0:00 min
GATO PRETO CAPÍTULO 13
56:00 min
CYBERTV APRESENTA
GATO PRETO
Minissérie
de
Cristina Ravela
Capítulo 13 de 13
© 2018, CyberTV.
Todos os direitos reservados.
Todos os direitos reservados.
ATO DE ABERTURA
FADE
IN
CENA 1 EXT.
- CASARÃO / FAZENDA SANTOS – DIA
A caminhonete marrom adentrando o
terreno até frear bruscamente. Walter desce do carro atendendo um celular.
WALTER
Já cheguei, Alessandro, calma! O Noel não fará nada comigo, deve tá havendo algum engano. (T) Tudo bem, venham rápido. Eu vou entrar.
Já cheguei, Alessandro, calma! O Noel não fará nada comigo, deve tá havendo algum engano. (T) Tudo bem, venham rápido. Eu vou entrar.
Walter desliga o celular e olha
para a fachada do local. Avança pela varanda e entra.
CENA 2 INT.
- CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE ALICE – DIA
Continuação do capítulo anterior.
Noel apontando a arma para
Batista, até que não aguenta e ri.
NOEL
A tua cara tá ótima! Impagável!
(para de rir). O plano era perfeito, sabia? O caso de Catarina foi encerrado; Consegui fazer o tio Walter ficar do meu lado; Meu nome de volta ao testamento. Mas isso saiu caro demais. E por sua culpa, sabia?
Batista, ofegante, paralisado de
medo.
BATISTA
Eu fui roubado, já te falei isso. O vídeo não era pra ter saído da igreja.
Eu fui roubado, já te falei isso. O vídeo não era pra ter saído da igreja.
NOEL
Mas saiu! Saiu porque o seu João foi mais esperto que você. A Ana não precisava ter morrido, cara.
Mas saiu! Saiu porque o seu João foi mais esperto que você. A Ana não precisava ter morrido, cara.
= = FLASHBACK = =
CENA 2
INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE ANA – NOITE
CAM
adentra o ambiente na penumbra; Pequeno, com chão de taco, pouca mobília,
incluindo uma cama de solteiro. Revela-se Ana, de costas, trajando pijama,
diante da janela entreaberta. Ela usa fone de ouvido, bastante concentrada em
seu celular. CAM vai se aproximando, lentamente.
ANA
(murmura)
Não é possível!...Foi ele que matou a Catarina! (T) Que horror!
(murmura)
Não é possível!...Foi ele que matou a Catarina! (T) Que horror!
Ana
retira o fone, espantada. No que olha para a CAM /
Lá está NOEL, tão assustado quanto
ela. A garota se afasta, medrosa. Quando faz menção em gritar /
Noel TAPA sua boca. Destaque para
suas mãos com luvas de látex.
NOEL
Não grite, não grite!
Não grite, não grite!
Ana acerta um CHUTE em suas
canelas; Noel urra de dor, mas continua a segurá-la, sempre tentando tapar sua
boca. A garota chega a dar um GRITO, mas abafado, então Noel, aflito, aperta
seu pescoço. Ana desespera-se, esforça-se para livrar-se dele; Crava as unhas
em seu braço, até que Noel acaba soltando-a. A garota desequilibra e CAI,
batendo a nuca contra um criado-mudo.
Na cara espantada de Noel. PASSOS
aproximam-se pelo lado de fora. Noel SAI dalí e fecha a porta.
= = FIM DO FLASHBACK = =
NOEL
Coitada!
(ri, debochado como ele só)
Morreu por causa de um criado. Mudo.
(ri, descontrolado)
Coitada!
(ri, debochado como ele só)
Morreu por causa de um criado. Mudo.
(ri, descontrolado)
Noel fecha o sorriso e engatilha a
arma. Batista, trêmulo.
NOEL
Que pena, viu...Que pena que eu tive que me virar tanto, culpar até o coitado do meu tio. Quase levei um teco na cara. (pensa longe, olhar fixo)
Era pra eu tá planejando a morte de meu pai agora, mas to aqui! Pensei que padres fossem mais confiáveis.
(volta a encarar o padre)
O que você costuma rezar na sua igreja?
Que pena, viu...Que pena que eu tive que me virar tanto, culpar até o coitado do meu tio. Quase levei um teco na cara. (pensa longe, olhar fixo)
Era pra eu tá planejando a morte de meu pai agora, mas to aqui! Pensei que padres fossem mais confiáveis.
(volta a encarar o padre)
O que você costuma rezar na sua igreja?
BATISTA
Noel, por favor, fiz tudo que me pediu, até espalhar um boato contra Alice, isso ia contra os meus princípios.
Noel, por favor, fiz tudo que me pediu, até espalhar um boato contra Alice, isso ia contra os meus princípios.
NOEL
Seus princípios foram perdidos quando você se vendeu pro meu pai, padre. E de qualquer maneira, quem espalhou o boato foi ele. Ele só não sabe disso. Vai, reza aí, te dou tempo, vai.
Seus princípios foram perdidos quando você se vendeu pro meu pai, padre. E de qualquer maneira, quem espalhou o boato foi ele. Ele só não sabe disso. Vai, reza aí, te dou tempo, vai.
BATISTA
Noel…
Noel…
NOEL
Reza, diabo! (finge espanto / tampa a boca) Desculpe (ri).
Reza, diabo! (finge espanto / tampa a boca) Desculpe (ri).
Um BARULHO nos arredores acaba
distraindo Noel, tempo suficiente para Batista pular sobre ele e tentar desviar
a arma. Acontece uma luta. Batista empurra Noel, que deixa a arma cair no chão.
O padre tenta sair pela porta, Noel alcança a arma e ATIRA duas vezes contra as
costas de Batista. Este, cambaleia até o
CORREDOR
Esgueira-se pela parede e cai
sentado.
Noel vem apontando a arma, pra
garantir. No final do corredor, Walter está espantado com a cena. Aproxima-se,
devagar.
WALTER
Noel? O que você fez?
Noel? O que você fez?
Walter tenta se agachar para ver o
padre, mas Noel dá um passo a frente.
NOEL
Foi ele, tio. Ele matou a Catarina e a Ana. Ele queria me matar!
Foi ele, tio. Ele matou a Catarina e a Ana. Ele queria me matar!
WALTER
Deixa eu ver se ele tá vivo?
Deixa eu ver se ele tá vivo?
Noel se afasta. Walter, receoso,
coloca o dedo na jugular do padre.
WALTER
Ele tá vivo!
Ele tá vivo!
Noel acerta um TIRO no peito de Batista.
Walter vai pra trás, assustado.
NOEL
Fiz por você, tio. Padres são sorrateiros (não resiste e ri).
Fiz por você, tio. Padres são sorrateiros (não resiste e ri).
Em Walter, de olhos arregalados.
CENA 3
EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – DIA
Uma pickup PRATA freia na entrada
do local que chega a levantar poeira. Alessandro e Mazinho saem, rápidos e
ENTRAM na casa.
Uma pickup PRETA estaciona logo
atrás. Alice desce, esbaforida, corre para entrar no casarão. Paulo sai do
carro também e segue. ZOOM-OUT revela a caminhonete marrom alí.
CENA 4
INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / CORREDOR – DIA
Walter esgueira-se pelo chão, a
fim de levantar-se.
WALTER
Noel...Eu não te reconheço…
Noel...Eu não te reconheço…
NOEL
O senhor devia me agradecer. A mim e a Alice. Fomos nós que fizemos o senhor sair de cima do muro. (agacha-se diante dele)
Foi seu amor doentio por sua sobrinha (murmura) que te fez virar homem. HOMEM!
O senhor devia me agradecer. A mim e a Alice. Fomos nós que fizemos o senhor sair de cima do muro. (agacha-se diante dele)
Foi seu amor doentio por sua sobrinha (murmura) que te fez virar homem. HOMEM!
Walter, tomado de fúria, avança
sobre Noel; tenta lhe tomar a arma, prensa o sobrinho na parede. A mão de ambos
encontra-se contra o peito de cada um, numa luta difícil para ver quem consegue
pegar a arma do outro. Face a face, forte pressão.
CENA 5
INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – DIA
Alice aparece da porta, aflita,
procurando algo. Muita ação. Ela corre por entre outros CÔMODOS, rápida. Não
encontra ninguém. Vaza por um CORREDOR.
UM DISPARO.
Alice paralisa, encontra
Alessandro e Mazinho estacados, vendo algo fora da tela. Mesmo relutante, ela
vai até eles.
ALICE
(desesperada)
NÃO! NOEL!
(desesperada)
NÃO! NOEL!
Noel e Walter, colados um ao
outro, com olhos arregalados, até que Walter vai perdendo as forças; Suas mãos,
agora sujas de sangue, causam horror em Alice e Alessandro.
ALESSANDRO
Tio! Tio!
Tio! Tio!
Walter cai de joelhos. Noel dá uma
olhada em Alice e foge dalí.
Alice vai até Walter a tempo dele
cair sobre seus braços. Arfante, Walter encara-a, desesperançado. Paulo surge,
esbaforido por alí. Alessandro verifica os batimentos do padre.
ALESSANDRO
Ele tá vivo. Vou chamar a ambulância.
Ele tá vivo. Vou chamar a ambulância.
WALTER
Alice...Alice, por favor...Vá atrás do Noel. Ele não tá bem…
Alice...Alice, por favor...Vá atrás do Noel. Ele não tá bem…
ALESSANDRO
Ele tentou te matar, tio! Noel é um psicopata!
Ele tentou te matar, tio! Noel é um psicopata!
PAULO
Se quiserem, eu vou atrás dele. Já chamamos a polícia.
Se quiserem, eu vou atrás dele. Já chamamos a polícia.
MAZINHO
Não precisa. Eu que vou pegar esse moleque e vai ser agora!
Não precisa. Eu que vou pegar esse moleque e vai ser agora!
Mazinho SOME.
ALESSANDRO
Droga! O Noel não poupou o tio Walter, imagine o tio Mazinho!
