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GAROTAS DO RIO MINISSÉRIE
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WEBTVPLAY APRESENTA
GAROTAS DO RIO
Minissérie
de
Wesley Alcântara
Capítulo 03 de 10
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VOZ
DE FÁBIA - Anteriormente
em Garotas do Rio...
LAURA
– Falar
assim, a seco? Não rola nem um uisquezinho?
FÁBIA
(gritando) – Se
você não falar, eu te coloco daqui pra fora abaixo de cacete.
LAURA
– Já
que você tá pedindo com tanta delicadeza, eu vou ser direta:
preciso de 50 mil reais.
...........................................................
PIETRO
– Eu
sempre fui diversão, não é? Não passei de um corpo, de um desejo
sexual seu. Um dos tantos caprichos que a dondoca de Ipanema
cultivava. E quer saber a verdade? Eu fiquei com aquela garota de
ontem sim. Nós nos beijamos, nós transamos. E depois da transa, ela
não foi embora ou inventou uma desculpa pra sair. Ela me chamou pra
jantar com ela, pra fazer companhia. Pra conversar como qualquer
casal faria. Como qualquer pessoa que se importa com o sentimento da
outra faria. Taí a diferença entre vocês duas.
Antônia
começa a chorar. Pietro também chora.
PIETRO
– Eu
acho que você nunca amou ninguém. Você precisa começar a se amar
pra poder estabelecer qualquer tipo de relação com alguém,
Antônia.
ANTÔNIA
– Você
foi muito cruel nas suas palavras. E as palavras, quando ditas sem
pensar, podem machucar muito, às vezes, até matar, sabia?
...........................................................
TONY
– Qual
é o seu nome, moreno?
DIEGO
– Me
chamo Diego.
TONY
– Bom,
Diego, faremos um teste essa noite. Se você se sair bem o emprego é
seu. Fechado?
Tony
estende a mão. Diego aperta sua mão com convicção e lhe solta um
sorriso.
...........................................................
Ela
olha em direção a porta e vê uma fumaça preta entrar pelas
frestas.
FÁBIA
– Que
isso?
Ela
se levanta e abre a porta, quando entra muita fumaça e uma labareda
enorme impede a sua passagem.
...........................................................
CENA
01. GAZETA CARIOCA. SALA DE FÁBIA. INT. DIA.
Enquanto
o fogo tapa a passagem pela porta e a fumaça invade cada vez mais o
local, Fábia tenta abrir as frestas da janela, mas sem sucesso. Ela
bate nas paredes e tosse muito.
FÁBIA
(gritando/ muita tosse) – Alguém
me ajuda, por favor! Socorro!
Fábia
se isola num canto da sala, visivelmente fraca e com dificuldades
para respirar.
Close
em seu olhar de pânico que reflete o fogo intenso.
CENA
02. HOTEL SAN MARTINI. CORREDOR. INT. DIA.
Affonso
abre a porta e fica paralisado ao ver Anunciação, que sorri
docemente.
ANUNCIAÇÃO
– Me
convida a entrar, Affonso?
Em
Affonso, em choque.
CENA
03. GAZETA CARIOCA. CORREDOR. INT. DIA.
Laura
vem andando com uma sacola nas mãos, quando percebe a fumaça.
SONOPLASTIA:
MÚSICA DE AÇÃO.
LAURA
(estranhando) – Tudo
apagado e essa fumaça?
Ela
continua andando até se aproximar da sala de Fábia e ver o fogo.
LAURA
(desesperada) – Fábia,
minha filha, você tá aí? Responde.
Ouve-se
a tosse de Fábia. Laura anda de um lado para o outro, até avistar
um extintor de incêndio.
CENA
04. GAZETA CARIOCA. SALA DE FÁBIA. INT. DIA.
Fábia
está sentada num canto da sala, praticamente imóvel, com olhos
semiabertos e respiração lenta. A fumaça e o fogo tomam conta do
local.
LAURA
(V.O) – Filha,
aguenta firme. Eu tô aqui, vou te salvar.
Fábia
tosse um pouco mais.
CORTA
PARA O CORREDOR.
Laura
destrava o extintor e começa a tentar apagar o fogo.
MÚSICA
CESSA.
CENA
05. HOTEL SAN MARTINI. SUÍTE DE AFFONSO. INT. DIA.
Anunciação
está sentada em uma poltrona. Affonso está de pé próximo a
cristaleira.
AFFONSO
– O
que você está fazendo por aqui, Anunciação?
ANUNCIAÇÃO
– Trabalho
investigativo.
