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GAROTAS DO RIO MINISSÉRIE
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WEBTVPLAY APRESENTA
GAROTAS DO RIO
Minissérie
de
Wesley Alcântara
Capítulo 10 de 10
© 2017, WebTV.
Todos os direitos reservados.
Todos os direitos reservados.
WESLEY
ALCÂNTARA: Antes
de iniciar o derradeiro capítulo dessa minissérie, quero
humildemente agradecer a essas duas pessoas que tornaram meu sonho
realidade: Gabo e Cristina.
Ao Gabo, meu agradecimento por confiar no meu trabalho e deixar que eu seja um autor da sua emissora, pois incansavelmente, nas altas madrugadas, vinha com ideias diferentes, vinha me mostrar o material como estava ficando. Obrigado por sua dedicação.
A Cristina, meu agradecimento começa desde o primeiro capítulo, quando leu, me deu dicas valiosas, que carreguei durante toda a obra. Obrigado por seu feedback sobre a trama, era sempre desafiador tentar surpreendê-la com os rumos dos personagens. Não posso deixar de mencionar o seu belíssimo trabalho com as artes e a divulgação, sempre bem caprichadas, bonitas.
Garotas do Rio não teria sido metade do que foi sem o esforço de vocês a frente de uma emissora comprometida. Aqui, agora, meu sincero agradecimento e admiração a vocês. Um grande abraço e espero que voltemos a trabalhar juntos em outra ocasião.
Ao Gabo, meu agradecimento por confiar no meu trabalho e deixar que eu seja um autor da sua emissora, pois incansavelmente, nas altas madrugadas, vinha com ideias diferentes, vinha me mostrar o material como estava ficando. Obrigado por sua dedicação.
A Cristina, meu agradecimento começa desde o primeiro capítulo, quando leu, me deu dicas valiosas, que carreguei durante toda a obra. Obrigado por seu feedback sobre a trama, era sempre desafiador tentar surpreendê-la com os rumos dos personagens. Não posso deixar de mencionar o seu belíssimo trabalho com as artes e a divulgação, sempre bem caprichadas, bonitas.
Garotas do Rio não teria sido metade do que foi sem o esforço de vocês a frente de uma emissora comprometida. Aqui, agora, meu sincero agradecimento e admiração a vocês. Um grande abraço e espero que voltemos a trabalhar juntos em outra ocasião.
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VOZ
DE MARCELA – Anteriormente
em Garotas do Rio...
PIETRO – E o nosso filho? Você não pode me negar isso!
ANTÔNIA
– Esse
filho é meu com o Affonso.
ANUNCIAÇÃO – Você pouco se importa com as pessoas. Você se acha o centro das atenções.
AFFONSO
– Calúnias...
Você é uma caluniadora. Um rato que vive da infelicidade dos
outros. Seu ego só se enche de coisas ruins. Você se diverte com o
sofrimento alheio.
ANUNCIAÇÃO – Você não pode. Ninguém vai te pagar melhor do que eu, Fábia.
FÁBIA
– Acontece que
dinheiro não é tudo pra mim, Anunciação. Eu prezo por bons
princípios e amizades leais, pois no fim de tudo, quando dinheiro,
bens materiais e sucesso se forem, ainda terei o ombro e o amor dos
meus amigos.
NENZIN – Todo cuidado é pouco, hein, Laura.
LAURA
– Relaxa.
Eu sei o que estou fazendo. Tá na hora de algumas máscaras caírem.
LU (estranhando) – O que foi?
SIRLENE
– É
ela. É a Laura. Ela tá aqui, Lu. Ela tá aqui. Precisamos avisar ao
Tony.
ÂNGULO ALTO. Vemos Laura caída no chão com os olhos arregalados, morta com um tiro no peito. Uma poça de sangue começa a se formar.
FADE
TO BLACK.
LAURA
(V.O) – Você
não sabe do que sou capaz, garota.
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CENA
01. COPABAR. SALÃO. INT. NOITE.
CAM
abre em Laura caída no chão. As pessoas afastadas, se desesperam em
sair. Tony e Felipe se aproximam do corpo. Tony pega o braço de
Laura e tenta sentir a pulsação.
FELIPE
– E aí?
TONY
– Tá morta. (saindo) Vou ligar pra polícia e pra
ambulância.
Tony
e Felipe saem. Marcela e Fábia se aproximam do corpo.
MARCELA
– Meu Deus, Fábia! A sua...
FÁBIA
(por cima) – A Laura. Ela tá morta.
MARCELA
– Acha que é melhor irmos embora?
FÁBIA
– Melhor. Depois a polícia vai checar mesmo a lista de
convidados e vai interrogar a gente. Vamos embora.
Fábia
olha uma última vez para o corpo e sai acompanhada de Marcela.
CENA
02. COPABAR. SALA DE TONY. INT. NOITE.
Tony
termina de desligar o telefone e se senta numa cadeira próxima,
perplexo com o ocorrido. Felipe entra na sala.
FELIPE
(sério) – Você vai me explicar direitinho o que foi
aquele vídeo. Ah, mas vai.
TONY
(bravo) – Fala sério que você tá pensando nisso agora,
Felipe. Pelo amor de Deus. Tem uma pessoa morta no meio do salão do
meu bar e eu vou pensar em D.R?
Tony
se levanta e vai saindo. Felipe segura forte em seu braço e lhe
lança um olhar intimidador.
FELIPE
– A gente vai conversar muito bem sobre isso.
Tony
se desvencilha e sai. Em Felipe, sério.
CENA
03. COPABAR. ENTREDA. EXT. NOITE.
Uma
multidão de pessoas saindo do local. Os dois rapazes que estavam com
Laura entram num carro simples que está próximo.
CORTA
RÁPIDO PARA:
CENA
04. CARRO SIMPLES. INT. NOITE.
Os
rapazes estão no banco de trás, enquanto Nenzin dirige.
NENZIN
– Cadê a Laura? Ficou presa lá dentro ou saiu pelos
fundos?
RAPAZ
1 – Mataram a Laura. Deram um tiro nela.
Nenzin
se assusta.
NENZIN
– Então vamos vazar daqui, antes que sobre pra gente
também.
RAPAZ
2 – Mas e a Laura?
NENZIN
– Já morreu. Não há nada que eu possa fazer por ela.
Segue o baile.
CENA
05. APARTAMENTO FAMÍLIA QUEIRÓS. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Antônia,
Wanessa e Affonso entram.
WANESSA
– Vou
pro meu quarto. Acho que vocês querem conversar. Boa noite.
Wanessa
sai em direção ao quarto. Antônia vai até a cristaleira e se
serve de uma dose de uísque. Affonso se senta no sofá.
AFFONSO
– Mataram
uma mulher lá, tal de Laura. Mãe daquela jornalista x-9, não é?
Antônia
toma a bebida toda num gole e se aproxima de Affonso.
ANTÔNIA
– Saio
eu ou sai você?
AFFONSO
– Do
que você está falando?
ANTÔNIA
(sem paciência) – Saio
eu ou sai você?
Affonso
se levanta.
