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GAROTAS DO RIO MINISSÉRIE
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WEBTVPLAY APRESENTA
GAROTAS DO RIO
Minissérie
de
Wesley Alcântara
Capítulo 05 de 10
© 2017, WebTV.
Todos os direitos reservados.
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VOZ
DE MARCELA – Anteriormente em Garotas do Rio...
MARCELA (erguendo a taça) – Um brinde ao casamento!
ANTÔNIA
(erguendo a taça) – Um
brinde a festa na ONG!
FÁBIA
(erguendo a taça) – Um
brinde às garotas... Garotas do Rio!
FÁBIA
– Eu
tô tentando entender o que você quer.
LU
– Um
relacionamento normal. Foi isso que eu sempre quis, caramba! Mas pra
você tanto faz, como tanto fez. Aí me tira do serviço pra cobrar
uma solidariedade que você não tem? Cresce, garota.
Lu
vai saindo. Fábia a segura pelo braço.
LU
– Me
solta.
FÁBIA
– A
gente precisa conversar com calma. Acertar o que queremos pra nossa
vida.
LU
– De
você eu quero distância.
TONY – Você fica tão tenso na minha presença.
DIEGO
– É
porque eu sei a sua intenção.
TONY
– E
isso é ruim?
DIEGO
– Só
se sabe provando.
Tony
e Diego se beijam.
MÉDICO – A senhora quase perdeu o bebê que espera.
ANTÔNIA
(assustada) – Bebê?
Como assim?
De repente, ouve-se passos que vão ficando cada vez mais próximos. Até que a pessoa chega ao local.
MARCELA
(assustada) – Você?
......................................................
CENA
01. CASA. SALA. INT. DIA.
Marcela
assustada olhando para a mulher, a qual não é revelada. Em segundo
plano, Donna e o Adolescente, amedrontados.
MARCELA
– Deve
estar havendo algum equívoco. Só pode ser brincadeira das meninas.
Marcela
se levanta e fica cara a cara com a mulher.
SONOPLASTIA
DE TENSÃO.
CAM
em slow motion revela que a mulher é Laura. Altiva,
olha para Marcela com desdém.
LAURA
– Espero
que o hotel esteja do gosto da recém-casada.
MARCELA
– Você
é a mãe da Fábia. De verdade, eu não estou entendendo nada que
está acontecendo aqui.
Donna
se levanta, assustada e surpresa.
DONNA
– Ela
é a mãe da Fábia? Aquela amiga jornalista de vocês?
O
homem se levanta e se aproxima de Laura.
HOMEM
– Já
vi que essa estória vai demorar pra inferno. Vou num boteco tomar
uma cerva.
LAURA
(mansa/ meiga) – Aproveita
e traz uma carteira de cigarros pra mim, Nenzin.
Nenzin
cheira o cangote de Laura e vai saindo.
LAURA
– Não
demora, hein amor. Eu tenho que voltar pra casa da minha amada
filhinha.
NENZIN
– Pode
deixar!
Nenzin
sai. Laura volta a olhar séria para Marcela e Donna.
LAURA
– Meu
papo agora é com vocês três. Quero os três no sofá.
Donna
e o adolescente se sentam. Marcela fica parada, olhando séria para
Laura.
MARCELA
– Eu
nem te conheço direito, mas só queria entender qual o seu problema
comigo.
Laura
empurra Marcela no sofá e saca sua arma.
DONNA
(choramingando) – Pelo
amor de Deus, dona. Atira na gente não.
LAURA
– Meu
problema não é com vocês. Vocês tão aqui como moeda de troca.
MARCELA
– Moeda
de troca?
LAURA
– Pra
livrar meu marido da mira de um pessoal bem barra pesada, eu preciso
pagar uma dívida de cinquenta mil pilas. Não tenho, óbvio.
MARCELA
– E
você acha que eu, como professora, vou ter essa grana?
LAURA
– A
ONG tem. Recebeu cem mil limpinho. Tô ligada nisso já.
MARCELA
– Você
vai acabar se lascando. Larga esse homem e seja feliz sem dívida,
sem bandido.