Droga! O Noel não poupou o tio Walter, imagine o tio Mazinho!
PAULO
Eu vou atrás dele!
Eu vou atrás dele!
ALESSANDRO
Não, eu vou. Você chama a ambulância. A polícia tá chegando.
Não, eu vou. Você chama a ambulância. A polícia tá chegando.
Alessandro SAI correndo. Alice e
Walter trocam olhares de despedida.
ALICE
(contém o choro)
Cê vai ficar bem, tá?
(contém o choro)
Cê vai ficar bem, tá?
WALTER
(respiração fraca)
O Paulo pode ficar aqui. Vai atrás do Alessandro. (T) Não deixe que eles se matem, por favor.
(respiração fraca)
O Paulo pode ficar aqui. Vai atrás do Alessandro. (T) Não deixe que eles se matem, por favor.
Alice faz a negativa, deixa uma
lágrima escapar.
PAULO
Pode ir, Alice.
Pode ir, Alice.
WALTER
Vai.
Vai.
Alice hesita, toca o rosto dele
como se quisesse falar algo, porém, desiste.
CENA
6 INT. - CASARÃO / FAZENDA
SANTOS – DIA
CAM
TRAVELLING acompanha o movimento de Alice, atravessa portas, até que corta para
O
EXTERIOR DO CASARÃO
As
pickups não se encontram mais alí. A garota vem de frente, atordoada. Ao ver
uma CAMINHONETE MARROM já saindo, se apressa.
ALICE
Ei! Alessandro! Eu vou junto!
Ei! Alessandro! Eu vou junto!
E ela
SALTA sobre a carroceria, o carro acelera. Alessandro coloca a cabeça pra fora.
ALESSANDRO
Sai daí, Alice! Esse assunto é meu!
Sai daí, Alice! Esse assunto é meu!
ALICE
Esse assunto é nosso!
Esse assunto é nosso!
O
rapaz bate no volante, revoltado, mas segue.
A caminhonete acelera e corta o cenário, levantando poeira.
A caminhonete acelera e corta o cenário, levantando poeira.
CENA
7 EXT. - ESTRADA PRINCIPAL -
DIA
Larga,
sendo de um lado só montanhas; De outro, a praia. Alessandro dirige, atento. Da
carroceria, Alice espia, muito aflita pelo que vê.
UMA
PICKUP PRETA E UMA PICKUP PRATA À FRENTE
Lado
a lado, batendo um contra o outro.
Corta
para um deles, pelo lado da praia, onde Mazinho aponta o dedo na direção
inversa.
MAZINHO
Eu vou te pegar, seu filho da mãe!
Eu vou te pegar, seu filho da mãe!
Noel,
na outra pickup, dá uma sacada rápida para o tio. Mazinho joga o carro pra cima
dele.
Alessandro
tenta frear antes de chegar na curva.
Noel devolve a pancada e arremessa Mazinho para fora da pista.
Alessandro se apavora.
Noel devolve a pancada e arremessa Mazinho para fora da pista.
Alessandro se apavora.
ALESSANDRO
Não! NÃO!
Não! NÃO!
A
pickup PRETA arrebenta a barra de proteção e voa em direção a praia. Noel dá
uma guinada perigosa, interrompe o fluxo da estrada – carros freiam bruscamente
– e vem na contramão.
Alice
percebe a manobra, preocupada.
ALICE
Não é possível. (para Alessandro) DÁ RÉ! DÁ RÉ!
Não é possível. (para Alessandro) DÁ RÉ! DÁ RÉ!
Alessandro
dá ré. A pickup avança. Forte expectativa.
ALESSANDRO
PULA DO CARRO, ALICE! PULA!
PULA DO CARRO, ALICE! PULA!
Em
Alice, apavorada.
Na pickup que avança cada vez mais.
Até que a garota SALTA e rola pela areia.
A pickup faz uma manobra arriscada e joga a traseira em cima do carro de Alessandro. Grande impacto. A buzina dispara.
Alice cobre a boca, assustada. Porém, Noel dá ré e depois foge.
Na pickup que avança cada vez mais.
Até que a garota SALTA e rola pela areia.
A pickup faz uma manobra arriscada e joga a traseira em cima do carro de Alessandro. Grande impacto. A buzina dispara.
Alice cobre a boca, assustada. Porém, Noel dá ré e depois foge.
Alice
corre até a caminhonete e se espanta ao ver
ALESSANDRO,
inconsciente sobre o volante e com a testa ferida.
VOLTA
EM ALICE
Frustrada, abaixa a cabeça.
FADE
TO BLACK
FIM DO ATO DE ABERTURA
CAPÍTULO 13
AQUI SE FAZ
AQUI SE PAGA
ÚLTIMO CAPÍTULO
AQUI SE PAGA
ÚLTIMO CAPÍTULO
PRIMEIRO ATO
FADE IN
Um CARRINHO DE BRINQUEDO sendo
manipulado por mãos de criança, num grande tapete.
CENA 8
INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / SALA – DIA
Uma bota de cano longo PISA no
carrinho. CAM SOBE até o rosto de Avelino, mais novo, com olhar de reprovação.
AVELINO
Eu já não avisei que não quero que brinque aqui na sala?
Eu já não avisei que não quero que brinque aqui na sala?
Na expressão de medo num GAROTINHO
(aloirado, 10 anos), que levanta-se, rapidamente. Avelino aproxima o rosto,
abaixa-se e apanha o brinquedo.
AVELINO
Soube que você caiu jogando bola com o Alessandro. É verdade, Noel?
Soube que você caiu jogando bola com o Alessandro. É verdade, Noel?
NOEL
Sim, pai (interessado / mostra o machucado no joelho), veja /
Sim, pai (interessado / mostra o machucado no joelho), veja /
Avelino pega no queixo do garoto
com força, assustando-o.
AVELINO
(trinca os dentes)
Da próxima vez que você chutar o teu irmão, juro que te faço engolir seus brinquedos, peça por peça. OUVIU BEM?
(trinca os dentes)
Da próxima vez que você chutar o teu irmão, juro que te faço engolir seus brinquedos, peça por peça. OUVIU BEM?
Noel sacode a cabeça, concordando.
Avelino solta-o, fazendo-o cair sobre o tapete. Depois chuta o carrinho e SAI
dalí. Em Noel, fechando a cara, de raiva.
CENA 9
EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / JARDIM – DIA
Alessandro, com seus 12 anos,
retira um belo pássaro de sua gaiola, com cuidado, e abre as mãos esperando que
ele voe. Mas ele não voa. O menino, então, coloca-o no chão e observa-o dar
alguns passos, assustado com a novidade.
HELÔ
(O.S)
Alê!
(O.S)
Alê!
Alessandro não sabe se fica ou se
vai. Acaba indo.
ALESSANDRO
Já vou, mãe!
Já vou, mãe!
O garoto SAI de cena.
CLOSE no pássaro. Quando vai alçar
voo, é pego por mãos infantis. Noel observa o bicho, este acuado. Quando ameaça
degolar /
CORTA IMEDIATAMENTE
Para o rosto de Noel, NOS TEMPOS
ATUAIS, com seu semblante sereno.
CENA 10
EXT. - CABANA – DIA
ZOOM-OUT vai revelando Noel,
sentado no chão de terra. Tina vem logo atrás, senta-se ao seu lado.
NOEL
(sem olhar para ela)
O meu pai nunca gostou de mim, não é? Ele apenas teve que me engolir...Só isso. Pode falar a verdade. Aquele papo dele querer dois filhos homens, mas eu ser do contra, era papo furado, né?
(sem olhar para ela)
O meu pai nunca gostou de mim, não é? Ele apenas teve que me engolir...Só isso. Pode falar a verdade. Aquele papo dele querer dois filhos homens, mas eu ser do contra, era papo furado, né?
TINA
Helô sempre te amou, Noel. Sempre esteve ao seu lado /
Helô sempre te amou, Noel. Sempre esteve ao seu lado /
NOEL
Eu to falando do meu pai. A senhora sabe que posso morrer ou ser preso, então não me prive da verdade. Por favor.
Eu to falando do meu pai. A senhora sabe que posso morrer ou ser preso, então não me prive da verdade. Por favor.
Tina respira fundo.
TINA
Seu pai tinha medo de um dia eu revelar a todos sobre o nosso caso. Achava que te assumindo, o risco seria menor (Noel vai absorvendo, sério), mas eu tinha medo de como ele ia te tratar. Por isso, roguei-lhe uma praga: Ele jamais conseguiria as coisas se algum mal lhe fizesse.
Seu pai tinha medo de um dia eu revelar a todos sobre o nosso caso. Achava que te assumindo, o risco seria menor (Noel vai absorvendo, sério), mas eu tinha medo de como ele ia te tratar. Por isso, roguei-lhe uma praga: Ele jamais conseguiria as coisas se algum mal lhe fizesse.
NOEL
Parece que ele tá abrindo mão dessas coisas.
Parece que ele tá abrindo mão dessas coisas.
Tina toca suas mãos, repousadas
sobre os joelhos. Noel mostra-se frio, por um momento.
TINA
Você não precisava ter feito tudo que fez, Noel.
(desliza a mão por seu rosto)
Você sempre foi tão doce, tão gentil. (Tempo / reluta) Por acaso, você que envenenou o Paulo?
Você não precisava ter feito tudo que fez, Noel.
(desliza a mão por seu rosto)
Você sempre foi tão doce, tão gentil. (Tempo / reluta) Por acaso, você que envenenou o Paulo?
Noel olha ao léu, lembra algo.
= = FLASHBACK = =
CENA 11
EXT. - CARRO – DIA
Noel, com uma sacola em mãos,
aproxima-se da caminhonete marrom. Dá uma sacada ao redor e
ENTRA
Bate a porta. Noel abre a sacola,
apanha a marmita e, com bastante cuidado, abre-a. Pega, do bolso da camisa, um
vidrinho contendo um pó. Abre e despeja na comida. Noel guarda o vidrinho na
bolsa e fecha a marmita, habilidosamente.