AFFONSO
– Você
não pode estar falando sério.
ANTÔNIA
– Então
saio eu.
Antônia
se afasta, indo em direção ao quarto.
CAPÍTULO
10 - UM RIO, UM TIRO, UM FIM (ÚLTIMO)
CENA
06. APARTAMENTO FAMÍLIA QUEIRÓS. SUÍTE DO CASAL. INT. NOITE.
Antônia
entra e começa a colocar suas coisas dentro de uma mala que está
por ali. Affonso entra apressado.
AFFONSO
– Espera,
Antônia, a gente nem conversou. Precisamos falar um com o outro.
Discutir os nossos problemas.
ANTÔNIA
(arrumando a mala) – Agora
eu entendi porque sempre fui alvo dos ataques da Anunciação. Achei
que ela tinha me escolhido aleatoriamente. Ledo engano, tinha um
motivo real e bem forte.
AFFONSO
– A
gente estava em crise, caramba. Eu não sou de ferro.
Antônia
para de arrumar a mala, sorri cinicamente.
ANTÔNIA
– Sabe
que agora eu te entendo, Affonso. Lá atrás, quando a Anunciação
fez aquela matéria sobre mim, sobre a paternidade do meu bebê,
lembro que você não me deixou explicar tudo. Não ouviu tudo que eu
tinha pra dizer, aliás, como sempre.
AFFONSO
– E
que importância isso tem agora pra gente?
ANTÔNIA
– Você
me traiu, disse ter sido quando a nossa relação esfriou, num
momento de carência. Eu te entendo. Eu fiz igual.
Affonso
olha surpreso para Antônia.
AFFONSO
– O
que você tá dizendo?
ANTÔNIA
– Você
entendeu direitinho, mas eu explico outra vez, para ficar mais
sonoro: Eu também tinha um caso fora do casamento.
No
ímpeto, Affonso dá um tapa em Antônia, que cai sobre a cama.
AFFONSO
– Vagabunda.
Antônia
se levanta.
ANTÔNIA
– Você
me trai e a gente tem que conversar. Eu tenho que entender o seu
lado. Mas aí quando a balança se inverte, quando a adúltera sou
eu, aí tenho que apanhar, ser taxada de vadia e tudo mais. Isso é
pra você ver como a traição dói no ego da gente, como a gente se
sente mal.
AFFONSO
– Você
tá mentido. Inventou essa história toda só pra me deixar menos
homem, não é? Admite.
ANTÔNIA
– E
eu preciso inventar, Affonso? Eu tenho trinta e oito anos, corpo em
dia, bonita, bem sucedida. Acha que não sou capaz? E ainda te digo
mais: arrumei um novinho. Que fazia tudo que você tinha nojinho. Pra
ele, a penetração não era a única forma de sexo. Com ele eu
cheguei ao orgasmo muito mais vezes do que com você a vida toda.
Affonso
sente e fica cabisbaixo.
ANTÔNIA
– Dessa
casa saio eu. Pra não voltar mais, entende? Eu que não quero mais
viver uma vida de mentira, esconder demônios, passar por
humilhações. Pra mim chega, acabou. Nosso casamento nunca esteve na
temperatura máxima. Agora estamos livres pra viver nossas vidas.
Em
Affonso e Antônia se olhando.
CENA
07. COMPILAÇÃO DE CENAS.
SONOPLASTIA:
GARGANTA – ANA CAROLINA.
• A
polícia técnica cerca o salão do CopaBar e vai trabalhando no
local do crime, com o corpo ainda presente;
• Antônia
passa pela sala de sua casa com malas e sob o olhar triste de
Affonso;
• Na
delegacia, Tony presta esclarecimentos.
CENA
08. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. DIA.
A
trilha da cena anterior continua.
ABRE
no amanhecer do Corcovado, passa pela praia de Copacabana, onde
algumas pessoas correm, caminham. Takes rápidos e pontuados.
MÚSICA
CESSA.
CENA
09. AP MARCELA. COZINHA. INT. DIA.
Marcela,
Sirlene E Fábia estão sentadas a mesa tomando café. Fábia está
levemente melancólica.
MARCELA
– Quem
será que matou a Laura?
SIRLENE
– Tudo
muito estranho, gente. Eu estava com a Lu, aí passamos por uma
mulher que falou algo. Eu ouvi e reconheci a voz e a fisionomia,
mesmo de máscara. Aí gritei que era ela, que saiu correndo pro
salão. O restante vocês viram. A Lu subiu no palco depois daquele
show de horrores, a luz se apagou e o tiro.
FÁBIA
(voz triste) – Apesar
de tudo, ela era minha mãe. Me deu a vida, me deu de mamar e me
criou. Não queria que ela ficasse perto de mim, intoxicando a todos,
mas não queria esse fim trágico.
Marcela
acaricia a mão de Fábia.
MARCELA
– Nada
justifica a covardia que fizeram com a sua mãe, mas ela mexeu com a
vida de muita gente.
Nesse
instante a campainha toca.
SIRLENE
(se levantando) – Eu
atendo!
Sirlene
sai.
CORTA
PARA: SALA.
Sirlene
abre a porta e se surpreende ao ver Lu.
SIRLENE
– Você
aqui? Aconteceu algo?
LU
– Liguei
pra casa da Fábia, mas ninguém atendeu. Imaginei que ela estivesse
aqui na Marcela.
SIRLENE
– Entendi...
Veio por ela.
LU
– Ela
perdeu a mãe, Sirlene. Queria que eu estivesse indiferente a isso?
Sirlene
e Lu se encaram por um tempo. Fábia aparece na sala.
FÁBIA
(surpresa) – Lu?
Lu
rapidamente arma um sorriso e olha para Fábia.
LU
– Vim
conversar um pouco com você.
FÁBIA
– Eu
estava indo dar uma volta na praia. Me acompanha?
LU
– Mas
é claro.
As
duas saem. Sirlene fecha a porta, séria.
CENA
10. COPABAR. SALA DE TONY. INT. DIA.
Tony
está dormindo num sofazinho, a claridade do sol o acorda. A sua
frente, de pé está Felipe.
TONY
(sonolento) – Felipe?
Meu Deus, eu dormi aqui.
Tony
passa a mão nos olhos e se levanta, ainda meio preguiçoso.
FELIPE
– A
polícia já liberou o bar. Tem gente da equipe da festa limpando
tudo lá embaixo.
TONY
– Que
horas são?
Felipe
vai até a porta e a fecha, volta-se para Tony.
FELIPE
– Hora
da gente conversar, não acha?
Tony
respira fundo.
TONY
– Sim,
acho que está na hora da gente conversar.
Close
nos dois se encarando.
CENA
11. PRAIA DE BOTAFOGO. EXT. DIA.
Lu
e Fábia caminham pela areia.
LU
– Mas
como você está?
FÁBIA
– Tô
tentando levar, Lu. Foi um choque grande ver a Laura morta ali na
minha frente.
LU
– Apesar
de tudo ela é sua mãe.
