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GATO PRETO CAPÍTULO 8
38:00 min
CYBERTV APRESENTA
GATO PRETO
Minissérie
de
Cristina Ravela
Capítulo 8 de 13
© 2018, CyberTV.
Todos os direitos reservados.
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ATO DE ABERTURA
FADE
IN
CENA
1 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS – NOITE
Todas
as luzes apagadas. Apenas o ZUNIDO dos insetos.
ÂNGULO BAIXO – SOM de pegadas na grama, até um par de sapatos de couro pretos surgir na cena. A CAM sobe apenas o suficiente para vermos um canivete em mãos masculinas.
ÂNGULO BAIXO – SOM de pegadas na grama, até um par de sapatos de couro pretos surgir na cena. A CAM sobe apenas o suficiente para vermos um canivete em mãos masculinas.
CENA
2 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / FUNDOS – NOITE
ÂNGULO
BAIXO – SOM de alguém caminhando, sorrateiro, em direção a uma porta. Desta
vez, um par de coturnos pretos.
CENA
3 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / QUARTO DE ANA – NOITE
CAM
adentra o ambiente na penumbra; Pequeno, com chão de taco, pouca mobília,
incluindo uma cama de solteiro. Revela-se Ana, de costas, trajando pijama,
diante da janela entreaberta. Ela usa fone de ouvido, bastante concentrada em
seu celular. CAM vai se aproximando, lentamente.
ANA
(murmura)
Não é possível!...Foi ele que matou a Catarina! (T) Que horror!
(murmura)
Não é possível!...Foi ele que matou a Catarina! (T) Que horror!
Ana
retira o fone, espantada. No que olha para a CAM /
Apavora-se,
mas não tem tempo; A CAM avança e abafa seu grito.
CENA
4 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS – NOITE
No
meio da mata, alguém corre, sem que possamos ver quem é. Para, um instante,
olha para a FACHADA do casarão. Foge dalí.
FADE TO BLACK
FIM DO ATO DE ABERTURA
CAPÍTULO 8
À NOITE,
TODOS OS GATOS SÃO PARDOS
PRIMEIRO ATO
FADE
IN
CENA
5 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / QUARTO DE ALICE – DIA
No
que Alice abre a porta, Walter já vai entrando, angustiado. Alice fecha a
porta, preocupada.
ALICE
Walter, se alguém te pega aqui /
Walter, se alguém te pega aqui /
WALTER
Sou teu tio, não?
Sou teu tio, não?
ALICE
(aponta o dedo / arisca)
Não lembrou disso quando me beijou, né?
(aponta o dedo / arisca)
Não lembrou disso quando me beijou, né?
WALTER
Olha, eu já to bastante envergonhado, não me olhe assim. (T) Desculpa.
Olha, eu já to bastante envergonhado, não me olhe assim. (T) Desculpa.
Alice
respira fundo, cruza os braços. Tenta não cruzar os olhos com os dele.
ALICE
Tudo bem. A gente ficou afastado por dez anos. Nem eu consigo te ver como tio…
Tudo bem. A gente ficou afastado por dez anos. Nem eu consigo te ver como tio…
Alice
cala-se, repentinamente. Walter a olha, deslumbrado, tenta conter o sorriso de
esperança.
ALICE
Você entendeu /
Você entendeu /
WALTER
(por cima / acanhado)
Claro! Inclusive, você também me deve desculpas. (Alice aguarda, afrontada) Você aceitou meu beijo.
(por cima / acanhado)
Claro! Inclusive, você também me deve desculpas. (Alice aguarda, afrontada) Você aceitou meu beijo.
ALICE
Mas era só o que me faltava! Me culpar pelo seu ato incestuoso!
Mas era só o que me faltava! Me culpar pelo seu ato incestuoso!
WALTER
Não acho que seja incesto /
Não acho que seja incesto /
ALICE
Ah, Walter, vaza, vai!
Ah, Walter, vaza, vai!
Alice
pega-o pelos ombros e sai empurrando-o, mas ele estaca bem a sua frente.
WALTER
Eu só queria dizer que a Ana não vai contar nada. Ela sabe ser discreta. Tenha certeza disso.
Eu só queria dizer que a Ana não vai contar nada. Ela sabe ser discreta. Tenha certeza disso.
Em
Alice, sem ação.
CAM
BUSCA Noel, atrás da porta, chocado com tudo que ouviu. Ele afasta-se, com a
mão na boca, sem acreditar.
CENA
6 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / COZINHA – DIA
Noel
adentra, afoito.
NOEL
Ana!
Ana!
Noel
não vê ninguém. Olha o próprio relógio; Estranha.
CENA
7 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / QUARTO DE ANA – DIA
Noel
bate na porta umas três vezes. Arrisca-se e prepara-se para abrir.
NOEL
Ana? To entrando, esteja vestida, hen.
Ana? To entrando, esteja vestida, hen.
Noel
ENTRA no
QUARTO
E o
seu sorriso esvai-se, dando lugar a um semblante assombrado. ÂNGULO BAIXO
enquadra o corpo de Ana, caído no chão. Seu olhos abertos, expressão de aflita,
não restam dúvidas; Ana está morta.
CENA
8 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / SALA – DIA
Noel
surge do corredor, desesperado.
NOEL
Gente, pelo amor de Deus! A Ana! A Ana, ela /
Gente, pelo amor de Deus! A Ana! A Ana, ela /
Alessandro
descendo as escadas, Noel vai até ele, agarra-o pelo braço.
NOEL
Alessandro, eu fui procurar a Ana, ela tá lá /
Alessandro, eu fui procurar a Ana, ela tá lá /
Alessandro,
ríspido, solta-se dele.
ALESSANDRO
Me solta! Que é? Ela não preparou o seu leitinho, é, malandro?
Me solta! Que é? Ela não preparou o seu leitinho, é, malandro?
A
essa altura, Cícero, Maria José e Walter no topo da escada. Avelino e Mazinho
chegando da outra ponta.
MAZINHO
Ó o escandaloso alí. Sabe que horas são?
Ó o escandaloso alí. Sabe que horas são?
Avelino
prepara-se para descer, de cara amarrada.
AVELINO
Eu não podia começar pior a minha manhã.
Eu não podia começar pior a minha manhã.
Walter
desce, em seguida, nota a expressão de horror em Noel.
WALTER
Deixa ele falar. Que cara é essa, Noel?
Deixa ele falar. Que cara é essa, Noel?
Noel
mal consegue falar; Gesticula, nervoso.
NOEL
A Ana...A Ana tá morta!
A Ana...A Ana tá morta!
No
espanto nos demais. Em Walter, absorto.
FADE OUT
FADE
IN
CENA
9 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / SALA – DIA
Todos
na expectativa. Avelino despeja uísque em seu copo, Mazinho oferece gelo.
AVELINO
Vai sem gelo mesmo porque to sem paciência. (Bebe tudo num gole só) Merda! Não faltava mais nada! Não precisava envolver a polícia nisso.