Nele, confiante.
= = FIM DO FLASHBACK = =
VOLTA em Noel, que deixa a frieza
de lado, de repente e, de forma carinhosa, segura a mão de Tina.
NOEL
Desculpa. Foi necessário (em Tina, desalentada). Ele podia contar que eu sabia que o cartão de memória tava com a Ana. Afinal, ele mesmo me contou.
(olhar ansioso)
Mas sabe, ele mesmo quis ajudar. E o que amigos fazem? Dão a vida por seus amigos (sorri, estranho), num é?
Desculpa. Foi necessário (em Tina, desalentada). Ele podia contar que eu sabia que o cartão de memória tava com a Ana. Afinal, ele mesmo me contou.
(olhar ansioso)
Mas sabe, ele mesmo quis ajudar. E o que amigos fazem? Dão a vida por seus amigos (sorri, estranho), num é?
Tina engole o choro, faz uma cara
de quem quer vomitar. Contém-se.
TINA
É...Mas você matou a Catarina, a Ana...Certamente o padre e o seu tio. Sua mãe tá no hospital /
É...Mas você matou a Catarina, a Ana...Certamente o padre e o seu tio. Sua mãe tá no hospital /
NOEL
Por favor, mãe! (Tina desmonta) Vai me abandonar de novo?
(Tina faz a negativa, sofrida)
Vai me entregar à polícia?
Por favor, mãe! (Tina desmonta) Vai me abandonar de novo?
(Tina faz a negativa, sofrida)
Vai me entregar à polícia?
TINA
Não...Não, filho. Mas eles virão aqui. Se você não for pego por eles, será pego pelo seu pai.
Não...Não, filho. Mas eles virão aqui. Se você não for pego por eles, será pego pelo seu pai.
Noel, repentinamente, deita em seu
colo, envolvendo o braço em sua cintura.
NOEL
Não me abandone. Eu fiz tudo errado, mas não me abandone.
Não me abandone. Eu fiz tudo errado, mas não me abandone.
Tina contém o choro; CLOSE em
Noel, olhar disperso, mas sorriso malicioso.
CENA 12
INT. - HOSPITAL / RECEPÇÃO – DIA
Enfermeiros trazem Alessandro na
maca, inconsciente. Alice atrás, junto de Wagner. Outra maca é empurrada
rapidamente para a mesma direção. Trata-se de Mazinho, com a testa e perna
feridas.
ALICE
(nervosa)
E o Walter, pai? Cadê o Walter?
(nervosa)
E o Walter, pai? Cadê o Walter?
Paulo surge, em desalento. Olhar
cabisbaixo e mão no peito, em sinal de respeito.
ALICE
Paulo! (avança sobre ele) Paulo, e aí? Diz pra mim que ele tá bem, diz!
Paulo! (avança sobre ele) Paulo, e aí? Diz pra mim que ele tá bem, diz!
PAULO
Sinto muito, Alice.
Sinto muito, Alice.
Alice cobre a boca, entristecida.
Wagner tenta consolá-la, mas a garota corre pelo CORREDOR.
ALICE
Walter, não!
Walter, não!
PAULO
Alice!
Alice!
Alice some pelos corredores.
CENA 13
INT. - HOSPITAL / QUARTO – DIA
Na porta fechada. Até que ela é
aberta, repentinamente, por Alice, que estaca diante do que vê. Ela bem que
tenta, mas desaba em lágrimas, enquanto vai aproximando-se.
ALICE
Walter...Walter...Cê não podia ter morrido.
(soluça de tanto chorar)
Não é justo. (T) Eu precisava tanto te falar.
Walter...Walter...Cê não podia ter morrido.
(soluça de tanto chorar)
Não é justo. (T) Eu precisava tanto te falar.
Alice, olhar distante.
= = FLASHBACK – WALTER SE DECLARA
PARA ALICE (CENA 22 – CAPÍTULO 10) = =
ALICE
Walter, por favor, você é meu tio /
Walter, por favor, você é meu tio /
WALTER
(por cima, respiração ofegante)
Eu te amo (baque em Alice). E eu não to nem aí para o que os outros vão dizer.
(por cima, respiração ofegante)
Eu te amo (baque em Alice). E eu não to nem aí para o que os outros vão dizer.
E Walter beija a garota na boca.
Beijo rápido; Alice se afasta, atordoada; Levanta-se e fica sentada, de costas
para o tio.
WALTER
Por que isso, Alice? Eu sei que você também gosta de mim. Por que você sempre me evita, desde quando você saiu da fazenda há dez anos? Hen?
Por que isso, Alice? Eu sei que você também gosta de mim. Por que você sempre me evita, desde quando você saiu da fazenda há dez anos? Hen?
= = FIM DO FLASHBACK = =
Alice deita a cabeça sobre o corpo
coberto por um lençol branco.
ALICE
Eu queria ter te falado...Eu queria...Você é importante pra mim. Você não podia ter morrido.
Eu queria ter te falado...Eu queria...Você é importante pra mim. Você não podia ter morrido.
Alice chora copiosamente.
VOZ FEMININA
Ele era muito querido, não é?
Ele era muito querido, não é?
Alice, olhos vermelhos, encara a
enfermeira.
ENFERMEIRA
Você é da família? Desculpe, precisamos liberar o corpo do padre.
Você é da família? Desculpe, precisamos liberar o corpo do padre.
ALICE
Padre?
Padre?
Alice levanta o lençol e vê que é
o padre quem está alí. Num misto de alívio e surpresa, a garota SAI correndo,
deixando a enfermeira sem entender.
CENA 14
INT. - HOSPITAL / QUARTO DE WALTER – DIA
Alice adentra, intempestiva. Para
diante de Walter, sentado na cama, com uma faixa na barriga.
ALICE
Você tá vivo!
Você tá vivo!
WALTER
(emocionado)
Alice! Ahn... A cirurgia foi rápida. O tiro não /
(emocionado)
Alice! Ahn... A cirurgia foi rápida. O tiro não /
Alice joga-se sobre Walter, e lhe
tasca um beijo na boca. Tempo no beijo. Eles recuperam o fôlego, Alice senta-se
na beirada da cama.
WALTER
Isso significa…?
Isso significa…?
ALICE
(faz que sim)
Tive tanto medo de você morrer sem te falar o que tá preso aqui (pra garganta). Olha, quando você disse que eu te evitava tanto desde muito tempo, cê tinha razão. Eu te evitava. (aperta suas mãos) Ter sido expulsa da fazenda foi bom, por um lado; Eu não ia mais te ver. Eu não queria.
(faz que sim)
Tive tanto medo de você morrer sem te falar o que tá preso aqui (pra garganta). Olha, quando você disse que eu te evitava tanto desde muito tempo, cê tinha razão. Eu te evitava. (aperta suas mãos) Ter sido expulsa da fazenda foi bom, por um lado; Eu não ia mais te ver. Eu não queria.
Walter não entende. Alice enche-se
de coragem.
ALICE
Eu era só uma adolescente apaixonada pelo meu próprio tio. (Walter, esperançoso) Não era certo, só que aí eu voltei e /
Eu era só uma adolescente apaixonada pelo meu próprio tio. (Walter, esperançoso) Não era certo, só que aí eu voltei e /
Walter coloca o dedo em sua boca;
Acaricia seu rosto.
WALTER
A nossa família desmoronou, e não foi por nossa culpa, Alice. Eu quero você comigo. Sempre.
A nossa família desmoronou, e não foi por nossa culpa, Alice. Eu quero você comigo. Sempre.
Na intensa troca de olhares. Até
que beijam-se novamente.
CENA 15
EXT. - MANGARATIBA / RIO DE JANEIRO – DIA
No mar agitado; No silêncio da
praça; No canto estridente dos anus branco.
CENA 16
INT. - HOSPITAL / QUARTO DE ALESSANDRO – DIA
A enfermeira regula o soro.
Alessandro, com o esparadrapo na testa, mostra-se incomodado, trajando um
roupão branco. A enfermeira vai saindo, enquanto Alice entra. Alessandro
encara-a, de cara feia.
ALICE
Eu vim vê como você tá.
Eu vim vê como você tá.
ALESSANDRO
Veio ver o estrago que o seu primo querido fez? Eu já soube da morte do padre. Vocês nunca deviam ter voltado /
Veio ver o estrago que o seu primo querido fez? Eu já soube da morte do padre. Vocês nunca deviam ter voltado /
ALICE
Chega, tá? Eu não tenho culpa. Ou acha que eu ia compactuar com isso?
Chega, tá? Eu não tenho culpa. Ou acha que eu ia compactuar com isso?
ALESSANDRO
Já ficou do lado dele diversas vezes, Alice. Mesmo eu te dizendo que ele não era esse santo todo.
Já ficou do lado dele diversas vezes, Alice. Mesmo eu te dizendo que ele não era esse santo todo.
ALICE
Eu não quero brigar, Alessandro.
Eu não quero brigar, Alessandro.
ALESSANDRO
Nem eu. (tempo) Te falei tanto...Desde que éramos pequenos, mas você não me ouvia.
Nem eu. (tempo) Te falei tanto...Desde que éramos pequenos, mas você não me ouvia.
= = FLASHBACK = =
Uma BOLA de futebol sendo chutada
no gramado.
CENA 17
EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – DIA
SURGE
A LEGENDA: 2001
Noel corre com a bola, tentando
ultrapassar Alessandro. O primeiro tenta chutar para o gol, mas acaba
embolando-se na perna do segundo, indo de cara no chão. Noel reclama de dor.
NOEL
Alice!
Alice!
Alice (com seus 12 anos) vai até
ele, preocupada.
ALICE
Machucou, Noel?
Machucou, Noel?
NOEL
Ele fez de propósito!
Ele fez de propósito!
Alice, do chão, olha para
Alessandro, com olhar de reprovação.
ALICE
De novo, Alessandro?
De novo, Alessandro?