FÁBIA
– A
Laura me decepcionou, me contou coisas terríveis. Fez coisas
terríveis, me rogou praga. Ali, morta, só me deu pena do ser humano
que ela é e da forma que aconteceu.
LU
– Ela
fez mal a muita gente.
FÁBIA
– Ela
era má na essência. Não tinha compaixão, amor, carinho. Era seca
dessas virtudes. Só a ganância que valia a pena, a esperteza. O fim
dela é como o fim de muita gente igual a ela.
Fábia
e Lu se sentam na areia, vislumbram o mar.
SONOPLASTIA:
MAIS QUE A MIM – ANA CAROLINA FEAT. MARIA GADU
Aos
poucos, Lu abraça Fábia, que olha surpresa e sorri.
FÁBIA
– É
o que estou pensando?
Em
Lu sorrindo.
MÚSICA
CESSA.
CENA
12. COPABAR. SALA DE TONY. INT. DIA.
Felipe
e Tony estão a se encarar.
FELIPE
– Começa,
Tony.
TONY
– O
Diego veio pedir emprego a uns cinco ou seis meses atrás. Até aí
tudo bem. Eu o achei atraente, mas normal. Sempre acontece isso. O
problema veio depois.
FELIPE
– Depois
quando?
TONY
– Eu
admiti o rapaz aqui. Aí o desejo foi aumentando, aumentando. Até
que eu decidi levá-lo até na casa dele.
FELIPE
– O
dia que ele adoeceu.
TONY
– Eu
menti, Felipe. O Diego nunca esteve doente.
Felipe
o olha com tristeza.
FELIPE
– Então
foi esse dia que...
TONY
(por cima) – Não.
Eu só o levei em casa, tentei estreitar os laços. Eu estava
dominado por um desejo, uma obsessão em ser daquele homem, entende?
FELIPE
– Não
entendo. Continua. Vou ouvir até o fim.
Tony
respira fundo.
TONY
– Aí
dali pra frente foram investidas, poucas, até que a gente transou.
Felipe
deixa escorrer algumas lágrimas.
TONY
– Vou
parar, não quero te machucar ainda mais.
FELIPE
(entre dentes) – Continua.
TONY
– Aí
fomos ficando e ficando. Até que um dia a Laura veio me exigindo
dinheiro, vantagens. Eu recusei e ela me mostrou os vídeos que tinha
feito. Fiquei muito mal com tudo, mas não queria que esse vídeo
parasse em suas mãos. Era humilhante demais.
FELIPE
– Você
protelou algo que não tinha volta. Escondeu até não poder mais.
Olha no que deu, Tony. Quanta gente viu a sua intimidade, a nossa
intimidade na boca do povo. Por mero capricho de me esconder a sua
fraqueza.
Tony
chora.
FELIPE
– Eu
fazendo planos pra viajar pra Paris, pra estar um pouco mais na sua
vida. E você se deitando com seu empregado, cedendo a chantagens.
Por isso as inúmeras ligações do banco. Era a grande quantidade de
dinheiro que você depositava na conta dessa mulher.
TONY
– Eu
errei. Não tem perdão.
FELIPE
– Não
há o que perdoar. Escolhas não se perdoam, se aceitam. Você
aceitou, se permitiu viver essa paixão. Mas todo bônus vem com o
ônus de brinde, Tony.
TONY
– Isso
quer dizer que você tá me deixando, Felipe?
Em
Tony, olhar piedoso.
CENA
13. PRAIA. QUIOSQUE. INT. DIA.
Lu
e Fábia estão sentadas numa mesa tomando água de coco.
FÁBIA
– Eu
preciso te dizer algumas coisas.
LU
– Xiu!
Lu
põe um dedo nos lábios de Fábia. As duas se olham por alguns
instantes.
FÁBIA
(doce) – Deixa
eu falar, por favor!
Lu
assente com a cabeça e dá uma golada em sua água.
FÁBIA
– Eu
sempre gostei de você, Luciana. Você sempre foi especial pra mim.
LU
– E
por que você nunca demonstrou?
FÁBIA
– Eu
fui fraca. Fraca em mostrar meus sentimentos. Mas são fantasmas do
passado, coisa pra terapia, psicanálise. Eu quis muito estar com
você. Sofri calada o seu afastamento, fechei meu coração para
qualquer relação. (voz embargada) Aquele dia lá no CopaBar,
aquelas palavras suas...
LU
(por cima) – Não,
releva, eu estava com raiva.
FÁBIA
– Mas
foi graças aquele momento que eu comecei a me enxergar, a enxergar o
quanto eu estava sendo egoísta. Tanto comigo, por não demonstrar o
que eu realmente sentia, como com você, que estava remando sozinha
aquele barco.
LU
– Doeu
mais em mim do que em você. Mas no ímpeto, tudo aquilo saiu. Coisas
que hoje eu jamais falaria.
FÁBIA
– A
gente realmente precisava dessa conversa franca, Lu. Eu queria muito
que você não guardasse mágoas de mim. Nunca quis te fazer sofrer.
Lu
acaricia as mãos de Fábia.
SONOPLASTIA:
COMO VAI VOCÊ – ADRIANA CALCANHOTO
LU
– Eu
ainda amo você.
FÁBIA
– Mas
eu sou um caos.
LU
– Eu
quero estar nesse caos, quero poder te mostrar que eu te amo. Ninguém
nunca representou o que você representa em mim, pra mim.
Fábia
se emociona. As duas trocam selinho. Sorriem.
CENA
14. CALÇADÃO. EXT. DIA.
Música
continua. Fábia e Lu desfilam de mãos dadas, felizes. O sol brilha
sobre elas.
MÚSICA
CESSA.
CENA
15. COPABAR. ALMOXARIFADO. INT. DIA.
Diego,
Tony e Felipe estão um de frente para o outro.
TONY
– O
que é isso agora, Felipe? Vamos ficar aqui?
DIEGO
– Eu
não estou entendendo o que está se passando aqui.
FELIPE
– Eu
trouxe os dois aqui, porque foi aqui que tudo aconteceu. Acho que a
gente precisa terminar de resolver isso, não acham?
TONY
– Mas
isso só diz respeito a você e a mim. Diego não tem nada a ver com
isso.
FELIPE
– Enganado.
A partir do momento em que ele fez esse casal se tornar um trio, ele
é parte, sim.
Diego
e Tony se olham apreensivos.
FELIPE
– Quero
saber de você, Tony, o que você sente por esse rapaz. Mas diga a
verdade, fala de peito aberto.
TONY
– Pra
quê?
FELIPE
– Apenas
fale.
Tony
olha para Diego e, em seguida, olha para Felipe.
TONY
– Tesão.
FELIPE
– Certeza
disso?
TONY
– É
novinho, moreno, malhado. Eu sinto tesão. E só!
Felipe
olha fixamente para Diego.
FELIPE
– É
isso que você sente pelo Tony, rapaz?
DIEGO
– Pra
te dizer a verdade, eu curto mais mulher. Não que eu não pegue uns
caras aí, mas eu gosto mais de mulher mesmo. Mas é que o Tony me
ajudava bastante, umas vantagens no aluguel, um salário bom. E tem
um sexo gostoso. Mas era só isso.