Vai sem gelo mesmo porque to sem paciência. (Bebe tudo num gole só) Merda! Não faltava mais nada! Não precisava envolver a polícia nisso.
ALESSANDRO
E a gente tem culpa que o Lucas bateu aqui? Ele disse que queria muito falar contigo.
E a gente tem culpa que o Lucas bateu aqui? Ele disse que queria muito falar contigo.
Noel
entreolha Alice, cúmplice. Avelino bate o copo sobre a mesa, raivoso. Lucas e
mais três agentes adentram, vindo da direção da cozinha. Todos se posicionam,
curiosos.
WALTER
(ansioso)
E então? Foi mesmo um acidente?
(ansioso)
E então? Foi mesmo um acidente?
LUCAS
Ainda não temos certeza, mas tanto pode ter sido um acidente doméstico ou /
Ainda não temos certeza, mas tanto pode ter sido um acidente doméstico ou /
MAZINHO
Ou?
Ou?
LUCAS
Ou um homicídio.
Ou um homicídio.
CÍCERO
Pobrezinha...Mas quem ia querer fazer mal a Aninha?
Pobrezinha...Mas quem ia querer fazer mal a Aninha?
NOEL
(revoltado)
Um monstro, claro! Ela deve ter descoberto algum podre de um de vocês.
(revoltado)
Um monstro, claro! Ela deve ter descoberto algum podre de um de vocês.
Avelino
já o encara com ódio; Avança, com o dedo em riste.
AVELINO
A única coisa podre que tá aqui é a presença de vocês dois! (para Noel e Alice / Alessandro segura o pai) Sempre que vocês pisam aqui, uma desgraça acontece.
A única coisa podre que tá aqui é a presença de vocês dois! (para Noel e Alice / Alessandro segura o pai) Sempre que vocês pisam aqui, uma desgraça acontece.
ALICE
Não é a nossa presença que matou duas pessoas no mesmo lugar.
Não é a nossa presença que matou duas pessoas no mesmo lugar.
AVELINO
Você cala a tua boca!
Você cala a tua boca!
LUCAS
Já chega, por favor! O laudo não foi conclusivo, mas se for comprovado o crime, vocês terão motivos para discutirem.
Já chega, por favor! O laudo não foi conclusivo, mas se for comprovado o crime, vocês terão motivos para discutirem.
Avelino
encara Lucas e faz um sinal discreto com a cabeça para que ele o acompanhe.
Walter dá uma olhada rápida para Alice, sem perceber que Noel e Maria José
percebem.
CENA
10 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / ESCRITÓRIO – DIA
Três
maços de dinheiros sendo dispostos sobre a mesa. Avelino acaba de dispor a
grana e descansa as mãos na mesa.
AVELINO
O que acha? O que devo, pago.
O que acha? O que devo, pago.
Lucas
coça o pescoço, pensa um pouco; Pega um dos maços e analisa.
AVELINO
Não é falso.
Não é falso.
LUCAS
Tem muito mais aqui do que foi oferecido.
Tem muito mais aqui do que foi oferecido.
AVELINO
Entenda como juros. (contorna a mesa) Será que podemos reatar a nossa amizade?
Entenda como juros. (contorna a mesa) Será que podemos reatar a nossa amizade?
Avelino
estende a mão, mas fica com ela suspensa, sob o olhar crítico do policial.
LUCAS
Tenho um suposto crime para investigar, seu Avelino, mas vou gostar da sua cooperação.
Tenho um suposto crime para investigar, seu Avelino, mas vou gostar da sua cooperação.
Quando
Lucas vai cumprimentar, Avelino abaixa a mão. Lucas deixa escapar um sorriso
discreto de escárnio.
AVELINO
Achei que tivéssemos um acordo, homem. Você sabe que um escândalo desse pode pôr em risco a minha reputação.
Achei que tivéssemos um acordo, homem. Você sabe que um escândalo desse pode pôr em risco a minha reputação.
LUCAS
Muitas coisas poderiam pôr em risco a sua reputação, seu Avelino. Já conversamos sobre isso...Não é?
Muitas coisas poderiam pôr em risco a sua reputação, seu Avelino. Já conversamos sobre isso...Não é?
AVELINO
Qual é, cara? To te pagando em dobro!
Qual é, cara? To te pagando em dobro!
Lucas
apanha os dois maços e esconde por dentro da farda.
LUCAS
Guarda esse outro para pagar quem realmente pode te destruir. Com licença.
Guarda esse outro para pagar quem realmente pode te destruir. Com licença.
AVELINO
Lucas! Lucas!
Lucas! Lucas!
Lucas
SAI e bate a porta. Volta em Avelino, socando a mesa.
AVELINO
Merda!
Merda!
CENA
11 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
GUERRA / GALPÃO – DIA
Paulo
está sentado numa grande pedra, cotovelos sobre os joelhos, mãos cobrindo parte
da boca; Olhar vidrado, perdido em algum pensamento, denota aflição e tristeza.
Um rapaz negro, forte, vem do interior do local.
RAPAZ #1
Paulo, cê me ajuda a trazer o saco de fenos? (Paulo nada responde) Paulo?
Paulo, cê me ajuda a trazer o saco de fenos? (Paulo nada responde) Paulo?
PAULO
Quê? Ahn...Pede pro Vítor, eu to sem cabeça.
Quê? Ahn...Pede pro Vítor, eu to sem cabeça.
O
rapaz não questiona e SAI dalí. Helô surge do lado oposto, temerosa, esfrega as
mãos uma na outra.
HELÔ
Paulo?
Paulo?
Paulo,
de súbito, olha para ela com os olhos marejados e levanta-se.
PAULO
Dona Helô...A senhora deseja alguma coisa?
Dona Helô...A senhora deseja alguma coisa?
HELÔ
Você já soube, né? A Ana era sua grande amiga.
Você já soube, né? A Ana era sua grande amiga.
Paulo
limpa os olhos, abaixa a cabeça.
PAULO
De infância, dona. Ela vivia pegando no meu pé pra eu comprar um celular e eu…
De infância, dona. Ela vivia pegando no meu pé pra eu comprar um celular e eu…
Paulo
engole o choro; respira fundo.
HELÔ
Uma lástima...Tão jovem. Você tá liberado hoje, ok? Já falei com o João.
Uma lástima...Tão jovem. Você tá liberado hoje, ok? Já falei com o João.
Helô
nota um Paulo agitado, tentando não chorar, e sem encará-la.
HELÔ
(desconfiada)
Você esteve com ela ontem?
(desconfiada)
Você esteve com ela ontem?
Paulo
a encara, tenso. Antes de desabar em lágrimas, ele cobre a boca e SAI dalí,
abalado.
Em
Helô.
CENA
12 INT. - CASARÃO / FAZENDA
GUERRA / ESCRITÓRIO – DIA
Helô,
alterada, diante de João.
HELÔ
Eu sei que você mandou o Paulo invadir a igreja, João. Tudo por conta de um cartão de memória que pode ter ido parar nas mãos da Ana.
Eu sei que você mandou o Paulo invadir a igreja, João. Tudo por conta de um cartão de memória que pode ter ido parar nas mãos da Ana.
