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PRIMEIRO ATO
FADE IN
= = TOCANDO: Die Young – Ke$ha = =
Vista
aérea da cidade à noite
Pessoas andando pelas ruas fantasiadas
de bruxas, carrascos, Ghostfaces, todos animados.
CENA 1 CURTO-CIRCUITO [EXT. / NOITE]
Muita gente fantasiada conversando, alguns na fila, luzes da logotipo piscando.
Corta para o seu INTERIOR
Uma
abóbora iluminada dá lugar ao globo de luz.
CAM passeia por
entre as pessoas, luzes piscando freneticamente, garçons com rímel
preto, dentes de vampiro e capa preta servindo coquetéis.
Um Coringa retira a máscara e revela ser Dcr ao lado de Roger, cuja máscara de hóquei está na cabeça, referência a Jason Voorhees.
ROGER: É sério, cara! A gente devia ver isso de perto. A Joana pode tá correndo perigo de vida mesmo.
DCR: Isso é blefe, Roger. Eles não sabem que você tem uma cópia do projeto, logo você não tem nenhuma tese, menos ainda prova contra o Erom. A Joana deve ter fugido pra casa de algum namorado.
ROGER: Você não tá acreditando na minha teoria, né? Cê já pensou que esse Erom tá reunindo os pacientes pra formar um grupo, uma sociedade do mal?
DCR (pensativo): Sociedade?
ROGER: Vai me dizer que você não ficou impressionado com a história do milagroso creme da Katy O’Nara? E que ninguém some de uma clínica? Qual é, amigo? A Joana não se arriscou por um enredo trash de terror.
Ouvimos um celular tocar. Roger apanha da calça um celular e atende.
VOZ FEMININA: Qual o seu filme de terror favorito?
Roger
não entende e olha para trás, dando de cara com Ghostface.
SUSTO.
ROGER: Quase tive um troço agora.
Dcr ri, enquanto o Ghostface retira a máscara e revela ser Raíza.
RAÍZA: Engraçado...Jason em Pânico.
Roger faz careta, Dcr e Raíza aos risos.
ROGER: Seus palhaços!
VOZ MASCULINA: Você quer um balão, Jason Voorhees? (Hans, caracterizado de palhaço macabro e segurando um balão) Ele flutua. Venha flutuar também...
ROGER: Vai pro inferno, Pennywise!
Hans debocha, quando OUVIMOS GRITOS histéricos. Todo mundo corre para o lado de fora. Cael, com um simples máscara negra nos olhos, caminha por entre eles, sem entender.
CAEL: O que tá acontecendo?
MUSIC OUT
CORTA PARA
CURTO-CIRCUITO [EXT./ NOITE]
As pessoas olham para o chão, aterrorizadas, muito burburinho, gente assustada. Cael, Dcr, Raíza e Roger chegam na calçada e param, tensos.
CAM acompanha seus olhares para o CORPO de um carrasco com uma corda no pescoço, estirado no chão.
GAROTA (O.S): Ele foi jogado de um carro fúnebre, eu vi!
Dcr
se agacha e, temeroso, levanta o capuz. É JOANA, morta, com olhos
abertos e marcas de enforcamento.
Dcr cai pra trás apavorado.
Há um bilhete preso ao pescoço, no qual Dcr pega e abre. Todos
atentos.
POV de DCR que vê a seguinte mensagem:
“Como
nos velhos tempos”
Dcr fecha o bilhete, aflito.
A tela se fecha
FADE IN
Vista aérea da boate cercada de gente, policiais fazendo isolamento com fita amarela.
CENA 2 CURTO-CIRCUITO [EXT. / NOITE]
Roger está debruçado em um carro, chorando. Hans surge pela suas costas, cauteloso.
HANS: Sinto muito pela sua namorada, Roger.
ROGER (explode): Cê ainda não foi pro inferno, Hans?
Hans engole a seco e sai de fininho, enquanto Dcr se aproxima. Ele toca o ombro de Roger, sem conseguir dizer nada.
ROGER: Viu? Não era blefe.
DCR: Roger, eu...A gente não podia prever/
Roger se vira para Dcr, indignado.
ROGER: A gente podia ter ido no endereço que nos deram/
DCR: Pra todos nós morrer?
ROGER: A gente nem tentou, Nilo! (silêncio) Eu devia ter te arrastado, ter feito um drama ou até ido sozinho. A Joana não merecia morrer assim.
DCR: Eu não tive culpa, Roger. Eles jogaram com a vida dela. Jogaram com a nossa. Ninguém teve mais culpa do que o assassino dela.
Roger meio vencido, passa a mão nos olhos molhados.
