0:00 min       RAÍZA 3ª TEMPORADA     SÉRIE
0:26:00 min    


WEBTVPLAY APRESENTA
RAÍZA 3


Série de
Cristina Ravela

Episódio 04 de 17
"Prova do Crime"



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PRIMEIRO ATO

FADE IN

CENA 1 PRESÍDIO [INT. / MANHÃ]

Cenário obscuro, som de portas de ferro sendo abertas.
CAM, como sendo uma pessoa, vai se aproximando de uma janela e para diante da mesma. Um funcionário coloca sobre o balcão uma sacola plástica e retira dela alguns pertences, como relógio, anel de aço, um colar com pingente oval, também em aço e uma quantia em dinheiro.

CAM revela Víctor Leme, com uma cicatriz no rosto, recolhendo os pertences.

CORTA PARA

CENA 2 PRESÍDIO [EXT. / MANHÃ]

O portão é aberto. Víctor sai, olha tudo a sua volta como se fosse a primeira vez e anda até um ponto de ônibus. O ônibus logo chega e Víctor entra. Corta.

CENA 3 FACHADA - CASA DE ALVENARIA
Corta para o interior da CASA

Com mobília antiga e chão de taco.
A porta é aberta, Víctor entra, olha ao redor estranhando o silêncio.

DCR: (O.S) Gostou da casa nova?

Víctor se assusta e vê Dcr sentado numa cadeira no lado oposto.

VÍCTOR: Pensei que eu fosse encontrar aquele Cael aqui. Não foi ele que arrumou a minha liberdade condicional?

Dcr se levanta, firme e o cumprimenta com a mão. Víctor corresponde.

DCR: Sim, e esta casa é uma ajuda minha até você conseguir dar um jeito na sua vida. Não é uma casa moderna, mas acho que é bem melhor que a sua recente moradia.

VÍCTOR: Vou mesmo trabalhar na boate daquele bacana? Não é “caô”, não?

Dcr, mantendo o tom sério, abre os braços mostrando a casa.

DCR: Acho que já provei que cumpro o que prometo.

Víctor o observa, dá uma olhada na casa e logo se senta numa cadeira.

VÍCTOR: Ok...E toda essa cortesia vai me custar o quê?

DCR: Você sabe que eu passei 3 meses em coma e você padecendo na prisão. Embora você merecesse cada minuto preso, nós sabemos que o Marco pode ser o grande culpado por tudo que passamos.

Víctor se levanta, agitado.

VÍCTOR: E você sabe que eu sofri ameaças pra nem citar o nome dele no depoimento, né?

DCR: (olhando para a cicatriz no rosto de Víctor) Parece que não adiantou muito...

VÍCTOR: Isso não foi obra dele.

DCR: Entendi. Você não foi bem recebido por lá, né...

Víctor hesita.

VÍCTOR: Não, é que...Eu contei pro delegado que antes de levar aquela porrada tive a impressão de que quem tava ali era mais baixo que o Marco. Poderia ser impressão minha, mas Marco é um sujeito bem alto pra eu me enganar tanto.

DCR: Marco poderia ser o mandante, (pensa) mas realmente ele não ia se preocupar com esse detalhe; a essa altura ele já mandou o sujeito pra bem longe.

VÍCTOR: Por que você tem tanta certeza de que ele é o assassino? Você fica visando o cara, e de repente não vê que o assassino pode tá do seu lado.

DCR: Ou na minha frente.

Víctor encara Dcr, meio aborrecido.

VÍCTOR: Eu não posso esperar que tu me perdoe, né?

DCR: Eu não te persegui, não tentei te matar, pedi que o Cael cuidasse da sua liberdade, to aqui te dando ouvidos... Acho que isso já te deixa no lucro.

Em Víctor concordando, ainda que chateado.

CAM se afasta e ATRAVESSA a janela
Onde HANS, em posse de sua câmera, sorri maliciosamente.

CORTA PARA

CENA 4 REDAÇÃO NOVO DIA [INT. / MANHÃ]

Hans vai abrindo sua bolsa enquanto se aproxima rapidamente da sua mesa. Um rapaz (Beto) branco, sem barba, cabelos lisos e negros se levanta e acompanha o colega.

HANS: Você quer ver um herói perder sua boa fama rapidinho?

Hans se senta, saca uma extensão e sua câmera, liga no computador. O rapaz estranha a imagem.

[POV dos dois]

A imagem mostra Dcr e Víctor se cumprimentando como amigos.

Volta em Hans

HANS: O algoz e a sua vítima fazendo as pazes ou...O algoz recebendo regalias por serviços prestados?

Beto com cara de bobo pela notícia deturpada.

HANS: Acho que a segunda opção...
Em Hans esperto.

FADE TO BLACK


PROVA DO CRIME


SEGUNDO ATO

FADE IN

CENA 5 REDAÇÃO “CARIOCA NEWS” [INT. / MANHÃ]

Ouvimos vozes, barulho de impressora, sons normais em uma redação.
Close numa folha de papel com um texto sendo lido:

E mesmo confusa sobre seus sentimentos ela sabia que não podia resistir por muito tempo àquele cara. Talvez fosse o homem dos seus sonhos; talvez fosse o homem errado, mas ela precisava ter certeza disso. Nilo ainda mantinha Tina sob seus braços, enquanto que ela já não se esforçava para desviar o transmissor.

- Eu posso até não te denunciar, mas acho que vou querer algo em troca. – disse a garota, toda se querendo.

- É uma lição que você quer? – perguntou Nilo, notando o desejo nos olhos de Tina – É uma lição que você vai ter.

E Nilo puxou sua nuca, lhe dando um beijo ardente, cafajeste, sufocante. Tina arrancou sua roupa, deslizou suas mãos pelo seu corpo branco, apertou sua braguilha, gemendo de prazer. Nilo e Tina caíram no chão, e...”

Roger retira o papel da nossa frente, notavelmente perturbado.

ROGER: Chocado. De onde você tirou essa ideia do mocinho se envolver assim...Assim...(volta a olhar para o papel) Assim desse jeito com a sua inimiga? (Encara Lila, sentada e olhando para ele cinicamente) Isso é pornografia, Lila. As fãs gostam do Nilo romântico, que chora a morte de sua linda esposa/

LILA: Blá blá blá e mais blá. As fãs não curtem mãos dadas o tempo todo, Roger. Cenas hot também fazem parte do cotidiano de todo herói. Além disso, foi justamente uma fã que me pediu algo mais caliente.