Laura
se aproxima de Marcela e encosta o cano do revólver em sua face.
Marcela segura o medo, se faz de forte.
LAURA
(cochichando em seu ouvido) – Não
precisa se fazer de durona, não lindinha. A gente sabe que você tá
aí se borrando de medo deu encaçapar duas balas nessa sua
pele cheinha de melanina.
Um
celular toca. Laura se afasta e atende.
LAURA
(cel.) – Oi
(T) Traz qualquer um, porra! Eu quero cigarro, preciso fumar. (T) Tá,
pode ser esse mesmo. Mas ó, vê se não demora. Tenho que estar em
casa, ser solidária a minha filhinha.
Laura
desliga o celular. Volta seu olhar para os reféns.
LAURA
(deboche) – Agora,
vou mostrar-lhes a suíte presidencial.
Em
Laura, sorriso sínico.
CENA
02. STOCK SHOTS. EXT. NOITE.
SONOPLASTIA:
PÉS CANSADOS – SANDY. Imagens da Lagoa Rodrigo de Freitas, o
Corcovado todo iluminado, a Avenida Vieira Souto e termina na fachada
do Prédio onde Fábia reside.
CENA
03. AP FÁBIA. SALA. INT. NOITE.
Fábia
entra, se encaminha direto para a cozinha. Antônia entra em seguida,
completamente arrasada e se joga no sofá. Música cessa.
FÁBIA
(off.) – Não
entendi até agora esse seu desespero. Gravidez não é doença não.
ANTÔNIA
– Tô
preocupada com a Marcela, com a Donna, com o menino que sequestraram.
Fábia
vem vindo com duas xícaras na mão.
FÁBIA
– Também
tô. Ficar sem notícia é extremamente ruim. (entregando uma xícara)
Toma. É chá de camomila, acalma um pouco.
Antônia
dá uma golada e coloca a xícara na mesinha em frente.
FÁBIA
– Seu
marido não falou nada? Não ligou, não mandou mensagem?
ANTÔNIA
– Nada
até agora. Tá ele com o Patrick.
FÁBIA
– Nessa
confusão toda, eu nem sei por onde a minha mãe se encontra.
Nesse
instante, Laura entra pela porta, vinda da rua com sacolas nas mãos.
FÁBIA
– Nossa,
mãe, não morre mais. Tava agora falando da senhora.
LAURA
(erguendo as sacolas) – Passei
no mercadinho pra comprar um peito de frango e umas ervas finas. Vou
fazer uma canjinha pra vocês. É leve e sustenta. Sei que o momento
é de tensão, mas não podem se descuidar.
Laura
passa por elas e se encaminha pra cozinha.
ANTÔNIA
– A
Laura pensa em tudo mesmo. Coisas de mãe.
FÁBIA
(grita) – Mãe,
aparece aí rapidinho.
Laura
aparece secando um prato.
LAURA
– Pois
não?!
FÁBIA
– Dentro
dessa estória toda do sequestro da Marcela, tem uma notícia boa.
LAURA
– E
qual é?
Fábia
olha para Antônia, que a encara meio sem jeito. Olhar piedoso.
FÁBIA
– A
Antônia tá grávida.
Laura
fica surpresa. Antônia sorri a contragosto.
LAURA
– Mas
que ótima notícia! Seu marido já sabe?
ANTÔNIA
– Ainda
não.
LAURA
– Mas
ele vai ficar felicíssimo. (SAINDO) Agora deixa eu voltar pra minha
canja.
Laura
sai do plano. Antônia olha séria para Fábia, que percebe.
FÁBIA
– Falei
demais?
Antônia
fica pensativa.
FÁBIA
– Mas
gravidez também não é algo que se esconda por muito tempo. A
barriga cresce.
ANTÔNIA
– Vamos
pro seu quarto? Vou tentar ligar pro Affonso. Tô preocupada. Será
que alguém foi à polícia?
FÁBIA
– Tony
foi com Felipe à polícia. Vamo pro meu quarto. De lá vou tentar
falar com ele também.
Fábia
e Antônia saem em direção ao quarto.