ALESSANDRO
É mentira dele, não tá vendo? Ele cai de sacanagem pra me culpar.
É mentira dele, não tá vendo? Ele cai de sacanagem pra me culpar.
ALICE
Ninguém gosta de sentir dor, Alessandro. (ajuda Noel a levantar-se)
Ninguém gosta de sentir dor, Alessandro. (ajuda Noel a levantar-se)
ALESSANDRO
Ele sempre se faz de coitado e você acredita porque é burra!
Ele sempre se faz de coitado e você acredita porque é burra!
Noel agarra-se em Alice.
NOEL
Alice não é burra!
Alice não é burra!
O
garoto dá um chutão na canela de Alessandro e sai correndo. Alessandro
contorce-se de dor, mas ainda ameaça ir atrás. Alice o contém.
ALICE
Ele é uma criança, Alessandro. Cê devia ter paciência.
Ele é uma criança, Alessandro. Cê devia ter paciência.
ALESSANDRO
Ele faz as coisas na maldade, Alice. Só você não vê! Só você!
Ele faz as coisas na maldade, Alice. Só você não vê! Só você!
= = FIM DO FLASHBACK = =
Alice controla o choro; Desvia o
olhar.
ALICE
Eu gostava dele, poxa. Você num entende /
Eu gostava dele, poxa. Você num entende /
ALESSANDRO
(indignado)
Eu não entendo? Cê quer dizer o quê com isso? Que eu não gosto de ninguém?
(arranca o soro da mão e levanta-se) Isso é brincadeira, né?
(indignado)
Eu não entendo? Cê quer dizer o quê com isso? Que eu não gosto de ninguém?
(arranca o soro da mão e levanta-se) Isso é brincadeira, né?
ALICE
Que cê tá fazendo?
Que cê tá fazendo?
Alessandro chega nela, assusta
pela agressividade.
ALESSANDRO
Isso aqui!
Isso aqui!
Ele pega a garota pela nuca e
tasca um beijão na boca dela. Coisa rápida. Ao soltá-la, a garota não acredita;
Esfrega a mão na boca, ainda chorosa.
ALESSANDRO
E aí? Cê sabe o que é fingir que não se importa pra não magoar os outros? Cê sabe?
(tempo / lacrimeja de raiva)
Sabe o que é ver o próprio irmão ser mais querido por você, porque eu escolhi não magoar a Catarina, que nunca escondeu gostar de mim desde a infância?
(Alice, ainda em choque)
Você sabe o que é abrir mão de alguém por causa de uma droga de princípios que diz ser errado primos se relacionarem? Sabe? NÃO! Você e o nosso tio Walter não sabem. Só eu me importei, tá legal? Só eu!
E aí? Cê sabe o que é fingir que não se importa pra não magoar os outros? Cê sabe?
(tempo / lacrimeja de raiva)
Sabe o que é ver o próprio irmão ser mais querido por você, porque eu escolhi não magoar a Catarina, que nunca escondeu gostar de mim desde a infância?
(Alice, ainda em choque)
Você sabe o que é abrir mão de alguém por causa de uma droga de princípios que diz ser errado primos se relacionarem? Sabe? NÃO! Você e o nosso tio Walter não sabem. Só eu me importei, tá legal? Só eu!
Alessandro dá as costas, limpa os
olhos para esconder as lágrimas.
ALICE
Fica difícil acreditar quando você nunca me tratou bem de verdade, Alessandro. Talvez o seu jeito rude me cegou pra tudo que o Noel fez.
Fica difícil acreditar quando você nunca me tratou bem de verdade, Alessandro. Talvez o seu jeito rude me cegou pra tudo que o Noel fez.
ALESSANDRO
(vira-se, olhos vermelhos)
Minha culpa?
(vira-se, olhos vermelhos)
Minha culpa?
ALICE
Não. Você não tem culpa de tudo que ele fez, mas eu também não tenho culpa se prefiro a companhia de alguém mais agradável.
Não. Você não tem culpa de tudo que ele fez, mas eu também não tenho culpa se prefiro a companhia de alguém mais agradável.
Ambos ainda olham-se fixamente,
até Alice SAIR pela porta. Alessandro vai atrás e bate a mão na porta.
ALESSANDRO
Isso! Vai atrás daquele marginal, vai! Vai passar a mão na cabeça dele!
Isso! Vai atrás daquele marginal, vai! Vai passar a mão na cabeça dele!
Nele, enciumado, até cair no
choro.
CENA 18
INT. - HOSPITAL / RECEPÇÃO – DIA
Alcântara caminhando ao lado de
João e Wagner.
ALCÂNTARA
Tipos como Noel não me surpreende; Muito sorridente, não perde a pose nem com a má fama que tem, e muito escorregadio. Hábil na arte de encantar e manipular; Ele não acusava ninguém, mas induzia o outro a acompanhar seu raciocínio e deduzir, por si só, o que ele queria.
Tipos como Noel não me surpreende; Muito sorridente, não perde a pose nem com a má fama que tem, e muito escorregadio. Hábil na arte de encantar e manipular; Ele não acusava ninguém, mas induzia o outro a acompanhar seu raciocínio e deduzir, por si só, o que ele queria.
WAGNER
Filho da mãe! Não era à toa que eu não gostava dele. Ele morou debaixo do meu teto por dez anos!
Filho da mãe! Não era à toa que eu não gostava dele. Ele morou debaixo do meu teto por dez anos!
JOÃO
(mãos na cintura / pensativo)
Ainda não me recuperei do baque. Que bom que a polícia resolveu investigar a morte de minha filha. Eu agradeço por isso, delegado.
(mãos na cintura / pensativo)
Ainda não me recuperei do baque. Que bom que a polícia resolveu investigar a morte de minha filha. Eu agradeço por isso, delegado.
ALCÂNTARA
Gustavo foi a cereja do bolo que faltava. O rapaz relatou que no dia do casamento de Catarina, ele levou Alice e Noel para longe dalí, a mando de Avelino, só que no meio do caminho, Alice escapou.
Gustavo foi a cereja do bolo que faltava. O rapaz relatou que no dia do casamento de Catarina, ele levou Alice e Noel para longe dalí, a mando de Avelino, só que no meio do caminho, Alice escapou.
= = FLASHBACK 1 – CENA EM QUE
ALICE FOGE DO CARRO DE GUSTAVO (CENA 22 - CAP 1) = =
Rapidamente,
Noel segura o motorista pelo pescoço, deixando Alice atordoada.
NOEL
Rápido! Sai!
Rápido! Sai!
Gustavo
se debate, tenta se desvencilhar, inutilmente.
NOEL
VAI!
VAI!
Alice
chuta a porta e
SAI
Correndo, toda desajeitada.
= = FIM DO FLASHBACK 1 = =
= = FLASHBACK 2 = =
O carro anterior estaciona numa
estradinha de terra. Noel desce e vai até a janela do motorista.
NOEL
Daqui você segue.
Daqui você segue.
GUSTAVO
Cara, se teu pai souber /
Cara, se teu pai souber /
NOEL
A grana que você vai receber vai dar pra você seguir sua vida.
A grana que você vai receber vai dar pra você seguir sua vida.
GUSTAVO
Sair daqui? Não tá nos meus planos.
Sair daqui? Não tá nos meus planos.
NOEL
Agora tá. Porque se eu sendo filho sou tratado desse jeito, imagine um motorista que traz esse filho de volta pro lado do meu pai?
Agora tá. Porque se eu sendo filho sou tratado desse jeito, imagine um motorista que traz esse filho de volta pro lado do meu pai?
Em Gustavo, engolindo a seco.
= = FIM DO FLASHBACK 2 = =
João cobrindo a boca, sem crer.
ALCÂNTARA
E quando ocorreu a morte de sua filha, Gustavo se deu conta que o horário coincidia com a hora que ele tinha levado o Noel pra lá. Foi então que ele decidiu largar o emprego.
E quando ocorreu a morte de sua filha, Gustavo se deu conta que o horário coincidia com a hora que ele tinha levado o Noel pra lá. Foi então que ele decidiu largar o emprego.
JOÃO
Como nunca percebemos que tinha algo errado naquele garoto?
Como nunca percebemos que tinha algo errado naquele garoto?
ALCÂNTARA
Porque ele não acha que está errado. Para tipos como ele, o importante é atingir o objetivo, seja qual for o método que usa. Não há limitações. A única vez que psicopatas consideram algo errado é quando não conseguem o que querem.
Porque ele não acha que está errado. Para tipos como ele, o importante é atingir o objetivo, seja qual for o método que usa. Não há limitações. A única vez que psicopatas consideram algo errado é quando não conseguem o que querem.
O delegado chega perto de um
bebedouro; Alcança um copo plástico e coloca água.
WAGNER
Ele matou Catarina por causa da herança dela?
Ele matou Catarina por causa da herança dela?
Alcântara bebe um pouco.
ALCÂNTARA
Mais do que isso. A herança dela faria Noel entrar pela porta da frente da fazenda, sem que o pai questionasse, já que, não se pode contestar um testamento.
(pausa / joga o copo no lixo)
Uma vez lá dentro, ele precisava de uma prova concreta contra o pai para ameaçá-lo. Causar discórdia e fazer com que alguém de boa índole se voltasse contra Avelino, era perfeito para Noel ter o seu nome de volta ao testamento do pai. Esse, certamente, era o seu objetivo principal.
Mais do que isso. A herança dela faria Noel entrar pela porta da frente da fazenda, sem que o pai questionasse, já que, não se pode contestar um testamento.
(pausa / joga o copo no lixo)
Uma vez lá dentro, ele precisava de uma prova concreta contra o pai para ameaçá-lo. Causar discórdia e fazer com que alguém de boa índole se voltasse contra Avelino, era perfeito para Noel ter o seu nome de volta ao testamento do pai. Esse, certamente, era o seu objetivo principal.
WAGNER
Meu Deus! Faz todo sentido.
Meu Deus! Faz todo sentido.