ROGER: Hmmm, então se uma fã pede para você matá-lo num romance intitulado “Nilo decide morrer”, você escreve numa boa?

Lila se levanta e retira o papel das mãos de Roger.

LILA: Cê tá muito sensível, Roger. O que houve?

Lila vai até uma impressora, enquanto Roger a segue.

ROGER: É que de repente me dei conta de que...Eu nunca tive uma paixão explosiva como a do Nilo, sabe. (Lila debocha) Aí vem você e faz isso. Você bem que podia colocar um fotógrafo pra pegar essa deusa da Tina, né?

Lila imprime algumas folhas.

LILA: Acho que a Tina não iria gostar. Como eu disse, foi uma fã que me pediu algo mais caliente. A ideia original era outra...

ROGER: E que fã é essa? Essa Tina é inspirada nela?

Lila acaba de imprimir uns documentos e dá as costas, enquanto Roger a segue.

LILA: Nós dois sabemos de quem se trata (Lila olha para trás e sorri).

ROGER: Eu ainda acho que você vai ganhar um processo por meter essa gente no seu livro, hen.

Lila pega um papel sobre a mesa e entrega a Roger.

ROGER: Guaratiba?

LILA: Já soube quem saiu da cadeia hoje?

Em Roger, frustrado.

CORTA PARA
Alto da cidade do Rio de Janeiro / Corta

CENA 6 CASA DE ÂNGELA [EXT. / MANHÃ]

O portão é aberto e Joana, com os cabelos mais louros, encara alguém fora da tela.

JOANA: O que veio fazer aqui?

Corta imediatamente para o INTERIOR DA CASA – SALA

Joana se volta cruzando os braços.

JOANA: Eu soube que a Raíza fugiu da clínica.

João, de roupa social, mãos no bolso da calça, faz a linha prepotente.

JOÃO: E eu soube que você ainda tá exercendo a sua profissão. Cael tá sendo como irmão pra você, não é?

JOANA: (faz que sim) É, se eu fosse depender do Josué eu estaria voltando aos meus tempos de balconista.

João se aproxima, meio sedutor.

JOÃO: Bonita desse jeito você devia ganhar muito bem.

Joana percebe o jogo e se afasta.

JOANA: Pra quê essa cantada barata, hen João? Você acha que a minha mãe ou o Cael vai aliviar o seu processo?

JOÃO: Credo, Joana! Eu pensei que você estivesse agradecida. Você sabe que eu podia ter emdossado a acusação do meu tio e aí seria mais difícil/

JOANA: (corta) Eu já entendi, João. O que você quer é que eu pegue os três meses de sofrimento da Raíza por tentar provar a verdade e jogue no lixo.

JOÃO: (forçando a arrogância) E o meu sofrimento não conta? Eu podia ter morrido queimado.

JOANA: Gente ruim não morre tragicamente...Só pessoas de bem como a Ari.

Climão. João sente o baque.

JOÃO: Eu não sou ruim, Joana; eu só me defendo do jeito que dá. Se você quer saber eu também lamento o tempo que a Raíza passou internada.

JOANA: Você não lamenta, João; cê tá é com medo dela.

JOÃO: Você também devia ter. Ela tá louca, louca, você ouviu?

JOANA: Não temo quem age por impulso, mas quem me ronda com olhos de lince.

João a encara, magoado, olhos marejados de raiva e dá as costas.
Joana observa, seriamente.

CORTA PARA

CENA 7 APTº 301 – QUARTO DE BRUNO [INT. / MANHÃ]

Uma gaveta sendo aberta onde há o livro “O Alquimista”. A mão masculina apanha o livro, CAM revela Bruno olhando para a capa até que folheia as páginas à procura de algo. Uma foto escapa e cai no chão, Bruno, sentado na cadeira de rodas, se estica para alcançá-la, quando mãos femininas pegam a foto.

BRUNO: Não acredito...

RAÍZA: Nem eu, pai.

Raíza está de cabelos curtos arrumados, blusa branca sobre uma jaqueta preta sem manga e calça jeans. Bruno tenta se levantar, e Raíza o ampara num abraço emocionado e demorado. Bruno lacrimeja de felicidade sobre o ombro da filha.

BRUNO: O que aconteceu com você, filha?

Raíza o encara, tocando seu rosto.

RAÍZA: O que aconteceu contigo, pai? (olha para o seu estado) Minha culpa, não é?

BRUNO: (se senta) Não foi você quem tentou me matar, Raíza. Além do mais, com fisioterapia, logo logo volto a andar normalmente. O que tem me preocupado é a sua saúde.

Raíza dá uma caminhada e exibe seu visual de maneira irônica.

RAÍZA: Eu to bem, pai. Meu tio me proporcionou meses de descanso naquele hospício. Acho até que dei uma renovada...

BRUNO: Ele disse que você surtou, que você deixou o João naqueles trilhos/

RAÍZA: É verdade (Bruno apreensivo), admito que eu tava muito estressada, mas eu não tinha a intenção de matá-lo, mesmo porque, ele podia andar.

BRUNO: Você tinha mais confiança na sua vidência do que em mim (Raíza se mostra sem graça). Se tivesse me contado que você jogou o João daquele viaduto, talvez as coisas não tivessem chegado a esse ponto.

RAÍZA: Não me culpe pelo mau caratismo do Josué, pai. Ele sempre soube que o João podia andar e deixou que as coisas chegassem ao ponto em que chegaram.

BRUNO: Mas por quê ele faria isso? Não faz sentido.

Raíza se abaixa diante do pai.

RAÍZA: O que não faz sentido é um cara ser apaixonado pela minha mãe e abrir mão dela assim, tão facilmente. Ele nunca me aceitou, pai. O senhor percebe o enredo em que ele me meteu?

BRUNO: Filha...O Josué pode ser um tanto genioso/

RAÍZA: Ele disse que o senhor tinha morrido, pai! (baque em Bruno) Tanto ele quanto o Marco sambaram na minha cara com essa história, e quando o Marco não aguentava mais tentar tirar de mim o meu segredo e me convencer a casar com ele, ele me provocava dizendo que o senhor tava vivo, só pra eu surtar mais um pouco.