FELIPE
– Ok!
Pode sair, rapaz.
Diego
sai. Tony olha surpreso para Felipe.
TONY
– Qual
o motivo de se digladiar desse jeito, Felipe?
FELIPE
– Eu
queria saber se realmente era só sexo, se não tinha nenhum vínculo
sentimental por detrás.
TONY
– E
qual a sua constatação?
FELIPE
– Acho
que a gente tem uma história bonita, Tony. Casamos, nos demos bem na
profissão, somos rodeados de amigos. É algo bastante precioso. Eu
não esperava uma traição sua, e não vou mentir, doeu muito. Mas
acho que em parte é culpa minha. Eu lotei de trabalho e
fui te deixando de lado, o sexo foi ficando cada vez mais raro, eu
não te elogiava, não prestigiava seu trabalho. Eu abri concessão
pra esse garoto entrar. Mas veja, era um escambo. Ele trocava sexo e
atenção por dinheiro, ou como ele quis dizer: vantagens. Vale a
pena? Me diz, vale a pena continuar com essa troca de favores?
Tony
chora.
SONOPLASTIA:
QUANDO FUI CHUVA – LUIS KIARI E MARIA GADU.
TONY
– Eu
só posso te pedir desculpas, meu amor. A nossa história é linda e
eu não queria que terminasse assim, dessa forma tão baixa.
FELIPE
– Quer
realmente tentar? Quer realmente dar uma nova chance ao nosso amor,
ao nosso relacionamento?
TONY
– É
o que eu mais desejo.
Felipe
abraça Tony e o beija.
MÚSICA
CESSA.
CENA
16. RIO DE JANEIRO. STOCK SHOTS. EXT. DIA.
SONOPLASTIA:
ELA É CARIOCA – ADRIANA CALCANHOTO.
DIA
ENSOLARADO. Takes aéreos de diversas praias da zona sul do Rio, seu
contraste com as favelas.
MÚSICA
CESSA.
CENA
17. GAZETA CARIOCA. REPARTIÇÃO. INT. DIA.
Antônia
vai passando por entre as mesas, em direção à sala da presidência.
No meio, Mimi vem ao seu encontro.
MIMI
(tom alto) – Mas
vejam só, não é a amante do michezinho?
Antônia
dá um tapão que derruba Mimi no chão.
ANTÔNIA
– Michezinho
que você pagou bem caro, não é?
Antônia
continua andando. Close em Mimi, caída no chão, com a mão na face,
expressão de dor.
CENA
18. GAZETA CARIOCA. SALA DA PRESIDÊNCIA. INT. DIA.
Anunciação
está digitando algo no computador, quando Antônia entra.
ANUNCIAÇÃO
(se levantando) – Quem
te permitiu entrar aqui?
Antônia
retira sua aliança de casamento e joga em Anunciação.
ANTÔNIA
– Vim
admitir que você venceu. Ele é todo seu agora. Descubra mais tarde
se valeu a pena.
Anunciação
ri.
ANUNCIAÇÃO
– Ao
invés de você estar fazendo esse teatrinho paupérrimo, deveria era
estar fazendo exame de DNA, vai que o filho é do garoto de vida
fácil.
Antônia
se aproxima de Anunciação.
ANTÔNIA
– Sabe
que agora eu entendo sua amargura, sua fixação em mim. Você não é
amada por ninguém, enquanto eu tenho dois homens aos meus pés, que
me amam.
ANUNCIAÇÃO
– Que
te trai, seu marido te trai.
ANTÔNIA
– Mas
no fim das contas ele sempre fica comigo, não é? Ele pode se
divertir, aliviar a vontade num motelzinho barato, mas é pra casa
que ele sempre volta. É ao meu lado que ele dorme, é comigo que ele
sai de mãos dadas na rua.
Anunciação
engole em seco, sente.
ANTÔNIA
– Mas
o caminho agora tá livre pra você, Anunciação Bragança. Rainha
da Gazeta Carioca, musa da elite. Corre atrás do meu resto, gatinha.
É até feio falar, mas vai lá lamber onde eu cansei de sentar.
Antônia
gargalha e sai. Em Anunciação, raivosa.
ANUNCIAÇÃO
(pra si) – Tem
troco.
CENA
19. AP. MARCELA. SALA. INT. DIA.
Sirlene
está saindo com uma mala, Marcela ao seu lado.
MARCELA
– Tem
certeza que vai voltar pro interior?
SIRLENE
– E
vou ficar aqui fazendo o que, Marcela? Tá na cara que Fábia e Lu
ainda se amam. E fico feliz com isso. A Fábia já sofreu demais na
vida, merece um acalanto.
MARCELA
– Mas
espera, vai outro dia. Ou fica aqui, vive aqui no Rio.
SIRLENE
– Meu
objetivo era apenas ajudar a quem a Laura fez mal. Agora não há
mais nada para mim aqui.
Marcela
abraça Sirlene.
MARCELA
– Obrigada
por tudo, tá?
SIRLENE
– Tu
é feito uma irmã. Mas posso te dar um último conselho?
MARCELA
– Mas
é claro.
SIRLENE
– Ouve
a voz do seu coração. Se dê uma chance, mulher. Volte a ser feliz.
Não deixa o tempo passar, ele sumir e você ficar amarga. É a ele
que você ama.
MARCELA
– Mas
não é fácil assim, Sirlene.
SIRLENE
– Amor
não é matemática. Não tem lógica.
Sirlene
sai. Em Marcela, pensativa.
CENA
20. RIO DE JANEIRO. STOCK SHOTS. EXT. DIA.
SONOPLASTIA:
EMPIRE STATE OF MIND (PART II) BROKEN DOWN ALICIA KEYS
Um
giro pela Zona Sul, mostrando seus principais pontos, desde a Praia
de Copacabana até o Morro do Vidigal. Takes rápidos e pontuados.
MÚSICA
CESSA.
CENA
21. RODOVIÁRIA NOVO RIO. PLATAFORMA DE EMBARQUE. EXT. DIA.
Um
ônibus de cor laranja estaciona no local. Em seu letreiro diz:
“VALENÇA/RJ”. Algumas pessoas sobem, entre elas, Sirlene, de
óculos escuros.
CENA
22. ÔNIBUS. INT. DIA.
Sirlene
olha em sua passagem e, em seguida, vai olhando os bancos. Até que
se senta perto de alguém que não é revelado. Ela retira um livro
da bolsa e o folheia.
SIRLENE
(pra si) – Então vamos voltar pra terrinha.
Nesse
instante, a pessoa ao seu lado é revelada: Pietro, que sorri.
PIETRO
– Você mora em Valença, moça?
Sirlene
olha para Pietro e se encanta com sua beleza.
SIRLENE
(simpática) – Desde que nasci.
PIETRO
– Eu tô indo passar uma temporada, até meu filho nascer
e eu vê-lo.
Sirlene
desfaz o sorriso.
SIRLENE
– E sua esposa?
PIETRO
– Talvez eu arrume em Valença. Pelo que estou vendo, é
terra de belas moças.