JOÃO
(mãos na cintura / estupefato)
Você anda ouvindo atrás da porta, mulher?
(mãos na cintura / estupefato)
Você anda ouvindo atrás da porta, mulher?
HELÔ
João, o Paulo tá desnorteado. Ele tá se sentindo culpado, com certeza!
João, o Paulo tá desnorteado. Ele tá se sentindo culpado, com certeza!
João
contorna a mesa, fazendo a negativa.
JOÃO
Não, não! Não há com que se preocupar! Até agora, tudo indica que pode ter sido um acidente. Acidentes acontecem.
Não, não! Não há com que se preocupar! Até agora, tudo indica que pode ter sido um acidente. Acidentes acontecem.
HELÔ
Coincidências, não. (encaram-se) João, se foi homicídio, você sabe quem seria o assassino, né?
Coincidências, não. (encaram-se) João, se foi homicídio, você sabe quem seria o assassino, né?
João
anda por alí. Coloca as mãos na cintura, depois esfrega a mão na boca, nervoso.
JOÃO
Não...Não teria como. Ninguém mais sabia que o cartão tava lá, menos ainda que estaria com a garota. Não inclua mais drama nesse roteiro, por favor!
Não...Não teria como. Ninguém mais sabia que o cartão tava lá, menos ainda que estaria com a garota. Não inclua mais drama nesse roteiro, por favor!
HELÔ
Então, o Paulo tá escondendo alguma coisa. E você conhece bem a pessoa que contratou.
Então, o Paulo tá escondendo alguma coisa. E você conhece bem a pessoa que contratou.
João
encara-a, pensativo.
CENA
13 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / QUARTO DE ANA – DIA
O
CORREDOR vazio. Avelino surge de uma das extremidades, sorrateiro, olha para
trás. Até que avança sobre uma porta, tenta abrir, sem sucesso. Nervoso, abaixa
a maçaneta várias vezes.
AVELINO
Mas que merda! Quem trancou isso?
Mas que merda! Quem trancou isso?
MAZINHO
(O.S / murmura)
Ei!
(O.S / murmura)
Ei!
Avelino
chega a pôr a mão no peito. Susto.
AVELINO
(murmura)
Porra, Mazinho! Quer que eu morra também?
(murmura)
Porra, Mazinho! Quer que eu morra também?
MAZINHO
(murmura)
Cê tá fazendo o que aí? Não sabe que a polícia proibiu todo mundo de entrar no quarto dela?
(murmura)
Cê tá fazendo o que aí? Não sabe que a polícia proibiu todo mundo de entrar no quarto dela?
Ambos
continuam de murmurinhos.
AVELINO
(gesticula / inquieto)
O Lucas proibiu porque tá de sacanagem com a minha cara. Tá querendo brincar de agente fodão, mas comigo não. Vamos, me arranja a chave reserva.
(gesticula / inquieto)
O Lucas proibiu porque tá de sacanagem com a minha cara. Tá querendo brincar de agente fodão, mas comigo não. Vamos, me arranja a chave reserva.
MAZINHO
Se alguém te pega aqui, vão achar que tem culpa no cartório, to avisando.
Se alguém te pega aqui, vão achar que tem culpa no cartório, to avisando.
AVELINO
Então vamos ser rápidos! Quero saber se não há nenhuma prova contra mim aí. Depois das notas falsas, tudo é possível. Bora invadir.
Então vamos ser rápidos! Quero saber se não há nenhuma prova contra mim aí. Depois das notas falsas, tudo é possível. Bora invadir.
MAZINHO
Para e pensa, irmão! Se tu entrar, aí mesmo que tu vai deixar uma prova, malandro. Nunca assistiu CSI não?
Para e pensa, irmão! Se tu entrar, aí mesmo que tu vai deixar uma prova, malandro. Nunca assistiu CSI não?
Avelino
pensa rápido. Dá um soco na parede.
AVELINO
Que saco! Tudo acontece nessa casa!
Que saco! Tudo acontece nessa casa!
Avelino
se afasta da porta e vai seguindo o corredor. Mazinho atrás.
MAZINHO
Cê devia era tá preocupado com a prova que a Maria José tem contra você, hen. Ela e aquele velho são mais perigosos do que a Ana. (T) Coitada (ri), não devia saber metade do que acontecia aqui.
Cê devia era tá preocupado com a prova que a Maria José tem contra você, hen. Ela e aquele velho são mais perigosos do que a Ana. (T) Coitada (ri), não devia saber metade do que acontecia aqui.
Os
dois atravessam a tela e somem. Ao fundo, Walter aparece, de olhar estranho
para eles; Ouviu tudo. Olha, em seguida, para a porta.
Fecha
nele.
CENA
14 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
GUERRA / CAMPO – DIA
VISTA
AÉREA – Várias ovelhas espalhadas pelo pasto, desordenadas. No meio delas,
Paulo sobre seu cavalo, inerte.
EM
TRAVELLING, percorremos o pasto até alcançarmos o rosto angustiado de Paulo, em
transe.
= = FLASHBACK
DA CONVERSA DE PAULO COM ANA (CENA 13 – CAP 4) = =
PAULO
[...] (olha para trás, preocupado) Agora é melhor você ir. Deve tá na hora do seu patrão chegar.
[...] (olha para trás, preocupado) Agora é melhor você ir. Deve tá na hora do seu patrão chegar.
Ana
faz que sim, ambos abraçam-se.
ANA
Tchau! E vê se compra um celular.
Tchau! E vê se compra um celular.
=
= FIM DO FLASHBACK = =
JOÃO
(O.S)
Paulo! Paulo!
(O.S)
Paulo! Paulo!
Paulo
desperta e encontra João a sua frente, agitado.
PAULO
Patrão, desculpe…
Patrão, desculpe…
JOÃO
Falei pra você tirar o dia, não falei? Olha as ovelhas! Já me bastou o prejuízo que o Avelino me deu.
Falei pra você tirar o dia, não falei? Olha as ovelhas! Já me bastou o prejuízo que o Avelino me deu.
Paulo
observa dois empregados pastoreando os animais, tentando controlá-las.
PAULO
Mil desculpas, patrão. Isso não voltará a acontecer.
Mil desculpas, patrão. Isso não voltará a acontecer.
JOÃO
(com olhar de reprovação)
Vamos conversar, Paulo. Acho que você tem algo a me dizer.
(com olhar de reprovação)
Vamos conversar, Paulo. Acho que você tem algo a me dizer.
Na
expressão de medo em Paulo.
CORTE
DESCONTÍNUO
CENA
15 INT. - CASARÃO / FAZENDA
GUERRA / ESTREBARIA – DIA
Paulo
acaba de deixar seu cavalo e fechar a portinhola. João aguarda, sem deixar de
encará-lo.
JOÃO
Eu entendo seu sofrimento, Paulo, (joga) mas a Ana sofreu um acidente. Infelizmente, acidentes domésticos acontecem.