Em Bruno, aturdido.

BRUNO: Ele parecia tão preocupado com a minha segurança...

RAÍZA: Quem tá preocupada com a sua segurança sou eu. O senhor não pode continuar aqui.

Ouvimos a porta ser aberta abruptamente e Josué entra com raiva.

JOSUÉ: E o que a salvadora do mundo pretende fazer?

Raíza se levanta, e não o encara.

JOSUÉ: (cont.) Já arriscou a vida do primo e fugiu da clínica em circunstâncias suspeitas. Além de todo o seu histórico, o que mais você pretendia fazer? (mexe as mãos descontroladamente) Levar seu pai na cadeirinha pro fundo do poço?

Bruno quase pula da cadeira de raiva.

BRUNO: Já chega, Josué! Ela é a minha filha, mas se é difícil recebê-la aqui, eu saio.

JOSUÉ: Peraí! Esse apartamento também é seu, aluguei pra te dar conforto. Vai jogar tudo isso fora por causa de uma pessoa que você não conhece mais? Você não imagina o inferno que o João passou com ela.

RAÍZA: Sabe o que é que ele não imagina? (Raíza e Josué se encaram) O que há por trás do seu papel de bom irmão. (para o pai) Vou indo, pai. Se cuida.

Raíza sai segurando a foto que Bruno deixou cair do livro.

JOSUÉ: Eu não sei o que ela veio fazer aqui, mas/

BRUNO: (corta) Ela veio ver o pai dela, Josué. Cê sabe bem o que é ter um filho numa situação difícil, afinal...É pelo João que você tá agindo assim com a Raíza...Não é?

Josué põe as mãos na cintura, assente, escondendo a indignação.

CORTA PARA

CENA 8 APTº 301 – ELEVADOR [INT. / MANHÃ]

João, despreocupado, olhando para o alto.
O visor do elevador marca o andar 1 passando para o 2, quando o elevador dá um tranco e para.
Volta em João, sem entender.

RAÍZA (O.S): Oi.

João se volta assustado e bate com as costas na porta.
Raíza está com um olhar nefasto sobre o primo.

RAÍZA: (irônica) Ops...Não quis assustar.

JOÃO: (tremendo na base) O que cê quer? Veio terminar o serviço, é?

RAÍZA: Passei tempo demais naquela clínica pra agora me preocupar com você, não acha?

Raíza faz que vai tocá-lo, mas João recua, levando os braços várias vezes a sua frente.

JOÃO: Não me toque, sua bruxa!

RAÍZA: Você tá com medo que eu te leve pro inferno sem escala? (em João, medroso) Eu vim ver o meu pai, João, porque eu tenho um, lembra? Um pai que não faz jogo duplo e que foi impedido de exercer seu papel de pai quando eu mais precisava.

João faz que não entende. Raíza insiste em tocá-lo, João se esquiva, mas Raíza consegue segurá-lo com força em seus ombros.

RAÍZA: (medonha) Preste bem atenção: cê vai pagar por tudo que fez de uma maneira bem sofrida, porque não existe sofrimento maior que descobrir que a pessoa que mais deveria te amar... Te despreza.

João se desespera, aperta os botões do elevador e dá as costas, batendo na porta.

JOÃO: Alguém abra essa porta! Abra!

O elevador dá um tranco, volta a funcionar e para.
A porta se abre e um vizinho vê a cara de assustado de João.
João olha para trás, mas Raíza não está mais ali.
Em João, respirando aliviado.

CORTA PARA
Alto de um prédio semipronto / Corta

CENA 9 RUA DA CIDADE [TARDE]

Homens trabalham pelo lado esquerdo do prédio onde reconhecemos ter sido o palco da morte de Ari. Uma máquina escavadeira vai retirando muitos pedregulhos do lado externo do edifício, homens conversam, movimentação típica.

Víctor para diante da obra com olhar de remorso.

Dois homens comentam a cena.

HOMEM#1: Mais um curioso...

HOMEM#2: Isso aqui já virou ponto turístico. Daqui a pouco vão dizer que a noiva assombra esse lugar.

Víctor observa a escavadeira levantar o entulho, e algo brilhante cai no chão. Víctor, curioso, procura em seus bolsos alguma coisa, até que retira um lenço de dentro do bolso da calça. Ele pega o objeto com o lenço, dá uma conferida e limpa.

VÍCTOR: (para o condutor da máquina) Amigo, sabe me dizer há quanto tempo esse entulho tá aí?

HOMEM: Ih cara, desde que aquela noiva se estatelou aqui no asfalto (Víctor disfarça). A polícia tomou conta disso tudo aqui e aí a gente se atrasou. Mas por quê? Achou algum bagulho valioso aí?

Víctor faz suspense, olha fixamente para o objeto encontrado.

VÍCTOR: Talvez...

O objeto é uma abotoadura de ouro com a inscrição das letras M.B cravada na frente.

CORTE CASADO

CENA 10 CASA DE ALVENARIA [INT. / TARDE]

Mãos seguram o lenço com a abotoadura.

DCR(O.S): M.B? (Dcr encara Víctor) Marco Bedlin, claro.

Dcr faz que vai tocar, mas Víctor o impede.

VÍCTOR: As digitais dele ou até da Ari podem ainda estar aí.

DCR: Mas mesmo que as digitais do Marco estiverem aqui, não há nada que o coloque na cena do crime. Pessoas perdem objetos a todo instante.

VÍCTOR: Não, cara, mas se a Ari tentou se defender ela pode ter tocado nesse botão. Como as digitais dela poderiam estar numa abotoadura com as letras M e B sem que fosse alguém conhecido?

DCR: Vou entregar à polícia.

Dcr dá as costas e se mostra tentado em tocar o objeto, mas desiste.

FADE TO BLACK

TERCEIRO ATO

FADE IN

Takes da cidade de tarde, sol se pondo / Takes da cidade à noite / corta

CENA 11 CURTO-CIRCUITO [INT. / NOITE]

= = Toca no ambiente S&M – Rihanna = =

Muitas luzes, grande movimentação. Hans adentra curioso como quem não quer nada, e olha para algo fora da tela.