AFFONSO
– Achei
que essa parte fosse com os jornalistas da Gazeta Carioca.
ANUNCIAÇÃO
– Há
coisas que devemos fazer nós por nós mesmos, não é?
Affonso
e Anunciação se olham tensos por um instante.
AFFONSO
– Aceita
uma bebida?
ANUNCIAÇÃO
– Uísque.
AFFONSO
– Como
você quer seu uísque?
ANUNCIAÇÃO
– Uísque
e gelo num copo curto.
Affonso
prepara dois copos de uísque. Entrega um a Anunciação e toma o
outro numa golada só.
ANUNCIAÇÃO
– Tá
tenso?
AFFONSO
– Mais
de dez anos que não fico a sós com você. Não tinha como ficar
normal, não é?
ANUNCIAÇÃO
– Ainda
mexo com você, não é?
AFFONSO
– Fala
de uma vez o que veio fazer aqui. Como descobriu o hotel e a suíte
onde estou?
Anunciação
dá uma golada no uísque, se levanta e se aproxima de Affonso.
ANUNCIAÇÃO
– Eu
vim por causa de você.
Os
dois se olham.
CAPÍTULO
03 - CONTRA A PAREDE
CENA
06. GAZETA CARIOCA. SALA DE FÁBIA. INT. DIA.
Laura
apaga o fogo e se aproxima de Fábia, que está quase sem sentidos.
FÁBIA
(com dificuldade)– Laura,
meu ajuda!
LAURA
– Fica
calma, minha filha. Não fale nada, poupe as energias. Consegui
apagar o fogo. Deu tudo certo.
Nesse
instante, um guarda aparece no local.
GUARDA
– Vi
uma fumaça de longe.
LAURA
– Como
é que não existem guardas nesse andar? Anda, me ajuda a tirar minha
filha daqui. Ela precisa de um hospital.
O
guarda pega Fábia no colo e sai. Laura vai em seguida.
CENA
07. HOTEL SAN MARTINI. SUÍTE DE AFFONSO. INT. DIA.
Anunciação
se aproxima mais de Affonso. Ambos ficam cara a cara.
Sonoplastia
(“Meu primeiro amor – Roberta Miranda”)
ANUNCIAÇÃO
– Eu
me desloquei do Rio até aqui por sua causa. Eu acho que a gente
precisa conversar... Muita coisa ficou estranha desde a última vez.
AFFONSO
– Eu
achei que tivesse ficado claro que eu não queria mais trair a
Antônia. Foi por esse motivo que me afastei, Anunciação.
Anunciação
acaricia o rosto de Affonso.
ANUNCIAÇÃO
– Por
que a gente não deu certo? Qual o meu problema?
Affonso
se afasta, ficando de costas para Anunciação.
MÚSICA
CESSA.
AFFONSO
– O
problema sou eu. Eu sou casado.
ANUNCIAÇÃO
– Mal
casado. Quando te encontrei, você estava derrubado, se perguntando
se valia a pena continuar num casamento daqueles. Eu te mostrei
outras possibilidades, outras aventuras. Fiz coisas que ela não fez,
abri minha casa e meu coração para você ficar.
AFFONSO
– Eu
sei que fui um canalha. Eu jamais deveria ter me envolvido com você.
ANUNCIAÇÃO
– Você
não entende nada de mulher mesmo. Não era e nunca será só sexo.
Nem pra mim e nem pra você.
Affonso
olha fixamente nos olhos de Anunciação.
AFFONSO
– Não
foi. Mas agora isso não tem importância mais.
ANUNCIAÇÃO
(voz embargada) – Será
que não?
AFFONSO
– Eu
amo a Antônia. Ela me ama. Não há espaço pra ninguém, nem pra
você.
ANUNCIAÇAO
– Suas
palavras doem tanto, Affonso.
Anunciação
pega sua bolsa e se encaminha em direção à porta de saída.
AFFONSO
– Espero
que encontre alguém que te ame de verdade.
ANUNCIAÇÃO
– Eu
vou estar sempre te esperando, tá?
Anunciação
sai. Affonso se joga na cama, pensativo.
CENA
08. STOCK-SHOTS. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.
Sonoplastia
(“I
go to Rio – Peter Allen”).
Imagens
do Corcovado, pão-de-açúcar, praia de Copacabana.
MÚSICA
CESSA.
CENA
09. HOSPITAL COPA D’OR. FACHADA. EXT. DIA.
Imagem
rápida da fachada com o nome do hospital.
CENA
10. HOSPITAL COPA D’OR. QUARTO. INT. DIA.
Fábia
está deitada na cama, dormindo. Laura está ao celular.