Eu entendo seu sofrimento, Paulo, (joga) mas a Ana sofreu um acidente. Infelizmente, acidentes domésticos acontecem.
PAULO
(pensativo / amargurado)
Ela não merecia isso...Podia ter sido evitado…
(pensativo / amargurado)
Ela não merecia isso...Podia ter sido evitado…
JOÃO
(toca seu ombro)
A gente sempre acha isso, mas a hora de cada um chega. Foi difícil pra mim também aceitar a perda da minha filha, mas /
(toca seu ombro)
A gente sempre acha isso, mas a hora de cada um chega. Foi difícil pra mim também aceitar a perda da minha filha, mas /
PAULO
(explode)
A Ana foi assassinada! Mataram a garota, patrão! E a culpa foi minha, MINHA!
(explode)
A Ana foi assassinada! Mataram a garota, patrão! E a culpa foi minha, MINHA!
Paulo
chora, copiosamente. João, em choque.
CENA
16 INT. - IGREJA – DIA
TRAVELLING
percorre pelos pequenos cômodos até adentrar o
BANHEIRO
SOM
de chuveiro ligado. Pela porta de aço, a sombra de alguém sentado, no canto.
CAM atravessa a porta e dá com Batista, nu, debaixo d’água, abraçando os
joelhos. Sua expressão consternada; Olhar vago.
FADE OUT
FIM DO PRIMEIRO ATO
SEGUNDO ATO
FADE
IN
CENA
17 INT. - CASARÃO / FAZENDA
GUERRA / ESTREBARIA – DIA
Continuação
da cena 15.
JOÃO
Você podia ter falado antes, Paulo! Era só ter pedido a Ana o celular, e pronto.
Você podia ter falado antes, Paulo! Era só ter pedido a Ana o celular, e pronto.
PAULO
Eu sei, eu sei! Mas eu não queria que o senhor soubesse que eu queria ver as provas antes do senhor. Nunca vou me perdoar por isso.
Eu sei, eu sei! Mas eu não queria que o senhor soubesse que eu queria ver as provas antes do senhor. Nunca vou me perdoar por isso.
JOÃO
Também não é assim. O culpado é o assassino. (pensa) Só que, como ele ia saber disso?
Também não é assim. O culpado é o assassino. (pensa) Só que, como ele ia saber disso?
Paulo
se cala, desvia o olhar, com medo.
PAULO
Não sei...(titubeia) Ahn...O seu Cícero foi o único que nos viu conversando...Ele pode ter sacado alguma coisa.
Não sei...(titubeia) Ahn...O seu Cícero foi o único que nos viu conversando...Ele pode ter sacado alguma coisa.
JOÃO
Raposa velha! Se ele pegou ou não esse cartão, saberei hoje.
Raposa velha! Se ele pegou ou não esse cartão, saberei hoje.
PAULO
Como assim? A Ana já morreu por conta disso.
Como assim? A Ana já morreu por conta disso.
JOÃO
Paulo, eu entendo o seu sofrimento, mas também não temos certeza se o bandido pegou o cartão. Como você mesmo disse, ele pode ter escutado o seu barulho e fugido. Ou seja, ele pode tentar pegar de novo, mas eu pegarei antes.
Paulo, eu entendo o seu sofrimento, mas também não temos certeza se o bandido pegou o cartão. Como você mesmo disse, ele pode ter escutado o seu barulho e fugido. Ou seja, ele pode tentar pegar de novo, mas eu pegarei antes.
Paulo
mostra-se preocupado; João, confiante.
CENA
18 INT. - CASARÃO / FAZENDA
GUERRA / SALA – DIA
Noel
anda de um lado e de outro, com as mãos na cintura. Em segundo plano, Wagner
descendo as escadas, rápido.
WAGNER
Aconteceu mais alguma coisa? Cadê minha filha? Não veio?
Aconteceu mais alguma coisa? Cadê minha filha? Não veio?
NOEL
Não, vai ter que se contentar comigo mesmo (sorri / estende a mão). Tudo bem?
Não, vai ter que se contentar comigo mesmo (sorri / estende a mão). Tudo bem?
Wagner
hesita, mas cumprimenta.
WAGNER
A tua mãe tá em algum lugar da casa. E a Tarsila já capinou pro restaurante.
A tua mãe tá em algum lugar da casa. E a Tarsila já capinou pro restaurante.
NOEL
Na verdade, meu assunto é contigo mesmo (Surpresa em Wagner). Acho que ainda não te agradeci por ter me salvado da ira do meu pai.
Na verdade, meu assunto é contigo mesmo (Surpresa em Wagner). Acho que ainda não te agradeci por ter me salvado da ira do meu pai.
WAGNER
Olha, garoto, eu só fiz aquilo porque /
Olha, garoto, eu só fiz aquilo porque /
NOEL
(corta / simpático)
Porque o senhor é contra a violência, eu sei. Mas quero agradecer de qualquer maneira, e também por não ter ficado contra mim quando soube que eu realmente roubei o meu pai.
(corta / simpático)
Porque o senhor é contra a violência, eu sei. Mas quero agradecer de qualquer maneira, e também por não ter ficado contra mim quando soube que eu realmente roubei o meu pai.
WAGNER
o que você fez foi péssimo, sabe disso né?
o que você fez foi péssimo, sabe disso né?
Noel
põe as mãos na cintura, pensa um pouco.
NOEL
Aham, eu sei. Mas alguém precisa tirar essa autoridade toda que ele tem na cidade. Soube que o policial Lucas tá empenhado em descobrir quem matou a Ana? Em outros tempos, o caso seria abafado, como o da Catarina.
Aham, eu sei. Mas alguém precisa tirar essa autoridade toda que ele tem na cidade. Soube que o policial Lucas tá empenhado em descobrir quem matou a Ana? Em outros tempos, o caso seria abafado, como o da Catarina.
WAGNER
(mão no queixo, chocado)
Mataram mesmo a garota? Mas, menino!
(mão no queixo, chocado)
Mataram mesmo a garota? Mas, menino!
NOEL
Ninguém sabe, mas a polícia tá achando que sim. Lucas tava com sangue nos olhos (ri).
Ninguém sabe, mas a polícia tá achando que sim. Lucas tava com sangue nos olhos (ri).
WAGNER
Tua sorte é que você não é querido pelo seu pai, mas você não pensou no teu irmão, não, moleque?
Tua sorte é que você não é querido pelo seu pai, mas você não pensou no teu irmão, não, moleque?
NOEL
Relaxa! Lucas vai se vingar do meu pai tornando-o o fazendeiro mais azarado da região, com duas mortes em menos de dois meses. O senhor vai ver.
Relaxa! Lucas vai se vingar do meu pai tornando-o o fazendeiro mais azarado da região, com duas mortes em menos de dois meses. O senhor vai ver.
WAGNER
O importante é pegarem o assassino. Agora, preciso ir. Eu volto hoje pro serviço. Mais tarde ainda tem o enterro.
O importante é pegarem o assassino. Agora, preciso ir. Eu volto hoje pro serviço. Mais tarde ainda tem o enterro.