Víctor está na chapelaria, cumprimenta uma cliente e guarda sua bolsa. Quando se volta, dá com Hans debruçado sobre o balcão e sorrindo.

HANS: (finge) Olá, você é novo aqui, não é?

VÍCTOR: Comecei hoje. Tem alguma coisa pra guardar, amigo?

HANS: Eu não; você tem?

Víctor faz que não entende. Hans estende a mão.

HANS: Desculpe, meu nome é Hans Stroher (Víctor cumprimenta), sou jornalista da Novo Dia.

VÍCTOR (hesita): O que você quer comigo?

HANS: Te dá a chance de limpar a tua barra que a Lila Machado sujou.

VÍCTOR: Lila Machado?

HANS: Não sabe quem é Lila Machado? (p) A jornalista que anda transformando a vida de Danilo Rodrigues num inferno desde que ele sofreu aquele acidente. (distorce) Pra ela, você é o culpado pela morte da esposa dele.

Víctor vai guardando outra bolsa, enquanto o encara, desconfiado.

VÍCTOR: Sei de nada disso não, cara. To tentando mudar a minha vida, então se me der licença...

HANS: Peraí, amigo, eu apenas preciso do seu depoimento, pra que amanhã a sua cara não estampe as colunas com falsas acusações.

Víctor bate a mão de contra o balcão.

VÍCTOR: E do que mais vão me acusar, hen?

Roger se aproxima rapidamente, irado.

ROGER: Ei! Que negócio é esse aqui?  A Lila vai gostar muito de saber que você tá pegando a matéria dela, né Hans?

Hans se aborrece, Víctor ali sem entender.

HANS: Dá pra você ir pra pista dançar? (entre dentes) Cê tá me atrapalhando.

ROGER: Ah, eu te atrapalho, é? (para Víctor) Escuta, camarada, esse aqui faz parte da imprensa marrom. Cuidado com o que você diz que ele deturpa tudo.

Hans parte pra cima de Roger e o prensa contra o balcão. Víctor faz sinal para uns seguranças.

HANS: Cê tá maluco? Eu sou um jornalista de respeito, e não um fotógrafo medíocre que abana o rabo pra aquela Lila toda vez que ela te elogia.

E Hans solta Roger, enfurecido.

Dois seguranças se aproximam, logo atrás vem Dcr.

ROGER: Danilo, eu não fiz nada, esse cara/

DCR: (seco) Vocês têm 1 minuto para encontrarem a saída.

ROGER: Mas Danilo...

HANS: Vem cá, cadê a liberdade de imprensa? Cadê o meu direito de cidadão?

Dcr apenas aponta para a saída, deixando os dois jornalistas sem o que dizer.

CORTA PARA

CENA 12 CURTO-CIRCUITO [EXT. / NOITE]

Hans e Roger saem discutindo.

ROGER: Tá vendo o que você fez? A minha abordagem seria bem mais discreta que a sua.

HANS: (raiva) Quando que você foi promovido a jornalista mesmo hen? A Lila deve tá muito ocupada pra te mandar aqui.

ROGER: (provoca) Eu não sou um estagiário que ela manda fazer serviço sujo como roubar uma câmera, caro Hans. (em Hans com raiva) Sou um fotógrafo ético, lide com isso. Né não, Danilo?

Dcr abraça os dois de uma forma falsamente amigável.

DCR: Não me interessa onde vocês têm ética, só quero que nunca mais voltem pra importunar o Víctor ou quem quer que seja, ouviram bem? Senão da próxima vez a minha abordagem será outra.  

ROGER: Que nem aquela que você sofreu na Coffee Break, né?

Dcr o fuzila no olhar, surpreso.

DCR: O que você disse?

Roger saindo discretamente.

ROGER: Que eu não lembro onde deixei o meu carro...

Dcr encara Hans esperando alguma coisa.
Hans segura o ódio enquanto vê Dcr voltar para a boate com os seguranças.

CORTA PARA

CENA 13 CURTO-CIRCUITO [INT. / NOITE]

Dcr se aproximando da chapelaria.

VÍCTOR: Que história é essa de Lila Machado? Você conhece esses dois?

DCR: Eu devia ter te contado antes. Eu sou alvo da imprensa, Víctor, portanto, nunca comente a sua vida antes, nem durante, menos ainda agora pra qualquer um. Até que a gente coloque o assassino na cadeia.

VÍCTOR: Isso significa que você acredita mesmo na minha inocência, né?

DCR: Isso significa que eu acredito que você não deu o golpe final.

E Dcr sai, deixando Víctor pensativo.

CORTA PARA

CENA 14 CURTO-CIRCUITO - ESCRITÓRIO [INT. / NOITE]

Dcr conversando com Cael, este sentado diante de seu laptop.

DCR: O que adianta descobrir que as digitais da Ari estão nessa abotoadura, se provavelmente o Marco vai sair pela tangente?

Cael observa seu nervosismo.

CAEL: Pra quem nunca teve medo de se arriscar, você anda muito hesitante. O que tá acontecendo?

Dcr respira fundo, se senta diante da mesa.

DCR: Você não acha que tá fácil demais? Essa abotoadura é exclusiva, logo chegaremos em Marco, mesmo que ele negue até a próxima reencarnação, então eu posso contar pra minha mãe que só fiquei dois meses em coma, que durante 1 mês estudei pra ser o desmemoriado, e Ari poderá descansar em paz/

CAEL: Eu acho que você não quer se desligar dela (em Dcr, sem o que dizer). Você sabe que com tudo resolvido e o seu depoimento sobre o seu acidente, não haverá motivo pra você não seguir a sua vida adiante. A não ser que tem alguma coisa que você gostaria de dividir comigo?

Dcr hesita, pensa um pouco.

DCR: Você sempre divide as coisas comigo, não é Cael?

CAEL: (firme / mente) Claro, não há nada que eu queira esconder de você.

Dcr faz que sim e se levanta, decidido.

DCR: (se esquiva) Talvez você tenha razão. Acho que eu to me prendendo a essa história por ter medo de recomeçar.

Dcr sai de cena, cabisbaixo.