CENA
04. AVENIDA VIEIRA SOUTO. EXT. NOITE.
Affonso
e Patrick caminham pelo local. Pedem informações a pessoas, mostram
foto de Marcela, mas as pessoas apenas negam com a cabeça.
CORTA
PARA: QUIOSQUE.
Os
dois estão sentados numa mesa, tomando suco. Patrick visivelmente
arrasado.
PATRICK
– Tô
um lixo. Já procuramos por tudo quanto foi lugar. Nem sinal delas,
nem sinal daquela penca de bandidos.
AFFONSO
– Precisa
ir pra casa e tentar descansar.
PATRICK
– Que
mané descansar. Minha mulher nas mãos desses bandidos e acha que
vou deitar minha cabeça no travesseiro e repousar como se nada
tivesse acontecendo?
AFFONSO
– Tem
razão, se fosse com a minha Antônia, eu estaria do mesmo jeito que
você.
PATRICK
– E
ela, onde está?
AFFONSO
– Na
casa da Fábia, aquela amiga jornalista.
PATRICK
– Passa
lá e busca ela, cara.
AFFONSO
– E
te deixar na mão? Jamais. Vamos virar madrugada rodando essa cidade,
olhando tudo. Mais hora ou menos hora eles vão fazer contato. Tão
afim de grana, devem saber que você é jogar de futebol.
PATRICK
– Tem
razão...
Em
Patrick, cabisbaixo.
CENA
05. VILLAR DOS TELES. CASA. QUARO. INT. NOITE.
Local
escuro e sujo. Donna e o rapaz estão deitados num colchonete.
Marcela anda de um lado pro outro muito apreensiva.
DONNA
– Deita
e descansa, Marcela. Não adianta nada ficar nesse perrengue todo.
MARCELA
– Eu
não sei o que vão fazer com a gente, mulher. Pensa só: é gente
barra pesada.
Marcela
se escora na parede e começa a chorar. Nenzin entra com uma panela
de pressão nas mãos.
NENZIN
– A
noivinha tá chorando?
Marcela
seca as lágrimas. Donna se aproxima e a abraça.
NENZIN
– Eu
vim só trazer uma sopa. Tem três colheres aqui dentro também.
Divirtam-se.
Nenzin
põe a panela no chão e vai saindo.
MARCELA
– Ei!
Espera aí.
Nenzin
vira-se para ela.
MARCELA
– Já
fez contato com o pessoal?
NENZIN
– Meu
jogo, minhas regras.
MARCELA
– Eu
preciso ligar pro meu marido e dizer que tá tudo bem.
NENZIN
– Tá
tudo bem. Agora come e para de falação pro meu lado.
Nenzin
sai. Em Marcela, triste.
CAPÍTULO
05 - A VILÃ
CENA
06. AP FÁBIA. QUARTO DE FÁBIA. NOITE.
Porta
entreaberta. Fábia está sentada numa poltrona, retirando a
maquiagem, enquanto Antônia está deitada na cama.
FÁBIA
– Até
agora eu não entendi o seu sofrimento por estar grávida. É casada,
não está doente, tem uma vida financeira bem confortável.
ANTÔNIA
– Vai
muito além disso. São coisas erradas que eu fiz. Deus com certeza
tá me punindo essa hora. Rindo das escolhas que fiz.
Fábia
vira-se para Antônia.
FÁBIA
– Do
que você tá falando?
CORTA
RÁPIDO PARA: CORREDOR.
Laura
vem vindo com dois pratos de canja numa bandeja, para próxima a
porta do quarto de Fábia sem ser notada. Ela fica espreitando a
conversa.
CORTA
PARA O QUARTO:
ANTÔNIA
– Fiz
coisas de que me arrependo.
FÁBIA
– E
o que isso tem com sua gravidez? Eu juro que não estou conseguindo
compreender.
ANTÔNIA
– Eu
não sei se estou grávida do meu marido ou do meu amante. É isso!
Em
Antônia, cabisbaixa. Fábia sem reação, chocada. Em segundo plano
está Laura, muito surpresa com a revelação.