Wagner
vai saindo, mas Noel segura em seu braço.
NOEL
Esqueci de te dizer outra coisa. Melhor saber por mim, do que por aí.
Esqueci de te dizer outra coisa. Melhor saber por mim, do que por aí.
Wagner
aguarda, ansioso.
NOEL
Eu posso tá enganado, mas acho que a Alice pode ser vítima de outro escândalo. O senhor precisa fazer alguma coisa. Querem que a gente perca esse jogo de qualquer maneira.
Eu posso tá enganado, mas acho que a Alice pode ser vítima de outro escândalo. O senhor precisa fazer alguma coisa. Querem que a gente perca esse jogo de qualquer maneira.
WAGNER
(raiva)
O que aquele Mazinho andou aprontando? (fecha os punhos)
Olha, eu ainda to com uma vontade de enfiar a mão naquela cara, que você /
(raiva)
O que aquele Mazinho andou aprontando? (fecha os punhos)
Olha, eu ainda to com uma vontade de enfiar a mão naquela cara, que você /
NOEL
(Por cima)
É o Walter. (Wagner não entende) Ele beijou a Alice na boca, tio! Beijou a própria sobrinha!
(Por cima)
É o Walter. (Wagner não entende) Ele beijou a Alice na boca, tio! Beijou a própria sobrinha!
Wagner
vai pra trás, chocadíssimo.
CENA
19 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / SALA – DIA
NA
TELA DA TV – Cenas tensas da série SEAS:
INT.
EMPIRE - CABINE DE LÍVIA - NOITE
Caio
mostra imagens em seu celular para Lívia e Regina, perplexas. Lívia encara
Regina, em choque.
LÍVIA
A Kênia foi atrás da Lia pra armar pra cima desse bandido e pegá-lo! Então quer dizer... Não, não pode ser ele, Caio!
A Kênia foi atrás da Lia pra armar pra cima desse bandido e pegá-lo! Então quer dizer... Não, não pode ser ele, Caio!
CAIO
Mas é. Tá aqui. O tempo todo. Foi tudo uma emboscada. Eu saquei tudo pelo o que o Orlando me disse! Como se ele quisesse que eu descobrisse! Agora a questão que não quer calar é.../
Mas é. Tá aqui. O tempo todo. Foi tudo uma emboscada. Eu saquei tudo pelo o que o Orlando me disse! Como se ele quisesse que eu descobrisse! Agora a questão que não quer calar é.../
CAM
CORTA para Mazinho, sentado no sofá e com as pernas repousadas sobre a mesinha.
O áudio da série não é ouvido.
MAZINHO
Olha lá! Sempre soube, nunca me enganou esse filho da puta. Cara boa pinta, ri da própria desgraça, muito prestativo e sorrateiro. Tinha que ser ele um bandidão.
Olha lá! Sempre soube, nunca me enganou esse filho da puta. Cara boa pinta, ri da própria desgraça, muito prestativo e sorrateiro. Tinha que ser ele um bandidão.
Noel
adentra pela porta da frente e pega Maria José, num canto, ao lado de Cícero.
Este, disfarçando o sorriso arteiro. Noel olha Mazinho, de costas, assistindo a
série.
NOEL
Nem fico admirado em ver o senhor se divertindo, enquanto vivemos um cenário policial.
Nem fico admirado em ver o senhor se divertindo, enquanto vivemos um cenário policial.
MAZINHO
Isso aqui é aprendizado, bicho. A gente aprende a perceber os bandidos a nossa volta.
Isso aqui é aprendizado, bicho. A gente aprende a perceber os bandidos a nossa volta.
Cícero
gargalha.
CÍCERO
Mas você não precisa disso, Mazinho; É só se olhar no espelho (risadinha).
Mas você não precisa disso, Mazinho; É só se olhar no espelho (risadinha).
Mazinho
levanta-se, irado.
MAZINHO
Tu cala essa boca, seu velho babão!
Tu cala essa boca, seu velho babão!
MARIA JOSÉ
Devia ter mais respeito com o meu pai, Mazinho. (maliciosa) Ele, às vezes, fala demais…
Devia ter mais respeito com o meu pai, Mazinho. (maliciosa) Ele, às vezes, fala demais…
Mazinho
encara-a, sacando a mensagem. Apanha o controle remoto e aperta uma tecla.
Desliga a TV.
MAZINHO
Querem saber de uma coisa? Pra mim, a Ana foi morta sim. Tem gente por aqui capaz de qualquer coisa pra culpar inocentes e tirar o Alessandro da reta. E a Ana vivia de fofoca com a Alice e o Noel, diz aí, Noelzinho.
Querem saber de uma coisa? Pra mim, a Ana foi morta sim. Tem gente por aqui capaz de qualquer coisa pra culpar inocentes e tirar o Alessandro da reta. E a Ana vivia de fofoca com a Alice e o Noel, diz aí, Noelzinho.
NOEL
Ué, chama a polícia pra mim, tio. Se quiser, eu mesmo me conduzo até lá.
Ué, chama a polícia pra mim, tio. Se quiser, eu mesmo me conduzo até lá.
MAZINHO
Se faz de santo comigo não, malandro. Tu já fingiu ter sido dopado só pra me culpar pelo seu acidente, e ainda roubou o seu pai. Fala, quem foi que arranjou aquelas notas falsas, fala! Foi a Alice? Ela se deitou com quem pra conseguir isso?
Se faz de santo comigo não, malandro. Tu já fingiu ter sido dopado só pra me culpar pelo seu acidente, e ainda roubou o seu pai. Fala, quem foi que arranjou aquelas notas falsas, fala! Foi a Alice? Ela se deitou com quem pra conseguir isso?
WALTER
CALA A BOCA, MAZINHO!
CALA A BOCA, MAZINHO!
Todos
se assustam ao olhar Walter, no alto da escada, com uma cara furiosa como se
nunca se viu. Walter vem descendo, fitando o irmão.
WALTER
Você nunca mais fale mal da Alice, ouviu bem?
Você nunca mais fale mal da Alice, ouviu bem?
MAZINHO
Qualé, irmão! A cidade inteira já sabe que ela e o João fazem o trelêlê nas estrebarias da vida, ué! (gargalha)
Qualé, irmão! A cidade inteira já sabe que ela e o João fazem o trelêlê nas estrebarias da vida, ué! (gargalha)
WALTER
Infeliz!
Infeliz!
Walter,
enche-se de ódio e pula em Mazinho, acertando-lhe um SOCO. Mazinho CAI no sofá,
aturdido. TODOS se espantam.
MAZINHO
Walter?! Irmão?! Que isso?
Walter?! Irmão?! Que isso?
WALTER
Isso sou eu não aguentando mais ver tanta asneira sair da sua boca. Se eu tivesse feito isso lá atrás, as coisas, hoje, seriam diferentes.
Isso sou eu não aguentando mais ver tanta asneira sair da sua boca. Se eu tivesse feito isso lá atrás, as coisas, hoje, seriam diferentes.
Walter
passa por Noel e SAI pela porta. Maria José observa, excitada com aquela
atitude.
