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TESTEMUNHA DE UM CRIME NOVELA
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WEBTVPLAY APRESENTA
TESTEMUNHA DE UM CRIME
Novela
de
Luiz Gustavo
Capítulo 01 de 30
© 2020, Webtvplay.
Todos os direitos reservados.
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CAPÍTULO 01
David,
querido, sua mãe infelizmente está morta.
Aquele
certamente foi o pior momento da minha vida, 16 de outubro de 2003, o dia do
meu aniversário de sete anos de idade, eu assisti tudo pela TV, mas só pude
acreditar quando a babá me disse. Ainda era pequeno, no entanto entendia
tudo que estava ocorrendo, sabia que nunca mais ia sentir os braços dela, o
aconchego e o seu perfume de baunilha. Os noticiários davam total atenção ao
assalto no Banco Central de São Paulo, 45 milhões de reais furtados,
diversas vítimas feridas e apenas duas mortes: Hugo Santos, faxineiro do
prédio e a minha mãe, Maitê Fernandes, uma excelente estilista e a grande
revelação da moda no Brasil daquele ano. Os bandidos nunca foram
encontrados, o assassino Junior Brandão, continua solto, sem dar a mínima
importância pelo sangue que derramou e pelos milhares de crimes cometidos,
mas um dia eu vou olhar nos olhos deste homem e descontar tudo com a mesma
moeda. Curativo nenhum tampa o buraco da dor, ao menos o tempo consegue
cicatrizar as feridas. Desde então nunca mais comemorei o meu aniversário,
no dia apenas me recordo do luto.
O
alarme do celular começa a tocar ás 05h45min, mas parece não surtir efeito,
David Assunção Fernandes continua dormindo feito uma pedra. Talvez tenha
perdido o costume de acordar cedo por causa das férias escolares de verão.
Ele está embrulhado em um edredom em todo corpo, devido ao frio matutino,
mesmo assim prossegue batendo os queixos, por causa do ventilador de teto
que permanece ligado. Ele se vira rapidamente e abre os olhos castanhos,
fitando o teto branco, pega o Iphone 4s do pavimento de madeira maciça,
ainda é cedo: 06h03min. Desbloqueia a tela do aparelho e verifica se tem
alguma mensagem no WhatsApp, nenhuma nova.
David
levanta da cama, caminha para o banheiro da suíte e escova os dentes,
voltando para ao compartimento anterior. Acima da escrivaninha do computador
existem diversas colagens de jornais sobre o assalto no Banco Central de São
Paulo e a ficha completa criminal de Junior Brandão, o homem mais procurado
do Brasil, mesmo assim as informações eram poucas e sucintas, como se ele se
escondesse o tempo todo dentro de uma cúpula.
O
adolescente abre uma das seis portas do guarda roupa de mogno de quase dois
metros de altura e retira o uniforme azul e branco, com o nome do colégio
estampado, José Vieira de Moraes, vestindo sem pressa e coloca o par de
tênis. Passa a mão no cabelo, está cortado na máquina dois e bate duas vezes
uma colônia masculina no pescoço moreno.
Ele desce as
escadas do segundo andar, indo à cozinha comendo um pedaço de bolo de
chocolate que estava no forno e toma um copo de leite quente, deixando as
louças na pia, posteriormente tranca a residência e começa a caminhada, até
chegar ao colégio estadual, depois de cerca de vinte e cinco minutos
andando.
O garoto
enxerga de longe uma multidão de alunos, pessoas de diversas etnias, cores
de pele e cabelos, andando em grupos como se fossem tribos. Os novatos
recém-chegados do ensino fundamental, quietos num cantinho da parede,
certamente estudaram no Padre Francisco João de Azevedo, a escola pública
mais próxima, cerca de quinze minutos de caminhada. David é um veterano, que
se encontra em um dos primeiros na lista de chamada no 3° A, se aproxima do
portão, onde aguarda
o
horário de
entrada dos alunos e avista o seu grupo de amigos que se aproxima.
-
Infelizmente, você caiu em uma sala diferente, David. – Lamenta Jefferson,
um rapaz gordinho de cabelos escuros e cacheados, usando um casaco preto, ao
iniciar a conversa que gera risos entre eles.
- Não vou mais copiar as lições de matemática do Google. – David ironiza,
olhando para o outro amigo, Matheus, que tinha ganhado este apelido devido a
sua inteligência. Matheus é branco dos olhos verdes e o mais magro do "trio
parada dura", que se conheceram na quarta série em uma escola da prefeitura,
o Centro Educacional Unificado da Cidade Dutra.
- Mas tem um lado bom nisso cara.
- Qual?
- Andressa Yamashita, a japonesinha que te conquistou.
David deu um
leve sorriso malicioso e tímido nos cantos lábios, ao saber que a garota que
está apaixonado caiu justamente na mesma sala que a sua, ela é a primeira na
lista de chamada, a dona do seu coração e também, por ironia da vida, sua
vizinha de rua. O portão de ferro azul é aberto, os alunos descem uma
extensa escadaria que liga ao pátio, a aula demora mais de uma hora para
começar, enquanto isso David conversava com os amigos.
- Brother. Podemos ir à sua casa hoje de noite jogar?
- Não. – David responde. – Eu tenho que sair com meu pai e arrumar umas
coisas, ele disse que tem um presente para mim.
O barulho
irritante do sinal inicia e para depois de dez segundos, quando a
coordenadora de sala mal-encarada, coloca nas paredes os horários de aula do
dia.
Jefferson olha para os amigos e brinca.
- Essa mulher parece a Carminha de Avenida Brasil.
- Igualzinha. – Matheus sorri. – Sorte na aula de português mano, tomara que
não pegue aquela velha do ano passado.
- Rezo por isso, Google.
Enquanto os amigos continuam no pátio, David sobe as escadas, indo para o
segundo andar e depois o terceiro, termina o percurso chegando ao fundo do
corredor, na sala 18, onde divisa alguns rostos conhecidos e outros nem
tanto, a professora abre a sala, não é aquela do ano passado e sim uma mais
nova e bem mais simpática. Ele se acomoda na penúltima carteira da primeira
fileira perto da janela, Andressa é a última a chegar e senta-se na frente
da segunda fileira, sozinha. As salas do colégio eram parecidas umas com as
outras, azul e branco, a cor do uniforme dos alunos e nas prateleiras
antigas de alumínio, os livros escolares. Em seguida os alunos começam a se
apresentar e dizer o que pretende do futuro, David afirma que continua
indeciso sobre tudo, mas a professora Maria manda-lhe um recado:
- Nem todo
mundo sabe o que deseja David, com o tempo você acaba descobrindo o seu dom,
o meu é educar, uns é de cantar, outros atuar, de vadiar e por aí vai, todo
mundo tem o seu.
- Uma hora eu descubro o meu. – David responde.
- Exato.
A próxima a
se apresentar foi Andressa, que deseja ser uma perita científica, os dois já
estudaram juntos nos anos anteriores do ensino médio, mas pouco se falavam,
apenas o básico. Assim que o sinal tocou novamente, David é chamado pela
professora, após todo mundo sair.
- Temos algo em comum. – Maria certifica.
- Você também está lendo Sob a Redoma do Stephen King?
Ele avista o
livro em cima da mesa.
- Também, é referente ao assalto no banco em 2003, nós dois fomos vítimas,
perdemos pessoas que amamos.
- Como assim?
David faz uma cara de desentendido.
- Hugo Santos, o faxineiro, era o meu irmão.
Os olhos de
Maria começaram a marejar, ela pega uma foto de dentro do Diário dos
Professores, mostrando ao aluno.
- Eu até hoje quero me vingar deste homem, Junior Brandão.
- Também professora. Ele destruiu a vida de várias pessoas.
- Uma vez o enxerguei em Niterói, mas o perdi de vista, se tivesse outra
chance, sabe Deus o que eu ia fazer.
Eles se
olharam fixamente e deram um sorriso confortante, como se fossem abraçados
sem nem sentir o toque um do outro. A coincidência deixa David estimulado,
logo depois se retira da sala e encara Andressa Yamashita, que estava do
lado de fora escutando a conversa.
- Eu estava
te esperando. – Ela justifica.
- Sei...
- Mas acabei ouvindo o diálogo de vocês, sou humana.
- Que doido,
né?
- O mundo é cheio dessas reviravoltas.
Andressa
está usando o uniforme do colégio e um casaco rosa escuro, segurando a bolsa
pelos ombros. Os dois seguem juntos até a sala oito de sociologia, sentando
próximos.
- Você é a
única pessoa que conheço daqui desta sala.
- Eu conheço algumas. – David começa a falar. – Mas prefiro ficar sozinho, a
perder tempo com esse tipo de gente.
- É como falar com aqueles bonequinhos amarelinhos, sabe?
- Qual?
- Os Minions, só saem besteira da boca.
- Pelos menos os bonequinhos são fofinhos.
As aulas
passavam lentamente e David conhece melhor a garota que gosta, mesmo assim
aparenta que ela esconde algum misterioso no olhar, um segredo a ser
desvendado. A manhã chegava ao fim, como todo primeiro dia de aula qualquer,
apenas apresentações e dialetos de professores e alunos.
David
encaminha-se a metalúrgica do patriarca próximo do Autódromo de Interlagos,
depois da morte da esposa ficou difícil para Roberto Assunção sustentar a
vida na zona oeste, tendo que mudar-se e se adaptar à nova classe social. No
escritório o adolescente almoça uma "marmitex", posteriormente indo para
casa.
O garoto
está pouco cansado, apenas toma um banho, troca de roupa e se joga na cama
ligando a televisão, fechando os olhos e consequentemente dormindo,
acordando depois de duas horas com o barulho do filme: O Espetacular Homem
Aranha 2, em uma cena chocante do final do longa metragem em qual a
personagem Gwen Stacy é morta ao ser jogada de uma torre do relógio pelo
Duende Verde.
David coloca
os pés descalços no chão frio e olha pela fresta da janela, a noite já
acoberta a cidade, ele se arruma e traja uma camiseta cinza com o nome da
Hollister estampado e uma calça jeans, desligando a televisão com o controle
remoto.
Ás oito
horas da noite em ponto escuta uma buzina de carro, trata-se do pai, ele
desce rapidamente e adentra no veículo, curioso para saber qual é o
"presente". O palio cinza desloca-se pela cidade por cerca de quarenta
minutos devido ao trânsito, parando num lugar com o nome ascendido destacado
em vermelho: VINIL.
- Este é o seu presente, hoje você se tornará um homem.
- Pai...
- Não tenha medo filho, quando é assim a mulher sabe como agir.
Os dois
saltam do automóvel juntos e caminham para a entrada do lugar. David nem
sabe como se comportar em um ambiente daqueles. Transpassam numa porta
pequena, onde é levado para um local chamado de "Inferno no Céu", as
mulheres dançavam no pole dance, como se estivessem sendo expostas numa
vitrine de vendas ao som de músicas eletrônicas americanas.
- Pode
apontar para a que você gostar, filho.
David
manteve contato visual com uma mulher, jovem e bonita, com cabelos pretos e
brilhantes caindo sobre seus ombros nus. Usava apenas uma calcinha fio
dental vermelho, sapatos brancos de salto agulha e um colar de bolinhas que
escorregava entre seus peitos fartos, a escolha perfeita. David confirma
interesse.
A mulher foi
encontrá-lo num quarto, ela fecha a porta e depois as cortinas brancas. O
espaço é pequeno, com uma pia, instalações sanitárias e claro, uma cama.
David escuta os gemidos dos aposentos ao lado, de clientes completamente
satisfeitos. Os cômodos das garotas de programas ficavam um perto do outro,
com uma parede fina de madeira, não precisava de muitos enfeites para manter
um centro de prostituição aberto e sim de mulheres.
- Você é
bonito. – Disse a mulher, erguendo os olhos para ele e
se
aproximando para um beijo.
- Qual é o seu nome?
- Amanda. – A meretriz esboça um sorriso. – E o seu?
- David.
- Belo nome, aliás, você é belo em tudo.
Amanda passa
a mão no pênis de David que está ereto, tirando sua camiseta, beijando a
barriga do adolescente, seguindo para o "caminho da felicidade", abrindo a
calça e deleitando-se no sexo oral. Amanda se levanta e David, bate duas
vezes em sua bunda, sua carne era macia e estritamente feminina.
- Essa vai
ser sua melhor primeira vez, David.
O garoto
meio descuidado joga a meretriz no pé da cama, monta pelo seu corpo e ambos
os sexos se encontraram. Amanda gemia e clamava por mais, desejava aquele
garoto, como se fosse o seu primeiro sexo, como se fosse o seu primeiro
amor, mas isso é apenas parte do trabalho, ou não? A química é acertada num
beijo. A cama balançava a cada metida e posição. O suor amargo que escorria
do corpo masculino, deixava-o completamente ensopado, David é mais um
cliente saciado.
Depois de
duas transas enlouquecedoras, Amanda caminha para fora da cama e tira da
bolsa um maço de cigarro. Ela o ascende, traga e salta à fumaça, fazendo o
garoto tossir.
- Quanto te
devo, Amanda?
- Já está pago, boy. O seu pai cuidou de tudo.
David começa
a se vestir e segura à maçaneta, em seguida, olha para trás e vê a mulher
fumando o cigarro literalmente pelada, contemplando o nada, . Posteriormente
tranca a porta, com um sorriso no rosto como os outros caras, indo para fora
do pequeno prédio.
O veículo da
família não estava no estacionamento, David liga diversas vezes para o pai e
nada de ser atendido, apenas caixa de mensagem. O adolescente então resolve
ir andando, com os pensamentos voltados naquela mulher, mas não pode se
apaixonar assim, não por uma pessoa da vida, não pela Amanda.
As pernas
obedecem aos comandos do cérebro, faltava pouco mais de 15 minutos para
chegar em casa, estava ficando tarde e quase não tinha ninguém nas ruas da
capital. David avista uma imagem que o deixa curioso ao atravessar a rua,
esconde-se detrás de um poste de energia e a frente do Banco do Brasil, um
rapaz permanece parado, usando moletom e fumando maconha, provavelmente
esperando alguém.
O carro de
luxo para e em seguida, um homem vestindo terno e gravata salta da picape.
David conhece muito bem aquela face dos recortes nos jornais, Junior Brandão,
o assassino da sua mãe, diversos flashes surgem em sua mente, sendo
finalizado com o barulho de tiro, Junior tinha matado mais uma pessoa. O
corpo do homem cai no calçamento, estirado no chão com três buracos de balas
no peito e o cheiro de pólvora.
O celular de David começa a tocar naquela maldita hora, os dois se olharam
rapidamente. O facínora e a vítima.
Vinte
metros os separavam, o adolescente começa a correr velozmente, enquanto o
homicida atirava em direção da testemunha.
INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL
autor:
LUIZ GUSTAVO
elenco
DAVID ASSUNÇÃO
AMANDA LOPEZ
ANDRESSA YAMASHITA
HERBERT VIANA
NICK SMITH
ADAM SMITH
FRANK SALVATORE
BRUNO LIMA
PROFESSORA MARIA
ROBERTO ASSUNÇÃO
MATHEUS
JEFERSON
DONA HILDA
SÁVIO MESSIAS
JUNIOR BRANDÃO
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
MARCELO MIRANDA
MÔNICA VELARDO
TRILHA SONORA:
SAVE ME - REMY ZERO (abertura)
COLABORAÇÃO:
MÁRCIO GABRIEL
JULIANA CORDEIRO
PRODUÇÃO:
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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