ALCÂNTARA
Essa é a única explicação pra tudo que ele fez. Já lidei com casos semelhantes quando trabalhava na capital.
Essa é a única explicação pra tudo que ele fez. Já lidei com casos semelhantes quando trabalhava na capital.
João esfrega a mão na boca, ainda
abalado.
JOÃO
E ele parecia tão boa pessoa...Eu cheguei a pensar em entregar a administração da fazenda a ele. Meu Deus!
E ele parecia tão boa pessoa...Eu cheguei a pensar em entregar a administração da fazenda a ele. Meu Deus!
Um médico chega alí.
MÉDICO
Com licença. João Guerra? Seu irmão Cícero terá alta ainda hoje.
Com licença. João Guerra? Seu irmão Cícero terá alta ainda hoje.
JOÃO
Ah, sim, graças a Deus! E minha esposa?
Ah, sim, graças a Deus! E minha esposa?
O médico faz um silêncio
perturbador. Expressão de desânimo.
CENA 19
INT. - HOSPITAL / UTI – DIA
João adentra, com uma máscara
cirúrgica no rosto e um roupão branco. Chega perto de Helô, muito debilitada,
cheia de tubos, mas ainda com força para abrir os olhos e encarar o marido.
JOÃO
(murmura / entristecido)
Ei, cê vai sair dessa, viu?
(murmura / entristecido)
Ei, cê vai sair dessa, viu?
Helô sorri, desesperançada.
HELÔ
(balbucia)
Não minta pra mim, João. Eu sinto que to indo embora.
(balbucia)
Não minta pra mim, João. Eu sinto que to indo embora.
João toca suas mãos pálidas;
Encoraja-a.
JOÃO
Não, não diga isso, Helô. Você ainda tem muito que viver.
Não, não diga isso, Helô. Você ainda tem muito que viver.
As mãos dela tentam segurar nas
deles. João colabora e segura suas mãos.
HELÔ
Por favor, João, eu só te peço uma coisa: Não mate o Noel, por favor.
Por favor, João, eu só te peço uma coisa: Não mate o Noel, por favor.
João mal a encara, sem saber o que
dizer.
HELÔ
Eu não to pedindo que você o perdoe, nem que o deixe impune. (chora)
Só peço que não o mate. Não mate o meu filho, por favor.
Eu não to pedindo que você o perdoe, nem que o deixe impune. (chora)
Só peço que não o mate. Não mate o meu filho, por favor.
João, finalmente, encara a esposa.
JOÃO
Não sou assassino, Helô. Nas minhas mãos, ele não morre.
Não sou assassino, Helô. Nas minhas mãos, ele não morre.
HELÔ
(sorri, chorosa)
Você é admirável. Sempre soube lutar pelo que queria, sem passar por cima de ninguém. Continue assim. (Tempo / demonstra cansaço) Continue assim.
(sorri, chorosa)
Você é admirável. Sempre soube lutar pelo que queria, sem passar por cima de ninguém. Continue assim. (Tempo / demonstra cansaço) Continue assim.
JOÃO
Eu continuarei se você estiver comigo. É você quem me dá forças, Helô. Reaja por mim.
Eu continuarei se você estiver comigo. É você quem me dá forças, Helô. Reaja por mim.
Um APITO contínuo soa do monitor
cardíaco. João olha para o monitor e vê o sinal elétrico zerado. As PORTAS
abrem-se, dois enfermeiros chegam até Helô, deixando João zonzo.
PLANO-DETALHE – As mãos dele
soltando as de Helô.
João afasta-se. Os enfermeiros
usam um desfibrilador em Helô. Uma.
Duas.
Três vezes.
Duas.
Três vezes.
O apito continua. Os enfermeiros
entreolham-se. Em João, contendo as lágrimas.
FUSÃO PARA
CENA 20
INT. - CEMITÉRIO – DIA
VISTA AÉREA do local cheio. CAM
desce e mostra, em primeiro plano, um ANU BRANCO pousar sobre uma lápide.
PADRE
Estamos aqui para despedirmo-nos de duas pessoas queridas. O nosso amigo e padre João Batista que, em seu tempo conosco, ajudou muitas pessoas a resolver suas atribulações; E a nossa amiga Heloísa Guerra, esposa de nosso glorioso amigo, João Guerra, nos deixou para ir ao encontro de nosso Deus celestial.
Estamos aqui para despedirmo-nos de duas pessoas queridas. O nosso amigo e padre João Batista que, em seu tempo conosco, ajudou muitas pessoas a resolver suas atribulações; E a nossa amiga Heloísa Guerra, esposa de nosso glorioso amigo, João Guerra, nos deixou para ir ao encontro de nosso Deus celestial.
João, abaladíssimo, chora ao lado
de Paulo e Cícero. Alice olha ao redor, procura por alguém. Alessandro saca,
incomodado.
ALESSANDRO
Tá achando que o Noel virá se despedir da mãe, Alice? Aqui tá cheio de policial.
Tá achando que o Noel virá se despedir da mãe, Alice? Aqui tá cheio de policial.
Alice observa alguns policiais por
alí.
ALESSANDRO
Basta ele aparecer e nhac! Vai ser pego que nem um rato.
Basta ele aparecer e nhac! Vai ser pego que nem um rato.
ALICE
E o seu papai, Alessandro? Tem notícias do maior bandido mestre que você respeita?
E o seu papai, Alessandro? Tem notícias do maior bandido mestre que você respeita?
O cara fecha o bico. Ambos são
enquadrados, ao longe, pelo ponto de vista de alguém.
Trata-se de Noel, à espreita.
MARIA JOSÉ
(O.S)
Meus pêsames.
(O.S)
Meus pêsames.
Noel volta-se, sobressaltado. No
sorriso malicioso de Maria José.
FADE
OUT
FIM DO PRIMEIRO ATO
SEGUNDO ATO
FADE IN
CENA 21
INT. - CEMITÉRIO – DIA
Noel leva Maria José para trás de
uma lápide, fazendo suspense.
NOEL
Escuta, Maria José, eu só queria me despedir da minha mãe. Me ajuda, vai. Eu nunca te pedi nada.
Escuta, Maria José, eu só queria me despedir da minha mãe. Me ajuda, vai. Eu nunca te pedi nada.
MARIA JOSÉ
(faz a negativa)
Você mente que nem sente. Você matou o padre, Noel. Você quase ferrou comigo. O que quer agora? Matar o teu pai e o teu irmão?
(faz a negativa)
Você mente que nem sente. Você matou o padre, Noel. Você quase ferrou comigo. O que quer agora? Matar o teu pai e o teu irmão?
NOEL
Eu fiz tudo errado, mas foi por amor. Alice merecia voltar pra fazenda, merecia que o meu pai pedisse perdão.
Eu fiz tudo errado, mas foi por amor. Alice merecia voltar pra fazenda, merecia que o meu pai pedisse perdão.
MARIA JOSÉ
Você errou, Noel. Não é nela que você pensa; É só em você.
(olha para a direção dos policiais)
Você tá cercado. Melhor se entregar.
Você errou, Noel. Não é nela que você pensa; É só em você.
(olha para a direção dos policiais)
Você tá cercado. Melhor se entregar.
NOEL
Vamos conversar, Maria. Que tal um passeio de carro pra nos conhecer melhor?
Vamos conversar, Maria. Que tal um passeio de carro pra nos conhecer melhor?
A garota estranha; Ele sorri,
sádico, mas quando Maria José pensa em reagir, Noel tampa sua boca,
rapidamente. A garota se debate, mas Noel a empurra contra uma lápide,
fazendo-a bater a cabeça. Noel solta-a no chão, olha para Alice, lá adiante.
CORTE DESCONTÍNUO
O povo dispersando-se. Alice vem
mais afastada, cabisbaixa. Até que braços masculinos puxam-na e ela some da
tela.
CENA 22
INT. - PICKUP PRATA – DIA
Noel acaba de bater a porta. Alice
do seu lado, tensa.
NOEL
Eu preciso que você me ouça, Alice.
Eu preciso que você me ouça, Alice.
ALICE
Noel, a polícia tá atrás de você. Você matou o padre! Você matou a Catarina!
Noel, a polícia tá atrás de você. Você matou o padre! Você matou a Catarina!
NOEL
Eu sei, eu sei! (tempo) Poxa, eu to num mato sem cachorro, sem eira nem beira, já pela bola sete. Fiz tudo errado, Alice. Eu só queria reparar um erro.
Eu sei, eu sei! (tempo) Poxa, eu to num mato sem cachorro, sem eira nem beira, já pela bola sete. Fiz tudo errado, Alice. Eu só queria reparar um erro.
ALICE
(firme / raiva)
O erro de ter plantado as drogas na bolsa do Alessandro e elas terem ido parar na minha bolsa? Não, Noel. A única coisa que você queria era voltar pro testamento. Num é? Matar já é um erro grave, agora você querer justificá-lo? Não há justificativa.
(firme / raiva)
O erro de ter plantado as drogas na bolsa do Alessandro e elas terem ido parar na minha bolsa? Não, Noel. A única coisa que você queria era voltar pro testamento. Num é? Matar já é um erro grave, agora você querer justificá-lo? Não há justificativa.
Noel pensa um pouco, chateado.
NOEL
Veja bem, Alice, a Catarina ia morrer mesmo e ela tentou armar o próprio acidente /
Veja bem, Alice, a Catarina ia morrer mesmo e ela tentou armar o próprio acidente /
ALICE
(por cima)
Você não venha me dizer que ainda ajudou a garota. Você não sabia da doença dela, logo, você é um assassino!
(expressa raiva e tristeza)
O tempo todo...O tempo todo você tava alí! Ela deve ter levado um tremendo susto, não é?
(por cima)
Você não venha me dizer que ainda ajudou a garota. Você não sabia da doença dela, logo, você é um assassino!
(expressa raiva e tristeza)
O tempo todo...O tempo todo você tava alí! Ela deve ter levado um tremendo susto, não é?
Em Noel, paralisado, como a
lembrar-se de algo.