CAM
encontra Alice, no alto da escada, tendo presenciado tudo.
POV
DE ALICE – Mazinho ainda atordoado pelo acontecido.
CENA
20 EXT. - CIDADE DE
MANGARATIBA / RIO DE JANEIRO – DIA
Uma
GERAL pela praia, quiosques movimentados. Takes rápidos, até encontrarmos a
fachada do cemitério.
CENA
21 INT. - CEMITÉRIO – DIA
VISTA
AÉREA – Um caixão está ao lado da cova, cercados por algumas pessoas, além do
padre Batista.
BATISTA
Deus, Pai, todo Poderoso, estamos reunidos este dia para recordar a vida preciosa de Ana Maria da Silva de Oliveira. Jovem, de muitos sonhos e vida difícil, Ana Maria nos deixou para reunir-se com Deus, nosso Pai.
Deus, Pai, todo Poderoso, estamos reunidos este dia para recordar a vida preciosa de Ana Maria da Silva de Oliveira. Jovem, de muitos sonhos e vida difícil, Ana Maria nos deixou para reunir-se com Deus, nosso Pai.
TRAVELLING
percorre por entre as pessoas, trajando luto e de expressões tristes, até parar
em Noel e Alice, próximos a uma árvore.
ALICE
Eu não acredito que você fez isso, Noel. Contar pro meu pai?
Eu não acredito que você fez isso, Noel. Contar pro meu pai?
NOEL
Desculpa, tá? Mas só quero evitar que você caia numa cilada. Se todo mundo souber, será mais um escândalo pra você.
Desculpa, tá? Mas só quero evitar que você caia numa cilada. Se todo mundo souber, será mais um escândalo pra você.
ALICE
É...(vacila o olhar/ titubeia) Aquilo não vai mais acontecer. Não vai.
É...(vacila o olhar/ titubeia) Aquilo não vai mais acontecer. Não vai.
NOEL
Aquilo foi incesto. Nossa, sabia que ele tinha algo de estranho. Cê sabe que, pra mim, ele seria um ótimo aliado, na verdade, ele é, mas sempre o achei down, sabe? Paradão demais, frio demais, sem muita reação...
Aquilo foi incesto. Nossa, sabia que ele tinha algo de estranho. Cê sabe que, pra mim, ele seria um ótimo aliado, na verdade, ele é, mas sempre o achei down, sabe? Paradão demais, frio demais, sem muita reação...
ALICE
O que você quer dizer?
O que você quer dizer?
NOEL
Deus que me perdoe, Alice, mas eu ouvi ele te dizendo que a Ana não ia contar nada sobre o beijo de vocês. E não vai contar mesmo!
Deus que me perdoe, Alice, mas eu ouvi ele te dizendo que a Ana não ia contar nada sobre o beijo de vocês. E não vai contar mesmo!
Alice
cobre a boca, surpresa. Balança a cabeça, negando aquela ideia.
ALICE
Que horror! Não...Se ele fosse um assassino, não acha que ele teria dado um susto na Maria José?
Que horror! Não...Se ele fosse um assassino, não acha que ele teria dado um susto na Maria José?
NOEL
Sei lá. To perdido nessa série. Mas que eu não to mais engolindo essa serenidade toda dele, isso não to não.
Sei lá. To perdido nessa série. Mas que eu não to mais engolindo essa serenidade toda dele, isso não to não.
Os
dois são enquadrados pela CAM a uma certa distância. O ponto de vista é de
Mazinho ao lado de Alessandro.
MAZINHO
Espia só, Alê! Eles devem tá rindo da minha cara.
Espia só, Alê! Eles devem tá rindo da minha cara.
ALESSANDRO
Mas o que deu no tio Walter, hen? Tão pacato…
Mas o que deu no tio Walter, hen? Tão pacato…
MAZINHO
Panaca, você quis dizer né? A Alice deve ter feito a cabeça dele. Mas ela e o Noel me pagam, tu vai ver.
Panaca, você quis dizer né? A Alice deve ter feito a cabeça dele. Mas ela e o Noel me pagam, tu vai ver.
OUVIMOS
um choro. As pessoas abrem espaço para Paulo que, aos prantos, cai de joelhos e
abraça o caixão. A atitude comove os que assistem. Batista abaixa a cabeça,
engole o choro. Entre o povo, João vem caminhando, ao telefone. Olha ao redor,
disfarça.
JOÃO
E aí? Encontrou alguma coisa?
E aí? Encontrou alguma coisa?
CORTE
DESCONTÍNUO
CENA
22 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / QUARTO DE ANA – DIA
Um
homem alto, moreno, 35 anos, trajando roupas despojadas e um pouco sujas,
procura algo, enquanto fala ao telefone.
HOMEM #1
Nada, patrão. Fiz o que mandou, não deixei nada fora do lugar, mas o celular da garota sumiu!
Nada, patrão. Fiz o que mandou, não deixei nada fora do lugar, mas o celular da garota sumiu!
O
capataz ainda dá uma última olhada por alí.
FADE OUT
FADE
IN
CENA
23 EXT. - CIDADE DE
MANGARATIBA / RIO DE JANEIRO – DIA
Takes
pontuados da praça, passando por um ônibus que acaba de estacionar, até pegar a
igreja. Último take na fachada do restaurante.
Legenda: Dias Depois...
CENA
24 INT. - RESTAURANTE /
COZINHA – DIA
Na
mão masculina usando uma FACA para cortar a carne. Walter, com o uniforme
branco e a touca da mesma cor, vai despejando os cubos de carne numa grande
panela; Uma garota corta o alho e a cebola. Walter leva a faca à pia; abre a
bica.
WALTER
Só coloque os temperos quando a água ferver, ok?
Só coloque os temperos quando a água ferver, ok?
A
garota faz que sim.
Wagner, trajando camisa branca e calça social cinza, aparece alí.
Wagner, trajando camisa branca e calça social cinza, aparece alí.
WAGNER
Você tem muito amor pelo que faz mesmo, né Walter?
Você tem muito amor pelo que faz mesmo, né Walter?
WALTER
Opa! Cozinhar é uma arte, amigo. Minha maior paixão.
Opa! Cozinhar é uma arte, amigo. Minha maior paixão.
WAGNER
E a sua segunda paixão? (T) Quem é?
E a sua segunda paixão? (T) Quem é?
Walter
ri, bobo, sem saber o que responder. Wagner olha para a ajudante. Walter saca.
WALTER
Amélia, cê pode pegar o caldo de picanha na dispensa? Hoje, vou mudar o tempero.
Amélia, cê pode pegar o caldo de picanha na dispensa? Hoje, vou mudar o tempero.
AMÉLIA
Claro!
Claro!
A
garota SAI.
WAGNER
(bravo)
Agora cê pode me explicar que negócio é esse de dar em cima da minha filha, rapaz?
(bravo)
Agora cê pode me explicar que negócio é esse de dar em cima da minha filha, rapaz?
Em
Walter, sem ação.