Pietro
sorri e pisca o olho para Sirlene, que sorri de volta.
SIRLENE
– Acho que voltar para Valença não foi uma má ideia.
Em
Sirlene, sorridente.
CENA
23. STOCK-SHOTS. MORRO DO VIDIGAL. EXT. DIA.
SONOPLASTIA:
A CULTURA – SABOTAGE.
Imagens
da linda vista da Comunidade.
LETREIRO
NA TELA: MESES DEPOIS...
Último
take na fachada da ONG.
Música
cessa.
CENA
24. ONG FILHOS DA ARTE. JARDIM. EXT. DIA.
Marcela
e alguns jovens estão sentados em roda no gramado. Ela lê um livro,
enquanto eles prestam bastante atenção.
DONNA
(chegando) – Pessoal, olha quem veio visitar.
Todos
olham para a entrada e veem Antônia, com barrigão de grávida,
chegar sorridente.
ANTÔNIA
– Oi, gente! Que saudade que eu estava.
Os
jovens se levantam e abraçam e beijam Antônia, que retribui.
CENA
25. ONG FILHOS DA ARTE. SALA. INT. DIA.
Antônia
e Marcela estão sentadas conversando.
MARCELA
– Você se isolou de todo mundo, Antônia. Achei até que
estava com raiva de mim.
ANTÔNIA
– Desde aquela traição da Fábia, amiga, o meu pesadelo
só aumentou. Eu descobri que o Pietro é garoto de programa, que o
Affonso era amante da Anunciação e joguei a minha traição no
ventilador também.
Marcela
fica surpresa.
MARCELA
– Nossa, quanta turbulência. Mas eu tenho uma notícia
pra te dar.
ANTÔNIA
– Se for sobre aquela traidora, saiba que não estou
disposta a ouvir.
MARCELA
– Se você soubesse como tudo foi armado.
ANTÔNIA
– Não houve armação nenhuma. Tá tudo muito claro.
MARCELA
– A Laura. Foi a Laura quem falou para Anunciação sobre
a sua gravidez. Aliás, ela vendeu essa informação.
ANTÔNIA
– Mas eu só tinha contado isso pra Fábia, logo, ela foi
quem bateu pra mãe dela.
Marcela
se levanta, fecha a porta.
MARCELA
– Aí é que você se engana, Antônia. A Fábia não
contou, a Laura ouviu tudo da sua boca quando você contou pra Fábia.
Antônia
se levanta, meio intrigada.
ANTÔNIA
– É... Faz sentido. Eu lembro da Laura na casa, estava
fazendo canja pra gente. A porta do quarto da Fábia estava
entreaberta também.
MARCELA
– Você precisava ver quem era a Laura de verdade. O
quanto ela fez de mal para a própria filha. Ela era gananciosa, só
pensava em si.
ANTÔNIA
– Eu fiquei tão mal com a história toda que acabei
levando para o caminho da obviedade e culpando a Fábia. Meu Deus, e
ela sofrendo.
MARCELA
– Eu entendo você. Era justificável.
ANTÔNIA
– Eu a acusei, a humilhei sem ela ter culpa. Eu sou um
monstro. Estraguei uma amizade, Marcela.
Marcela
se aproxima de Antônia, a acaricia no ombro.
MARCELA
– Ela ainda gosta bastante de você, Antônia. Vai até a
casa dela e conversa.
ANTÔNIA
– Será que ela irá me receber?
MARCELA
– Você só terá essa resposta se tentar.
ANTÔNIA
(convicta) – Tem razão!
Antônia
sai apressada, pouco depois, Donna chega com uma bandeja de café.
DONNA
– Trouxe café, mas vi que a Antônia saiu apressada. O
que aconteceu?
MARCELA
– É o início.
Donna
a olha meio confusa. Marcela sorri.
CENA
26. ONG FILHOS DA ARTE. RUA. EXT. DIA.
Antônia
entra em seu carro e sai. Anunciação que estava escondida atrás de
um carro preto, vai até o meio da rua e faz sinal pra um táxi, que
para e ela ENTRA.
CORTA
PARA TÁXI.
ANUNCIAÇÃO
– Segue aquele carro lá!
TAXISTA
– Sim senhora!
O
táxi sai em disparada.
CENA
27. AP. FÁBIA. SALA. INT. DIA.
Local
apenas com caixas grandes de papelão, ausente de móveis ou quadros.
Fábia e Lu vêm de outras dependências trazendo outras caixas e
depositam no chão.
LU
(exausta) – Acho que essas são as últimas.
FÁBIA
– São sim, Lu.
Lu
se senta no chão e se apoia em uma das caixas.
LU
– Nem acredito que estamos mudando prum apê nosso. Só
nosso.
Fábia
se abaixa, ficando cara a cara com Lu e lhe dá um selinho.
FÁBIA
– Tava na hora já, uai. Eu tô quase na terceira idade.
Dou mole e você me troca por uma novinha.
LU
– Troco nada, ruivinha. É de tu que eu gosto.
Fábia
se levanta, vai até a janela e olha para fora.
FÁBIA
– Aqui nessa cobertura maravilhosa eu fui bem feliz. Hoje
não mais.
LU
– Você imagina quem tenha matado a Laura?
FÁBIA
– Não faço nem questão de saber.
Lu
se aproxima, abraça Fábia por trás.
LU
– Ela te fez muito mal, né?
FÁBIA
– Fez... Mas você me faz um bem danado.
Lu
sorri. A campainha toca.
FÁBIA
– Deve ser o pessoal da mudança.
Fábia
abre a porta e dá de cara com dois rapazes uniformizados.
RAPAZ
1 – Somos da mudança.
FÁBIA
– Podem entrar e levar as coisas. Encaixotamos tudo.
RAPAZ
2 – O caminhão é grande, creio que em uma viagem
consigamos levar tudo.
LU
– Tudo tá aqui na sala.
RAPAZ
1 – Alguém tem que ir com a gente pra nova casa de vocês.
É onde mesmo?
FÁBIA
– Leblon. A gente tá se mudando pro Leblon.
LU
– Eu vou com vocês.
FÁBIA
– Eu vou descer e pedir para o síndico vir olhar se está
tudo certinho e entregar as chaves.
Os
rapazes começam a retirar as caixas do local.
CENA
28. AP FÁBIA. RUA. EXT. DIA.
O
caminhão de mudança dá partida e sai, pouco depois, Antônia
estaciona seu carro no lugar e desce do carro e caminha em direção
ao interior do prédio.
O
táxi para logo atrás, Anunciação desce.
CENA
29. AP FÁBIA. HALL. INT. DIA.
O
elevador se abre e Antônia sai, encontra a porta do apartamento de
Fábia aberto. Ela entra.
CENA
30. AP FÁBIA. SALA. INT. DIA.
Local
está vazio. Antônia vai andando devagar, olhando tudo.
ANTÔNIA
– Fábia, você está aí? Tá de mudança?
Nesse
instante, ouve-se barulho da porta se fechando. Antônia sorri e olha
em direção a porta, mas logo fica séria.