LAURA
(cel.) – Foi
isso que aconteceu, Tony. Sorte eu ter ido levar o almoço pra ela.
Depois nos falamos. Beijo!
Laura
desliga o celular e se senta numa poltrona ao lado de Fábia, que
abre os olhos.
FÁBIA
– Laura?
Você tá aí?
Laura
sorri e fica de pé próxima a Fábia.
LAURA
(feliz) – Que
bom que está bem.
FÁBIA
– Obrigada
por ter aparecido lá e me salvado. Se não fosse você, eu nem...
LAURA
(corta) – Para
de pensar maldade, filha. Você precisa descansar. Ficou muito fraca.
Mas o médico disse que você tá bem.
FÁBIA
– Você
foi realmente uma heroína.
LAURA
– Eu
apenas salvei a minha filha. Depois de tantos tropeços, tantos
erros, era o mínimo. Qualquer mãe faria isso por sua cria. Posso
não ter sido a melhor mãe do mundo, mas... Também não me
considero a pior.
Fábia
sorri.
FÁBIA
– Quando
eu irei embora?
LAURA
– Só
amanhã!
FÁBIA
– Eu
tenho que trabalhar.
LAURA
– Seu
andar tá interditado. A polícia vai rever as câmeras de segurança
e precisam investigar. A culpa é de alguém.
FÁBIA
– Mas
pode ter sido apenas problemas na fiação.
LAURA
– Mesmo
assim.
Nesse
instante, alguém bate a porta.
Laura
abre e dá de cara com Antônia.
LAURA
– Mas
você não é a atriz de filmes?
ANTÔNIA
– Sou
sim. E a senhora quem é?
LAURA
(estendendo a mão) – Sou
Laura Bueno, mãe da Fábia.
Antônia
olha assustada para Fábia, disfarça a surpresa e cumprimenta Laura.
LAURA
– Eu
tô de saída. Primeiro dia de trabalho. Volto após o expediente.
Qualquer coisa me liga, filha.
Laura
dá um beijo na testa de Fábia e sorri para Antônia.
LAURA
(a Antônia) – Sou
muito sua fã. Feliz em saber que é amiga da Fábia. Com licença!
Laura
sai. Antônia olha incrédula para Fábia.
FÁBIA
– É
eu tenho mãe.
ANTÔNIA
– Aquele
dia no bar, você disse que era órfã, não é?
FÁBIA
– É
uma longa estória. Qualquer dia eu conto pra você.
ANTÔNIA
– Mas
como você tá? Menina, fiquei assustada com o que aconteceu.
FÁBIA
– Eu
tô bem. A minha mãe, quer dizer, a Laura, me ajudou.
ANTÔNIA
– Fico
feliz!
Antônia
se senta numa poltrona e fica com um olhar triste.
FÁBIA
– Você
não parece estar tão feliz. Aconteceu algo?
ANTÔNIA
– Depois
te conto. É uma longa história.
FÁBIA
– É,
acho que estamos cheias de longas histórias.
ANTÔNIA
– E
pelo visto, não são nada saborosas.
As
duas riem.
CENA
11. HOTEL SAN MARTINI. SUÍTE
DE ANUNCIAÇÃO. INT. DIA.
Anunciação
está com a maquiagem borrada e colocando algumas roupas na mala,
quando seu celular toca. Ela atende.
ANUNCIAÇÃO
(cel.) – Oi,
Mimi.
MIMI
(V.O) – Tenho
más notícias.
ANUNCIAÇÃO
(cel.) – Eu
vi que a Antônia descontou o cheque de cem mil reais. Paciência!
MIMI
(V.O) – Não
é isso. Acho que você não vai gostar nada de saber que a Gazeta
pegou fogo.
ANUNCIAÇÃO
(cel./ assustada) – Fogo?
Como assim? Eu mandei você cuidar de tudo.
MIMI
(V.O) – Mas
é que...
ANUNCIAÇÃO
(cel./ corta) – Cala
a boca, sua imbecil. Eu tô voltando no primeiro voo.
Anunciação
desliga o celular e o joga com força sobre a cama.
ANUNCIAÇÃO
– Perco
cem mil reais, sou dispensada pelo Affonso e incendeiam o meu jornal.
Tá pra nascer alguém com mais sorte no azar do que eu.
CENA
12. STPCK-SHOTS. MORRO DO VIDIGAL. EXT. DIA.
SONOPLASTIA:
A CULTURA – SABOTAGE.