FADE OUT
FADE
IN
CENA
25 INT. - RESTAURANTE /
COZINHA – DIA
Continuação
imediata da cena anterior.
De
sério, Wagner ri. Walter mostra-se petrificado.
WAGNER
Se tu visse a sua cara agora...Relaxa, tá? É que, às vezes, eu tenho que parecer um pai durão.
Se tu visse a sua cara agora...Relaxa, tá? É que, às vezes, eu tenho que parecer um pai durão.
WALTER
(confuso)
Não entendi.
(confuso)
Não entendi.
Wagner
põe a mão em seu ombro, compreensivo.
WAGNER
Eu já soube que você beijou a minha filha, mas ó, tenha mais cuidado da próxima vez, tá? Esse povo é muito cheio de mimimi e o escândalo sempre sobra pra mulher, né?
Eu já soube que você beijou a minha filha, mas ó, tenha mais cuidado da próxima vez, tá? Esse povo é muito cheio de mimimi e o escândalo sempre sobra pra mulher, né?
WALTER
Não vai existir próxima vez, Wagner; O que eu fiz foi errado. (murmura) É incesto!
Não vai existir próxima vez, Wagner; O que eu fiz foi errado. (murmura) É incesto!
WAGNER
Ah, balela! Vocês não se veem há dez anos. E se vocês forem pra outra cidade, ninguém vai precisar saber.
Ah, balela! Vocês não se veem há dez anos. E se vocês forem pra outra cidade, ninguém vai precisar saber.
WALTER
Wagner, você...Você apoiaria? Quero dizer, se fosse o caso...
Wagner, você...Você apoiaria? Quero dizer, se fosse o caso...
Wagner
aproxima-se, verifica os lados.
WAGNER
Vou te contar um segredo: Minha primeira namorada era minha tia (ri, safado). Minha mãe foi a única que me apoiou. Ela dizia: Pelo menos, fica tudo em família.
Vou te contar um segredo: Minha primeira namorada era minha tia (ri, safado). Minha mãe foi a única que me apoiou. Ela dizia: Pelo menos, fica tudo em família.
Wagner
gargalha, sem fazer muito barulho, deixando Walter perplexo.
WAGNER
(recompõe-se)
Olha, você parece uma boa pessoa. Basta não me decepcionar, tudo bem?
(recompõe-se)
Olha, você parece uma boa pessoa. Basta não me decepcionar, tudo bem?
Walter
não consegue dizer nada, consternado. Wagner ri da sua cara, quando a garota da
cena anterior, ENTRA.
WAGNER
Bom trabalho, Walter! Vou voltar pro meu posto. Gerenciar as coisas (ri).
Bom trabalho, Walter! Vou voltar pro meu posto. Gerenciar as coisas (ri).
Wagner
SAI. Fecha em Walter.
CENA
26 EXT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS – DIA
Dois
carros de polícia estacionados diante do imenso casarão.
CENA
27 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS / SALA – DIA
Lucas
e mais dois policiais posicionados no meio do cenário, diante dos olhos
curiosos de Cícero, Maria José, Avelino, Mazinho, Alice e Noel.
LUCAS
O laudo da perícia foi conclusivo; Ana teve traumatismo craniano após ter caído sobre um móvel.
O laudo da perícia foi conclusivo; Ana teve traumatismo craniano após ter caído sobre um móvel.
Avelino
respira, aliviado. Dá uma sacada em Lucas, uma olhada cúmplice. Lucas disfarça
um sorriso.
LUCAS
Porém...Foram encontradas marcas no pescoço da vítima que indicam tentativa de enforcamento. (susto nos demais) Há sinais de luta, mas parece que não foi uma luta desigual.
Porém...Foram encontradas marcas no pescoço da vítima que indicam tentativa de enforcamento. (susto nos demais) Há sinais de luta, mas parece que não foi uma luta desigual.
CAM
percorre os olhares de cada um: Cícero, com aquele sorrisinho de escárnio, como
sempre; Maria José, roendo as unhas; Avelino e Mazinho, temerosos; Alice, tensa;
Noel, na expectativa.
LUCAS
(cont.)
Quem quer que tenha sido o assassino, ele não conseguiu dominar a vítima muito bem. Lamentavelmente, ela se desequilibrou e caiu. (T) Todos da casa serão intimados a depor.
(cont.)
Quem quer que tenha sido o assassino, ele não conseguiu dominar a vítima muito bem. Lamentavelmente, ela se desequilibrou e caiu. (T) Todos da casa serão intimados a depor.
Em
cada um deles. Avelino cruza o olhar com Lucas, em sinal de reprovação.
FADE OUT
FIM DO SEGUNDO ATO
ATO FINAL
FADE IN
CENA 28
INT. - DELEGACIA – DIA
Numa placa sobre a mesa, com a
seguinte inscrição: Delegado Alcântara. A imagem nos revela, em seguida, um
homem (37 anos, moreno, olhos verdes, trajando roupas sociais), sentado logo
atrás da placa. Segura uma caneta, mantém um olhar incisivo.
ALCÂNTARA
Onde o senhor estava na hora do crime?
Onde o senhor estava na hora do crime?
Avelino, já nervoso, diante dele.
AVELINO
Adivinha? Dormindo na minha casa?
Adivinha? Dormindo na minha casa?
ALCÂNTARA
Vou pedir que modere o tom, seu Avelino. (T) O senhor tem um álibi?
Vou pedir que modere o tom, seu Avelino. (T) O senhor tem um álibi?
Avelino olha rápido para Lucas,
que sorri, discretamente.
AVELINO
Seu delegado, eu não tenho como provar que eu tava dormindo. Nunca coloquei câmeras na minha casa, mas eu pagava a garota em dia. Por que raios eu mataria a minha empregada de confiança?
Seu delegado, eu não tenho como provar que eu tava dormindo. Nunca coloquei câmeras na minha casa, mas eu pagava a garota em dia. Por que raios eu mataria a minha empregada de confiança?
Alcântara, bufa. Espia Lucas, que
faz a negativa.
CORTE DESCONTÍNUO
ALCÂNTARA
O senhor não ouviu nada?
O senhor não ouviu nada?
Agora, é Mazinho, a sua frente,
largado na cadeira e com a mão sobre o encosto, bem à vontade.
MAZINHO
Ouvi, não, brou. Eu tava assistindo Seas. Inclusive, um carinha lá parece muito contigo, hen (ri).
Ouvi, não, brou. Eu tava assistindo Seas. Inclusive, um carinha lá parece muito contigo, hen (ri).
SÉRIE DE PLANOS:
a)
O delegado, sem que possamos
ouvir, interroga Maria José. Ela gesticula bastante, como a desenvolver uma
história muito consistente.
b)
A vez de Alessandro, esboça
lamento durante o interrogatório.
c)
Walter, cabeça baixa, em alguns
momentos, titubeia; Cobre o rosto, lamentando o ocorrido.
d)
Cícero fala normalmente, e até dá
uma risadinha no final.
Chega a vez de Alice e Noel,
juntos, diante de um delegado cansado.