Cael se mostra desconfiado pela reação de Dcr, ouvimos um alerta vindo do laptop. Cael coloca os fones de ouvido e conversa online de forma suspeita.

CAEL: Você ouviu tudo? (p) Danilo anda muito estranho desde que saiu do coma. Acha que aquela história da Lila de que ele pode retroceder ao passado é verdadeira?

CORTA PARA

CENA 15 CASA [INT. / NOITE]

O corte é feito diretamente na imagem de Cael num laptop.

MULHER(O.S): Se ela disse...

CAM vai revelando Rafaela, com os cotovelos sobre a mesa, mantendo o ar de vingança.

RAFAELA: É porque é verdade.

Fecha na expressão curiosa de Rafaela.

CORTA PARA

CENA 16 FACHADA - CASA DE ALVENARIA [INT. / TARDE DO DIA SEGUINTE]

Corta para o interior da casa – SALA

Víctor, de jeans, aparece abotoando a camisa azul.

MARCO(O.S): Mudança de ares...

Víctor se assusta ao ver Marco sentado no sofá.

MARCO: Danilo deve ter muita consideração pra te pagar uma casa como essa.

VÍCTOR: (nervoso) O que cê veio fazer aqui? “rapa’ fora, anda!

Marco se levanta, sem pressa, sarcástico como sempre, ajeita o paletó.

MARCO: Vim apenas lhe fazer uma visita, não posso?

VÍCTOR: A única coisa que você consegue fazer é trazer desgraça. Então pra poupar meus ouvidos, saia já daqui!

MARCO: Se o Danilo fez as pazes com você, qual o problema de nos tratarmos melhor também?

Víctor o encara segurando a raiva.

VÍCTOR: Do que é que você tá falando? (p) Aliás, como me encontrou aqui?

MARCO: Tava se escondendo?

VÍCTOR: Cê anda me seguindo é, cara?

Marco põe a mão por dentro do paletó e retira um jornal dobrado.

MARCO: (debochado) Imagina, eu não sigo nem pelo twitter, mas...(abre o jornal e o exibe) Há quem curte ser seguidor dos outros...

Víctor se surpreende por algo que vê.

[POV de Víctor]

O jornal da Novo Dia exibe uma foto onde Dcr cumprimenta Víctor no lado externo da casa, sob o seguinte título: “Herói presenteia algoz com uma casa”.

Volta em Víctor

VÍCTOR: Que palhaçada é essa?

MARCO: Nenhuma mentira, não? É claro...Talvez tirando aquela parte em que ele insinua que essa casa já estava em negociação muito antes de você ser preso...

VÍCTOR: Isso é mentira! Você sabe disso.

Marco faz o sonso.

MARCO: Não sei, sou do tipo que acredita que os jornais podem deturpar tudo, mas nunca inventar.

E Víctor joga o jornal sobre Marco e vai empurrando-o para a porta.

VÍCTOR: Seu idiota! Você e esses jornalistas são um bando de vermes! “Vaza” daqui! “Vaza”!

MARCO: (provoca) Quanto mais rápido você falar a verdade, mais rápido você cairá no esquecimento da imprensa, escuta.

Víctor o agarra pelo o ombro e o fita de forma ameaçadora.

VÍCTOR: A única verdade que tenho é da sua participação na morte da garota. Vai encarar?

Corta

CASA[EXT.]

Marco e Víctor ao longe discutindo, sendo vistos pela lente de uma câmera.

Volta em Marco

MARCO: (sonso) Por acaso eu empurrei a Ari daquele prédio...?

VÍCTOR: Não sei, não sei. Já pensou se existe uma prova de que você esteve naquele prédio?

MARCO: (irônico) Não começa a blefar senão acredito (ri).

Víctor o agarra pelo colarinho, pensa um pouco, cara a cara, mas o solta em seguida.

VÍCTOR: Tu vai pagar pra ver.

Marco ajeita o paletó com aquele sorrisinho besta.
CAM se afasta, Roger retira a câmera da cara e sorri animado.

ROGER: Grande Roger...

CORTA PARA

CENA 17 APTº 3011 – SALA [INT. / TARDE]

Dcr se apressa, recolhendo uma chave sobre a mesa central.

Raíza, de blusão preto sobre a calça jeans, exibe um jornal.

RAÍZA: Suponho que você ainda não leu isso.

Raíza pega um jornal sobre a mesa e entrega a Dcr.

DCR: “Herói presenteia algoz com uma casa”. (Dcr arremessa o jornal ao chão) Filho da mãe! Não basta a Lila, agora é esse Hans.

RAÍZA: Você virou figura fácil. Já pensou o que vai fazer quando todo mundo começar a achar que você deixou a Ari morrer?

Em Dcr, indignado.

DCR: Isso é ridículo! Eu jamais faria uma coisa dessas, além do mais eu tava na igreja.

RAÍZA: Mas se todos acreditarem que você já tinha o dom de regredir ao passado, viu a Ari morrer e nada fez pra mudar...

DCR: As pessoas não tão levando em conta o que a Lila escreveu/

RAÍZA: Então você tem acompanhado a coluna dela, né?

Dcr disfarça, para um pouco, mexe na chave entre os dedos.

DCR: Eu acho que eu não sei guardar tão bem um segredo como você.

Raíza toca seu rosto, carinhosa como antes.

RAÍZA: Mas talvez tenha mais sorte do que eu, (aponta o dedo para Dcr) porque você é um herói público, e como você não poderá mudar todo o passado quando você quiser, logo suas fãs vão ter certeza de que você não tem nenhum dom especial.

DCR: (brinca) Isso pode ser bem chato pro meu show business.

Os dois riem.

DCR: Falando em business...

Dcr mostra um lenço e o abre, revelando a abotoadura.

DCR: Lembra que eu falei que o demônio sempre deixa rastros?

Raíza toca no lenço e

Um FLASH DE LUZ SE ABRE / Corta

CENA 18 CASA DE ALVENARIA [INT. / NOITE]

A cena inicia num ambiente escuro, onde Víctor, sangrando, olha sofrido para Dcr.

VÍCTOR: Fuja daqui... Ele é pior que o Marco!

Um canivete corta a jugular de Víctor fazendo Dcr dar um pulo para trás de horror.

DCR: Quem taí? Quem taí?

Víctor agoniza e o assassino esbarra numa mesa. Dcr se arrasta para trás, pega um vaso e arremessa contra o sujeito, sem atingir. Dcr se levanta, pega outro vaso, mas o sujeito lhe acerta um soco fazendo Dcr ir contra a janela, que se quebra.

Foco no caco de vidro.

Dcr pega um caco, decidido.
Quando a CAM vai mostrar o assassino, uma luz cobre o seu rosto...

FIM DO FLASH

DCR: Decidi que vou entregar à polícia. É a única prova que eu tenho...

Raíza entrega o lenço seriamente.

RAÍZA: É uma prova muito pequena...Mas torço pra que (olha sentida para Dcr)...Pra que dê tudo certo.

Dcr faz que sim e Raíza o abraça.
No rosto de Raíza preocupada sobre o ombro do amigo.

FADE TO BLACK
FADE IN

CENA 19 RUA DA CIDADE [TARDE]

Dcr, de capacete, dirige sua moto pela alta estrada. Ouvimos seu celular tocar e Dcr estaciona no encostamento. Dcr saca o celular e atende.

DCR: Víctor, o que houve?(t) Não é possível! Víctor, você não podia ter falado nada. Esse Marco não vai sossegar até descobrir do que se trata.

Corta / CURTO-CIRCUITO [INT.]

Víctor ao telefone

VÍCTOR: Eu sei, cara, vacilei, mas não aguentei quando ele insinuou que foi você quem mandou matar a Ari.

DCR (V.O): O quê? Mas ele é muito sórdido mesmo.

VÍCTOR: Você precisa entregar aquela prova pra polícia, cara, antes que ele faça alguma coisa.

VOLTA EM DCR

DCR: Farei isso.

Ouvimos pneus cantarem o asfalto. Um carro preto para bruscamente no encostamento a frente da moto de Dcr.

DCR (ao telefone): A gente se fala.

Dcr desliga o celular enquanto vê Marco sair do carro, imponente.

MARCO: (irônico) Desculpe chegar assim, mas ultimamente tem sido difícil falar contigo. Eu nunca sei onde exatamente te encontrar.

DCR: (finge) Você é o irmão do Cael, acertei?

Marco vem caminhando.

MARCO: (deboche) Ah é, esqueci desse seu probleminha de memória. Mas eu fiquei preocupado, sabe. Porque...Como alguém acorda do coma, lembra apenas da família e da sua finada esposa, mas concede uma casa para quem perseguiu a Ari? Tem certeza de que foi a memória que você perdeu e não o juízo?

DCR: Todo mundo comete erros e todo mundo merece uma segunda chance. Mas qual seu interesse nisso?

MARCO: É que eu fiquei preocupado com o depoimento do Víctor sobre mim. Só queria ressaltar o que eu disse na delegacia; Que ele me pediu ajuda para se vingar de Ari, mas como recusei ele prometeu que ia sujar o meu nome.

DCR: (sarcasmo / ajeita o capacete) Você deve tá realmente muito preocupado pra ter me fechado no meio da estrada só para esclarecer as coisas.

MARCO: É que eu não quero que fique nenhum problema entre nós. Víctor está obstinado em me destruir, e eu não quero que na sua obstinação em ver o assassino de sua esposa na cadeia você acabe cometendo uma injustiça. (cara a cara) Acho que ninguém recebe uma terceira chance, não é?

Dcr faz que entende a ameaça.

DCR: (irônico) Você é mesmo irmão de Cael; tão prestativo e conselheiro quanto ele. (Marco força o sorriso / Dcr põe o capacete) Até.

E Dcr liga a moto e segue viagem.

Em Marco, chateado.

FADE TO BLACK

QUARTO ATO

FADE IN

CENA 20 CASA DE ALVENARIA [EXT. / NOITE]

O local, aparentemente ermo, está sendo visto através da lente de uma câmera.
Um sujeito de capuz preto, cabeça baixa, espreita pela casa, olha para os lados e levanta o tapete de entrada. O sujeito apanha uma chave, abre a porta e entra.

Volta em Roger que desvia a câmera por um instante, sem entender.

ROGER: Será que é o Víctor?

É quando Roger é surpreendido por uma gravata dada por Víctor.

VÍCTOR: Boa intuição, camarada.

Roger ali, se sufocando.

ROGER: Por favor, cara, só to fazendo o meu trabalho/

VÍCTOR: Eu também. Se vocês acham que eu matei a garota, deviam tomar mais cuidado.

ROGER: Não!

Víctor força a gravata.
Roger cai inconsciente na mata.

CORTA PARA

CENA 21 CASA DE ALVENARIA [INT. / NOITE]

Sala na penumbra, Víctor entra, tenta ligar a luz, mas a luz não acende.
Víctor caminha pela sala estranhando alguma coisa. Suspense.

Víctor faz que vai se voltar, quando recebe um golpe na nuca, não o suficiente para derrubá-lo. Víctor se volta dando um soco no ar, e recebe uma paulada na cara derrubando-o no chão.
Víctor está inconsciente.

CORTA PARA

CENA 22 DELEGACIA [INT. / NOITE]

Dcr está sentado num banco, ansioso, manuseando o lenço com a abotoadura. Ouvimos um alerta de SMS. Dcr põe a mão no bolso da jaqueta e saca o celular.

DCR (lendo): Vem pra cá agora e traga a nossa prova, urgente. To em casa. Víctor.

Dcr se mostra confuso, mas se levanta e sai da delegacia.
Uma senhora sai da sala do delegado. O atendente olha para o banco, sem entender.

ATENDENTE: Danilo Rodrigues? (t) Ué, o cara foi embora...

CORTA PARA

CENA 23 CASA DE ALVENARIA [EXT. / NOITE]

Breu. Uma luz causa um clarão na mata e uma moto para. Dcr retira o capacete e sai da moto estranhando a escuridão. Corta.

CENA 24 CASA DE ALVENARIA [INT. / NOITE]

A porta é aberta e Dcr entra, tenta acender a luz, mas sem sucesso.

DCR: Víctor? Víctor, to aqui.

VÍCTOR: Danilo!

Dcr consegue enxergar Víctor sentado numa cadeira com a cabeça sangrando.
Dcr corre até ele.

