINHA – NOITE
PLANO
GERAL – Mesa posta para o jantar. Quase todos presentes, com a exceção de Maria
José, Cícero e Mazinho. Aparentemente, um jantar tranquilo.
É
quando Mazinho chega, cara de pau.
MAZINHO
Boa noite, família!
Boa noite, família!
E
ele vai se sentando ao lado de Alessandro, sem cerimônia alguma. Walter o
encara, indignado.
WALTER
Família? Depois do que você fez, você vem com esse papo de família?
Família? Depois do que você fez, você vem com esse papo de família?
MAZINHO
Pô, Walter, foi mal, né? Já pedi desculpas, não? E também tu sabe que quando dois não quer /
Pô, Walter, foi mal, né? Já pedi desculpas, não? E também tu sabe que quando dois não quer /
ALESSANDRO
Tio, menos, tá?
Tio, menos, tá?
WALTER
Você não tem um mínimo de respeito pelas pessoas, mas não fico espantado pelo que fez; É bem a tua cara.
Você não tem um mínimo de respeito pelas pessoas, mas não fico espantado pelo que fez; É bem a tua cara.
AVELINO
Ah, já chega vocês dois! (silêncio) Walter, eu sei que você está chateado agora, mas lembre-se que Mazinho é seu irmão; Maria José é uma qualquer que não merece sua raiva. Não deixe que uma mulher destrua nossa família. Família é para sempre.
Ah, já chega vocês dois! (silêncio) Walter, eu sei que você está chateado agora, mas lembre-se que Mazinho é seu irmão; Maria José é uma qualquer que não merece sua raiva. Não deixe que uma mulher destrua nossa família. Família é para sempre.
Noel
ri, Alice não resiste e ri junto.
NOEL
“Família é para sempre”. Me lembrou o filme Halloween.
“Família é para sempre”. Me lembrou o filme Halloween.
ALICE
Michael Myers entre nós.
Michael Myers entre nós.
ALESSANDRO
Não falem besteira! Que comparação de péssimo gosto.
Não falem besteira! Que comparação de péssimo gosto.
AVELINO
Vocês deviam dar graças a Deus que eu aceitei me sentar com vocês. Aproveitem que to de bom humor.
Vocês deviam dar graças a Deus que eu aceitei me sentar com vocês. Aproveitem que to de bom humor.
MARIA JOSÉ
(O.S)
Boa noite!
(O.S)
Boa noite!
Walter
mostra-se perplexo ao ver Maria José e Cícero chegando de cabeça erguida. Os
olhares de todos se cruzam. Cícero sorri, debochado.
CENA
25 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
GUERRA – NOITE
Dois
policiais parados, conversando algo sobre qual não ouvimos. Ao fundo, revela-se
Paulo, à espreita das árvores, atento.
CENA
26 INT. - CASARÃO / FAZENDA
GUERRA / SALA DE ESTAR – NOITE
Numa
mesa circular e grande, João, Helô, Tarsila e Wagner jantam.
WAGNER
Eu vou dizer uma coisa, eu teria ido jantar naquela fazenda, viu. Mazinho aprontou uma vez, vai aprontar de novo.
Eu vou dizer uma coisa, eu teria ido jantar naquela fazenda, viu. Mazinho aprontou uma vez, vai aprontar de novo.
TARSILA
E deixar o João e a Helô sozinhos aqui, com essa guarda toda lá fora?
E deixar o João e a Helô sozinhos aqui, com essa guarda toda lá fora?
WAGNER
Mas é a polícia, gente! (para geral) Vocês estão com medo da polícia?
Mas é a polícia, gente! (para geral) Vocês estão com medo da polícia?
Tarsila
entreolha João, rapidamente.
HELÔ
É que eu não to segura que essa polícia aí está querendo nos proteger. Muito estranho montar guarda só aqui em frente, não acham?
É que eu não to segura que essa polícia aí está querendo nos proteger. Muito estranho montar guarda só aqui em frente, não acham?
JOÃO
Peço que vocês tenham cuidado, não deem bobeira à noite. A polícia não ia fazer proteção 24 horas se não for paga pra isso.
Peço que vocês tenham cuidado, não deem bobeira à noite. A polícia não ia fazer proteção 24 horas se não for paga pra isso.
Paulo
surge pelo lado da cozinha, afoito. Meio sem jeito de adentrar, mas João, ao
vê-lo, faz sinal para ele se aproximar.