CLOSE
em Anunciação, sorriso cínico.
ANUNCIAÇÃO
– Acho que a gente precisa ter uma última conversa.
Em
Anunciação e Antônia se olhando.
CENA
31. COPABAR. SALÃO. INT. DIA.
Tony
e Felipe vêm descendo as escadas e se apoiam no balcão.
FELIPE
– Tem certeza que vai alugar o CopaBar?
TONY
– Meu dengo, tenho sim. Tô querendo mais é viver de
renda. Sossegar um pouco, cuidar da nossa casinha.
FELIPE
– Por dez anos isso aqui foi a sua vida.
TONY
– Mas eu cansei. Tô a fim de tirar um período sabático.
Ficar de pernas pro ar, ir pegar um bronze no clube, dormir cedo e
acordar tarde. Viajar aos finais de semana.
FELIPE
– Pode até ser egoísmo, mas eu tô bem feliz com isso.
Tony
sorri.
FELIPE
– Ih, tenho que ir. Tenho cliente pra visitar hoje.
TONY
– Vai lá, meu lindão.
Tony
dá um selinho em Felipe, que sai.
CENA
32. AP. FÁBIA. SALA. INT. DIA.
Antônia
e Anunciação se encaram.
ANTÔNIA
(séria) – Não tenho nada pra falar com você. Dá
licença.
Antônia
tenta sair, mas Anunciação se coloca diante da porta.
ANTÔNIA
– Vai me deixar passar ou vou ter que ligar para a
polícia?
ANUNCIAÇÃO
– Tá sabendo que o Affonso tá morando em São Paulo
desde a separação?
ANTÔNIA
– A vida do Affonso não me diz mais respeito.
ANUNCIAÇÃO
– Ah, claro, agora sua vida é esse bebê sem pai e o
michê.
ANTÔNIA
– Você é muito baixa. Se está aqui diante de mim, muito
provavelmente é porque não conseguiu o Affonso pra você, não é?
ANUNCIAÇÃO
– Você o envenenou, sua vadia.
ANTÔNIA
– Não. Você mesma tropeçou nas merdas que deixou pelo
caminho. Eu não precisei mover uma palha.
ANUNCIAÇÃO
– Mas agora vai ter que mover meio prédio se quiser sair
daqui viva.
ANTÔNIA
(ressabiada) – O que você tá querendo dizer com isso?
Anunciação
saca uma arma da bolsa e mira em direção a Antônia, que fica
assustada.
ANTÔNIA
– Para com isso, Anunciação. Essa coisa mata.
Nesse
instante, Fábia chega acompanhada de um homem, mas Anunciação não
percebe.
ANUNCIAÇÃO
– Eu sei. Eu matei uma pessoa. Aliás, fiz um favor a
humanidade, matei um monstro. A Laura.
Todos
se surpreendem.
FÁBIA
– Então a assassina é você?
Anunciação
vira-se para Fábia.
ANUNCIAÇÃO
– Pronto, chegou a cavalaria. Agora sim, agora eu gostei.
Matar com público é sempre uma boa. Faz bem pro ego da gente.
FÁBIA
– Por que você matou a Laura?
ANUNCIAÇÃO
– A Laura me chantageou por muito tempo. E eu sempre
carrego esse meu brinquedinho aqui. Aquele dia no baile...
=INÍCIO
DO FLASHBACK=
CENA
33. COPABAR. SALÃO. INT. NOITE.
Laura
para por ali, respiração ofegante.
CLOSE
NO PALCO. Donna termina de cantar, é ovacionada. Quando Tony está
subindo as escadas, Lu o puxa pelo braço, conversam rapidamente e
ele sobe.
ANUNCIAÇÃO
(V.O) – Naquele
momento eu senti que aquela garota tinha percebido algum perigo,
alguma armação da Laura. Então, sutilmente eu fui me aproximando.
Mas o vídeo, o maldito vídeo foi passado.
Laura
de costas no meio da multidão, enquanto no palco passam em slide
fotos de Anunciação e Affonso se beijando. Anunciação vai aos
poucos se aproximando de Laura, até ficar bem colada nela.
ANUNCIAÇÃO
– Sua
vida acaba aqui.
Anunciação
saca a arma. Tudo fica escuro. Ouve-se o disparar de uma arma.
=FIM
DO FLASHBACK=
Fábia
olha estarrecida para Anunciação, que está com o olhar distante.
ANUNCIAÇÃO
– Tenho
certeza que aquele apagão era obra da Laura. Uma maneira segura pra
fugir.
FÁBIA
– E
você se aproveitou disso.
ANUNCIAÇÃO
– Ela
iria morrer do mesmo jeito. Eu estava decidida a acabar com a vida
daquela infeliz, (vira-se para Antônia) Como hoje vou acabar com a
sua.
Anunciação
aponta a arma para Antônia. Tensão.
ANTÔNIA
– Não
faça isso, Anunciação, por favor!
Quando
Anunciação vai para atirar, Fábia lhe dá um empurrão, fazendo-a
cair no chão e soltar a arma.
ANUNCIAÇÃO
– Desgraçada!
Antônia
se afasta. Anunciação toma posse da arma de novo, Fábia pula em
cima dela e as duas começam a rolar no chão, em posse da arma, sem
saber para onde ela está apontada.
SÍNDICO
– Vou
ligar pra polícia.
O
síndico sai. Ouve-se o barulho de um disparo.
ANTÔNIA
(gritando) – Não!
Closes
alternados na agonia de Anunciação e Fábia.
CENA
34. STOCK SHOTS.
RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.
SONOPLASTIA
DE TENSÃO. Takes do Rio de Janeiro.
Música
Cessa.
CENA
35. AP FÁBIA. SALA. INT. DIA.
Anunciação
está no chão agonizando, uma pequena poça de sangue começa a se
formar ao seu lado.
Antônia
e Fábia estão por ali.
ANTÔNIA
– Minha
amiga, desculpa por tudo. Por todas as injustiças que eu te fiz
passar.
Fábia
abraça Antônia.
FÁBIA
– Eu
te amo, Antônia.
As
duas se emocionam. Alguns policiais chegam.
POLICIAL
1 – Quem
atirou nela?
FÁBIA
– Ela
matou a minha mãe, tentou matar minha amiga. Nós rolamos no chão e
a arma acabou disparando.
POLICIAL
– Os
socorristas já vêm.
Antônia
se escora na parede, uma quantidade considerável de líquido começa
a escorrer por suas pernas e formar uma poça no chão.
ANTÔNIA
– Ai,
que dor! Ai!
FÁBIA
– Sua
bolsa estourou. Seu neném vem aí, amiga.
O
policial pega Antônia no colo e vai saindo. Fábia os segue.
CENA
36. HOSPITAL COPA D’OR. SALA DE ESPERA. INT. DIA.
Fábia
e Marcela estão sentadas no sofá, ansiosas.
MARCELA
– Estamos
aqui há quase duas horas. Será que nasceu?
FÁBIA
– Eu
espero que sim. Porque liguei pro Pietro e pro Affonso. Um dos dois é
o pai dessa criança.