DCR: Víctor, o que aconteceu? Quem fez isso?

Víctor está amarrado, sem forças, encara Dcr com medo.

VÍCTOR: Deixa a abotoadura na mesa.

DCR: Foi o Marco?

VÍCTOR: Por favor...Deixa a prova na mesa...

Dcr hesita, mas retira da jaqueta o lenço com a abotoadura e coloca sobre a mesa.
Dcr se volta, ele e Víctor se olham cúmplices.

VÍCTOR: Fuja...

DCR: (atordoado) Não...Não...

VÍCTOR: Fuja, cara, pelo amor de Deus!

DCR: É o Marco?

Olhar sofrido em Víctor.

VÍCTOR: Fuja daqui...Ele é pior que o Marco!

Um canivete corta a jugular de Víctor fazendo Dcr dar um pulo para trás de horror.

DCR: Quem taí? Quem taí?

Víctor agoniza e o assassino esbarra numa mesa. Dcr se arrasta para trás, pega um vaso e arremessa contra o sujeito, sem atingir. Dcr se levanta, pega outro vaso, mas o sujeito encapuzado lhe acerta um soco fazendo Dcr ir contra a janela que se quebra.
Foco no caco de vidro.
Dcr pega um caco, decidido.

A mão do assassino segura o canivete manchado de sangue.
O assassino avança, Dcr se esquiva, mas volta ferindo o estômago do sujeito, que reclama de dor, mas permanece firme.

O assassino avança em Dcr e os dois se atracam no meio da sala. Dcr recebe um soco na cara, cai sentado no sofá, mas aproveita a chance para chutar a virilha do assassino, que se contorce de dor. Dcr pula em cima do bandido, o agarra pela jaqueta e lhe dá um belo soco.
O assassino cai sobre uma mobília derrubando tudo diante da porta.

Dcr ainda dá uma última olhada em Víctor já morto, e logo sobe as escadas correndo.
O assassino supera o fôlego e vai atrás.

CORTA PARA

VARANDA DO 2º ANDAR

Dcr aparece cansado, correndo, o assassino na cola dele. Dcr salta da varanda e rola pelo

CHÃO

No momento em que Roger, massageando o pescoço, se assusta com a cena.

ROGER: Danilo?! O que tá havendo?

DCR: Corre!

Roger titubeia, olha para o alto e vê o assassino dá as costas.

DCR: CORRE!

Roger, segurando a mochila, segue Dcr e este se prepara para subir na moto.

ROGER: Pro carro! Pro carro!

Roger e Dcr correm, alcançam um carro, abrem a porta de cada lado e entram. CORTA

CARRO [INT.]

Dcr dá de cara com Lila ao volante.

DCR: Você de novo.

ROGER: METE O PÉ, METE O PÉ!

Corta para o EXT.

O carro pega a estrada.
O assassino observa por trás de uma árvore e depois some da tela.

FADE TO BLACK

FADE IN

Alto da redação Carioca News / Noite / Corta

CENA 25 REDAÇÃO CARIOCA NEWS [INT. / NOITE]

Lila vem andando a frente de Dcr e Roger e deixa sua bolsa sobre uma mesa.

LILA: Você ficou calado a viagem inteira. Não tem nada pra dizer?

ROGER: Pega leve, Lila. Não vê que ele tá em estado de choque?

Lila força a paciência, cruza os braços diante de um Dcr abalado.

DCR: Ele tá morto...(Lila e Roger se entreolham) Ele tá morto e a única prova que eu tinha foi roubada. (frustrado / olhos marejados) Ele morreu na minha frente...Foi horrível.

LILA: Danilo, não se esqueça que foi ele quem levou sua esposa para o local do crime. Tem certeza que essas lágrimas são pelo Víctor?

ROGER: Lila, não é hora de relembrar fatos ruins/

LILA: Eu to apenas tentando trazê-lo à realidade, Roger. A Ari ainda estaria aqui se o Víctor não tivesse feito o que fez/

DCR: (magoado) Ele estaria aqui se vocês não tivessem publicado que nós tínhamos uma prova contra o verdadeiro assassino (em Lila, sem o que dizer).

Um grupo de colegas presta atenção, curiosos pelo tom de voz alterado.

LILA: A gente tava apenas tentando te defender das calúnias de Hans Stroher/

DCR: Que se não fosse por vocês talvez ele nunca pensasse em me perseguir. A imprensa também o matou...

Dcr limpa os olhos, mostrando-se forte.

DCR: Que tal você postar isso na sua coluna de amanhã?

Dcr sai de cena.

ROGER: Danilo, a gente quer te ajudar. (para Lila) Pô, Lila, o cara já tava aqui todo abalado, prestes a ficar do nosso lado, e você estraga tudo? Qual é a tua?

LILA: Foi mal, Roger, mas não sei lidar com heróis sensíveis. Ele já passou por coisa pior, e ainda se abala com a morte de um inimigo. Não consigo aceitar isso.

ROGER: Mas as fãs dele sim. E você nunca teve problema em escrever sobre ele.

Lila, chateada, contorna a mesa e se senta.

LILA: A fantasia parece mais prática, sabe.

Roger abre a mochila e saca um livro.

ROGER: Enquanto você fantasia um cara super herói durão, outros vão além e tornam tudo uma realidade.

Lila faz que não entende. Roger lhe entrega um livro de capa azul.

[POV de Lila]

O livro traz na capa o título “Inimigo Oculto – A verdade por trás de um herói | Allan Dick”.

VOLTA EM ROGER

ROGER: Sua chance de tentar se aproximar de Danilo.

Fecha em Lila, assentindo.

FADE OUT
FADE IN

Alto de um prédio / Corta

CENA 26 APTº 301 – SALA [INT. / MANHÃ DO DIA SEGUINTE]

Josué quase joga um jornal da Novo Dia no colo de Bruno.

JOSUÉ: Vê aí, aquele Víctor não durou muito tempo na casa nova dada pelo Danilo.

Bruno pega o jornal, duvidando.

BRUNO: (lendo) “Víctor Leme é assassinado – E Danilo Rodrigues, herói de Lila Machado, estava na casa durante o crime”. (para Josué) Eu não ligo pra essas matérias sensacionalistas. (devolve o jornal) Não sabia que você lia isso.