= = FLASHBACK 3 = =
CENA 23
INT. - FAZENDA SANTOS / ESTÁBULO – DIA
CAM aproximando-se da porta de
entrada. SOM de um cavalo trotando por alí. Ao chegar na porta, Catarina,
vestida de noiva, CAVALGA. Ela aproxima-se, sorridente.
CATARINA
Noel! Pensei que tinha ido embora. Cadê a Alice?
Noel! Pensei que tinha ido embora. Cadê a Alice?
Noel manipula uma VARA, mantém um
olhar doce, mas, ao mesmo tempo, sagaz.
NOEL
Ela não pôde vir, mas em breve, eu e ela estaremos aqui de novo.
Ela não pôde vir, mas em breve, eu e ela estaremos aqui de novo.
CATARINA
Sério? Pra valer?
Sério? Pra valer?
NOEL
Sim, e com a sua ajuda. Não é o máximo?
Sim, e com a sua ajuda. Não é o máximo?
CATARINA
Nossa! Tudo que eu mais queria, mas...Como posso ajudar?
Nossa! Tudo que eu mais queria, mas...Como posso ajudar?
NOEL
É só você morrer.
É só você morrer.
BAQUE em Catarina. Ela logo ri,
incrédula.
CATARINA
Para, tá? Não brinca, que eu acabo acreditando.
Para, tá? Não brinca, que eu acabo acreditando.
NOEL
Mas é verdade! Quero até agradecer por ter pensado na gente. (olhar sofrido, convence) Será uma perda lastimável pro seu pai, (encara Catarina, decidido) mas ele vai entender.
Mas é verdade! Quero até agradecer por ter pensado na gente. (olhar sofrido, convence) Será uma perda lastimável pro seu pai, (encara Catarina, decidido) mas ele vai entender.
CATARINA
Para, Noel! Que brincadeira de mau gosto…
Para, Noel! Que brincadeira de mau gosto…
NOEL
O seu testamento não é uma brincadeira, né? (Catarina saca; esboça tensão) Você sabe controlar um cavalo nervoso, Catarina?
O seu testamento não é uma brincadeira, né? (Catarina saca; esboça tensão) Você sabe controlar um cavalo nervoso, Catarina?
A garota segura as rédeas com
afinco.
NOEL
Eu te desejo uma morte instantânea.
Eu te desejo uma morte instantânea.
CLÍMAX
Noel acerta a VARA no lombo do cavalo, que relincha. Acerta outra, e o cavalo ergue-se obrigando Catarina, em desespero, a abraçar o animal. O cavalo sai em disparada sob os gritos de Catarina.
Noel acerta a VARA no lombo do cavalo, que relincha. Acerta outra, e o cavalo ergue-se obrigando Catarina, em desespero, a abraçar o animal. O cavalo sai em disparada sob os gritos de Catarina.
ALICE
(O.S)
CATARINA!
(O.S)
CATARINA!
Noel se assusta. ENTRA de volta no
estábulo e se esconde.
= = FIM DO FLASHBACK 3 = =
Alice, já com olhos marejados,
enquanto Noel conta sem o menor remorso.
NOEL
Foi uma morte mais digna. Melhor do que morrer doente numa cama.
Foi uma morte mais digna. Melhor do que morrer doente numa cama.
ALICE
Eu não acredito que cê tá me contando isso como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Eu não acredito que cê tá me contando isso como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Noel tenta tocar-lhe a mão, mas
ela esquiva-se. Procura abrir a porta.
ALICE
Eu quero sair daqui.
Eu quero sair daqui.
Noel impede; fecha a porta.
NOEL
Por favor, Alice! Não me abandone. Fiz tudo por nós dois.
Por favor, Alice! Não me abandone. Fiz tudo por nós dois.
ALICE
Você sabe que eu gosto de você, não sabe?
Você sabe que eu gosto de você, não sabe?
Noel vê, pelo retrovisor, um carro
de polícia se aproximando.
NOEL
Sim, e eu também. E você jurou que sairíamos daqui juntos, Alice. (gira a chave na ignição) E vamos ficar juntos pra sempre!
Sim, e eu também. E você jurou que sairíamos daqui juntos, Alice. (gira a chave na ignição) E vamos ficar juntos pra sempre!
Alice se preocupa. Noel liga o
carro.
ALICE
Não, Noel! Para esse carro!
Não, Noel! Para esse carro!
CORTA PARA O EXTERIOR
O carro levanta poeira e parte. A
polícia segue.
CENA 24
EXT. - RUA QUALQUER – DIA
Três carros, sendo um jipe verde,
estão parados em uma estradinha de terra, com vegetação alta por toda a
extensão. Avelino está com os braços repousados sobre um dos carros. Dois
homens fazem a guarda, outro chega junto a Avelino.
CAPATAZ #1
Noel esteve com a dona Tina, patrão. Mas já saiu de lá.
Noel esteve com a dona Tina, patrão. Mas já saiu de lá.
AVELINO
Ele certamente voltará pro local do crime. Ele não pode fugir sem a grana que me roubou. (tempo) Vamos pra lá agora!
Ele certamente voltará pro local do crime. Ele não pode fugir sem a grana que me roubou. (tempo) Vamos pra lá agora!
Eles se movimentam, entram em seus
respectivos carros.
CENA 25
EXT. - RUA DA CIDADE – DIA
= = SONOPLASTIA: Máscara
(instrumental) – Pitty = =
CAM AÉREA percorre as ruas, até
encontrar a pickup prata, em alta velocidade, e a polícia atrás com a sirene
ligada, a uma boa distância.
CENA 26
INT. - PICKUP PRATA – DIA
Alice se segura onde pode, em
pânico. Noel dá uma guinada violenta e entra numa ruela estreita.
A polícia na cola. As pessoas,
curiosas, assistem a perseguição.
Noel entra em outras ruelas com curvas perigosas, descidas aterrorizantes, cercadas por casas ou intensos arvoredos.
Noel entra em outras ruelas com curvas perigosas, descidas aterrorizantes, cercadas por casas ou intensos arvoredos.
= = MUSIC FADE = =
ALICE
Por favor, Noel! Pra onde a gente tá indo?
Por favor, Noel! Pra onde a gente tá indo?
Noel, bem atento, atravessa a
frente da Escola Municipal de Ibicuí.
NOEL
Pra fora da cidade, claro. Depois você volta pra fazenda pra pegar a nossa grana. Vai dar tudo certo, cê vai ver.
Pra fora da cidade, claro. Depois você volta pra fazenda pra pegar a nossa grana. Vai dar tudo certo, cê vai ver.
ALICE
Essas ruas vão dar na praia. Já era pra tu, cara! Pelo amor que cê tem a Deus, PARE ESSE CARRO!
Essas ruas vão dar na praia. Já era pra tu, cara! Pelo amor que cê tem a Deus, PARE ESSE CARRO!
NOEL
(tira o foco da estrada e encara a garota)
A gente vai sair daqui juntos, Alice. Eu só saio daqui com você!
(tira o foco da estrada e encara a garota)
A gente vai sair daqui juntos, Alice. Eu só saio daqui com você!
ALICE
Não. Sinto muito.
Não. Sinto muito.
A PICKUP alcança uma rua de onde é
possível ver uma ponte acima das águas. Imediatamente, a porta se abre e Alice
pula, caindo sobre o chão de um bar.
Noel perde o controle, faz zigue-zague
na estreita rua e passa por cima da ponte. No seu desespero.
[efeito câmera lenta]
A pickup voa e cai no mar.
[fim do efeito câmera lenta]
Um grupo de curiosos amontoam-se
por alí. A polícia socorre Alice, toda machucada. A garota olha para a direção
da praia, em choque.
FADE
OUT
FIM DO SEGUNDO ATO
ATO FINAL
FADE IN
CENA 27
EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – DIA
VISTA PANORÂMICA do local. O GRITO
estridente de alguns anus ecoam no ambiente, agora, aparentemente inóspito e
sombrio.
CENA 28
INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – DIA
Um rastro de pegadas molhadas e
sujas de terra em vários pontos da casa. CAM TRAVELLING vai percorrendo os
corredores vazios até nos depararmos com sangue na parede, em frente ao quarto
de Alice. É o sangue do padre.
CAM revela Noel todo molhado, desalinhado e com escoriações pelos braços e rosto. Visivelmente cansado e temeroso, ele
CAM revela Noel todo molhado, desalinhado e com escoriações pelos braços e rosto. Visivelmente cansado e temeroso, ele
ENTRA NO QUARTO DE ALICE
E vai direto para a parte detrás
do guarda-roupa. Puxa uma bolsa de lona, leva até a cama e abre. Há muita
grana. Noel sorri, satisfeito e fecha a bolsa.
SOM de uma arma sendo engatilhada.
Noel depara-se com Avelino, munido
de uma arma com silenciador.
AVELINO
O bandido sempre volta ao local do crime. Idiota!
O bandido sempre volta ao local do crime. Idiota!
Em Noel, sem saída.
CENA 29
INT. - DELEGACIA / SALA – DIA
PLANO GERAL - Alice, aflita,
diante do delegado. Dois policiais fazem a guarda. Wagner, Tarsila, Alessandro,
Cícero e Maria José aguardam.
ALCÂNTARA
É o seguinte, vou mandar dois policiais pra fazenda. Se o Noel não sumiu no mar, é pra lá que ele foi.
É o seguinte, vou mandar dois policiais pra fazenda. Se o Noel não sumiu no mar, é pra lá que ele foi.
TARSILA
Isso se o Avelino não chegar primeiro, né?
Isso se o Avelino não chegar primeiro, né?
Alice se preocupa.
ALICE
Ele vai matá-lo! Temos que ir pra lá agora!
Ele vai matá-lo! Temos que ir pra lá agora!
Tarsila toma a frente, ansiosa.
TARSILA
Não, filha. Se ele teve coragem de ferir o meu irmão, ele pode te machucar também.