JOÃO
Chega aí, Paulo, aconteceu alguma coisa?
Chega aí, Paulo, aconteceu alguma coisa?
PAULO
Desculpa, seu João. Boa noite a todos. Sabe o que é, seu João, eu fiquei à espreita lá fora e ouvi uma conversa entre os guardas.
Desculpa, seu João. Boa noite a todos. Sabe o que é, seu João, eu fiquei à espreita lá fora e ouvi uma conversa entre os guardas.
João
limpa a boca com uma toalha e volta a atenção ao Paulo, ansioso.
JOÃO
Diga lá. O que descobriu?
Diga lá. O que descobriu?
PAULO
Eles disseram que só saem dalí sob ordem do seu Avelino.
Eles disseram que só saem dalí sob ordem do seu Avelino.
JOÃO
O quê?
O quê?
João
BATE a toalha sobre a mesa e levanta-se, revoltado. Assusta a todos.
JOÃO
Eu sabia! Desgraçado!
Eu sabia! Desgraçado!
HELÔ
Por favor, João, vai com calma.
Por favor, João, vai com calma.
JOÃO
Com calma? Ele vai ter que me explicar isso direitinho e vai ser agora.
Com calma? Ele vai ter que me explicar isso direitinho e vai ser agora.
WAGNER
(já se levantando)
Bora! To contigo!
(já se levantando)
Bora! To contigo!
Tarsila
e Helô, atordoadas, apenas se levantam e seguem seus maridos.
CENA
27 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / COZINHA – NOITE
Maria
José e Cícero já estão se servindo à mesa. Clima.
WALTER
Quer dizer que eu vou ter que aturar essa mulher aqui? É sério isso?
Quer dizer que eu vou ter que aturar essa mulher aqui? É sério isso?
Maria
José encara-o, irônica.
AVELINO
É por uma boa causa, Walter. Se ela voltasse pra casa do tio, tu acha que ele ia acreditar que ela aprontou? Ele ia preferir acreditar na família.
É por uma boa causa, Walter. Se ela voltasse pra casa do tio, tu acha que ele ia acreditar que ela aprontou? Ele ia preferir acreditar na família.
ALICE
Verdade, nem todo mundo é como o senhor, né mesmo, seu Avelino?
Verdade, nem todo mundo é como o senhor, né mesmo, seu Avelino?
Avelino
dá uma olhada em Alice, observa Noel segurando o riso.
AVELINO
Como eu tava dizendo, Walter, o João acabou de perder a filha. Pode achar que é implicância nossa. É por pouco tempo, acredite.
Como eu tava dizendo, Walter, o João acabou de perder a filha. Pode achar que é implicância nossa. É por pouco tempo, acredite.
NOEL
É melhor duvidar, hen tio. Ele disse praticamente a mesma coisa pra gente (aponta para Alice).
É melhor duvidar, hen tio. Ele disse praticamente a mesma coisa pra gente (aponta para Alice).
Em
meio aos risos...
AVELINO
JÁ CHEGA!
JÁ CHEGA!
Avelino
se levanta, indignado. Assusta geral.
AVELINO
Não vou permitir essa afronta em minha fazenda!
Não vou permitir essa afronta em minha fazenda!
JOÃO
(O.S)
Pois eu digo o mesmo.
(O.S)
Pois eu digo o mesmo.
Todos,
curiosos, veem João, Helô, Wagner e Tarsila chegarem.
JOÃO
Que negócio é esse de você pagar policiais pra montar guarda em minha fazenda?
Que negócio é esse de você pagar policiais pra montar guarda em minha fazenda?
Forte
expectativa. Cada um se entreolhando, até parar em João, aguardando uma
resposta.
CENA
28 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / ESCRITÓRIO – NOITE
Avelino
já entrando, seguido por João, Helô e Mazinho.
AVELINO
Vamos tentar conversar civilizadamente /
Vamos tentar conversar civilizadamente /
JOÃO
(alterado)
Civilizadamente o caramba! Você pagou um policial pra ficar na minha cola. Qual a intenção?
(alterado)
Civilizadamente o caramba! Você pagou um policial pra ficar na minha cola. Qual a intenção?
MAZINHO
Você podia agradecer. Avelino tá te fazendo um favor.
Você podia agradecer. Avelino tá te fazendo um favor.