MARCELA
– Ah
meu Deus! Ainda tem mais esse mistério todo.
Nesse
instante o médico chega. Marcela e Fábia se levantam rapidamente.
FÁBIA
– E
então, doutor?
MÉDICO
– Nasceu!
É um menino forte.
Fábia
e Marcela sorriem e se abraçam.
MÉDICO
– O
pai da criança se encontra?
AFFONSO
(chegando) – Sou
eu!
No
mesmo instante, Pietro também chega acompanhado de Sirlene.
PIETRO
– O
pai sou eu.
CLIMA
DE TENSÃO. Affonso e Pietro se encaram.
CENA
37. HOSPITAL COPA D’OR. MATERNIDADE. INT. NOITE.
Fábia
e Marcela olham através de um vidro, um lindo bebê na incubadora.
FÁBIA
– Será
que o bebê nasceu com algum problema? Porque tá nessa incubadora.
MARCELA
– Não.
É só atividade de praxe.
FÁBIA
– Você
viu como Affonso e Pietro se olharam? Achei que o tempo fosse fechar
ali.
MARCELA
– A
essa hora eles devem estar colhendo sangue para o resultado do DNA.
Fábia
e Marcela vão caminhando pelo corredor em direção a saída.
FÁBIA
– Você
aposta em quem?
MARCELA
– Não
tenho a menor ideia.
As
duas riem.
CENA
38. HOSPITAL COPA D’OR. SALA DE EXAMES. INT. NOITE.
Affonso
e Pietro estão sentados, enquanto duas enfermeiras colhem seus
sangues. Um médico entra.
MÉDICO
– Esse
sangue é necessário para o teste de DNA da paternidade da criança,
até para ações legais de guarda e registro de nascimento. Ok?
PIETRO
– Demora
quantos dias pra sair o resultado?
MÉDICO
– Uma
semana, no máximo.
AFFONSO
– Doutor,
eu sei que uma paciente deu entrada ainda hoje baleada. O nome dela é
Anunciação Bragança. Sabe me dizer se posso visitá-la?
MÉDICO
– O
quadro dela é estável, foi tiro de raspão, vai ter alta dentro de
poucos dias. Mas o quarto dela está sob a proteção da polícia,
acho que ela matou alguém.
AFFONSO
– Eu
queria muito vê-la. Será que posso?
MÉDICO
– Vou
te ajudar.
CENA
39. HOSPITAL COPA D’OR. UTI. INT. NOITE.
Anunciação
está deitada na cama, dormindo algemada. Um policial está de pé,
anda pelo quarto. Pouco depois, o médico chega com Affonso.
MÉDICO
(ao policial) – É
uma visita para ela.
POLICIAL
– Ok!
Pode conversar.
MÉDICO
– Você
poderia esperar do lado de fora comigo, não acha?
POLICIAL
– Não
posso, mas vou aliviar só desta vez.
O
médico e o policial saem. Affonso se aproxima dela.
AFFONSO
– Você
nunca vai ter meu perdão. Tentou matar o meu filho, sua assassina.
Espero que apodreça atrás das grades. Esqueça que um dia me
conheceu, porque eu esquecerei quem você é.
Affonso
sai. Close up em Anunciação, que deixa escapar uma lágrima.
CENA
40. RIO DE JANEIRO. STOCK SHOTS. EXT. DIA.
SONOPLASTIA:
AQUELE ABRAÇO – GILBERTO GIL.
DIA
ENSOLARADO. Takes aéreos de diversas praias da zona sul do Rio, seu
contraste com as favelas. Último take na fachada de um prédio
pequeno e residencial em Copacabana.
MÚSICA
CESSA.
CENA
41. AP DE PATRICK. SALA. INT. DIA.
Fábia
e Patrick estão sentados conversando.
FÁBIA
– Tem certeza que
esse plano vai dar certo, Patrick?
PATRICK
– A Das Dores tem
me seguido em todas as redes sociais, tem tentado se aproximar. Vou
apelar pra uma conversa franca com ela, mas quero que a Marcela
esteja escondida ouvindo.
FÁBIA
– Sabe que não
vai ser fácil convencê-la, né?
PATRICK
– Se não der
certo, eu desisto. Dou o tão sonhado divórcio que ela quer.
FÁBIA
– Eu vou tentar.
Vou tentar porque sei que vocês se amam.
PATRICK
– Muito obrigado,
Fábia.
Em
Patrick, sorridente.
CENA
42. HOSPITAL COPA D’OR. LABORATÓRIO. INT. DIA.
Antônia,
Affonso e Pietro estão com um envelope em mãos.
AFFONSO
– Enfim vou saber
se o bebê é meu filho.
PIETRO
– Esses sete dias
demoraram uma eternidade para passar.
Antônia
se afasta deles e rasga o envelope dela. Os dois a olham com
surpresa.
AFFONSO
– Por que fez
isso?
ANTÔNIA
– Porque acho
injustiça apenas um de vocês ser o pai. Estão aí os dois rezando
para que o Benjamin seja filho de vocês. Imagina a frustração para
o que não for o pai biológico. Eu queria que vocês não abrissem,
que rasgassem também, que juntos criássemos o Benjamin.
PIETRO
– Como assim?
ANTÔNIA
– Eu queria que
os dois fossem pais do meu filho. Vocês dois foram importantes em
alguma fase da minha vida. E eu queria isso.
Affonso
se aproxima dela e rasga o envelope.
AFFONSO
– Eu topo!
Antônia
sorri e, em seguida, olha para Pietro, que rasga seu envelope também.
PIETRO
– Já tô doido
pra ver meu filhão em cima de uma prancha de surf.
Antônia
sorri, feliz.
CENA
43. AP DE PATRICK. SALA. INT. DIA.
Marcela
está diante de Patrick e Fábia.
MARCELA
(séria) – Eu não
devia estar aqui. Não tenho o que fazer aqui. Só vim porque você
insistiu demais, Fábia.
FÁBIA
– Calma, amiga. É
por uma boa causa.
PATRICK
– A Fábia já te
explicou tudo, não foi?
Marcela
olha séria para Patrick.
MARCELA
– Eu só quero
saber do divórcio.
PATRICK
– Ouve primeiro o
que a Das Dores vai me revelar e depois, se você quiser, eu te dou o
divórcio.
MARCELA
– Se essa é a
condição para eu me ver livre de você, eu topo.
Nesse
instante a campainha toca.
PATRICK
– Deve ser ela.
Se escondam.
Marcela
e Fábia se escondem atrás da parede. Patrick tira a camisa e atende
a porta. Das Dores o olha de cima a baixo e sorri maliciosamente.
PATRICK
– Entra, gata.
Das
Dores entra e Patrick fecha a porta.
DAS
DORES – Nem
acreditei quando você me ligou e me convidou para vir aqui.
PATRICK
– Te chamei pra
gente se divertir um pouquinho, o que acha?
DAS
DORES – Adorei a
ideia.
PATRICK
– Sabe que aquele
dia que a gente transou. Aquele dia que a boboca da Marcela flagrou a
gente, sabia que foi a minha melhor transa?