Imagens
da linda vista do Morro do Vidigal, contrastando com os barracos, as
vielas, pessoas andando pelo local, camelôs, botecos animados,
motoboys subindo e descendo, crianças correndo, brincando,
evangélicas orando em uma igreja. Take final na ONG.
MÚSICA
CESSA.
CENA
13. ONG FILHOS DA ARTE. SALA. INT. DIA.
Uma
sala ampla, porém vazia. Donna entra, seguida por Marcela.
DONNA
– Essa
será sua sala para as aulas de literatura.
Marcela
olha tudo ao redor e sorri.
DONNA
– Gostou?
MARCELA
– Amei!
DONNA
– Vai
poder ministrar suas aulas aqui.
MARCELA
– Nada
de aulas. É cultura, é educação informal. É trazer fantasia e
realidade através das letras. Eu mal vejo a hora dessa sala estar
cheia de livros, cheia de vida. Quando a Antônia me disse que
disponibilizaria uma sala, não achei que fosse tão rápido.
DONNA
– A
Antônia ama esse lugar, ama o trabalho que é realizado aqui. Ela
viu em você algo pra somar. A comunidade é carente do hábito da
leitura. Apesar do Vidigal respirar arte, ainda é tudo muito
restrito.
MARCELA
– A
literatura em si é muito restrita aos hábitos dos brasileiros.
Preferem um filme. É mais rápido, cansa menos. Não que o cinema
seja pormenor, longe disso. Mas o provo necessita saciar sua sede em
outras fontes. Conhecer o mistério das letras.
DONNA
– Só
de olhar, a gente já vê que você ama o que faz.
MARCELA
– E
amo mesmo! Mas... Cadê a Antônia?
DONNA
– Ela
disse que tentou te ligar, mas deu caixa de mensagem.
MARCELA
– Meu
celular descarregou e eu o deixei na casa do meu namorado.
DONNA
– Então.
Ela tá no Copa D’Or com uma amiga. Dizem que sofreu um acidente,
algo do tipo.
MARCELA
– Que
horror. Foi acidente de carro?
DONNA
– Incêndio
que teve na redação do Gazeta Carioca, tá sabendo não?
Marcela
fica tensa.
MARCELA
– É
lá que a Fábia trabalha.
DONNA
– Foi
essa menina mesmo. Ela que está internada.
MARCELA
– Eu
preciso vê-la... Com licença!
Marcela
sai em disparada.
CENA
14. COPABAR. SALÃO. INT. DIA.
Laura
e Diego estão arrumando algumas mesas, quando Lu se aproxima.
LU
– Estão
precisando de ajuda?
LAURA
– Não.
LU
– Hoje
vai ter uma recepção importante aqui. O salão deve ficar lotado.
LAURA
– Bom!
Lu
se afasta, mas logo depois, meio sem jeito, se aproxima.
LU
– Eu
fiquei sabendo o que aconteceu com a Fábia, mas o Tony achou melhor
eu espera-la voltar pra casa, para ir visitar.
LAURA
(a Diego) – Busca
umas toalhas no almoxarifado, por favor?!
DIEGO
(se afastando) – Mas
é claro.
Diego
se afasta. Laura olha para os lados e percebe que não há ninguém.
Ela se aproxima de Lu.
LAURA
– Eu
estava com o celular da minha filha quando você ligou e recusei a
ligação.
LU
– Ela
estava sedada?
LAURA
– Eu
não acho legal essa amizade de vocês duas. Isso faz mal a Fábia,
entende?
LU
– Eu
não estou entendendo.
LAURA
– Não
se faça de idiota, garota. Estamos tendo uma conversa bem franca. Eu
não estou disposta a ver a minha filha se afundar num antro de
perdição.
LU
– A
senhora não tem esse direito.
LAURA
– Isso
é só um aviso. E eu não costumo repetir avisos. Se liga.
Laura
volta a arrumar a mesa, enquanto Lu permanece imóvel.
CENA
15. COPABAR. ROUPARIA. INT. DIA.
Diego
está recolhendo algumas toalhas de mesa, quando é surpreendido por
Tony.
DIEGO
– Oi,
seu Tony.
TONY
– Já
disse, pode me chamar só de Tony, tá bem?
DIEGO
– Claro!
Desculpa.
TONY
– Não
há no que pedir desculpa.
Tony
se aproxima de Diego e acaricia seu rosto. Diego fica visivelmente
constrangido.
TONY
– Não
seja tímido. Não mordo. Você é muito bonito pra estar servindo
esses burgueses. Deveria estar desfilando pelas passarelas do mundo.
DIEGO
– Não
gosto dessa coisa de modelo.