CORTA
RÁPIDO PARA: CORREDOR.
Laura
deposita a bandeja numa mesinha próxima e coloca as duas mãos sobre
a cabeça, completamente estarrecida.
LAURA
(pra si) – Grávida
e não sabe de quem? Mas isso rende uma boa grana! É furaço de
reportagem.
Em
Laura, sorriso malicioso.
CENA
07. STOCK SHOTS. EXT. DIA.
SONOPLASTIA:
UMA LOUCA TEMPESTADE – ANA CAROLINA.
Imagens
do amanhecer do Corcovado, o tempo nublado dando lugar ao sol que
desponta. A suavidade das ondas da Praia de Copacabana.
MÚSICA
CESSA.
CENA
08. AP FÁBIA. SALA. DIA.
Laura
arruma a mesa do café. Fábia vem vindo do quarto, de pijama e olhar
sonolento.
FÁBIA
– Nossa,
dona Laura, a senhora madruga, hein.
LAURA
– Não
consigo ficar muito tempo deitada. Minhas costas doem. Cadê Antônia?
FÁBIA
(se sentando a mesa) – Tá
descansando, tadinha! Passou metade da madrugada agoniada. Dei logo
um calmante e ela desmaiou.
LAURA
– Cuidado,
Fábia! Não pode ficar manipulando medicamentos assim com ela. Ela
tá grávida.
FÁBIA
– Tem
razão. Mas o bom é que está descansando.
LAURA
– Quer
café ou chá?
FÁBIA
– Café
pra acordar. Bem forte e sem açúcar, por favor! Hoje eu vou atrás
do sumiço da Marcela. Vou ver se o Patrick tem notícias.
LAURA
(saindo) – Vou
buscar seu café.
A
campainha TOCA.
LAURA
(off) – Atende
aí, filha!
Fábia
se levanta e abre a porta. Dois policiais aparecem.
FÁBIA
– Pois
não?!
Laura
vem vindo com uma chaleira de café. Ela vê os policiais, se assusta
e deixa a chaleira cair. Close em seu olhar de pânico.
CENA
09. CALÇADÃO DE COPACABANA. EXT. DIA.
Anunciação
e Mimi caminham com roupa de ginástica.
ANUNCIAÇÃO
– Enfim
a reforma do jornal ficou pronta. Não aguentava mais ter que pagar
funcionário pra ficar coçando saco em casa.
MIMI
– Os
outros, né?! Porque eu fiquei dia e noite no escritório da sua casa
mantendo aquele blog.
ANUNCIAÇÃO
– Desce
do salto, Alice. Todos os funcionários mantiveram suas colunas
atualizadas no site. Inclusive Belmiro e Fábia.
MIMI
– Aquela
lá não te processou.
ANUNCIAÇÃO
– Eu
fiz a boazinha, meu bem. Não podia perder mais dinheiro ainda.
MIMI
– Acho
que agora você poderia demiti-la. Afinal de contas, ela é amiga da
sua rival. Provavelmente não vai mais fazer notas maldosas sobre
Antônia.
ANUNCIAÇÃO
– Deveria
era demitir você, sua incompetente. Deixou meu prédio queimar e
quase matou uma funcionária. Sorte que aquela ruiva tem mãe e o
santo muito forte. (T) Quanto à amizade, não dou muito tempo para
terminar.
Anunciação
sorri. Ela continuam caminhando, quando Patrick e Affonso vem na
direção delas, mostrando fotos de Marcela para as pessoas.
Mimi
olha ao redor, e vê Affonso. Fica em êxtase.
MIMI
– Diva,
olha quem tá vindo na nossa direção.
Anunciação
olha e vê Affonso, que também a vê. Seus olhos se cruzam por um
instante.
CENA
10. AP FÁBIA. SALA. DIA.
Continuação
da cena 8. Laura olha assustada para os policiais, que a olham
também.
FÁBIA
– Entrem,
por favor! Não reparem o chão. Vocês viram, minha mãe derramou a
chaleira de café.