João
se volta e puxa Mazinho pelo colarinho.
JOÃO
Você cala a tua boca, seu pau mandado!
Você cala a tua boca, seu pau mandado!
João
larga-o, Mazinho nem avança. Fica na dele.
JOÃO
(para Avelino)
Cê vai dizer agora ou então /
(para Avelino)
Cê vai dizer agora ou então /
Avelino
bate de frente, encara-o, prepotente.
AVELINO
Ou então o quê? Hen? Sinceramente, João? Se eu fosse você, na sua situação, eu já teria me mandado. Tá faltando o quê? Vergonha na cara?
Ou então o quê? Hen? Sinceramente, João? Se eu fosse você, na sua situação, eu já teria me mandado. Tá faltando o quê? Vergonha na cara?
João
agarra-o pelo colarinho, Helô mostra-se apreensiva.
JOÃO
Vergonha você vai ter se eu decidir expor sua vida, seu filho da mãe! Tu paga de verdadeiro, mas é mais falso que uma nota de um real!
Vergonha você vai ter se eu decidir expor sua vida, seu filho da mãe! Tu paga de verdadeiro, mas é mais falso que uma nota de um real!
AVELINO
E você vai expor o quê? Que eu estendi minha mão pra você? Catarina foi um belo presente, não?
E você vai expor o quê? Que eu estendi minha mão pra você? Catarina foi um belo presente, não?
João
vacila o olhar, Helô estranha a pergunta.
AVELINO
(cont.)
Eu não tenho culpa se você não soube dar valor a minha amizade, nem cuidar da sua filha. Fez pouco do meu presente.
(cont.)
Eu não tenho culpa se você não soube dar valor a minha amizade, nem cuidar da sua filha. Fez pouco do meu presente.
JOÃO
Desgraçado!
Desgraçado!
João
acerta um SOCO em Avelino, que cai sobre a mesa. Derruba tudo. Mazinho ainda
vai pra cima, tenta apartar, mas João avança em Avelino e o joga de contra a
parede. Helô abre a porta, aflita.
HELÔ
Alguém ajuda aqui!
Alguém ajuda aqui!
Avelino
e João trocam socos, o pau come. A tropa vem atrás; Walter e Alessandro
adentram e tentam separar. Wagner, do lado de fora, debocha.
WAGNER
Separa não, gente!
Separa não, gente!
TARSILA
Wagner!
Wagner!
Ao
fundo, Maria José e Cícero se afastam.
CENA
29 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / CORREDOR – NOITE
Cícero
e Maria José observam a confusão.
MARIA JOSÉ
(murmura / animada) Cê tem ideia, pai? Se o meu tio sair da cidade, os pais da Maria Alice também podem sair e isso pode desmotivá-la a ficar aqui.
(murmura / animada) Cê tem ideia, pai? Se o meu tio sair da cidade, os pais da Maria Alice também podem sair e isso pode desmotivá-la a ficar aqui.
CÍCERO
(murmura) E se o Avelino soubesse que você não fez cópia daquele vídeo, nós já teríamos voado daqui rapidinho, né?
(murmura) E se o Avelino soubesse que você não fez cópia daquele vídeo, nós já teríamos voado daqui rapidinho, né?
MARIA JOSÉ
Ai, pai, esqueci. Mas já vou providenciar isso.
Ai, pai, esqueci. Mas já vou providenciar isso.
CÍCERO
Então, acho melhor você se dividir em duas. Maria Alice e o Noelzinho jogaram muito sujo contigo, filha.
Então, acho melhor você se dividir em duas. Maria Alice e o Noelzinho jogaram muito sujo contigo, filha.
MARIA JOSÉ
Como assim? Jogaram sujo?
Como assim? Jogaram sujo?
CÍCERO
Foi armação deles. Maria Alice armou o seu flagra, minha filha.
Foi armação deles. Maria Alice armou o seu flagra, minha filha.
Em Maria José, passada, até fechar a cara. Seu olhar cruza
com o de Tarsila, percebendo seus cochichos.
CENA 30
INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / ESCRITÓRIO – NOITE
Walter segura João, lutando para
se desvencilhar, enquanto Alessandro segura Avelino, sangrando pelo nariz.