TONY
– Tudo
bem. A gente mal conversou sobre você e sobre mim. Depois do
expediente, será que posso te levar em casa?
DIEGO
– Eu
acho melhor não. É longe e perigoso.
TONY
– Meu
carro é blindado e tem rastreador. É uma forma da gente reforçar
nossos laços, não acha?
DIEGO
– Como
o senhor, quer dizer... Como você quiser. Agora preciso terminar de
ajudar a Laura a arrumar aquelas mesas. Com licença!
Diego
sai. Tony se recosta numa parede e se abana.
CENA
16. RIO DE JANEIRO. STOCK SHOTS. EXT. NOITE.
SONOPLASTIA:
How Deep Is your Love – Calvin Harris & Disciples.
Takes
de pessoas correndo pela orla iluminada. Bares agitados com jovens,
muito riso.
MÚSICA
CESSA.
CENA
17. HOSPITAL COPA D’OR. QUARTO. INT. NOITE.
Fábia
está deitada. Antônia e Marcela estão de pé próximas a cama.
Elas riem.
ANTÔNIA
(olhando pro relógio) – Meu
Deus, perdi a noção da hora.
FÁBIA
– As
três quando se encontram dá nisso.
ANTÔNIA
– Preciso
realmente ir. Mas amanhã eu passo pela sua casa, Fábia.
MARCELA
– Por
que não marcamos um chá na casa da Fábia amanhã? Só nós três.
Assim a gente conversa sobre tudo.
FÁBIA
– Acho
uma excelente ideia.
ANTÔNIA
– Combinado!
Bom, eu vou indo. Marcela, você vai comigo?
MARCELA
– Vou
ficar mais um pouco com a Fábia. Meu carro tá no estacionamento.
ANTÔNIA
– Então
tá bem... Beijo, meninas.
Antônia
sai.
FÁBIA
– Marcela,
se quiser, pode ir. Não quero te atrapalhar. Às vezes você tem
algum compromisso.
MARCELA
– De
forma alguma. Meu único compromisso era estar hoje na ONG. Conhecer
minha sala. Tem que ver... Tá a coisa mais linda.
Fábia
sorri.
CENA
18. AP. DE PATRICK. SALA. INT. NOITE.
Patrick
está decorando uma mesa com velas, taças e talheres. Das Dores
entra, vinda da rua.
DAS
DORES – Mas
que superprodução é essa?
PATRICK
– Resolvi
fazer uma surpresa pra Marcela. O que achou?
Das
Dores fica séria.
DAS
DORES – Alguma
data especial que ela provavelmente esqueceu?
PATRICK
– Ainda
não, mas será bem em breve.
DAS
DORES – E
posso saber do que se trata?
PATRICK
– Vou
pedir a mão dela em casamento. A gente já namora a tanto tempo.
DAS
DORES – Tem
certeza que vale a pena? Não acha muito cedo pra essas coisas?
PATRICK
– E
esperar mais o que, Das Dores? Eu tô firmado no Flamengo com um bom
salário, ela é professora universitária. Somos maduros. Não vejo
mal algum.
DAS
DORES – Então,
eu vou dar licença ao casal romântico. Vou pegar uma baladinha lá
no Baixo Gávea. Deixa eu me arrumar.
Das
Dores sai e Patrick volta a organizar a mesa.
CENA
19. AP. DE PIETRO. SALA. INT. NOITE.
Pietro
está deitado no sofá assistindo TV, quando a campainha toca. Ele
levanta e atende.
PIETRO
(surpreso) – Você?
Mimi
entra chorosa.
MIMI
– Desculpa
vir sem te avisar, mas estou com a cabeça a mil. Precisava de um
carinho.
Pietro
fecha a porta.
MIMI
– Você
tem cliente hoje?
PIETRO
– Não.
Eu tinha tirado a noite pra descansar.
MIMI
– Posso
dormir aqui hoje? Eu vou pagar!
PIETRO
– É
claro!
Pietro
a abraça e os dois se beijam.
CENA
20. STOCK-SHOT. EXT. NOITE.
SONOPLASTIA:
O MEU LUGAR – ARLINDO CRUZ
Takes
pontuados do subúrbio carioca. Ônibus lotados parando nos pontos.
Trens circulando pelas linhas. Pessoas embarcando e desembarcando nas
estações. CAM circula pela estação até focar no letreiro:
“ESTAÇÃO DEL CASTILHO”.
MÚSICA
CESSA.