Não, filha. Se ele teve coragem de ferir o meu irmão, ele pode te machucar também.
ALICE
Não tenho medo. Eu sinto que preciso ir pra lá, mãe. (Tempo / angustiada) É o Noel, sacas? Eu não quero que ele morra.
Não tenho medo. Eu sinto que preciso ir pra lá, mãe. (Tempo / angustiada) É o Noel, sacas? Eu não quero que ele morra.
WAGNER
Calma, filha, ninguém vai matar ninguém. Acho. Vamos todos pra lá, tá bem?
Calma, filha, ninguém vai matar ninguém. Acho. Vamos todos pra lá, tá bem?
CÍCERO
Já avisaram ao João? A propósito, cadê ele?
Já avisaram ao João? A propósito, cadê ele?
Todos entreolham-se, prevendo o
que pode ter acontecido.
CENA 30
EXT. - FAZENDA SANTOS – DIA
Um táxi vem levantando poeira pela
estradinha de terra. Pelo vidro, é possível ver João e Paulo no carona, ansiosos.
CENA 31
INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – DIA
Avelino apontando a arma, deixando
Noel encurralado.
AVELINO
Pegue a sua arma, moleque. (Noel nem se move) PEGA A PORRA DA SUA ARMA, TÁ SURDO?
Pegue a sua arma, moleque. (Noel nem se move) PEGA A PORRA DA SUA ARMA, TÁ SURDO?
Noel saca o revólver da cintura e
quase deixa sobre a cama, mas /
AVELINO
Segura bem isso, garoto. ANDA! (Noel chega a tremer de nervoso)
Agora você vai apontar pra merda da sua têmpora, engatilhar e acertar um pipoco bonito pra estourar esses teus miolos filho da puta!
Segura bem isso, garoto. ANDA! (Noel chega a tremer de nervoso)
Agora você vai apontar pra merda da sua têmpora, engatilhar e acertar um pipoco bonito pra estourar esses teus miolos filho da puta!
Noel nada faz, trêmulo. Avelino
gargalha, debochando da cara de pavor do filho.
AVELINO
Aposto que se borrou todo, né, seu palerma! Vagabundo! Pilantra!
Aposto que se borrou todo, né, seu palerma! Vagabundo! Pilantra!
Noel, devagar, aponta a arma para
o pai.
NOEL
Tá a fim de um jogo, pai?
Tá a fim de um jogo, pai?
AVELINO
Ótimo! Vamos lá! Qual o jogo? Quem atira primeiro?
Ótimo! Vamos lá! Qual o jogo? Quem atira primeiro?
NOEL
Não. Quem chegar por último é a mulher do padre...(Avelino não entende) Morto.
Não. Quem chegar por último é a mulher do padre...(Avelino não entende) Morto.
E Noel ATIRA contra o pai, erra o
alvo, mas acerta uma BOLSADA em sua cara. Avelino desnorteia, por instantes.
Tempo suficiente para Noel fugir e se jogar da
VARANDA
CAI de pé no teto da pickup,
desequilibra e vai pro chão. Mal se recupera, e João já chega apontando sua
arma. Paulo atrás, de guarda. Noel mantém sua respiração ofegante, vai
erguendo-se com a arma em punho.
JOÃO
Eu prometi a sua mãe que não te mataria, garoto. Mas tu não sabe a vontade que eu to de meter uma bala em você.
Eu prometi a sua mãe que não te mataria, garoto. Mas tu não sabe a vontade que eu to de meter uma bala em você.
AVELINO
(O.S)
Esse gostinho será meu.
(O.S)
Esse gostinho será meu.
Avelino chega da porta. Em Noel,
cercado pelos três.
CENA 32
EXT. - RUA DA CIDADE – DIA
Carros de polícia cruzam a estrada
com as suas sirenes ligadas, abrindo passagem entre outros veículos.
CENA 33
INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – DIA
VISTA AÉREA do terreno, sendo
palco de um triste embate. Noel mira a arma na direção do pai, mas sem perder o
foco em João. Esses dois apontando para Noel.
JOÃO
Eu acreditei em você, garoto. Torci por você e pela Alice. Cheguei a desejar que você fosse meu herdeiro legítimo. (grita) E você matou a minha filha!
Eu acreditei em você, garoto. Torci por você e pela Alice. Cheguei a desejar que você fosse meu herdeiro legítimo. (grita) E você matou a minha filha!
NOEL
(mente)
Eu me arrependi! Eu me arrependi!
(mente)
Eu me arrependi! Eu me arrependi!
AVELINO
Balela! Psicopatas não se arrependem. Vamos lá, João! Seja o primeiro. Helô passou a mão na cabeça do moleque e deu no que deu. Um assassino de sua filha. Vai deixar barato?
Balela! Psicopatas não se arrependem. Vamos lá, João! Seja o primeiro. Helô passou a mão na cabeça do moleque e deu no que deu. Um assassino de sua filha. Vai deixar barato?
NOEL
(manipula)
Isso, pai! Incentiva o seu João a me dar um teco, pra ele se ferrar de vez e o senhor comprar as terras dele. Essa sua pose de machão não é pra defender os interesses de ninguém que não sejam os seus.
(manipula)
Isso, pai! Incentiva o seu João a me dar um teco, pra ele se ferrar de vez e o senhor comprar as terras dele. Essa sua pose de machão não é pra defender os interesses de ninguém que não sejam os seus.
AVELINO
Você mata, envergonha uma família, infarta com a tua mãe, e vem me chamar de egoísta? Merece que pipoquem com a tua cara mesmo. E então, João? Vai vacilar?
Você mata, envergonha uma família, infarta com a tua mãe, e vem me chamar de egoísta? Merece que pipoquem com a tua cara mesmo. E então, João? Vai vacilar?
JOÃO
(irônico)
Você tem razão. Mas acho que vou deixá-lo por último.
(irônico)
Você tem razão. Mas acho que vou deixá-lo por último.
João mira em Avelino, enquanto
este ainda mira em Noel.
AVELINO
Não seja burro! Eu não matei ninguém!
Não seja burro! Eu não matei ninguém!
JOÃO
Toda a desgraça na minha vida começou por sua causa. A tua presença nefasta, a tua ambição nojenta. Você nunca devia ter pisado aqui, nunca!
Toda a desgraça na minha vida começou por sua causa. A tua presença nefasta, a tua ambição nojenta. Você nunca devia ter pisado aqui, nunca!
SIRENES de polícia nos arredores.
Noel aflige-se, procura esquivar-se dalí, mas João percebe.
JOÃO
Tu não tem como escapar. Se tu atirar em mim, seu pai te mata, e vice-versa.
Tu não tem como escapar. Se tu atirar em mim, seu pai te mata, e vice-versa.
NOEL
E se eu atirar numa terceira pessoa? (silêncio entre os dois) Você dois atiram em mim ou socorrem a vítima? (silêncio permanece) A vida é feita de escolhas.
E se eu atirar numa terceira pessoa? (silêncio entre os dois) Você dois atiram em mim ou socorrem a vítima? (silêncio permanece) A vida é feita de escolhas.
CORTA PARA os carros de polícia
chegando alí em uma freada brusca. Alice é a primeira a descer do carro,
correndo.
Noel atira, mas Paulo desvia a
tempo. João acerta um TIRO no ombro de Noel, que mantém-se firme. Avelino,
então, aproveita e ATIRA contra o peito de Noel, no instante em que Alice
chega. No seu GRITO, consternada.
ALICE
NOEL!
NOEL!
[efeito câmera lenta]
Alice é impedida de ir por
Alessandro.
Noel devolve o tiro no pai, que descarrega mais três contra o peito do filho, num misto de raiva e dor física.
Noel, tomado de buracos no corpo, tomba os joelhos no chão e olha a todos, deslumbrando a última fagulha de vida que lhe restava. Até cair de vez.
Noel devolve o tiro no pai, que descarrega mais três contra o peito do filho, num misto de raiva e dor física.
Noel, tomado de buracos no corpo, tomba os joelhos no chão e olha a todos, deslumbrando a última fagulha de vida que lhe restava. Até cair de vez.
[Fim do efeito câmera lenta]
Alice, aos prantos, corre e cai
sobre ele. Segura seu rosto, em completo desespero.
ALICE
Noel! Noel...Por que tinha que ser assim?
Noel! Noel...Por que tinha que ser assim?
NOEL
(balbucia)
Não tinha, Alice...Deu tudo errado
(mescla riso e cansaço)...Pane no meu sistema, alguém me desconfigurou (ri / reclama de dor). Era pra gente sair juntos daqui, num é?
(balbucia)
Não tinha, Alice...Deu tudo errado
(mescla riso e cansaço)...Pane no meu sistema, alguém me desconfigurou (ri / reclama de dor). Era pra gente sair juntos daqui, num é?
Alice faz que sim, encharcada de
lágrimas.
NOEL
Que azar hen, Alice. Que azar o meu.
Que azar hen, Alice. Que azar o meu.
Noel suspira, perde os sentidos e
morre nos braços da prima.
ALICE
Noel! Noel!
Noel! Noel!
Alice abraça o corpo morto do
primo, inconsolável.
Alessandro, de olhos marejados,
fita a cena ao lado de Maria José.
ALESSANDRO
(ressentido)
Ela o amava de verdade. Mesmo depois de tudo. Ela o amava.
(ressentido)
Ela o amava de verdade. Mesmo depois de tudo. Ela o amava.
= = SONOPLASTIA: Lado de Lá –
Pitty = =
Maria José estranha o comentário,
mas deixa quieto.
Em câmera lenta, policiais
esbarram em Alessandro para chegar junto aos corpos. CAM toma distância, até
enquadrá-los num ÂNGULO ALTO. Avelino morto de um lado; Noel nos braços de
Alice; Os parentes, a polícia ao lado de João, todos se movimentando naquele
palco sangrento.
A CAM ganha o céu.
= = FIM DA SONOPLASTIA = =
FADE
TO BLACK
ALICE
(V.O)
Dona Tina bem avisou: Era eu quem trazia o problema.