LAURA
(sem jeito) – Tô
muito desastrada. Mas é que...que...esse chão tá escorregadio
demais. Ou era eu ou a chaleira.
Os
policiais entram.
FÁBIA
– É
alguma notícia do caso da Marcela? Aconteceu alguma coisa?
Close
em Laura, muito assustada.
POLICIAL
1 – Não.
Viemos falar sobre o incêndio do jornal em que a senhorita trabalha.
Laura
respira aliviada.
LAURA
(saindo) – Deixa
eu ir pegar um pano pra limpar essa bagunça.
Laura
sai.
FÁBIA
– Entrem,
por favor! É melhor conversar aqui dentro.
Os
policiais entram, Fábia fecha a porta.
CENA
11. AP FÁBIA. LAVANDERIA. DIA.
Laura
está molhando um pano no tanque, quando para e fica pensativa.
LAURA
(off) – Nada
de errado pode acontecer, Laura Bueno. É a sua vida que está em
risco. É a vida do seu homem.
CENA
12. CALÇADÃO DE COPACABANA. EXT. DIA.
Affonso
olha para Anunciação, que o olha também. Patrick se aproxima de
Mimi e Anunciação.
PATRICK
– Desculpa
incomodá-las, mas será que as senhoras viram ou tem notícias dessa
mulher aqui?
Patrick
mostra a foto de Marcela.
MIMI
– Nós
estávamos no seu casamento lá no Vidigal.
PATRICK
– Desculpa
por eu não ter reconhecido vocês. É o nervosismo. Vocês viram o
momento do sequestro?
Affonso
se aproxima. Anunciação o olha com carinho. Mimi percebe o clima.
Sonoplastia
(“Meu primeiro amor – Roberta Miranda”)
AFFONSO
– Olá,
Anunciação, como vai?
ANUNCIAÇÃO
– Indo.
(a Patrick) Desculpa, não tenho informações sobre sua esposa. Mas
devem te ligar pra pedir o resgate. Esses marginais são assim.
Anunciação
fica olhando Affonso por um tempo.
MIMI
(puxando Anunciação) – Vamos,
amada Diva. Com licença, senhores.
Mimi
dá um tranco em Anunciação, que acaba deixando o celular cair sem
perceber. Elas rapidamente entram num táxi que sai.
AFFONSO
– A
moça deixou o celular cair.
Affonso
se abaixa e pega o celular. Ele toca no visor e vê a foto de
Anunciação. Ele fica olhando por um tempo.
MÚSICA
CESSA.
CENA
13. VILLAR DOS TELES. CASA. QUARO. INT. DIA.
Donna
e o rapaz dormem, enquanto Marcela fica sentada num canto, muito
triste.
MARCELA
(pra si) – Por
que comigo, meu Deus? O que foi que eu fiz?
Nesse
instante ela ouve um barulho na porta e corre pra próximo dela.
Nenzin abre a porta e entra.
NENZIN
– E
aí, bebê?
MARCELA
– Já
fez contato com o Patrick?
NENZIN
– Vou
fazer agora, minha gata. Preciso do número dele. Vai me passando.
MARCELA
– Mas
eu tô sem celular.
Nenzin
fecha a cara e desfere um tapa no rosto de Marcela, fazendo-a cair no
chão. Donna e o rapaz acordam assustados.
NENZIN
– A
dondoca tá me tirando, é isso? Na malandragem, minha querida, eu
tenho doutorado. E você pelo jeito não deve ter terminado a
Educação Infantil. Agora vambora,
sem se demorar muito. Passa o número do teu fiel aí.
MARCELA
– É
972...
Marcela
continua falando, enquanto Nenzin anota no celular.
CENA
14. COPABAR. SALÃO. INT. DIA.
Lu
está varrendo o local, quando Felipe vem descendo as escadas do
escritório. Ele se aproxima dela.
FELIPE
– Oi,
Lu.
LU
– Oi,
Felipe. Tudo bem?
FELIPE
– Tá
tudo sim. Tirando o fato desse sequestro maluco que fizeram com a
Marcela. Tadinha, no dia do casamento.
LU
– Pois
é. No dia do casamento. É uma pensa, né?! Esse Rio de Janeiro anda
perigoso por demais, você não acha?
FELIPE
– É
uma pena, mas tenho que concordar com você.
Lu
continua varrendo. Felipe a observa.
FELIPE
– Escuta,
Lu, tu não tens vontade de casar não?
Lu
para de varrer e olha para Felipe.
FELIPE
– Longe
de mim querer me meter na sua vida, mas é que.../
LU
(por cima) – É
que vocês acham que felicidade é só com casamento. Dá pra ser
feliz solteira também, sabia?
FELIPE
– O
casamento é só a coroação da felicidade. Olha o meu exemplo, por
exemplo: tô com o Tony tem mais de vinte anos. A gente se ama, é
leal.
LU
– Você
nunca se sentiu atraído por outra pessoa?
FELIPE
– Claro
que sim. Já tive belíssimos clientes ou parceiros de escritório.
Mas o desejo não pode falar mais alto que o amor. E estar casado é
isso. É resistência diária. É casado que você sabe se seu amor
resiste a essas tentações. Se não resistir, minha amiga,
isso não é mais amor.
Lu
fica intrigada. Felipe percebe.
FELIPE
– Falei
algo demais?
LU
(disfarçando) – Não,
não é isso. É que eu penso na fidelidade. O que você faria se um
dia fosse traído?
FELIPE
– Eu
já cansei de falar isso pro Tony. (tom sério) Eu o daria um tiro.
Lu
fica assustada. Felipe ri.
FELIPE
– Nós
nos amamos. Pode ficar calma. Mas se um dia ele colocar o nosso amor
abaixo do desejo, vai ser a única vez. Eu mato mesmo. Agora deixa eu
ir. Vou visitar uma obra.
Felipe
sai.
LU
(pra si) – Ah,
Felipe, se você soubesse...
CENA
15. AP FÁBIA. SALA. DIA.
Fábia
está sentada no sofá lixando a unha, quando Laura passa por ela,
arrumada e de bolso a tira colo.
FÁBIA
– Aonde
a dona Laura vai tão arrumada assim?
LAURA
– Ah,
filha, a mãe vai dar uma volta pra resolver umas contas e já volta,
tá? Aliás, não volta. Da rua eu vou direto pro CopaBar.
FÁBIA
– Lindona
assim é capaz da senhora até arrumar um marido.
LAURA
(batendo na madeira) – Isola.
Bate na boca. Segura uma figa. Tô bem do jeito que tô, meu amor.
Agora deixa eu ir. Tem comida na geladeira pra você e pra Antônia.
FÁBIA
– Tá
bem...Beijo!
Laura
sai. Fábia volta a lixar as unhas. Seu celular toca. Ela atende.
FÁBIA
(CEL.) – Alô!
Oi, Anunciação (T) Tô bem sim. Reunião? (t) Ok, estarei lá!
Beijo.
Em
Fábia, olhar sério.
CENA
16. COPABAR. ALMOXARIFADO. INT. DIA.
Diego
está dobrando algumas toalhas de mesa, quando Tony se aproxima.
TONY
– Você
disse que queria falar comigo. O que seria?
DIEGO
(sem jeito) – Tô
sem cara pra falar isso.
Tony
se aproxima calmamente, lhe dá um beijo na bochecha e segura sua
face, fazendo-o olhar para ele.
TONY
– E
desde quando você precisa ficar sem jeito comigo, meu dengo?
DIEGO
– É
que eu não quero explorar de você, Tony. Você é muito gente boa.
Tony
solta Diego, fica sério e se afasta.
TONY
– Não
tô gostando nada desse papo aí. Vai dizer que quer se afastar, ir
embora. É isso?
DIEGO
– Você
me confunde. Eu me odeio. Mas é que como eu tô vindo morar na Zona
Sul, preciso de um empréstimo pra poder pagar um aluguel calção.
Tô sem jeito.
Tony
sorri.
DIEGO
– Fico
sem jeito. Com medo de você achar que é exploração.
TONY
– Meu
dengo, tudo por você e para você. Eu te emprestou, te dou. Faço
como você achar melhor.
Tony
se aproxima. Os dois se beijam acaloradamente.
CENA
17. STOCK SHOTS. EXT. DIA.
SONOPLASTIA:
“Aceita Paixão” – (Péricles)
Tomadas
do subúrbio do Rio. Ônibus lotados circulando, trens passando pelas
ferrovias. Estações cheias com embarque e desembarque de pessoas do
metrô.
CENA
18. ESTAÇÃO CENTRAL DO BRASIL. EXT. DIA.
Laura
desce dum ônibus e vai caminhando por ali. Ela desce as escadas da
estação até chegar num ponto fixo onde tem uma parede laranja e
uma enorme propaganda brilhando. Ela coloca seus óculos escuros e
fica parada por ali. Pouco depois, Nenzin desembarca de um metrô
ali. Os dois se aproximam e se beijam.
Música
cessa.
LAURA
– Pegou
o número do homem?
NENZIN
– Peguei!
LAURA
– Vai
ao banheiro e liga.
NENZIN
– Tá
maluca? Lá vai ter mais gente.
CORTA
PARA: BANHEIRO MASCULINO DA ESTAÇÃO.
Laura
e Nenzin dentro do local.
LAURA
– Não
tem ninguém aqui. Eu vou lá pra fora segurar a porta pra você.
Você sabe quanto tem que pedir.
Laura
sai. Nenzin retira o celular do bolso e disca alguns números.
NENZIN
(cel./ disfarçando a voz) – Alô,
mano. Aqui é o sequestrados. Tá ouvindo? Quero 60 mil em 24 horas
pra liberar sua esposa. Senão vamo fazer churrasquinho dela. Tá
entendido? 60 mil. Amanhã ligo pra dizer onde deixar.
Nenzin
desliga o celular e o joga na privada, dando descarga em seguida.
CENA
19. PONTO DE ÔNIBUS. EXT. DIA.
Laura
e Nenzin estão por ali conversando.
LAURA
– ótimo!
Vou verificar se não tem polícia. Aí a gente combina o local,
entendido?
NENZIN
– Tá
bem! Vai comigo pra Villar hoje?
LAURA
– Não
posso. Daqui a pouco tenho que estar naquele bar maldito. Limpando
chão e servindo aquele povinho.
NENZIN
– Por
pouco tempo. Você vai voltar a ser a rainha do morro. Pode apostar.
Nenzin
dá um beijo em Laura.
LAURA
– Vou
pegar um táxi. A noite eu te ligo.
Laura
faz sinal para um táxi, que para e ela embarca.
CENA
20. MANSÃO QUEIRÓS. SALA. INT. DIA.
Patrick
está sentado no sofá, totalmente triste. Affonso vem dá cozinha
com um copo de água nas mãos.
AFFONSO
– Bebe
essa água e respira. Fica calmo.
PATRICK
– Eu
queria tanto esse contato, depois que fizeram eu fiquei meio
intrigado.
Patrick
bebe a água.
AFFONSO
– Intrigado
com o quê?
PATRICK
– Não
deixaram a Marcela falar. E se fizeram algum mal a ela?
AFFONSO
– Relaxa!
PATRICK
– Vou
até a diretoria do Flamengo e pedir um adiantamento de salário. Com
essa estória de casamento e apartamento novo, eu usei toda a minha
poupança.
AFFONSO
– Relaxa,
Patrick1 Eu tenho esse dinheiro aqui. Precisa pegar emprestado não.
O importante é manter a calma e esperar eles fazerem outro contato.
PATRICK
– Melhor
avisar pra polícia, não acha?
AFFONSO
– Não,
cara. Se esses bandidos descobrem que você enfiou polícia no meio,
eles vão eliminar a sua mulher. Melhor deixar a polícia de fora.
Em
Patrick, pensativo.
CENA
21. AP FÁBIA. QUARTO DE FÁBIA. INT. DIA.
Antônia
está penteando seu cabelo de frente para o espelho, quando Fábia
entra.
ANTÔNIA
– Tá
decidido, Fábia.
