0:00 min       RAÍZA 2ª TEMPORADA     SÉRIE
0:34:00 min    


WEBTVPLAY APRESENTA
RAÍZA 2


Série de
Cristina Ravela

Episódio 06 de 23
"Alucinação"



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FADE IN
CENA 1 TENDA [INT./MANHÃ]
Búzios são jogados na mesa. A câmera sobe e revela uma mulher morena, de meia-idade, roupas brancas e com uma expressão carrancuda.
MULHER: Você tem um grande segredo.
Raíza, debruçada sobre a mesa troca olhares com a mulher. Leva a cabeça para trás, enrijece os músculos e faz que dirá algo, mas receosa, não diz.
MULHER (cont.): Alguém vai revelar seu segredo.
RAÍZA: Não tenho segredos.
MULHER: Os búzios não mentem – A vidente aproxima o rosto da garota e a câmera fica entre as duas – Eles só dizem a verdade e avisam que o perigo está em toda parte.
RAÍZA: E quem é essa pessoa?
A vidente volta-se para trás, olha os búzios e torna a olhar para a cliente.
MULHER: Os búzios não mostram os dados...
Raíza revira os olhos, insatisfeita.
MULHER (cont.): Mas mostram que é um homem.
RAÍZA: Do meu convívio?
MULHER: Você irá saber...
A garota se levanta subitamente e irada.
RAÍZA: Não sei o que vim fazer aqui; Eu só queria saber do meu futuro e se uma vidente não sabe nem quem é o homem que, talvez saiba de algum segredo meu, então não tenho nada pra fazer aqui.
Ela faz que vai dar as costas quando a mulher toca seu braço, a garota se volta e a tal mulher, com a palma da mão esticada, assopra um pó em seus olhos.
[efeito câmera lenta]
O pó entra nos olhos de Raíza que, momentaneamente, ficam paralisados. A cena se focaliza entre as duas. O resto dos pequenos cristais do pó cai sobre sua roupa e, imediatamente...[fim do efeito] Raíza pisca os olhos e age como se não notasse nada.
RAÍZA: Eu não tenho mais nada pra fazer aqui.
A garota dá as costas e sai.
Close na expressão estranha da tal mulher.
CORTA PARA
CENA 2 ED. CIRANDA DE PEDRA – CORREDOR [INT./MANHÃ]
A nossa visão é turva. Paredes duplicadas, escadas que parecem sair do lugar. Raíza aparece na frente da câmera, bate contra a parede e percebemos que a visão turva é dela.
Ela caminha meio tonta e é empurrada contra a outra parede.
A câmera dá um giro rápido e mostra sua expressão desnorteada. Põe a mão na cabeça e corre pelas escadas. De repente, um vulto e a garota tropeça. Torna a subir quase que de quatro.
Corte rápido...
Do lado externo do apartamento, João, sentado na cadeira de rodas aguarda seu tio Josué encontrar a chave dentro do bolso. Assim que puxa a chave e abre, Josué arreganha a porta.
Nesse tempo, Raíza para na escada que conduz ao quarto andar, já espavorida. Vira-se para o corredor, vai de costas e acaba tropeçando e caindo sobre a cadeira de João. Com o impacto, a cadeira vira derrubando João.
JOSUÉ: Olha só o que você fez? Tá maluca?
Raíza, caída no chão, o olha de olhar perdido.
FADE OUT


2x06
ALUCINAÇÃO


FADE IN
CENA 3 FACHADA – ED. CIRANDA DE PEDRA [MANHÃ]
Corta para o interior do Aptº 403 – Sala
Josué está de braços cruzados ao lado de Rafaela. Bruno está sentado no sofá ao lado de Ari e Raíza está diante deles como se fosse a ré.
RAÍZA: Eu já disse que tropecei! Acho que isso acontece de vez em quando, não?
JOSUÉ: Você disse inicialmente que tinha alguém te seguindo.
Raíza olha para Rafaela que tem a cara de pau de lhe encarar como a esperar a resposta.
BRUNO (tentando desviar o assunto): E onde foi que você mal tomou café?
RAÍZA: Numa lan-house.
JOSUÉ (afoito): Ah, eu sabia! Ficou de papo com o Cael e voltou desnorteada da vida.
RAÍZA: Tio, eu falei lan-house e não L.A House. E ele também nem importa mais.
JOSUÉ: O Cael não importa mais?
RAÍZA: Eu tô falando da boate!
De repente, ela olha para o corredor e Ari e Rafaela fazem o mesmo.
RAÍZA (murmura): João...?
JOSUÉ: João? Ele tá na cama e a menos que alguém o ajude é que ele poderia estar aqui.
Raíza se mostra confusa. Ari estranha e Rafaela observa curiosa.
CORTA PARA
CENA 4 APTº 215 – QUARTO DE DANIEL [INT./MANHÃ]
Dcr passa a frente da câmera e vemos Daniel sentado à beira da cama.
DCR: Quer dizer que o senhor pretende voltar a trabalhar? Em quê?
DANIEL: Em uma cooperativa social para pessoas viciadas em drogas, álcool e aqueles que já tiveram passagem numa clínica psiquiátrica.
Dcr senta ao seu lado demonstrando insatisfação.
DCR: O senhor nunca esteve louco. Não me conformo que o único trabalho que pode ter seja esse de integração social.
DANIEL: Meu filho, as pessoas que estão lá querem mudar de vida. Pelo menos é um trabalho. A gente faz trabalhos artísticos, ajuda em doações e nos sentimos novamente integrados a sociedade.
DCR: O senhor vai é fazer de conta que não é um cidadão comum e vai correr o risco de surtar de verdade com aqueles que estão tentando se recuperar de um vício, isso sim.
DANIEL: Ah, mas se isso acontecer, pelo menos ninguém ficará chocado, né?
Ele ri, mas Dcr ainda mantém o semblante insatisfeito.
DCR: Eu queria que o senhor voltasse a trabalhar como corretor de imóveis. Seria o justo, já que o senhor não precisaria fazer parte dessas cooperativas.
DANIEL (brinca): Ué, quem sabe se eu me comportar direitinho eles acabam me encaminhando para um bom emprego?
DCR: Ah, pai!
Daniel ri e acaba conseguindo arrancar risos de Dcr. Pausa.
DANIEL: Mudando de assunto, sabe aqueles meus sonhos? (Dcr faz que sim) Tive de novo. Foi muito perturbador sabe?...Mas sei que era com alguém conhecido.
DCR (pensativo): Será que é com a Raíza?
Daniel faz ar de pensativo, desconfiado.
CORTA PARA
CENA 5 ED. CIRANDA DE PEDRA [EXT.]
Rafaela sai do prédio ajeitando a bolsa no ombro. A câmera foca seu rosto e quando ela se aproxima do portão, é surpreendida por Valentina que sustenta imensos óculos escuros. Rafaela leva um baita susto e Valentina a cerca.
VALENTINA (deboche): Como vai a babá de cadeirante?

RAFAELA: Valentina! Que susto hen...É sua nova função depois que levou um pé na bunda?

Valentina a encara com raiva.
VALENTINA (tentando manter a classe): Que expressão mais chula para uma doutora...
RAFAELA: Sou apenas estagiária, querida.
VALENTINA (olhando-a de cima / compassadamente): Estagiária de quinta categoria.
RAFAELA (bufa): O que 'cê' quer, hen?
Valentina retira os óculos e sorri forçadamente.
VALENTINA: Saber quanto você quer pra me devolver os dvd’s que você roubou.
RAFAELA: Hã? Que dvd’s?
VALENTINA (perdendo a calma): Não se faça de sonsa, garota! Você conseguiu acabar com meu namoro, o que tá querendo agora?
RAFAELA: 'Cê' tá maluca? (ela vai dando as costas) Perdeu o juízo depois que levou um fora...
Valentina trinca os dentes e puxa seus cabelos com força. Rafaela grita.
VALENTINA (trincando os dentes): 'Cê' vai perder uns dentes pra aprender a ser educada, sua vagabunda!
Rafaela vira enquanto Valentina segura seus cabelos...
VALENTINA: Sua bandidona, vaca maldita!
Rafaela lhe acerta um soco no estômago, mas Valentina se mantém. Rafaela está em vantagem; Empurra com a cabeça seu estômago e faz a inimiga bater de costas no muro.
VALENTINA: Agora que eu arrebento com a tua cara de vez!
Valentina levanta sua cabeça e lhe acerta um tapa.
RAFAELA: Sua ordinária!

Rafaela revida o tapa, empurra sua inimiga pro poste e as duas voltam a se engalfinhar.
Ouvimos um carro parar. Corte rápido para o carro. Cael sai dele surpreso com a cena.
CAEL: O QUE TÁ HAVENDO AQUI?
Cael puxa Rafaela e a protege dos ataques da ex-namorada. Rafaela ainda tenta acertá-la com chutes.
CAEL: CHEGA! (alguns curiosos aparecem da janela e da porta do prédio) O que você tá fazendo aqui, Valentina?
Valentina lacrimeja de ódio.
CAEL: Então, Valentina? Que palhaçada é essa em frente ao prédio onde a Raíza mora?
VALENTINA (cuspindo raiva): Você fica protegendo essa gentinha...Um dia um deles acaba com você!
Ela sai esbarrando em Cael, entra no carro e acelera.
Cael e Rafaela a veem partir. Depois eles se entreolham. Rafaela se mostra tensa.
CORTA PARA
CENA 6 APTº 403 – SALA [INT./MANHÃ]
Cael e Rafaela adentram e Josué fecha a porta.
JOSUÉ: Nossa! Você foi tão rápida, Rafaela.
Rafaela se volta, olha por instantes Cael.
RAFAELA: Eu nem sequer fui ver meu tio...
CAEL: A Valentina esteve aí embaixo e as duas brigaram.
JOSUÉ (estranhando): Não era com a Raíza que ela devia estar brigando?
Cael desvia o olhar, corado.
RAFAELA: Ela me culpa por ter enviado as fotos comprometedoras dela para Cael.
JOSUÉ: E não enviou?
Raíza surge na sala e todos se calam. Cael vai até ela e a beija na boca.
RAFAELA: Licença...Vou fazer meu trabalho.
Assim que ela passa um cartão cai de sua bolsa. Raíza pega e olha intrigada.
[POV de Raíza]
O cartão é da HDM com o nome de Marco e o seu telefone celular escrito à mão.
RAÍZA (tom revelador): Eu sabia que tinha o dedo dele nessa história. O que ‘cê’ faz com o cartão dele, garota?
Rafaela se volta apreensiva e Raíza lhe estende o cartão colocando a frente de seus olhos.
RAFAELA (aliviada/pega o cartão): Ah, meu pai...Você se lembra dele?
Raíza não entende e pega o cartão de volta.
RAÍZA (lendo): Fernando A. Mancini – Advogado cível.
RAFAELA: Não entendo o espanto. Você sempre soube que ele é advogado. Ainda que não ganhe muito com isso já que sempre defende pessoas pobres.
Raíza está absorta, entrega o cartão e todos percebem que ela não está bem.
CAEL: Raíza...Tudo bem?
Raíza, intrigada olha para Ari que surge na porta.
A cena se afasta e vemos que ela está dentro de um espelho. Imediatamente, o espelho reflete aquela mulher da tenda e Cipriano.
CIPRIANO: O show vai começar.
Ele olha para o lado e a câmera o acompanha. Marco está sentado numa cadeira e sorri de canto. O ambiente é a tenda onde Raíza esteve.
FADE TO BLACK
FADE IN
CENA 7 APTº 403 – QUARTO DE RAÍZA [INT./TARDE]
Ari penteia os cabelos de frente para o espelho. Raíza, uniformizada, adentra o quarto, apressada.
ARI: Vai chegar atrasada, menina.
Raíza procura por algo enquanto segura a chave de casa.
RAÍZA: Eu não sei onde deixei a cópia da chave.
ARI: Ué, pede pro seu pai. Ele tem sempre uma em algum lugar.
RAÍZA: Ah ele tá lá no quarto conversando com o meu tio. Se eu interrompo (ela faz um gesto de repressora) O seu Josué me passa sermão.
Ari observa algo pelo reflexo do espelho e se volta.
ARI: Ah Raíza! Tá brincando comigo né? Olha a chave aí na sua mão.
Raíza olha e a mostra.
RAÍZA: Do que 'cê' tá falando, garota? (ela para, encara a chave e olha para Ari envergonhada) Nossa...Cabeça minha...
ARI: Tá tudo bem, Raíza?
RAÍZA (demora um pouco pra responder): Sim...Tchau...
Raíza sai do quarto cabisbaixa.
Ari observa a camisa da amiga deixada sobre a cama. Há um pequeno brilho como se fosse purpurina. Aproxima e toca o pó. Close em sua expressão intrigada.
CORTA PARA
CENA 8 RUAS DA CIDADE
Raíza caminha até o ponto de ônibus com o fone de ouvido. Olha para trás, um ônibus passa, mas não é o que ela quer. Em seguida, ela vê um carro preto andar lentamente aparentando estar seguindo seus passos.
Raíza torna a caminhar, mas notamos que ela apressa o passo. Olha novamente e o carro continua no mesmo ritmo.
Raíza se mostra com medo, tira um lado do fone, olha para trás e passa a correr.
= = Trilha Incidental de Ação = =
Raíza corre pela calçada, esbarra nas pessoas, dá um giro, mas mantém a corrida. O carro acelera.
A garota consegue entrar num terreno baldio e escora no muro.
RAÍZA (murmurando quase sem fôlego): Tem alguém me seguindo...Tem alguém me seguindo...
Ela recupera o fôlego e olha de soslaio para a estrada. Corre pelo lado contrário e um carro preto acelera na mesma direção surpreendendo-a. Sensação de choque entre os dois.
Raíza apoia as mãos sobre o capô do carro em movimento, seus pés arranham o asfalto e o carro finalmente para.
[POV do motorista]
Raíza o encara sem se dar conta do que fez.
VOLTA À CENA
A porta do carro é aberta e Marco sai de lá em estado catatônico.
RAÍZA (lhe aponta o dedo): Então era você que me seguia, né? O que você quer? Anda! Diz!
Marco faz sinal para ela falar mais baixo e tenta lhe tocar o ombro. A garota lhe dá um safanão, arredia.
RAÍZA: Eu perdi o primeiro tempo do colégio por sua culpa! O que você quer? Quem é você?
Choque. Marco se mostra estupefato.
MARCO: Você não tá me reconhecendo? (Raíza franze as sobrancelhas não entendendo) Você está bem? Eu vi você correndo e vim atrás pra saber o porquê. Como você conseguiu fazer aquilo?
RAÍZA (ignora): Tinha alguém me seguindo e era você!
Marco tenta se aproximar.
MARCO: Raíza...Pra que eu ia querer te seguir se eu posso ir ao seu apartamento?
Raíza põe a mão na cabeça, confusa. Agora o olha com desprezo. Já o reconhece.
RAÍZA: O que você tá fazendo aqui? (ela olha ao redor)
MARCO: Você começou a correr e eu vim saber o que estava acontecendo.
Raíza não entende, está confusa, olha para os lados e o tal carro não está mais ali.
MARCO: Vem que eu te levo pro colégio.
A garota levanta o braço ignorando-o.
RAÍZA: Quando é que você vai entender que não dá pra nós dois(ela faz gestos apontando para ele e para ela seguidas vezes) termos uma relação amigável, hen? Foi você que quis assim!
Ela dá as costas e volta pelo caminho que percorreu.
Marco observa forçando a expressão de vitorioso.
CORTA PARA
CENA 9 APTº 403 – BANHEIRO [EXT.]
A porta é aberta e Ari sai ajeitando os cabelos. Ouvimos uma discussão e a câmera corre para o corredor oposto focando a porta do quarto de Bruno e Josué. As vozes são deles. Ari aparece na frente da tela curiosa.
Corta para o quarto
Josué se levanta da cama nervoso.
JOSUÉ: Eu não ponho defeito na Raíza; Eu apenas não fico passando a mão na cabeça dela o tempo todo.
BRUNO (sarcasmo): Assim como você faz com o João? (Josué abaixa a cabeça) Eu não passo a mão na cabeça dela, apenas tento entendê-la e defendê-la. Não estamos fazendo nada que outra pessoa não faria em nosso lugar.
Josué faz um sinal com o dedo na boca pra ele falar baixo.
Corta para o corredor
A expressão de Ari é de que ouviu algo a mais que não ouvimos. Ela caminha para trás, esbarra na rack do computador.
Corta para o quarto.
Josué faz sinal para que Bruno fique quieto, abre a porta rápido, mas não vê ninguém. Ele se volta.
JOSUÉ: Pensei que fosse alguém.
BRUNO: Depois é Raíza quem está com paranoia.
Josué caminha com as mãos nos bolsos da calça em direção à janela.
JOSUÉ: Não gosto de falar desse assunto. (ele para diante da janela e de costas para Bruno) A gente tinha combinado que esse assunto estaria morto.
BRUNO (O.S): Eu sei que você se sente culpado pela morte do nosso irmão, mas esconder certas coisas não tem feito bem a você.
JOSUÉ: Se uma coisa vem à tona, outras começam a aparecer. (ele se vira) E é melhor que isso não aconteça.
Ele torna a olhar pela janela e a câmera se aproxima.
[POV de Josué]

Ari passa correndo pela rua de terra sem olhar para trás.
Close na expressão de atento de Josué.
CORTA PARA
CENA 10 SORVETERIA [INT.]
Rafaela e João Batista estão tomando sorvete. Ele a olha de baixo, ar desconfiado. Ela percebe.
RAFAELA: O que foi?
JOÃO: To me lembrando de hoje cedo...(Rafaela faz que não entende) A Raíza (pausa) Por que ela disse saber que tinha o dedo do seu pai naquela história? Achei tão fora de contexto.
Rafaela demonstra desconforto.
RAFAELA: Também não entendi.
JOÃO: Parecia até que ela tivesse confundido com outra pessoa. (olha desconfiado) Será que isso explicaria a revolta dela?
Rafaela se inquieta e olha para algo fora da tela. Ela faz um sinal. João vê e não gosta.
É Dcr quem está do lado de fora da sorveteria e entra.
RAFAELA: Dcr! Deu uma escapadinha do serviço é?
DCR: Não, hoje a turma entra mais tarde. (ele cumprimenta João com a cabeça e este faz o mesmo forçadamente) Tudo bem contigo? A Raíza tá bem?
RAFAELA: Comigo tá bem e...A Raíza também...
JOÃO: Bem mal...
Dcr não entende. Rafaela tenta contornar a situação, mas não tem tempo; João é venenoso.
JOÃO: Hoje a Raíza anda estranha, viu. Chegou atordoada de manhã, agiu de uma maneira estranha com ela (aponta para Rafaela) fazendo interpretações descabidas. (sonso) Né não Rafaela?
Dcr parece receber um estalo divino. Close em sua expressão preocupada.
DCR: Eu tenho que ir agora...Tchau!
Dcr sai apressado deixando Rafaela cismada e João com aquela cara de quem não se importa.
CORTA PARA

CENA 11 RUAS DA CIDADE [TARDE]
A câmera move-se por entre as pessoas. Se esbarra, eles reclamam, outros correm apressados fazendo a câmera girar.
VOZES: Olha por onde anda, garota! / Presta atenção! / Cuidado aí!
A câmera adentra um beco e nesse instante, o ambiente começa a mudar. A cena revela Raíza com ar atordoado, a pessoa que esbarrava nos outros, parada sob efeito digital da mudança de ambiente.
Raíza está agora olhando para Josué em frente ao edifício.
JOSUÉ: O apartamento está hipotecado. Único jeito que achei para pagar minhas dívidas com você.
A sua frente está Marco com seu sorrisinho de deboche. Josué lhe entrega um envelope de papel pardo e Marco, olhando ao seu redor pega. Ao abrir ele pega de dentro alguns maços de dinheiro.
MARCO: Esse dinheiro deve pagar a cirurgia de João. (o encara) Mas você sabe que pode ter o apartamento de volta, não sabe?
O ambiente muda radicalmente e estamos no apartamento. Em primeira pessoa, Raíza vê João de pé ao lado de sua cadeira de rodas e de costas para ela. Ele se volta com ar de deboche.
JOÃO: Tá tudo bem contigo?
GAROTA (O.S): Tá tudo bem contigo?
Raíza se dá conta que está no beco e que uma garota lhe toca os ombros.
GAROTA: Tudo bem aí?
Raíza se limita a balançar a cabeça afirmativamente e apressa o passo. A garota fica ali sem entender nada.
CORTA PARA
CENA 12 APTº 403 [INT./TARDE]
A porta é aberta abruptamente por Raíza. Fecha apressada, joga a bolsa sobre o sofá e some no corredor que dá nos quartos.

Corta para o quarto de Bruno e Josué
Vemos cortes rápidos de cena. Armários sendo abertos, roupas no cabide sendo reviradas, gavetas sendo arrancadas num ritmo rápido e descontrolado.
Até que, de uma gaveta vemos uma pasta. Raíza abre e a cena focaliza o documento sendo de uma hipoteca. Sorri emocionada, mas seu vislumbre é interrompido com o barulho da porta da sala.
Raíza guarda imediatamente, fecha o armário e sai do quarto.
Corta para a SALA
Tanto João quanto Rafaela se surpreendem por ver Raíza em casa.
JOÃO: Meu tio vai gostar de saber que você matou aula, hen.
RAÍZA (lhe dá uma olhada mortal / grossa): Quer um empurrão pra você chegar mais rápido e, contar pra ele ou você dá conta de ir sozinho?
Clima. Raíza pega sua bolsa e volta para o corredor por onde saiu.
A tela se fecha na cara de estranheza de João e Rafaela.
FADE IN
CENA 13 FACHADA - COLÉGIO FRANÇA [ENTARDECER]
Corta para o interior – Corredor
Dcr está sentado, olha para o relógio impacientemente quando ouvimos o sinal tocar.
Um tempo depois, alunos começam a descer as escadas, Dcr se levanta e procura por alguém. No meio dos alunos surge Josué com a bolsa nos ombros. Dcr o intercepta.
JOSUÉ: Dcr? O que faz aqui?
DCR: Ahn...Eu vim esperar pela Raíza, será que ela demora a descer?
Os dois caminham em direção a secretaria.
JOSUÉ: Pra desgosto do pai dela ela faltou de novo. Deve tá querendo repetir o ano mais uma vez.
Ele entra na SECRETARIA e Dcr o segue.
JOSUÉ: Mas você não ligou pra ela? Será que não está com a Ari?
DCR: Não, não. E o celular da Raíza tá fora de área. (pausa) O João me disse que ela...Anda meio estranha.
JOSUÉ: E quando foi que ela nunca esteve?
Ele nota que falou demais e disfarça.
DCR: O João parecia assustado com o comportamento dela. O senhor não sabe de nada?
JOSUÉ: De fato...Ela parece meio desligada hoje desde que voltou da lan house. Devia ser umas 8 horas.
Dcr estranha.
DCR: 8 horas? Na Lan House? Impossível! (Josué não entende) A Lan só abre às 9.
Josué coloca as pastas dentro da bolsa, põe a mão na calça e retira a chave do carro.
JOSUÉ: Vamos pra casa agora!
Eles saem da frente da tela.
FADE OUT
FADE IN
CENA 14 APTº 403 [INT./NOITE]
A porta é aberta e Josué e Dcr adentram com ares preocupados. Ari levanta abismada e deixa o livro sobre o sofá. João observa aquela movimentação.
JOSUÉ: Cadê a Raíza?
Ari e João se entreolham.

ARI: Ela não tá bem, não...
Raíza surge no corredor com uma expressão ruim e anda na direção do tio apontando-lhe o dedo.
RAÍZA: Como teve coragem de fazer isso?
JOSUÉ (sem entender): Isso o quê?
RAÍZA: Sabe muito bem do que tô falando!
A porta é aberta e Bruno adentra, para e nota o clima péssimo.
BRUNO: Que reunião é essa?
Raíza corre em sua direção puxando-lhe os ombros.
RAÍZA: Pai, pai! (ela aponta e sua mão está trêmula) ele teve coragem de fazer isso com a gente, pai! Ele teve...Ele teve...
BRUNO: O quê? Não tô entendendo nada.
JOSUÉ: Calma, Raíza. Do que é que 'cê' tá falando?
RAÍZA (atordoada): O senhor hipotecou o apartamento e tá de conluio com o Marco!
Choque. Todos se entreolham. Josué engole a saliva, assustado. Bruno tem uma expressão de incrédulo.
BRUNO: Você fez isso, Josué?
JOSUÉ (nervoso): É claro que não! Essa garota pirou!
BRUNO: Olha como você fala dela hen!
JOÃO: Pelo amor de Deus, gente! Olha o escândalo!
Raíza larga o pai e vai com tudo na direção do primo. Se apoia na cadeira de rodas ficando de frente para João.
RAÍZA (seus olhos estão vermelhos): Você é outro que faz as coisas pelas costas! Anda! Levanta dessa cadeira! (ela sacode a cadeira) Você pode! Pare de fingir!
Josué segura Raíza pelas costas para contê-la e ela se mostra mais forte, soltando-se dele.
RAÍZA: Manda o João levantar, manda! (olha João) Aposto que o Marco sabe disso e não tá pagando droga de tratamento nenhum! Estão todos de conluio contra mim!
Ari está horrorizada e João se mostra preocupado. Raíza está irreconhecível.
JOSUÉ: Eu não tô ouvindo isso...
BRUNO: Raíza, calma...Que história é essa?
Raíza, alucinada, sai da sala e todos se mostram apreensivos.
Dcr olha para Ari com medo daquela situação. Raíza aparece em seguida com uma pasta e aponta para Josué.
RAÍZA: Aqui está! A hipoteca do apartamento! Vai dizer o que agora?
Josué faz que vai pegar, mas Bruno o faz primeiro. Abre, folheia e olha para Josué e Raíza que espera ansiosa pelo o que ele vai dizer.
BRUNO (fecha a pasta): Filha...
RAÍZA (agitada): Então? O senhor assinou sem saber pra o que era né? Não é?
BRUNO (preocupado): Raíza...(ele lhe entrega a pasta) Isso são apenas papeis do hospital. Documentos de quando João esteve internado...Só isso.
Raíza pega, sem acreditar, olha e fica mais irada.
RAÍZA (perturbada): Então? (ela balança a pasta) Isso é a hipoteca, a hipoteca desse apartamento! O senhor já sabia? Por que fez isso? É pra pagar o tratamento do João? Ele finge que não pode andar, ele finge!
Bruno se aproxima dela e toca seu rosto.
BRUNO: Filha, o que tá havendo contigo? Olhe bem esses papeis, veja que não se trata de hipoteca. O Josué não pode hipotecar sem a minha assinatura.
Josué passa a mão pelo rosto, cansado daquela maluquice.
JOSUÉ: Vamos parar com essa palhaçada? Diz logo, Raíza: O que você quer?
BRUNO: Será que você não vê que ela não tá bem?
JOSUÉ: A única coisa que tô vendo é que você mimou demais essa garota e deu nisso.
Raíza pega os papeis de volta, revoltada.
RAÍZA: Tá vendo isso aqui? Então para de fingir! (ela folheia alucinada) Tá aqui! Não adianta disfarçar.
JOSUÉ (pausadamente): Isso aí não é a hipoteca do apartamento! São os papeis do hospital, pelo amor de Deus!
RAÍZA: Ah, sim! Papeis da cirurgia do João que nem paralítico tá. Ou o senhor tá de conluio com ele, hen? A convivência com o Marco te fez aprender a ser fingido?
Josué não se segura e lhe dá um tapa causando espanto geral. Ela cai sobre o sofá e se levanta imediatamente.
RAÍZA: EU TE ODEIOOOOO!
Raíza tenta agredir o tio, mas Bruno e Dcr impedem.
BRUNO: Você não tinha esse direito!
JOSUÉ: Ela é sua filha e você não deu limites!
Dcr a segura firme.
DCR: Raíza, Raíza! Vamos conversar.
Raíza, atordoada, o encara.
RAÍZA: Eles querem me deixar louca, Dc. O documento é a hipoteca.
DCR (finge): Eu acredito, Raíza. Agora vem comigo. Quero conversar contigo.
Bruno vai soltando dela quando de repente, Raíza acerta o documento na cara de Josué. Ele demonstra raiva, mas se mantém quieto.
Ari e Dcr acompanham Raíza até a porta.
Josué encara Bruno reprovando-o no olhar.
CORTA PARA
CENA 15 EDIFÍCIO CIRANDA DE PEDRA [EXT./NOITE]
Raíza está de cabeça baixa, ar desorientado, absorto rente ao portão. Ari e Dcr estão ao seu lado preocupados.
DCR: Raíza, eu entendo que você não curte muito o seu tio...
RAÍZA: Ele hipotecou a droga do apartamento e vocês não querem ver. Você sabia disso né Ari? O tempo todo e eu fazendo papel de idiota como sempre!
ARI (tentando acalmá-la): Raíza, onde você foi essa manhã? O que andou tomando?
RAÍZA (se altera): Não muda de assunto! Meu tio hipotecou o apartamento pra pagar dívidas com o Marco e ninguém se move pra fazer nada! (ela toca os ombros de Ari) Você sabe que tenho razão né? Você sabe.
DCR: Raíza, eu vi o documento. Era do hospital mesmo.
ARI: Raíza, presta atenção: A realidade que você não é bem o que você vê, entende? (ar de cumplicidade) 'Cê' tá confundindo as coisas, entende?
Raíza olha para eles com raiva e vai se afastando. Dá uma corrida de volta ao prédio. Um cartão cai de seu bolso, Dcr se abaixa para pegar e observa.
DCR: Isso é um cartão de uma vidente.
ARI: Dcr, eu acho que sei o que tá havendo...
CORTA PARA
CENA 16 APTº 403 – QUARTO DE BRUNO E JOSUÉ [INT]
A cena inicia com uma discussão entre irmãos.
JOSUÉ: Já pedi pra não colocá-lo no meio, já pedi!
BRUNO: Mas é justamente isso que falta! Colocá-lo no meio. Você tá precisando se ocupar mais pra parar de implicar com a Raíza.
JOSUÉ: Alguém precisa pôr rédeas nessa menina, Bruno! Você viu do que ela me acusou? Viu o que ela fez com o João?
BRUNO: Ela não tá bem e não é com violência que se resolvem as coisas. Você não é mais o mesmo desde o acidente do João quando a acusou de uma coisa sem ter provas. Agora ela faz o mesmo contigo.
JOSUÉ: Com uma diferença: Eu não tô drogado que nem sua filha!
Bruno lhe acerta um soco. Josué se volta e sangue escorre pelo canto da sua boca.
BRUNO: Cansei de te ver agindo como inimigo dela...
Corta para o corredor. Raíza chega esbaforida com uma faca na mão e para ao ouvir a discussão.
BRUNO (O.S): Todo mundo vai saber esse segredo antes que as coisas fiquem piores do que hoje.
Raíza, assustada, abre a porta violentamente.
RAÍZA: EU SABIA! (ela aponta a faca ao léu) BEM QUE AQUELA MULHER ME DISSE! O SENHOR VAI CONTAR MEU SEGREDO!
BRUNO (se desvia da faca): Não, Raíza...
RAÍZA: Eu não posso mais contar com vocês!
A garota sai em disparada. João aparece da porta do quarto sem saber o que houve.
JOÃO: Aonde ela vai com essa faca?
CORTA PARA
CENA 17 ED. CIRANDA DE PEDRA [EXT]
Raíza avista Ari e Dcr conversando no portão. Em sua alucinação ela acaba ouvindo coisas.
ARI (perversa): A Raíza tá louca...Temos que acabar com ela antes que ela acabe com a gente...
DCR: Conte comigo.
RAÍZA: (Trinca os dentes) ‘Cês’ não vão conseguir...(grita) ‘Cês’ não vão conseguir!

Ari e Dcr não entendem. Raíza passa zampada por eles que desviam imediatamente quando avistam a faca em sua mão.
ARI: Raíza, a gente precisa conversar...
Raíza não dá ouvidos e continua a correr.
Bruno desce as escadas rapidamente e chega no portão. Para ao ver a filha sumir na estrada.
DCR: Seu Bruno, a Raíza esteve num desses lugares que preveem o futuro...
ARI: E eu encontrei um pó na roupa dela...
BRUNO (se precipita): Meu Deus! Ela se drogou?
ARI: Não exatamente. A drogaram.
Bruno não entende, se mostra desesperado.
DCR: Ari mandou analisar a amostra que encontrou e descobriu que era Mescalina, um alucinógeno poderoso. E o pior...(Bruno espera ansioso) no ápice da loucura ela pode matar ou acabar se ferindo.
BRUNO: Nós temos que alcançá-la! Vou pegar meu carro.
Eles correm e somem da tela.
CORTA PARA

CENA 18 FACHADA – MANSÃO DE CAEL [NOITE]
Corta para seu interior – SALA
Cael digita num laptop. A câmera revela ao fundo a chegada de Marco.
MARCO: Tentei te ligar e não conseguia.
CAEL (sem tirar os olhos do monitor): Meu celular tem identificador de chamadas...
Marco se aproxima e Cael fecha o laptop.
MARCO: Eu vim fazer o favor de te avisar sobre a Raíza...
Cael se levanta com cara de poucos amigos.
CAEL: O que tem ela?
Marco sorri debochado e leva as mãos pedindo calma.
MARCO: Eu a vi correndo desesperada pelas ruas como se tivesse fugindo de alguém. Daí...Quando me aproximei ela simplesmente não me reconheceu.
CAEL: O quê? Que invenção é essa agora?
MARCO: Eu não viria até aqui pra inventar essa história, não?
CAEL: Eu acho bom você parar de implicar com ela. Por que só falta isso pra você perder essa liberdade mal aproveitada.
Marco ajeita seu paletó encarando-o.
Corta para o exterior da mansão.
Raíza vem correndo ao longe e se aproxima do portão. Para, esbaforida, olhos vermelhos, suor escorre.
Volta para o interior da mansão.
Um envelope dado a alguém preenche a tela. Marco segura, abre e puxa um dvd. A câmera sobe mostrando a cara de Marco como a esperar por aquilo.
MARCO (deboche): Algum vídeo caseiro seu mostrando sua arte empresarial?
CAEL: Você mente sobre seus sentimentos. Assista e veja que você soa ridículo falando dela.
Marco guarda o dvd de volta ao envelope.
MARCO (disfarça): Não sei do que você está falando e nem me interessa (ele devolve o envelope).
Nesse momento, entre os dois, Raíza aparece ao fundo.
[POV de Raíza]
Cael olha Raíza enquanto está com a mão estendida para pegar o envelope e Marco faz o mesmo para devolver.
Raíza se aproxima rapidamente e aponta transtornada.
RAÍZA: Então é assim? Eu te entrego os dvd’s e você os devolve a ele? Você nunca vai querer ferrar com seu irmão, nunca!
CAEL: Não, Raíza, você entendeu mal...
RAÍZA (voz alta): Eu pensei que poderia contar contigo...Mas você é outro que não tá nem aí pra mim!
Dois seguranças aparecem e seguram seu braço. Cael faz sinal para eles se afastarem e faz que vai se aproximar dela. Ela recua e puxa a faca de dentro da calça. Cael se assusta, mas impede que os seguranças façam algo.
RAÍZA: Não chega perto! Não chega perto!
CAEL: Raíza, pelo amor de Deus...O que tá havendo?
MARCO: Ela pelo menos te reconhece...
Cael ignora.
CAEL: Raíza, escuta...Eu só estava mostrando o dvd a ele, nada mais que isso...
RAÍZA (olhar ao léu): Ele já voltou a morar aqui(faz sinal com o dedo indicador pra baixo repetidas vezes) Aqui! Aqui! Aqui! daqui a pouco estará na boate também!
CAEL: Não, ele não mora mais aqui!
Raíza cerra os lábios trêmulos e o encara sem entender.
RAÍZA: Ele quem?
Cael para, olha para Marco que coça a nuca. Raíza, de repente, tampa os ouvidos e ouvimos vozes masculinas e femininas sobrepondo-se que somente ela escuta.
VOZES:
“Ele vai acabar com você / Descobriram seu segredo / Ele está do lado do irmão / A hipoteca do apartamento / Seu fim está próximo...”.
RAÍZA: Não! Não!
Ela corre e sai da mansão.
CAEL (desesperado): Raíza!
CORTA PARA
CENA 19 CARRO – Exterior [NOITE]
Vemos um carro vir de frente e passar pela tela.
Corta para seu interior.
Bruno dirige afoito ao lado de Dcr. Logo atrás está Ari atenta. Ouvimos um celular tocar.
BRUNO: Atende pra mim, Dcr?
Dcr pega de dentro de sua camisa e verifica o visor.
DCR: É seu irmão. (atende) Seu Josué? Ela apareceu? (pausa) Como? (ele olha para Bruno que quer saber o que há) Ele disse que ela fez isso? Meu Deus! (pausa) Ok, mais gente procurando fica melhor. Qualquer coisa a gente retorna.
BRUNO: O que houve?
DCR: Ela esteve com Cael. Fez acusações, ameaçou com a faca, depois não o reconheceu e fugiu.
ARI: Se a gente não encontrá-la logo ela chega ao ápice da loucura e pode...
Dcr a encara tentando impedi-la de dizer.
BRUNO (entende): Eu não vou perdê-la pra uma droga de alucinógeno!
Close na expressão de medo de Dcr.
CORTA PARA
CENA 20 RUAS DA CIDADE
Raíza aparece na frente da câmera e logo a vemos de costas. Ela está no meio da estrada, segura firme a faca, vacila o andar, cansada e para. A cena corre a sua volta enquanto ela está de olhos fixos ao léu e ar sofrido. Ouvimos as tais vozes, dessa vez acompanhada de cenas que Raíza vê como visão do futuro.
VOZES:
“Ele vai acabar com você...”.
Vemos Cael apontar uma arma em direção da tela.
CORTE RÁPIDO
“Descobriram seu segredo”.
Dcr, diante de uma parede, olha Raíza sorridente.
DCR: Como você consegue guardar um segredo desse?
CORTE RÁPIDO
“Ele está do lado do irmão”.
Cael encara Raíza com pesar.
CAEL: Talvez ele só precise de alguém como você.
CORTE RÁPIDO
“A hipoteca do apartamento”.
Josué segura uma pasta e apresenta a Bruno em tom de raiva.
JOSUÉ: Alguém tinha que pagar a cirurgia do João enquanto você acobertava a Raíza!
CORTE RÁPIDO
“Seu fim está próximo...”.
Várias cenas rápidas e sem nexo mostrando carros se colidindo, explosões, cemitério e algumas pessoas de preto. Close em Josué segurando uma rosa e olhando para alguém de frente.
JOSUÉ: Um poder maldito que não serviu pra nada!
...E imediatamente a lápide com a inscrição: Aqui Jaz Raíza Maciel Ferraz.
Todas as cenas transcorrem rapidamente e volta em Raíza como se recebesse um baque.
RAÍZA: Eu tenho que tirar essa porcaria daqui!

Ela olha seu pulso esquerdo e no impulso, corta, grita e, nesse momento, alterna entre ela e Cipriano em sua casa.
Cipriano toca os pulsos, grita e demonstra dor.
Raíza para de gritar. Sua expressão é de dor também. Ela vacila os passos, deixa a faca cair, e vai pendendo o corpo para frente.
Cipriano faz o mesmo e cai no chão inconsciente.
Raíza está caída inconsciente.
Um toyota se aproxima e para. A porta é aberta de ambos os lados e a cena de sangue esparramada pelo chão horroriza até mesmo Marco. Os dois correm naquela direção.
CAEL (toca a namorada): Raíza! Raíza!
Marco saca o celular do bolso da calça e se afasta.
A expressão de Cael é de perda.
FADE OUT

FADE IN
CENA 21 FACHADA - HOSPITAL CENTRAL [NOITE]

Ouvimos som de sirene.
Corta para seu interior – QUARTO
A porta é aberta e Bruno entra. Cumprimenta o médico sentado ao lado da cama onde se encontra Raíza dormindo e com o pulso enfaixado. O médico levanta com o prontuário em mãos.
BRUNO: Como ela está, doutor?
O médico faz aquela cara de suspense.
MÉDICO: Não foi encontrada nenhuma substância tóxica no organismo, nem por inalação.
BRUNO: Então?
MÉDICO: Os efeitos alucinógenos são claros, mas o que ela ingeriu é algo que passou invisível pra nós. Mas creio que ela ficará bem. É só não ingerir mais.
BRUNO: Então...Sem sequelas?
MÉDICO: Talvez ela se esqueça de algumas coisas, mas...Talvez seja melhor assim.
O médico sorri, bate levemente em seu ombro e sai deixando Bruno pensativo.
CORTA PARA
CENA 22 CORREDOR – HOSPITAL CENTRAL [NOITE]
Bruno surge coçando a testa com o polegar. Cael se levanta da cadeira preocupado. Marco, próximo dali, mãos nos bolsos da calça, observa.
CAEL: Como ela tá? Posso vê-la?
BRUNO: Sim...Não foi encontrada nenhuma substância tóxica nela, mas ficou claro que era alucinógeno...Mas ela ficará bem.
CAEL: Você não parece confiante.
Bruno hesita, desvia o olhar e deixa Cael abismado.
BRUNO: Obrigado por ajudá-la(pausa) Vai lá vê-la. Ela vai gostar.
Cael abaixa a cabeça e sai.
Dcr vem desajeitado desviando das pessoas seguido de Ari.
DCR: Seu Bruno! A Raíza...A Raíza tá bem, né?
BRUNO: Na medida do possível.
DCR: Seu Bruno, as minhas suspeitas estavam certas. A falsa vidente confessou a polícia que enfeitiçava os clientes para que eles pagassem mais pela consulta.
ARI: Ela garante que ela própria fabricou a poção.
BRUNO: Isso me deixa mais aliviado. (ele olha cúmplice para Ari) Eu estava achando que era pessoal...

A imagem de Marco atento aparece ao fundo. E sai em seguida.
CORTA PARA
CENA 23 QUARTO
A câmera focaliza mãos juntas de duas pessoas sobre a cama. A cena sobe e mostra o rosto complacente de Cael olhando para Raíza.
CAEL: Você se lembra de alguma coisa?
RAÍZA (hesita): Eu...Eu lembro de ter visto você entregando os dvd’s para Marco. Mas não lembro bem o que falei.
CAEL: Eu não estava entregando.
RAÍZA (interrompe): Eu sei. Você não faria isso, né?
Os dois ficam se olhando e ele nota sua inquietude e seu jeito arredio.
CAEL: Você podia ter morrido. Às vezes parece que todos estão contra você.
RAÍZA: É isso que temo...Que todos (ênfase) estejam contra mim.
Ela se fixa nele lembrando-se das últimas visões que teve.
CORTA PARA
CENA 24 CASA Nº 37 [EXT./NOITE]
A porta é aberta. Cipriano atende com aparência pálida e olheiras assustando Marco.
CIPRIANO: O que você quer?
Marco vai entrando sem cerimônia.
MARCO: Parece que não foi só a Raíza que esteve mal. O que aconteceu contigo?
Cipriano fecha a porta, mal encarado.
CIPRIANO: Acho que foi algo que comi. Mas você não veio aqui pra isso.
Marco lhe dá uma olhada, uma conferida no visual e vê seu pulso vermelho como se tivesse sido queimado. Cipriano percebe.
CIPRIANO: Foi tentando fazer um chá...
Marco finge que acredita.
MARCO: Aquela mulher foi pega. Dcr tem grande apreço pela Raíza mesmo. Ele e Ari trataram de colocar a mulher atrás das grades.
CIPRIANO (irônico): Tocante essa relação entre eles. Você está aqui por medo dela falar?
Marco nada diz esperando que ele o faça.
CIPRIANO: Não vamos nos preocupar com isso...Você já conseguiu o que queria, não? A loucura passageira de Raíza será seu trunfo permanente amanhã.