(V.O)
Dona Tina bem avisou: Era eu quem trazia o problema.
FADE IN
= = SONOPLASTIA: Serpente – Pitty
= =
CENA 34
INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / SALA – DIA
SURGE
A LEGENDA: SEMANAS DEPOIS
Mãos masculinas cumprimentam-se.
ABRE em Alessandro e João diante de Rafael e outro homem engravatado. CAM
revela todos por alí assistindo Alessandro entregar um documento a João; Rafael
faz o mesmo para Alice.
ALICE
(V.O)
Com tudo que aconteceu, não restava melhor decisão para Alessandro que renunciar a herança e vender a fazenda. Sorte a do tio Avelino não tá aqui pra ver isso.
(V.O)
Com tudo que aconteceu, não restava melhor decisão para Alessandro que renunciar a herança e vender a fazenda. Sorte a do tio Avelino não tá aqui pra ver isso.
Alice e Walter beijam-se na boca,
causando certa estranheza nos demais. Alessandro engole a seco, controlando a
raiva. Maria José e Cícero entreolham-se, sacando.
FUSÃO PARA
CENA 35
INT. - HOSPITAL / QUARTO – DIA
Mazinho é amparado por dois
enfermeiros que o ajudam a sentar-se numa cadeira de rodas. Alessandro e
Tarsila o acompanham.
TINA
(V.O)
E azar para quem tá vivo, como o Mazinho. Agora, ele vai depender do sobrinho, a quem sempre manipulou, pra quase tudo na vida; Ficou paralítico.
(V.O)
E azar para quem tá vivo, como o Mazinho. Agora, ele vai depender do sobrinho, a quem sempre manipulou, pra quase tudo na vida; Ficou paralítico.
CORTE DESCONTÍNUO
CENA 36
INT. - HOSPITAL / RECEPÇÃO – DIA
Mazinho vem na cadeira de rodas,
apoiado por Alessandro e um enfermeiro. O delegado aproxima-se e fala alguma
coisa para eles. Mazinho faz cara feia. Chega a socar o braço da cadeira.
ALICE
(V.O)
Eu nem ia mostrar a prova de que ele bateu em Maria José, mas...Viver limitado não apaga o crime dele. (Tempo / ironiza) Engraçado que ele reclamava do jeito paradão do Walter...
(V.O)
Eu nem ia mostrar a prova de que ele bateu em Maria José, mas...Viver limitado não apaga o crime dele. (Tempo / ironiza) Engraçado que ele reclamava do jeito paradão do Walter...
FUSÃO PARA
CENA 37
INT. - CEMITÉRIO – DIA
Na lápide de um jazigo com a
seguinte inscrição:
“Heloísa Castro Guerra
05.03.1970 – 18.01.2017
Uma grande companheira, mãe e amiga pra todas as horas”
05.03.1970 – 18.01.2017
Uma grande companheira, mãe e amiga pra todas as horas”
TINA
(V.O)
Noel errou, pra corrigir um erro. E errou tanto...
(V.O)
Noel errou, pra corrigir um erro. E errou tanto...
CAM BUSCA o jazigo ao lado. Tem a
inscrição:
“Noel Castro dos Santos
11.06.1991 – 18.01.2017
Não bastou tudo o que fez em vida, agora, o teu silêncio me castiga”
11.06.1991 – 18.01.2017
Não bastou tudo o que fez em vida, agora, o teu silêncio me castiga”
ALICE
(V.O)
...Que aqui está. Se coisa ruim faz a gente crescer…
(V.O)
...Que aqui está. Se coisa ruim faz a gente crescer…
Alice aparece diante dos túmulos,
respira fundo.
ALICE
Já não caibo mais nesse lugar.
Já não caibo mais nesse lugar.
Alice olha para Tina, ao seu lado.
Dão-se as mãos e SAEM dalí. CAM ainda volta para as lápides.
FUSÃO PARA
CENA 38
INT. - CASARÃO / FAZENDA GUERRA / ESCRITÓRIO – DIA
= = FIM DA SONOPLASTIA = =
Um porta-retratos onde há a foto
de Catarina ao lado de João, sorridentes, no campo. A mão masculina pega e a
CAM acompanha até o rosto de João.
JOÃO
A tua morte não foi em vão, minha filha; Não deixei que fosse.
A tua morte não foi em vão, minha filha; Não deixei que fosse.
Ao fundo, a imagem desfocada
revela Paulo. Enquanto João, segurando o porta-retratos de um lado, e um copo
de uísque de outro, vai até a janela, entra um ÁUDIO.
TINA
(V.O)
Um pai em busca de justiça. Parece enredo interessante, até você ver que há vantagem naquilo que um dia foi uma desgraça.
(V.O)
Um pai em busca de justiça. Parece enredo interessante, até você ver que há vantagem naquilo que um dia foi uma desgraça.
João encara o lado de fora da
janela. Bebe um pouco.
JOÃO
É, Paulo. Vinguei a morte de minha filha, vi meus inimigos morrerem, fiquei com as duas fazendas, ganhei a confiança do delegado e a compaixão de todos, e ainda to solteiro. (olha para Paulo) É mole ou quer mais?
É, Paulo. Vinguei a morte de minha filha, vi meus inimigos morrerem, fiquei com as duas fazendas, ganhei a confiança do delegado e a compaixão de todos, e ainda to solteiro. (olha para Paulo) É mole ou quer mais?
Paulo gargalha, concordando. João
ri junto, de um jeito sádico, como nunca se viu.
= = SONOPLASTIA: Sete Vidas –
Pitty = =
Sua risada GANHA o
EXTERIOR DA FAZENDA
João, da janela, vai tomando distância,
sua gargalhada ecoando pelo ambiente. VISTA AÉREA dá uma geral por toda a
extensão, enquadrando as duas fazendas. Afasta-se cada vez mais até tomar as
imediações da cidade.
FADE
TO BLACK
A sonoplastia cessa nos créditos.
FIM
DA MINISSÉRIE
CONTINUA
APÓS OS CRÉDITOS…
APRESENTANDO
CHRISTIANA UBACH.......................Maria Alice Pimentel
JOÃO VÍTHOR OLIVEIRA........................…...Noel Santos
MARCO PIGOSSI.............................Alessandro Santos
OSVALDO
MIL..................................Mazinho Santos
JULIANA
LOHMANN...........................Maria José Guerra
LUCINHA LINS....................................Helô
Castro
HERSON
CAPRI…................................Avelino Santos
LUCCI
FERREIRA................................Walter Santos
MURILO
GROSSI............................…………...João Guerra
TONICO PEREIRA................................Cícero
Guerra
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL
BIA
ARANTES.................................Catarina Guerra
ELENCO SECUNDÁRIO
RAPHAEL
VIANA..............................…....Paulo Borges
CAIO
BLAT..................................…...Padre Batista
CLÁUDIA NETTO..............................…………...……Tina
DANI
BARROS...................................Tarsila Santos
MARCO RICCA..................................Wagner Pimentel
ATORES CONVIDADOS NESSE CAPÍTULO
GENÉZIO DE BARROS.........................……………….Rafael
RICARDO PEREIRA.................................…...Alcântara
RICARDO PEREIRA.................................…...Alcântara
TRILHA SONORA NESTE CAPÍTULO
DO LADO DE LÁ.....................……………………......Pitty
MÁSCARA.........................…………………...………..Pitty
SERPENTE.........................…………………...………Pitty
SETE VIDAS.........................…………………...……Pitty
MÁSCARA.........................…………………...………..Pitty
SERPENTE.........................…………………...………Pitty
SETE VIDAS.........................…………………...……Pitty
Essa
obra não possui nenhum vínculo/contrato com os atores citados acima.
FADE IN
CENA 39
EXT. - ESTRADA – DIA
Na roda dianteira de um Ranger
2002, em velocidade média. Aos poucos, surge a lataria cinza e brilhosa, e
alcançamos a dianteira. Uma fumaça negra toma a tela e o carro rateia até
parar.
Vagarosamente, a CAM busca a porta
sendo aberta. Um par de calçados masculinos desce. CAM segue para o lado
oposto, um par de sapatos femininos desce em seguida.
O capô é levantado e uma fumaça
escapa. Agora, Alessandro é revelado na cena, já com um celular a postos.
ALESSANDRO
Por favor, preciso de um táxi. Anota o endereço.
Por favor, preciso de um táxi. Anota o endereço.
Enquanto sua fala fica em off,
Maria José, maquiada para festa e trajando um belo vestido vermelho,
inquieta-se por alí. Alessandro, de terno e gravata, desliga o celular.
ALESSANDRO
Chegaremos a tempo, cê vai ver.
Chegaremos a tempo, cê vai ver.
MARIA JOSÉ
(insegura)
Alessandro, a gente tá indo impedir esse casamento porque você considera incesto, né?
(insegura)
Alessandro, a gente tá indo impedir esse casamento porque você considera incesto, né?
ALESSANDRO
(inseguro / mente)
Claro!...Você não? Cê disse que estaria comigo pro que der e vier.
(inseguro / mente)
Claro!...Você não? Cê disse que estaria comigo pro que der e vier.
MARIA JOSÉ
Sim, mas…
Sim, mas…
ALESSANDRO
(por cima)
Maria Alice e tio Walter não podem se casar. Faço isso pelo bem da minha família. Pelo que restou dela.
(por cima)
Maria Alice e tio Walter não podem se casar. Faço isso pelo bem da minha família. Pelo que restou dela.
MARIA JOSÉ
Se você diz...Só disfarça melhor, porque tá parecendo ciúmes.
Se você diz...Só disfarça melhor, porque tá parecendo ciúmes.
Alessandro encara-a, já
transfigura-se em raiva, quando a BUZINA soa.
ALESSANDRO
O táxi chegou. Vamos!
O táxi chegou. Vamos!
Alessandro segue. Em Maria José,
desconfiada. Segue atrás, sumindo da tela.
FADE
OUT
0 comentários: