Marcelo Delpkin
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Cena 1/Int./Clube/Restaurante/Noite.
Liz entra, Fábio se aproxima. Liz sorri o admirando por ele estar vestindo um terno elegante.
LIZ
(sorri) O que deu em você hoje?
FÁBIO
Aquela noite que você me trouxe aqui, não foi como você merecia, então quis voltar.
LIZ
Adorei a surpresa.
FÁBIO
Ainda tem mais, madame.
LIZ
(sorri) Ah é? O que?
FÁBIO
Se eu falar não é mais surpresa, vamos até a mesa.
Fábio e Liz vão até a mesa que está reservada para eles, se sentam, o garçom traz vinho, os serve, coloca a garrafa de vinho na mesa, sai. Liz olha a garrafa.
LIZ
Como você sabia que eu gosto desse vinho?
FÁBIO
Marta, ela é minha ajudante, senão no lugar de vinho, ia ter na mesa cerveja.
LIZ
(ri) Eu não duvido.
Fábio toma um pouco de vinho, não gosta, disfarça.
FÁBIO
Liz, por que você gosta disso?
LIZ
Não gostou?
FÁBIO
Não, que coisa horrível, será que dá para trocar pela cerveja.
LIZ
(ri) Você é a primeira pessoa que dispensa esse vinho, é um dos mais caros daqui sabia?
FÁBIO
Sei, paguei ele, mas se soubesse que era assim, não dava um centavo.
LIZ
(surpresa) Você está pagando tudo isso?
FÁBIO
(Sarcástico) Não, Liz, o dono daqui foi com a minha cara e disse que a gente podia vir de graça.
LIZ
(Levanta a sobrancelha). Já vai engrossar né.
FÁBIO
Também com essa pergunta, é claro que tô pagando.
LIZ
Eu achei que a Marta tinha te ajudado.
FÁBIO
E ajudou, ela só fez as reservas, te deu a flor, e o resto ficou comigo.
LIZ
(sorri) Claro, você nunca iria aceitar que ela pagasse.
FÁBIO
Exatamente, eu poderia comprar um carro com o que dei aqui? Poderia, mas você merece que eu conserte a burrada daquela noite.
LIZ
(ri) Não exagera, não dá para comprar um carro com o que cobram aqui.
FÁBIO
Dá sim, madame, mas não importa, eu fiz tudo isso porque te amo.
LIZ
Eu também te amo.
FÁBIO
E também eu quero te contar uma coisa: Comecei a estudar.
LIZ
(feliz) Mesmo? Que coisa incrível, parabéns, tenho certeza que você vai se sair muito bem.
FÁBIO
Tomara, a Juliana vai ter que ter paciência.
LIZ
Ela é a sua professora?
FÁBIO
É.
LIZ
Você sabe que ela gosta de você, não sabe?
FÁBIO
Sei, faz tempo, mas nunca senti nada por ela.
LIZ
Que bom.
Fábio segura a mão de Liz.
FÁBIO
Quando eu me formar, ser um advogado, quero me casar com você.
LIZ
(séria) Como é?
FÁBIO
O que?
LIZ
Você pretende se casar comigo quando se formar?
FÁBIO
(receio) É.
Liz solta a mão de Fábio, cruza os braços, o encara.
LIZ
Embora eu já saiba a resposta, quero ouvir de você o porquê quer esperar tanto tempo assim.
FÁBIO
Porque enquanto eu for o seu empregado não quero me casar com você.
LIZ
E se eu te demitir, Fábio? Muda alguma coisa?
FÁBIO
Não... Vou querer esperar mesmo assim, porque eu sendo um advogado, as pessoas não vão falar que sou interesseiro.
LIZ
(ri nervosa) A minha vontade é de quebrar essa garrafa nessa sua cabeça dura!
FÁBIO
Liz, é melhor a gente mudar de assunto, tentei ser romântico, e não deu certo.
LIZ
(alterada) Um absurdo desse é romântico onde?
FÁBIO
(tom baixo) Liz, fica calma, dessa vez ninguém sai daqui antes de jantar.
Liz fica com raiva, esbraveja, toma vinho.
Cena 2/Int./Mansão Camargo/Escritório/Dia.
Clarice e Renato estão sentados, Carlos e Marta estão de pé. Carlos está lendo o documento, fica pensativo, chateado.
CARLOS
Liz realmente assinou o documento.
MARTA
(nervosa) Eu duvido! Isso é armação!
Clarice se levanta, sorri vitoriosa.
CLARICE
Não adianta ter um ataque, Marta. Está tudo aí, Liz não é mais a dona dessa casa, eu sim, e eu quero que vocês saiam imediatamente daqui.
CARLOS
Isso você não pode fazer, temos o direito de pegar nossas coisas para sair.
CLARICE
Vocês podem, mas a Liz, não, daqui ela não vai levar nada.
MARTA
Você não pode ficar com o que pertence a ela!
CLARICE
(ri) Posso e vou.
CARLOS
Não vai não, a casa até pode ser sua, mas os pertences pessoais da minha sobrinha, não estão incluídos na herança.
RENATO
Deixa eles levarem as coisas deles, Clarice.
CARLOS
Ela não tem que dar permissão, é a lei.
CLARICE
Tá bom, vou ser caridosa e deixar Liz levar as coisas dela, mas se ela demorar muito vou colocar as coisas no corredor, aquela suíte que ela está ocupando, é minha agora.
Clarice sai, Renato se levanta, Marta o encara com raiva.
MARTA
Não sei porque você está fazendo isso, a Liz nunca fez nada contra você.
RENATO
Só peguei o que deveria ser meu.
Renato sai, Marta fica aflita.
MARTA
Carlos, o que vamos fazer agora? Eles devem ter armado para Liz assinar.
CARLOS
Isso está na cara, Marta, eu vou pensar em como ajudar a Liz, mas agora o melhor a fazer, é arrumar nossas coisas.
MARTA
Você acha que eu devo avisar a Liz, agora?
CARLOS
Ela está com Fábio, deixa ela ter um momento de paz, porque quando souber que perdeu tudo, a vida dela vai virar de cabeça para baixo.
Cena 3/Int./Mansão Camargo/Suíte de Liz/Noite.
Clarice entra, se joga na cama, ri com vontade.
CLARICE
É tudo meu de novo.
Clarice se levanta, se aproxima do closet de Liz, abre, pega as roupas, começa a jogar no chão, se divertindo, pega os sapatos joga no corredor, olha em cima da penteadeira, pega um perfume, sente o aroma, fecha o frasco, atira pela janela. Marta, entra.
MARTA
(nervosa) Para com isso! Você não tem esse direito!
CLARICE
(grita) Tenho! Eu tenho! (se acalma; sorri) Qual a parte do: Essa casa é minha que você não entendeu?
MARTA
Se você não sair daqui agora, eu vou chamar o Carlos, ele disse que temos o direito de pegar as nossas coisas.
CLARICE
O que tem aqui não é seu, é da Liz.
MARTA
Como ela não está, eu vou arrumar tudo pra ela.
CLARICE
Claro, como um bom cão que lambe os pés do dono.
MARTA
Não, Clarice, faço como alguém que ama um filho, e como você não ama a sua filha, não sabe o que é isso.
CLARICE
Quem disse que não amo a Denise?
MARTA
Suas atitudes contra ela.
CLARICE
Eu quero o melhor para Denise, falando nela, vou ver se ela fica ou se sai.
Clarice vai saindo, volta.
CLARICE
Tira logo essas porcarias daqui.
Clarice sai, Marta fica com vontade de chorar.
Cena 4/Int./Escola/Sala de Aula/Noite.
Juliana está escrevendo na lousa, Josivaldo entra.
JOSIVALDO
Boa noite, professora.
JULIANA
(sorri) Boa noite.
JOSIVALDO
Fábio me pediu para te entregar o trabalho dele, hoje ele não vem.
JULIANA
Aconteceu alguma coisa?
JOSIVALDO
Não, ele foi levar a dona Liz para jantar.
JULIANA
(chateada) Entendi... (séria) Se ele não levar os estudos a sério, não vai conseguir se formar.