FÁBIA
– Decidido
o quê?
ANTÔNIA
– Eu
vou falar com o Pietro. Vou falar da possibilidade desse filho ser
dele.
FÁBIA
– Tem
certeza? O Affonso acabou de ligar e disse que está em casa, que é
pra você ir pra lá.
Antônia
vira-se para Fábia.
ANTÔNIA
– Não
posso ir pra casa com essa angústia toda. Eu preciso dividir isso
com o Patrick.
Fábia
se aproxima, segura nas mãos de Antônia e a olha com ternura.
FÁBIA
– Quer
que eu vá com você? Quer que eu te ajude?
ANTÔNIA
(terna) – Você
é como uma irmã pra mim. Feliz em te conhecer, mas acho que essa
responsabilidade é só minha. Ninguém pode caminhar pra mim. Mas
obrigada por tudo que você está fazendo por mim.
Antônia
e Fábia se abraçam.
CENA
22. VILLAR DOS TELES. CASA. QUARO. INT. DIA.
Donna
e Marcela estão deitadas, enquanto o rapaz tenta forçar a janela.
DONNA
– Para
com isso, menino. Esse tal de Nenzin vai chegar e acabar batendo na
gente.
RAPAZ
– Eu
ouvi o barulho do carro. Ele saiu.
MARCELA
– Mas
deve ter deixado algum capanga.
RAPAZ
– Lógico
que não. Vocês ouviram algum barulho? Com certeza ele tava aqui
sozinho.
O
rapaz continua forçando a janela até que ela se abre. Ele olha para
Donna e Marcela, os três sorriem.
CORTA
RÁPIDO PARA:
CENA
23. VILLAR DOS TELLES. ESTRADA DE CHÃO. EXT. DIA.
Sonoplastia
“celebrar” JAMMIL E UMA NOITES.
Os
três correm felizes pela estrada. Sorriem, se abraçam, choram de
emoção.
CENA
24. AP PIETRO. HALL. INT. DIA.
Música
cessa. Antônia para de frente para a porta de Pietro, quando vai
tocar a campainha, ele abre a porta e fica surpreso.
PIETRO
– Você?
ANTÔNIA
– Será
que a gente pode conversar?
Os
dois se olham.
CENA
25. JORNAL GAZETA CARIOCA. REDAÇÃO. INT. DIA.
Várias
pessoas trabalhando por ali nas repartições. Anunciação sai de
sua sala e vai até a mesa de Mimi.
ANUNCIAÇÃO
– Não
acho meu celular em lugar nenhum.
MIMI
– A
senhora já verificou em casa?
ANUNCIAÇÃO
– Já.
Mas vou falar pra minha empregada fazer uma varredura lá.
Nesse
instante, Laura entra.
LAURA
(se aproximando) – Anunciação
Bragança?
Anunciação
olha para Laura.
LAURA
– Sou
a mãe da Fábia. Vim conversar com você.
ANUNCIAÇÃO
– Marca
um dia aqui com a minha secretária pessoal. Hoje a minha agenda tá
lotada.
LAURA
– E
se eu disse que tenho um furo de reportagem muito grande, vai me
aceitar?
Nesse
instante, Fábia entra e se aproxima.
FÁBIA
– De
que furo de reportagem você fala, mãezinha?
Closes
alternados em Mimi, Anunciação e Laura surpresas.
Clima
de tensão. A tela junta metade da face de Fábia e Laura, formando
um novo rosto. A imagem congela.
autor
Wesley Alcântara
elenco
SIMONE SPOLADORE como Antônia
MARIA EDUARDA DE CARVALHO como Fábia
SHERON MENEZES como Marcela
ADRIANA GARAMBONE como Anunciação
ERIBERTO LEÃO como Affonso
MATHEUS NATCHERGAELE como Tony
elenco secundário
MALU GALLI como Laura
ALICE WEGMANN como Lu
AGATHA MOREIRA como Das Dores
RÔMULO ESTRELA como Pietro
THIAGO MARTINS como Patrick
MEL LISBOA como Mimi
LUKA como Donna
produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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