ALCÂNTARA
Soube que a chegada de vocês tem causado alguns transtornos. A filha de João Guerra, Catarina, sofreu um acidente; Vocês passaram a disputar a herança dela com Alessandro; Você, Noel, também sofreu um acidente, pelo menos, o que ouvi dizer. E agora, um assassinato. A que atribuem tudo isso?
Soube que a chegada de vocês tem causado alguns transtornos. A filha de João Guerra, Catarina, sofreu um acidente; Vocês passaram a disputar a herança dela com Alessandro; Você, Noel, também sofreu um acidente, pelo menos, o que ouvi dizer. E agora, um assassinato. A que atribuem tudo isso?
ALICE e NOEL
(em uníssono)
Ao nosso azar.
(em uníssono)
Ao nosso azar.
Alice dá de ombros. O delegado
recosta na cadeira, esgotado.
FADE
OUT
FADE IN
SONOPLASTIA:
Teto de Vidro - Pitty
CENA 29
EXT. - FAZENDA GUERRA / ESTREBARIA – NOITE
SOM de cigarra. Pouca luminosidade
por alí. Paulo surge de um dos lados, pensativo, ainda desolado.
= = FLASHBACK = =
CENA 30
EXT. - PRAÇA – NOITE
Paulo se apressa até um orelhão;
tira o fone do gancho, mas antes, dá uma espiada para ver se alguém está por
perto. Disca. OUVIMOS o toque de chamada.
PAULO
Atende, Ana!
Atende, Ana!
Paulo desiste. Coloca o fone no
lugar.
PAULO
Eu preciso pegar aquele cartão de qualquer maneira!
Eu preciso pegar aquele cartão de qualquer maneira!
O rapaz segue seu rumo, decidido.
= = FIM DO FLASHBACK = =
VOLTA À CENA
Paulo respira, com ar de lamento.
FUSÃO PARA
CENA 31
INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE WALTER – NOITE
Walter está parado perto da janela,
pensamento longe; Olhar perdido.
= = FLASHBACK = =
CENA 32
EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE ALICE – NOITE
Walter caminha rápido, decidido.
Avança sobre a porta e quando vai bater /
CORTA PARA O INTERIOR DO QUARTO
Alice abre a porta e Walter
adentra, impetuoso. Mal fecha a porta, pega a garota pela cintura e a prensa de
contra a parede. Beija-a, fervorosamente e Alice corresponde. Tempo no beijo
deles. Até Alice afastá-lo.
ALICE
A Ana já sabe da gente, quer que mais gente saiba também?
A Ana já sabe da gente, quer que mais gente saiba também?
VOLTA EM WALTER
Ainda parado no EXTERIOR DO
QUARTO, estacado. Era tudo delírio dele. Walter fecha o punho, desiste e segue
o corredor, em direção a escada.
= = FIM DO FLASHBACK = =
VOLTA EM WALTER
Com o mesmo olhar perdido; Sem
reação.
FUSÃO PARA
CENA 32
INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE HÓSPEDES – NOITE
Na cabeceira da cama, um copo de
uísque. A mão masculina pega e, ao levar até a boca, revela-se Cícero, deitado
e rindo para um celular.
CÍCERO
Melhor coisa que nos aconteceu, minha filha, foi isso aqui (risadinha). Vida longa pra gente, não?
Melhor coisa que nos aconteceu, minha filha, foi isso aqui (risadinha). Vida longa pra gente, não?
Maria José, próxima à janela, com
um prato cheio de pipoca.
MARIA JOSÉ
Ainda bem que eu tenho o senhor.
Ainda bem que eu tenho o senhor.
Ambos trocam sorrisos maliciosos.
FUSÃO PARA
CENA 33
INT. - IGREJA / QUARTO – NOITE
Nas mãos unidas, segurando um
terço. Batista reza, concentrado, testa franzida; Expressão sofrida. Abre os
olhos, marejados, mas agora, mais firmes. Batista faz o sinal da cruz e beija o
terço.
FADE
OUT
FADE IN
CENA 34
EXT. - CIDADE DE MANGARATIBA / RIO DE JANEIRO – DIA
Takes rápidos e pontuados. A
calmaria da praia; Alunos descendo do ônibus; Pessoas lendo jornal perto de uma
banca. Último take na fachada da fazenda Santos.
MUSIC OFF
CENA 35
INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / SALA – DIA
Walter desce as escadas, correndo.
Esbarra em Alessandro, já apanhando sua bolsa do sofá.
ALESSANDRO
Tá atrasado, é, tio? Vai tomar café, não?
Tá atrasado, é, tio? Vai tomar café, não?
WALTER
Não dá. Tá indo também?
Não dá. Tá indo também?
ALESSANDRO
Sim, bora!
Sim, bora!
Walter e Alessandro se apressam,
mas o primeiro não percebe quando sua carteira CAI do bolso detrás.
Do alto da escada, Alice VÊ a
carteira, mas não faz nada. Pelo seu PONTO DE VISTA, Walter e Alessandro SAEM.
Alice, então, desce as escadas, e apanha a carteira, que acaba abrindo.
Curiosa, Alice vê algo que chama sua atenção.
POV DE ALICE – A foto dela (vista
na cena 1, capítulo 6). Ao virar a aba, depara-se com a foto de Catarina (vista
na cena 2, capítulo 7). A mão de Alice puxa a foto.
ALICE
(O.S)
Walter tem uma foto da Catarina?
(O.S)
Walter tem uma foto da Catarina?
Ao virá-la, encontra a
dedicatória, também vista na cena 2, capítulo 7.
“É sempre bom encontrar pessoas
que sabem nos ouvir. Com carinho, Catarina”.
FIM DO POV DE ALICE
No rosto da garota, desconfiada.
FADE TO BLACK
FIM DO CAPÍTULO
APRESENTANDO
CHRISTIANA UBACK.......................Maria Alice Pimentel
JOÃO VÍTHOR OLIVEIRA........................…...Noel Santos
MARCO PIGOSSI.............................Alessandro Santos
OSVALDO
MIL..................................Mazinho Santos
JULIANA
LOHMANN...........................Maria José Guerra
LUCINHA
LINS....................................Helô Castro
HERSON
CAPRI…................................Avelino Santos
LUCCI FERREIRA................................Walter
Santos
MURILO
GROSSI............................…………...João Guerra
TONICO
PEREIRA................................Cícero Guerra
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL
BIA
ARANTES.................................Catarina Guerra
ELENCO SECUNDÁRIO
RAPHAEL
VIANA..................................Paulo Borges
CAIO
BLAT.....................................Padre Batista
CLÁUDIA NETTO..............................………………Tina
DANI
BARROS...................................Tarsila Santos
MARCO RICCA..................................Wagner Pimentel
ATORES CONVIDADOS NESSE CAPÍTULO
LUÍZA
VALDETARO..........................................Ana
RICARDO
PEREIRA....................................Alcântara
TRILHA SONORA
TETO DE VIDRO..........................................Pitty
Essa
obra não possui nenhum vínculo/contrato com os atores citados acima.
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