CENA
21. DEL CASTILHO. BAR. CALÇADA. NOITE.
CAM
mostra um bar de esquina entre duas ruas. Numa mesa, alguns rapazes
tocam pagode, enquanto algumas moças sambam. Garçons passam pelo
local com bandejas cheias de garrafas de cerveja. Muito movimento por
ali. Mesas espalhadas pelo local.
Uma
camionete preta para bem em frente ao bar.
CORTA
PARA: INTERIOR DA CAMIONETE.
Tony
está no banco do motorista e Diego no banco do carona.
TONY
– Mas
é quase uma viagem até aqui. Nas minhas próximas férias não vou
querer ir pra nordeste nenhum, vou pegar um transporte coletivo e vir
pra cá. O gasto de tempo é o mesmo.
Tony
ri.
DIEGO
– Eu
disse que não precisava se incomodar. Eu pegava uma perua e vinha de
boa.
TONY
– Mas
não foi incômodo nenhum, querido. Gosto de servir a quem me serve
bem.
DIEGO
– Eu
moro nos fundos desse bar. É só um quarto e banheiro. Coisa
simples. É o que dá pra pagar.
TONY
– Não
fica com medo de te roubarem? Roubar suas coisas, sei lá.
DIEGO
– E
vão roubar o quê? Eu não tenho nada. Sou um pobre fodido na vida.
Tony
o olha com ternura.
TONY
– Você
é um menino bom. Acho que a vida já te castigou demais, moço
bonito.
DIEGO
– A
vida me deu um emprego e um canto pra morar. Tá bom demais. Tem
tanta gente que nem isso tem. Não concorda?
TONY
– Você
merece mais e vai ter mais.
Tony
dá um selinho no canto da boca de Diego.
SONOPLASTIA:
ALWAYS – BON JOVI.
Eles
se olham por um tempo.
DIEGO
– Preciso
ir! Obrigado pela carona, Tony.
Diego
sai apressado do carro. Tony se olha pelo espelho retrovisor e sorri.
MÚSICA
CESSA.
CENA
22. COPABAR. SALÃO. INT. NOITE.
Local
vazio. Cadeiras por cima das mesas. Lu está próxima a porta quando
Laura se aproxima.
LU
– Vamos?
Só estou esperando você para fechar.
LAURA
– Só
eu o escambal. Tem o Diego e o Tony.
LU
– Tony
saiu mais cedo pra levar o Diego em casa. Ele mora longe.
LAURA
– Engraçado
isso. Privilégio pra uns e labuta pra outros. Porque até encerar
chãozinho de quatro eu fiquei hoje.
LU
– Depois
você reclama com o Tony. Vamos.
LAURA
(saindo) – Queria
ser novinho e malhadinho. Aí o Tony me notava...
CENA
23. STOCK SHOTS. ZONA SUL. EXT. DIA.
SONOPLASTIA:
A DANADA SOU EU – LUDMILLA.
Imagens
das praias, do vai-e-vem de pessoas pela orla, do dia ensolarado.
MÚSICA
CESSA.
CENA
24. AP. FÁBIA. QUARTO DE FÁBIA. INT. DIA.
Fábia
entra no quarto acompanhada de Laura e sorri.
FÁBIA
– Até
que enfim. Lar doce lar.
LAURA
– Agora
vê se toma um bom banho pra tirar essa inhaca de hospital e relaxa.
FÁBIA
– A
polícia deve me procurar hoje ainda, não é?
LAURA
– Acredito
que sim. Agora vou até a quitanda pra comprar umas verduras pro
nosso almoço.
Laura
vai saindo quando Fábia segura firme em sua mão. As duas se olham.
SONOPLASTIA:
A MUSA DAS MINHAS CANÇÕES – ALEXANDRE PIRES.
FÁBIA
– Obrigada
por ter salvado a minha vida, mãe.
Laura
olha para ela e sorri, visivelmente emocionada.
LAURA
– Você
ouviu do que você me chamou?
FÁBIA
– Chamei
do que você é. Do que você vem provando ser pra mim.
LAURA
– Sabe
de uma coisa? Eu lembro direitinho da primeira vez que você me
chamou de mãe. Foi pouco depois da sua festinha de um ano. A gente
tava no parquinho e cê cismou de escorregar. Subiu as escadas e
desceu numa velocidade só. Se levantou, olhou pra mim e disse: “De
novo, mãe”. Pode parecer pouco, ou sem importância, mas ali eu me
senti mãe de verdade. É como se o diploma de mãe fosse a primeira
vez que um filho pronuncia. Soa como aconchego.
FÁBIA
– Eu
acho que essa primeira vez voltou, não foi?