Marco sorri e logo muda a expressão para uma séria.
CORTA PARA
CENA 25 FACHADA – HOSPITAL CENTRAL [NOITE]
Corta para o interior do quarto
Close na porta. Ouvimos uma batida para, em seguida, a porta abrir e Josué entrar. Ele sorri sem graça, fecha a porta e vai vacilando o andar.
RAÍZA (sarcástica): Deixou o João sozinho?
Josué parece que vai dar um fora, porém se contém.
JOSUÉ: O seu pai ficou com ele.
Ele se aproxima da cama e senta na beirada, ressabiado.
JOSUÉ: Você hoje estava impossível...E...E eu sei que não foi por querer. (pausa) Eu não queria ter dado aquele tapa. Eu...
RAÍZA (interrompe / indiferente): O que quer dizer com isso?
Josué se mostra relutante.
JOSUÉ: Me desculpa?
Close na feição de Raíza que mescla raiva e tranquilidade.
RAÍZA: Parece que tô revivendo aqueles tempos em que eu tinha um tio que se importava comigo.
Josué, relutando o máximo que pode, toca a mão da sobrinha.
A mão dela está inerte quanto àquele toque, para logo depois, corresponder. Close nas mãos deles. Ele sorri um sorriso forçado; Ela nem tenta.
FUSÃO PARA
CENA 26 APTº 215 [INT./NOITE]
O cartão da vidente preenche a tela.
DANIEL (O.S): Ficou impressionado com algo que ela disse?
Vemos que é Dcr, sentado, quem segura o cartão.
DCR: O senhor sabe que antes de prendê-la tive que servir de isca, né?
Daniel faz que sim.
DCR (cont.): Ela me disse que irei perder uma pessoa que amo.
Daniel toca seu ombro e sorri.
DANIEL: Eu não pretendo te deixar tão cedo.

Os dois sorriem, mas Dcr se mantém inquieto.
DCR: Raíza disse não se lembrar o que foi dito a ela, mas será que ela não se lembra mesmo ou não quis dizer?
DANIEL: A substância que deram para ela foi muito forte e não foi nem detectada pelos médicos.
Dcr abaixa a cabeça e logo levanta como a receber um daqueles estalos divinos.
DCR: Peraí...
DANIEL (franze as sobrancelhas): O que foi?
Dcr se levanta, anda até a porta e se volta num ar misterioso.
DCR: Fiquei tanto tempo pensando na mistura do álcool com remédios naturais ou não que podem causar alucinações que acabei não pensando no óbvio.
Daniel absorve a informação quieto como a avaliar e a concordar.
DCR (cont.): As drogas. Muitas delas vêm de plantas que causam alucinação. Raíza se comportou como louca sem ser!
Daniel entende de imediato e há um certo horror em seu semblante quanto a conclusão que chegou. Dcr se referia a ele também.
CORTA PARA
CENA 27 APTº 403 [INT./NOITE]
Josué chega da porta do quarto e observa Bruno ajeitando umas roupas dentro de uma pequena mala.
JOSUÉ: Parece que vai viajar e você só vai passar a noite no hospital.
Bruno se vira.
BRUNO: Ah, você fez o certo?

Josué põe as mãos nos bolsos da calça e caminha cabisbaixo para dentro do quarto.
JOSUÉ: Se quer saber se pedi desculpas, sim.
BRUNO: Era o mínimo que você podia ter feito. Que isso não se repita.
JOSUÉ: Eu já pedi desculpas pra você também, mas até agora ninguém fez o mesmo comigo. Tá mais do que claro que Raíza viu coisas as quais temia. Produto da imaginação dela.
BRUNO (solta os ombros): Mas você não acredita nela nem quando ela está lúcida. Não sei o que pensar, não sei mesmo.
JOSUÉ: Eu errei, mas não sou o único. Essa é uma coisa que você nunca vai ouvir do Marco, apesar dele até se esforçar.
BRUNO: Não dá pra comparar vocês dois, né?
Bate um silêncio. Josué faz um sinal com as mãos esperando uma reação dele.
Bruno hesita.
BRUNO: Me desculpa também. Eu acho que a gente anda se excedendo um pouco.
Josué assente. Os dois acabam por se abraçar.


= = Tocando: Addicted – Enrique Iglesias = =
A câmera gira em torno dos dois e para na feição séria de Josué.
FUSÃO PARA
MANSÃO DE CAEL [NOITE]
À luz da penumbra, o rosto de Cael é iluminado na janela. Seu olhar é vago como a pensar em algo perturbador.
FLASHBACK:
RAÍZA: [...]Você nunca vai querer ferrar com seu irmão, nunca!
FIM DO FLASHBACK
Cael pende a cabeça para o lado triste, e toma um gole da bebida.
CAEL (murmura): Eu já ferrei, Raíza...
FUSÃO PARA
APTº 30 [INT./NOITE]
Vemos Marco de costas apoiando com as mãos a marquise da janela. Em uma delas há um cigarro e na janela há um cinzeiro. A câmera vai se aproximando e dá um close em sua expressão pensativa.
FLASHBACK EM VOZ:
RAÍZA (V.O): Quando é que você vai entender que não dá pra nós dois termos uma relação amigável, hen? Foi você que quis assim!
FIM DO FLASHBACK
Marco retira as mãos da marquise, olha para seu cigarro com ar cansado e o apaga no cinzeiro.
FUSÃO PARA
APTº 403 – QUARTO [INT./NOITE]
Josué entra afobado, fecha a porta e vai em direção à gaveta da cômoda. Abre e pega uma chave com detalhe vermelho.
A câmera só focaliza sua mão onde se encontra a chave. Ele abre a porta do guarda-roupa, se agacha, coloca a mão por dentro de uma abertura abaixo da gaveta e puxa uma caixa de madeira.
Usa a chave nela e, ao abrir, vemos uma pasta. Josué pega e vira a capa. O documento visualizado é a hipoteca do apartamento.
A cena sobe e mostra o ar aliviado de Josué.
FADE TO BLACK.
= FIM DO EPISÓDIO =
Série escrita por:
Cristina Ravela
Elenco:
Raíza (Maria Flor)
João Batista (Caio Blat)
Bruno (Juan Alba)
Josué (Caco Ciocler)
Cael (Michael Rosenbaum)
Marco (Pierre Kiwitt)
Valentina (Alinne Moraes)
Rafaela (Fernanda Vasconcellos)
Ari (Nathália Dill)
Dcr (Aaron Ashmore)
Cipriano (Thiago Rodrigues)

Participação Especial:

Daniel (Zé Carlos Machado)

Trilha Sonora:
Addicted (Enrique Iglesias)

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