JOSIVALDO
Ele leva a sério, e a relação com a dona Liz, também.
Josivaldo se senta, Juliana fica pensativa.
Cena 5/Int./Clube/Restaurante/Noite.
Fábio e Liz terminam de jantar.
FÁBIO
O vinho é horrível, mas a comida boa.
LIZ
Por isso esse é meu prato favorito.
FÁBIO
Liz, você ainda ta brava comigo?
LIZ
Brava não, mas não consigo parar de pensar no que você falou, nessa sua cabeça dura...
FÁBIO
Liz, quando me casar com você, quero estar com uma vida melhor, tenta me entender.
LIZ
Impossível, porque pra isso eu teria que regredir meus ideais e pensamentos. Eu sei que você me ama, e que não está interessado no que eu tenho, e isso basta.
FÁBIO
Eu sei, mas as pessoas vão falar que me casei com você/
LIZ
(imita Fábio) Por causa do seu dinheiro. (brava) Eu sei, parece que você deixa essa frase maldita para repetir automaticamente.
Liz se levanta.
LIZ
Eu adorei o jantar, obrigada.
Liz vai saindo, Fábio se levanta, vai atrás dela a segura.
FÁBIO
Espera, eu te levo pra casa.
LIZ
Não, prefiro ir sozinha, não quero brigar com você o caminho todo.
FÁBIO
(irritado)Depois eu que sou o teimoso!
LIZ
E não é?
FÁBIO
Você é pior!
LIZ
Não sei porque te amo sabia, você é insuportável!
Liz sai, Fábio vai atrás.
Cena 6/Ext./Clube/Noite.
Liz está andando apressada, brava, Fábio a alcança, segura seu braço, a beija, eles se olham.
LIZ
(mais calma) Quem disse que queria te beijar?
FÁBIO
Se não queria não pareceu. (sorri).
LIZ
(sorri) Você tem muita sorte, se fosse outro eu já teria dispensado.
FÁBIO
Então é sorte mesmo, porque você tem uma barata te rodeando, e eu to louco pra pisar nela.
LIZ
(ri) Não fala assim do Alejandro, ele é um bom amigo.
FÁBIO
(sorri) Agora posso te levar para a casa?
Liz
Pode.
Liz e Fábio saem.
Cena 7/Int./Casa de José/Sala/Noite.
José e Lúcia estão assistindo TV, Amanda entra brava, bate a porta.
JOSÉ
(assustado) Que é isso, menina?
AMANDA
(tom alto) Nunca mais quero ver o Artur! (chora).
Amanda vai para o quarto, José sorri gostando.
JOSÉ
Isso é bom.
LÚCIA
(indignada) Não é não! A Amanda estava chorando, vou lá falar com ela.
Lúcia se levanta, vai em direção aos quartos, José, fica pensativo. Nicolas entra com Célia, José se levanta.
JOSÉ
(sorri) Então vocês tão junto mesmo?
CÉLIA
(sorri) Estamos, seu José.
JOSÉ
Fico feliz por vocês. (sorri pensativo) É bom ter alguém na vida da gente né.
NICOLAS
É ótimo, Zé.
JOSÉ
Coitada da Amanda, olha vocês pode fica aqui a vontade, vou falar com a minha filha.
José vai em direção aos quartos, Célia beija Nicolas. Isadora entra.
ISADORA
(sorri gostando) Vocês ficam tão lindinhos juntos.
CÉLIA
(ri) Obrigada, Isadora, você também fica bem ao lado do Alfredo.
ISADORA
(Convencida) muito né, a gente forma um casalzão.
NICOLAS
Isso é mesmo.
ISADORA
Gente, vocês me dão licença, eu vou para meu quarto, tô cansada demais, mas ó, pode continuar os beijos aí, boa noite.
Isadora vai em direção dos quartos, Nicolas e Célia se beijam.
Cena 8/Int./Casa de José/Quarto de Amanda/Noite.
Amanda está sentada na cama, chorando, Lúcia está a consolando, José entra.
JOSÉ
Conta pra mim, Amanda, o que aquele idiota te fez?
AMANDA
Não! Porque você deve estar gostando que me separei.