LAURA
(emocionada) – Soou
diferente daquele mãe no parque. Soou mais verdadeiro.
Fábia
se emociona e abraça Laura.
MÚSICA
CESSA.
CENA
25. AP. PATRICK. SALA. INT. DIA.
Patrick
está dormindo no sofá. CAM se afasta e percorre o ambiente, até vê
a mesa intacta. Arrumada como Patrick deixou.
A
campainha toca. Patrick continua dormindo. Toca mais uma vez e Das
Dores vem do quarto e atende.
DAS
DORES – Marcelinha,
querida, entra!
Marcela
entra sem nem olhar para Das Dores, que sai do apartamento.
Marcela
fica um tempo olhando para Patrick, que acorda e se assusta, mas logo
olha sério para ela.
MARCELA
– Será
que a gente pode conversar?
Patrick
se levanta.
PATRICK
– Velando
meu sono?
MARCELA
– Eu
vim em missão de paz.
PATRICK
– Vamos
lá, tô esperando a sua desculpa da vez.
Patrick
e Marcela se olham.
CENA
26. AEROPORTO TOM JOBIM. SAGUÃO. INT. DIA.
Vai
e vem de pessoas pelo local. CAM dá close em Mimi. Ela vai até uma
plataforma de desembarque e sorri ao avistar Anunciação.
Anunciação,
muito séria, se aproxima dela.
MIMI
(sorridente) – Divina,
que bom que você voltou.
Anunciação
dá um tapa no rosto de Mimi, que sente o impacto, põe a mão na
face e olha assustada para Anunciação. Todos em volta param e olham
para as duas.
ANUNCIAÇÃO
– Vagabunda!
Imprestável! Eu não sei que ideia louca foi a minha de te deixar
aqui no comando do meu jornal.
Um
paparazzi se aproxima e tira foto das duas sem que elas percebam.
CORTA
RÁPIDO PARA:
CENA
27. APTO FAMÍLIA QUEIRÓS. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Wanessa
está sentada no sofá lendo algo no tablet. Ela faz cara de chocada
e coloca uma das mãos sobre a boca, que vai se abrindo cada vez
mais.
WANESSA
– Pelo
sangue do cordeiro! Tô chocada.
Antônia
vem vindo do quarto colocando um brinco na orelha.
ANTÔNIA
– Chocada
com o quê, mulher?
WANESSA
(chamando-a com as mãos) – Vem
ver isso, mulher.
Antônia
se aproxima, lê e ri.
ANTÔNIA
– Não
acredito que a imponente Anunciação Bragança armou barraco em
pleno aeroporto. Ah, mas não acredito mesmo.
WANESSA
– Essa
nota tá pipocando mais que tiro na Zona Norte, meu bem. Aqui diz que
a Anunciação bateu na própria funcionária.
ANTÔNIA
– Rende
até um processinho básico, mas garanto que deve ser uma daquelas
bajuladoras que ela tem.
WANESSA
– É
a Mimi, fiel escudeira dela.
Antônia
pega o celular e olha.
ANTÔNIA
– Desde
ontem a tarde que o Affonso não dá sinal de vida.
WANESSA
– Deve
estar tudo bem com ele. Notícia ruim corre rápido. Basta olhar a
nota sobre o barraco da Princesinha da Gazeta.
ANTÔNIA
– Tem
razão.
WANESSA
– Vai
pra ONG hoje?
ANTÔNIA
– Só
mais tarde! Agora vou passar na casa da Fábia e conversar com ela um
pouco.
WANESSA
(desdém) – Ih,
tudo agora é essa mulherzinha! Até outro dia a chamava de
vagabunda.
ANTÔNIA
– Sem
ciúmes, Wanessa. Ela é uma boa pessoa. A invejosa da história era
a barraqueira do aeroporto aí.
Antônia
joga um beijinho e sai.
CENA
28. AP. PATRICK. SALA. INT. DIA.
Patrick
e Marcela estão sentados conversando.
MARCELA
– E
foi assim que tudo aconteceu, Patrick.
PATRICK
– Custava
ter me ligado? Ter enviado uma mensagem?
Marcela
se levanta, vai até a janela.
MARCELA
– Eu
já te disse, caramba. Fiquei sem bateria. Meu celular até ficou
aqui.
PATRICK
– Não
podia ter pegado o de alguém emprestado? Não podia ter me ligado de
um telefone público ou utilizado o do hospital? Custava dar uma
satisfação?
MARCELA
– Custava
sim. Eu não pensei nisso. A Fábia tava lá, debilitada. Correu
risco de morrer queimada ou asfixiada.