Das
Dores olha surpresa para ele.
PATRICK
– O que foi? Você
não gostou?
DAS
DORES – Você
deve estar alucinado. Nós não transamos.
PATRICK
– Como não? A
gente bebeu uísque, depois a Marcela nos flagrou nus.
DAS
DORES – Tudo que
eu mais queria era ter transado com você, Patrick. Aliás, ainda
quero.
PATRICK
– Eu também
quero. Quero muito me casar com você. Até dei entrada no divórcio.
Acho que só você me ama de verdade.
Das
Dores sorri.
DAS
DORES – E por que
estamos perdendo tempo? Bora se curtir no seu quarto.
PATRICK
– Se a gente não
transou aquele dia, como eu estava nu?
DAS
DORES – Eu
coloquei remédio na sua bebida. Você dormiu, tirei sua roupa, tirei
a minha e deitei ao seu lado. A Marcela flagrou aquilo tudo, pensou
se tratar de uma traição.
Patrick
sorri. Fábia e Marcela voltam à sala. Das Dores fica surpresa.
DAS
DORES – Marcela?
Você estava aqui?
MARCELA
– Como você foi
baixa, Das Dores. Aliás, você é baixa na mesma proporção que é
burra. Caiu num truque manjadíssimo.
DAS
DORES – Vocês se
merecem. Nojentos.
Das
Dores sai correndo.
Marcela
se aproxima de Patrick.
MARCELA
– Então o tempo
todo você estava dizendo a verdade. Como eu fui burra.
Patrick
abraça Marcela.
PATRICK
– Eu te amo. Só
fica comigo.
Marcela
e Patrick se olha, em seguida se beijam.
FÁBIA
– E eu de novo
segurando vela. Na outra vida eu devo ter sido um castiçal.
CENA
44. PRAIA DO LEBLON. CALÇADÃO. EXT. DIA
SONOPLASTIA:
O AMOR EM PAZ – IVETE SANGALO
Fábia
e Lu caminham de mãos dadas segurando um pequeno cachorro pela
coleira.
FÁBIA
(V.O) – Eu me
mudei pra um apartamento no Leblon com a Lu. Tratamos logo de
oficializar nossa união estável e tivemos um filho de quatro patas,
o Bob.
MÚSICA
CESSA.
CENA
45. MARACANÃ. CAMPO. EXT. DIA.
SONOPLASTIA:
UMA PARTIDA DE FUTEBOL – SKANK
Patrick
joga pelo time do Flamengo, que tem como adversário o Vasco da Gama.
A partida rola naquela disputa, até que Patrick recebe a bola na
grande área, vai levando, driblando vários jogadores da oposição
e faz um gol. Os torcedores na arquibancada vibram.
CORTA
PARA ARQUIBANCADA.
Marcela
com uma camisa do Flamengo vibra muito, aplaude, manda beijos para
Patrick, que corresponde.
MARCELA
(V.O) – Mais um
gol pra mim. Aliás, agora para dois. O Patrick ainda não sabe, mas
tem um pedacinho dele brotando dentro de mim.
MÚSICA
CESSA.
CENA
46. ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO. INT. DIA.
SONOPLASTIA:
AQUELE ABRAÇO – GILBERTO GIL.
Antônia
está uma cena, enquanto atrás das câmeras, Pietro e Affonso cuidam
de Benjamin, que sorri ao ver a mãe.
ANTÔNIA
(V.O) – A minha
vida ficou bem melhor com o Benjamin. É engraçado ver que o quanto
Affonso e Pietro se esforçam para serem bons pais. Mimam demais
aquele menino. Se eu tô com algum deles? Bem, talvez seja conversa
para outro dia... Não me leve a mal, hoje é Réveillon e eu só
quero encontrar minhas amigas.
MÚSICA
CESSA.
CENA
47. PRAIA DE COPACABANA. EXT. NOITE.
SONOPLASTIA:
DISTÚRBIA (RIHANNA).
CAM
AÉREA, passando por toda a areia da praia lotada de pessoas, a
maioria em trajes brancos.
CENA
48. CRISTO REDENTOR. EXT. NOITE.
Antônia,
Fábia e Marcela estão sozinhas e de costas para a CAM e olhando
para a imagem do Corcovado, todo iluminado.
FÁBIA
– Chegamos
até aqui, meninas. Nem acredito!
MARCELA
– A
gente passou por tanta coisa nesse ano.
ANTÔNIA
– Faltam
poucos minutos para o Réveillon. O que vocês vão pedir?
FÁBIA
– Eu
quero que a nossa amizade se perpetue.
MARCELA
– Um
pouquinho mais de sucesso não irá nos fazer mal, não é?!
As
três riem.
FÁBIA
– E
você, Antônia?
ANTÔNIA
– Eu
quero a sorte de um amor tranquilo.
Ouvimos
passos, que cada vez vão ficando mais fortes e próximos.
MARCELA
– Deve
ser o Tony com o champanhe pra brindar com a gente.
Elas
se viram e olham surpresas para Laura que está em posse de uma arma.
LAURA
– Pensaram
que eu tinha partido dessa, Garotas do Rio? Se enganaram feio.
Laura
olha para a CAM, pisca um olho.
Clima
de tensão no ar.
FADE
TO BLACK.
OUVIMOS
UM TIRO.
FADE
IN
CORTA
RÁPIDO PARA:
CENA
49. AP FÁBIA. QUARTO. INT. NOITE.
Fábia
acorda assustada, fica ofegante por alguns instantes. Olha para o
lado e vê Lu dormindo tranquilamente.
FÁBIA
(pra si) – Tô
precisando de uma reza forte.
Fábia
deita-se novamente e fecha os olhos.
CAM
vai desfocando de Fábia e se aproximando de um espelho, até que, de
repente reflete o rosto de Laura. A imagem congela.
Risadas
de Laura ecoam pelo ambiente.
autor
Wesley Alcântara
elenco
SIMONE SPOLADORE como Antônia
MARIA EDUARDA DE CARVALHO como Fábia
SHERON MENEZES como Marcela
ADRIANA GARAMBONE como Anunciação
ERIBERTO LEÃO como Affonso
MATHEUS NATCHERGAELE como Tony
elenco secundário
MALU GALLI como Laura
MALU GALLI como Laura
ALICE WEGMANN como Lu
AGATHA MOREIRA como Das Dores
RÔMULO ESTRELA como Pietro
THIAGO MARTINS como Patrick
MEL LISBOA como Mimi
LUKA como Donna
participação especial
TONY RAMOS como Mestre de Cerimônias
LAILA ZAID como Wanessa
músicas
Festa das Patroas - Marília Mendonça feat Maiara e Maraísa
Distúrbia - Rihanna
I go to Rio – Peter Allen
Empire state of mind (part II) Broken down - Alicia Keys
Na paz – Orlando Morais
Ela é carioca – Adriana Calcanhoto
How deep is your love – Calvin Harris & Disciples
Sorry – Justin Bieber
headlines – Spice Girls
Aquele abraço – Gilberto Gil
A cultura – Sabotage
produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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