JOSÉ
Um pouco, mas não quero te ver assim.
AMANDA
Tá bom... O Artur teve que fazer um trabalho que a menina que mais odeio na escola/
JOSÉ
Aí já ta errado ta vendo? Você não pode odiar as pessoas.
AMANDA
Se você conhecer ela vai mudar de opinião, enfim, continuando, ele fez dupla com essa menina, e eu pedi que ele trocasse de dupla, mas ele não quis, disse que ela é inteligente, e que ia tirar nota boa fazendo o trabalho com ela.
JOSÉ
E?
AMANDA
É isso, o Artur ficou elogiando ela, daí a gente discutiu e eu terminei com ele.
JOSÉ
(sério) Filha, para de frescura, se você gosta tanto desse Artur como diz que gosta, isso não é nada.
LÚCIA
Zé, eu fico impressionada com as coisas que você fala, podia ser psicólogo.
JOSÉ
E tô errado?
AMANDA
Está sim! Não quero mais saber dele e pronto!
Amanda cruza os braços, brava, José revira os olhos.
Cena 9/Int./Mansão Camargo/Sala/Noite.
Kira está sentada tomando champanhe, Liz e Fábio entram, Liz fica surpresa ao ver Kira.
LIZ
Kira, o que você está fazendo aqui?
Kira se levanta.
KIRA
Vim ver o show de camarote.
LIZ
Que? Sai daqui, não quero mais te ver.
Clarice desce as escadas.
CLARICE
Até que enfim você chegou.
LIZ
Clarice? O que você está fazendo aqui?
KIRA
Agora o show vai começar.
Kira se senta, toma champanhe.
CLARICE
Eu estou na minha casa, Liz.
LIZ
(ri nervosa) Eu não sei que tipo de brincadeira é essa, mas acabou, já podem sair da minha casa.
CLARICE
Ficou surda, a casa é minha?
FÁBIO
Vocês tão tomando o que? É melhor parar, já tão falando besteira.
CLARICE
A conversa não chegou no chiqueiro, cala a boca.
LIZ
(nervosa) Clarice/
CLARICE
Eu não quero mais te ouvir e nem ver essa sua cara de sonsa, pega suas coisas e saia daqui.
Marta e Carlos descem as escadas. Marta se aproxima rapidamente de Liz.
MARTA
Liz, você já deve estar sabendo de tudo.
LIZ
(nervosa) Sabendo do que? Vocês podem me falar o que está acontecendo aqui?
Renato sai do escritório.
RENATO
Eu explico, Liz. Tudo o que seu pai te deixou, pertence a Clarice, e tudo que meu irmão te deixou, pertence a mim.
LIZ
(incrédula) O que? Que absurdo é esse? De onde vocês tiraram isso?
Renato entrega o documento para Liz.
RENATO
Não é absurdo, cunhadinha, você assinou o Contrato de promessa de cessão de direitos hereditários.
CLARICE
(altiva) E com isso, a sua herança veio para nossas mãos.
Liz lê o documento sem acreditar, as lágrimas escorrem.
LIZ
(nervosa) Eu não assinei nada disso!
RENATO
Assinou, olha a sua assinatura ai, não reconhece?
LIZ
(chora) Não é possível! Eu nunca iria assinar uma coisa dessas.
Kira se levanta, encara Liz.
KIRA
(ri) Como te falei, Liz, você é fácil de enganar, quantos documentos você assina por dia? Assinou esse sem perceber, e perdeu tudo.
Fábio pega o contrato da mão de Liz, rasga.
FÁBIO
Pronto, acabou o plano de vocês.
CLARICE
(ri debochando) Acha mesmo que esse era o original, seu bronco? Não somos burros, o documento está muito bem guardado.
LIZ
(chorando) Como vocês foram capazes de fazer isso comigo?
CLARICE
Eu te disse que cedo ou tarde, você iria me pagar, Liz, e o momento chegou.
Clarice se aproxima de Liz, a encara de perto.
CLARICE
Eu quero que você pegue suas coisas, seus empregados, seu tio, e saia agora mesmo da (ênfase) minha casa.
Liz encara Clarice.
Fim do Capítulo
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