AVELINO
Idiota! Bater em mim não vai mudar sua reputação. Já já todo mundo vai saber que a polícia ta na sua cola. Melhor não fugir hen! (gargalha)
Idiota! Bater em mim não vai mudar sua reputação. Já já todo mundo vai saber que a polícia ta na sua cola. Melhor não fugir hen! (gargalha)
JOÃO
Esse empenho todo é porque você tem alguma coisa a ver com isso, né?
Esse empenho todo é porque você tem alguma coisa a ver com isso, né?
TARSILA
Como você é boçal, Avelino. Não bastou roubar os irmãos, agora quer tomar a fazenda do João usando a morte da filha dele? Tu não tem respeito algum por ninguém.
Como você é boçal, Avelino. Não bastou roubar os irmãos, agora quer tomar a fazenda do João usando a morte da filha dele? Tu não tem respeito algum por ninguém.
JOÃO
(para Avelino) Veja isso! Nenhuma novidade quando vem de você, né? Dá até pra fazer uma lista com seus apelidos.
(para Avelino) Veja isso! Nenhuma novidade quando vem de você, né? Dá até pra fazer uma lista com seus apelidos.
AVELINO
(recua, receoso / disfarça)
Ah, venda logo suas terras e saia dignamente daqui, é o melhor que você faz.
(recua, receoso / disfarça)
Ah, venda logo suas terras e saia dignamente daqui, é o melhor que você faz.
JOÃO
Pois eu não saio da cidade! Coloco o Noel pra administrar a minha fazenda, mas pra você eu não vendo nunca, NUNCA!
Pois eu não saio da cidade! Coloco o Noel pra administrar a minha fazenda, mas pra você eu não vendo nunca, NUNCA!
E
João se desvencilha de Walter, de forma bruta e sai puxando Helô. Todos
encarando Avelino, que limpa a boca.
ALESSANDRO
Poxa, pai! Precisava disso tudo?
Poxa, pai! Precisava disso tudo?
AVELINO
Me deixa, me deixa!
Me deixa, me deixa!
Avelino
SAI bufando dalí. Walter encara Alessandro e Mazinho, e SAI, em seguida.
Em Alessandro.
Em Alessandro.
FADE
OUT
FADE
IN
CENA 31
INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE ALICE – MAIS TARDE
Alice (com camisola preta,
discreta) está deitada na cama, assistindo algo na
TV
A logo da novela Triângulo do
Tempo surge na tela.
VOLTA EM ALICE, que usa um
controle remoto e desliga a TV. Ao seu lado, um abajur aceso. Alice prepara-se
para apagar a luz, quando há BATIDAS na porta. Alice levanta, segue até a
porta. Ao abrir, Maria José sai EMPURRANDO e fecha a porta, rapidamente.
ALICE
O que é isso? Tá maluca?
O que é isso? Tá maluca?
MARIA JOSÉ
Maluca ficou você de se meter na minha vida. Acabou pra você, sua vaca! Vai aprender a nunca mais armar contra ninguém.
Maluca ficou você de se meter na minha vida. Acabou pra você, sua vaca! Vai aprender a nunca mais armar contra ninguém.
Forte tensão. No olhar de Alice,
preocupada.
FADE OUT
FIM DO CAPÍTULO
APRESENTANDO
CHRISTIANA UBACK.......................Maria Alice Pimentel
JOÃO VÍTHOR OLIVEIRA........................…...Noel Santos
MARCO PIGOSSI.............................Alessandro Santos
OSVALDO
MIL..................................Mazinho Santos
JULIANA
LOHMANN...........................Maria José Guerra
LUCINHA
LINS....................................Helô Castro
HERSON
CAPRI…................................Avelino Santos
LUCCI
FERREIRA................................Walter Santos
MURILO
GROSSI............................…………...João Guerra
TONICO PEREIRA................................Cícero
Guerra
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL
BIA
ARANTES.................................Catarina Guerra
ELENCO SECUNDÁRIO
RAPHAEL
VIANA..................................Paulo Borges
CAIO BLAT.....................................Padre
Batista
CLÁUDIA
NETTO..............................………………Tina
DANI
BARROS...................................Tarsila Santos
MARCO RICCA..................................Wagner Pimentel
ATORES CONVIDADOS NESSE CAPÍTULO
FLÁVIO
TOLEZANI........................................Jaime
MARIANA
LIMA.........................……………….....Mariana
Essa
obra não possui nenhum vínculo/contrato com os atores citados acima.
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