PATRICK
– Engraçado
como o nosso namoro tá sempre em segundo plano. Perdendo até pra
uma garota que você conheceu há poucos dias.
Marcela
olha Patrick, que se levanta.
PATRICK
– Eu
preparei comida, comprei vela, fiz uma decoração especial. Perdi um
dia de treino me programando. E pra quê?
MARCELA
– Eu
pedi desculpa já. Não precisa de tanto drama. Foi só um jantar.
PATRICK
– Tá
vendo como você se importa com a gente? Acha que pedir desculpas e
contar uma história atropelada resolve tudo. Não era só um jantar.
Era o nosso jantar. Podia não fazer sentido ainda pra você, mas
teria muita coisa especial nele, tá?
MARCELA
– A
gente marca outro. Hoje! Sem desculpas, sem imprevistos.
PATRICK
– No
fundo, eu sou só um idiota que romantiza tudo. Não precisa de
jantar pro que eu vou dizer.
MARCELA
– Calma!
Vamos almoçar juntos, então?!
PATRICK
– Marcela,
ou você casa comigo ou então a gente vai terminar tudo.
Close
no semblante de surpresa de Marcela.
CENA
29. AP. FÁBIA. INT. SALA.
Fábia
está de pé conversando com Anunciação.
FÁBIA
– Senta,
Anunciação! Quer um café?
ANUNCIAÇÃO
– Não,
querida! Só vim ver como você está. Cheguei de São Paulo e vim
direto. Minhas malas estão lá embaixo no carro.
FÁBIA
– Eu
tô bem. Só vou te pedir pra trabalhar em casa por esses dias, pode
ser?
ANUNCIAÇÃO
– O
jornal vai ficar fechado por uns tempos, mas vocês continuarão
recebendo. Só o tempo da reforma na redação. Vai ficar tudo nos
trinks.
FÁBIA
– Menos
mal, então!
ANUNCIAÇÃO
– Se
cuida e no que precisar, estarei para te servir. Agora deixa eu ir.
Fábia
abre a porta.
ANUNCIAÇÃO
– Tchau!
CENA
30. AP. FÁBIA. HALL. INT. DIA.
Laura
vem subindo as escadas, quando vê Anunciação saindo do apartamento
de Fábia. Ela rapidamente se esconde atrás de um grande vaso de
plantas. Do P.V de Laura, vemos Anunciação se encontrar com Mimi
que está próxima ao elevador.
Close
na conversa das duas.
MIMI
– E
como foi lá?
ANUNCIAÇÃO
– Fiz
toda aquela baboseira de solidariedade, né! Culpa sua, da sua
irresponsabilidade na administração. Vim mais pra me certificar que
ela não iria entrar com processo contra o jornal e contra mim.
MIMI
– E
se saiu bem?
ANUNCIAÇÃO
– Sou
uma boa atriz. Aliás, boa não, ótima! Excelente! Poderia
facilmente roubar qualquer papel da Antônia.
MIMI
– Não
sei o que você tem tanto contra ela.
ANUNCIAÇÃO
– No
momento em que estou, se eu a encontrasse aqui, agora na minha
frente, eu diria toda a verdade sobre o passado do marido dela.
Destruiria esse casamento conto de fadas dela.
O
elevador se abre. Antônia faz menção em sair no mesmo instante que
Anunciação faz menção em entrar. As duas se olham.
Em
Mimi, surpresa. Closes alternados nas duas se olhando, tensas.
A tela junta metade da face de Antônia e Anunciação, formando um
novo rosto. A imagem congela.
autor
Wesley Alcântara
elenco
SIMONE SPOLADORE como Antônia
MARIA EDUARDA DE CARVALHO como Fábia
SHERON MENEZES como Marcela
ADRIANA GARAMBONE como Anunciação
ERIBERTO LEÃO como Affonso
MATHEUS NATCHERGAELE como Tony
elenco secundário
MALU GALLI como Laura
ALICE WEGMANN como Lu
AGATHA MOREIRA como Das Dores
RÔMULO ESTRELA como Pietro
THIAGO MARTINS como Patrick
MEL LISBOA como Mimi
LUKA como Donna
músicas
Festa das Patroas - Marília Mendonça feat Maiara e Maraísa
Meu primeiro amor – Roberta Miranda
I go to Rio – Peter Allen
A cultura - Sabotage
How deep is your love – Calvin Harris & Disciples
O meu lugar - Arlindo Cruz
Always - Bon Jovi
A danada sou eu - Ludimilla
A musa das minhas canções - Alexandre Pires
produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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