JOSUÉ: As pessoas dão mais crédito para a imprensa marrom. (sarcasmo) Se esse Hans resolver investigar a vida e obra de Raíza, daqui a pouco o nosso nome vai tá na lama.

BRUNO: (pegando um jornal sobre uma mesinha) Quem deve se preocupar em ser capa de jornal...(Bruno mostra o jornal da Carioca News) Não é a Raíza.

[POV de Josué]

Close na coluna de Lila Machado onde lemos: “Danilo Rodrigues sofre ataque por tentar provar a verdade – E Víctor Leme é assassinado no dia em que recebe a visita de um milionário”.

Na foto abaixo há uma foto de Marco e Víctor tendo uma discussão na porta da casa dele.

CORTE CASADO

Hans soca o jornal na mesa, enfurecido.

CENA 27 REDAÇÃO NOVO DIA [INT. / MANHÃ]

HANS: Saco! Maldita! Cobra nadja! Ela tem sempre uma carta na manga!

Beto está a frente dele, tenso.

BETO: É e a carta na manga involuntária atende pelo nome de Marco Bedlin. Apesar das pessoas terem uma tendência a acreditar na culpa de um inocente, acho que esse Marco tem o biótipo perfeito de um vilão.

Hans se levanta, espumando de raiva.

HANS: Maldição! Se não fosse pelo Roger, a essa altura esse herói de meia tigela estaria sendo frito pelo povo.

BETO: Só que isso não aconteceu e pra piorar a chefa não gostou da concorrente superar o nosso mais uma vez. Ela disse que se você não produzir uma bomba jornalística, cê tá fora.

HANS: Virou garoto de recado, moleque?

BETO: Na verdade ouvi atrás da porta. Se quiser manter o cargo, melhor arrumar uma fonte confiável ou melhorar suas abordagens. Porque enquanto a Carioca News tiver credibilidade, acho difícil suas matérias ganharem força.

E Beto sai de cena deixando Hans pensativo.

CORTA PARA

CENA 28 LOCAL DE DOAÇÃO DE ROUPAS [INT. / MANHÃ]

Pouca movimentação, pessoas jogando roupas usadas em uma grande caixa de papelão.

Um par de calçados masculinos caminha pelo corredor e para diante da caixa.

Imediatamente um terno embrulhado num saco plástico é depositado dentro da caixa por mãos brancas. O sujeito atravessa a tela.

Close no terno onde a abotoadura de ouro com a inscrição das letras M.B está à mostra.

FUSÃO PARA

CENA 29 HDM CONSTRUTORA - ESTACIONAMENTO [INT. / MANHÃ]

Marco saindo de seu carro segurando um jornal da Carioca News. Marco, surpreso, bate a porta enquanto lê a matéria.

Ouvimos seu celular tocar. Marco põe a mão no bolso do paletó e retira o telefone.

MARCO: Fala, Tavares.

TAVARES (V.O): Aquele seu celular que o senhor mandou hackear...

MARCO: O que tem? Conseguiu alguma coisa?

TAVARES (V.O): É que o senhor acabou de receber a seguinte mensagem: “A verdade nunca perde em ser confirmada".

Marco ouve atento.

MARCO: E alguma suspeita?

TAVARES (V.O): Por enquanto, o que posso adiantar é que a mensagem veio do norte do estado, pros lados da Ilha do Governador. O senhor conhece alguém de lá?

Marco olha para o jornal, desconfiado.

MARCO: Não...Mas obrigado por me manter informado. Continue o seu trabalho.

Marco desliga o celular. Close na abotoadura de ouro em seu paletó com as iniciais “M.B”.

= = Tocando: Sad – Maroon 5 = =

Em Marco, seguro de si.

FUSÃO PARA

CENA 30 CASA [INT. / MANHÃ]

Tela de um laptop onde a foto de Marco e Víctor estampam o jornal da Carioca News.

Rafaela vibrando.

RAFAELA: Paga pra ver se eu ainda não coloco esse cara atrás das grades.

Tony ao fundo, só observando, sentado e com o celular na mão.

FUSÃO PARA

CENA 31 MANSÃO DE CAEL - ESCRITÓRIO [INT. / MANHÃ]

Cael diante do laptop, tira os fones de ouvido, fecha o laptop e se assusta com o que vê a sua frente.

Lara o encara, peçonhenta.
Em Cael, sério.

FUSÃO PARA

CENA 32 CASA DE ÂNGELA [MANHÃ]

Ângela está de costas, Joana saindo pela porta sorridente, abre o portão e abraça a mãe.
Joana vai fechando o sorriso ao olhar para a câmera.

João observa o reencontro das duas.

FUSÃO PARA

CENA 33 COFFEE BREAK [INT. / TARDE]

Um jornal da Carioca News sobre o balcão. A página está na coluna de Lila Machado com o seguinte texto destacado:

Nilo tem uma paixão explosiva na nova saga do herói”.

Valentina debruçada no balcão, lê a coluna com um sorriso satisfeito.
FUSÃO PARA

CENA 34 CEMITÉRIO [TARDE]

Ao longe, Dcr e Raíza diante de um túmulo. Corta.

Dcr se mostra triste, enquanto Raíza não esboça o menor remorso.

DCR: Não é estranho?

RAÍZA: A gente ser os únicos a prestar uma última homenagem ao Víctor? (p) É, é bem estranho.

Silêncio.

RAÍZA: Você perdoou o Víctor, não foi?

Dcr pensa um pouco.

DCR: Acho que isso não importa mais.

Raíza apenas balança a cabeça afirmativamente.

RAÍZA: Por que não traz ele de volta?

DCR: Porque acho que você tem razão; não posso salvar a vida de todo mundo.

RAÍZA: Ou porque você sabe que poderia morrer no lugar dele.

Dcr olha para Raíza, assentindo.

DCR: É...Acho que eu não sou exatamente esse herói idealizado nos jornais.

RAÍZA: Não existe herói perfeito, não é?

Raíza olha para Dcr, esperta. Dcr assente, pensativo.

CAM busca Lila se espreitando atrás de uma árvore. Lila se volta encostando-se no tronco, esboça frustração. Em seguida, Lila sai de cena.

Dcr e Raíza ao longe.

FADE TO BLACK

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