ROGER: Eu não to te culpando. A culpa é minha que meti a garota nessa história. Ela só topou ser enfermeira daquele hospício porque sabia que podia perder o direito de exercer a profissão dela, por causa do Marco. Mas foi muito arriscado.
DCR: A culpa não é nossa, nem do Marco, Roger. É de quem a matou.
Roger volta a se debruçar no carro, pensativo. Depois torna a encarar Dcr.
ROGER: Se eu pudesse voltar no tempo, eu a salvaria.
Dcr abaixa a cabeça, relutante.
ROGER: Você pode, Nilo.
DCR: De novo com essa história/
ROGER: Eu sei que você pode voltar no tempo, amigo. A gente pode salvar a Joana!
DCR: Não é tão simples assim, Roger. Alguém pode sofrer as consequências disso.
Roger olha adiante, o corpo de Joana coberto por um pano branco e sendo colocado na ambulância.
ROGER: Eu só queria ter a chance de reparar um erro.
Em
Dcr, hesitante.
Adiante, Raíza, impressionada, e abraçada a
Cael.
RAÍZA:
Ela
não teve muita sorte. E parte disso foi culpa minha.
CAEL: Não diga isso. Você passou por piores momentos, e o culpado disso não sente culpa alguma.
RAÍZA: Mas eu ainda to viva.
João Batista aparece de capuz preto e uma máscara preta nos olhos. Ao seu lado, Ana também de capuz preto e o rosto pintado de caveira.
JOÃO: Enquanto você vive, todos estão morrendo...Um a um. Não ficarei admirado se todos da família morrerem antes de você.
Raíza
fita o olhar e
NUM EFEITO DIGITAL, CAM INVADE OS OLHOS DELA
= = VISÃO DE RAÍZA EM FLASHES RÁPIDOS = =
APTº 301 [INT. / NOITE]
Bruno ao telefone, diante de um sujeito usando a máscara de Michael Mayer. Michael ergue o facão, Bruno se espanta.
= = FIM DA VISÃO = =
Raíza põe a mão no peito, assustada. Ninguém entende. Raíza sai cambaleando.
CAEL: Raíza! Raíza!
RAÍZA: Eu preciso falar com o Dcr...
Raíza vem vindo, sua imagem desfocada, enquanto Dcr e Roger aparecem, sérios, um para o outro.
DCR (fecha os olhos): Isso não tá acontecendo...Nada disso tá acontecendo...
Todas
as vozes vão perdendo a sonoridade, CAM vai dando voltas em Dcr e as
imagens ao seu redor parecem um borrão.
Até que para no rosto
dele.
CORTE CASADO PARA
Dcr
abrindo os olhos, OUVIMOS burburinho
e risadas.
Dcr e Raíza caminham pela CURTO-CIRCUITO onde
algumas pessoas trabalham na decoração de Halloween.
CENA 4 CURTO-CIRCUITO [INT. / MANHÃ DO MESMO DIA]
DCR: Ainda não acredito que a Ana foi possuída pelo Erom. Quero dizer, não acredito que é ele de volta.
RAÍZA: Ele te odeia por você tê-lo mandado ao cadafalso. Seja lá como ele voltou depois de séculos, mas certamente usou o mesmo método do Cipriano.
DCR: Se os dois se lembram de tudo que aconteceu, creio que Cipriano odeie Josué, já que este matou seu discípulo mais fiel, que hoje vem a ser seu pai.
RAÍZA: Cipriano não parecia o tipo de pessoa apegada ao ser humano, mas...Sempre notei um certo respeito dele para com o meu pai.
Os dois chegam ao balcão, Dcr se debruça.
DCR: Os vilões têm seus códigos de ética então (ambos sorriem).
ROGER (O.S): Nilo! Raíza!
Roger adentra esbaforido com um bilhete nas mãos.
ROGER: Minhas suspeitas se confirmaram. (ele entrega o bilhete) A Joana não fugiu com o namorado.
Dcr dá uma lida no bilhete.
DCR: “Joana está bem...Se vocês assim quiserem. Aguarde contato”.
ROGER: Isso é coisa de psicopata, Nilo.
No rosto de cada um, até que para em Dcr, preocupado.
CORTA PARA
Ruas movimentadas, muitas lojas populares.
CENA 5 LOJA DE FANTASIAS [INT. / MANHÃ]
Num
clima de suspense, CAM vai adentrando por entre as pessoas, várias
fantasias tradicionais de halloween expostas, até chegar num
provador fechado com cortina preta.
Quando a cortina é aberta,
SUSTO. Há uma pessoa trajando roupas e uma máscara de Michael
Mayer.
VENDEDORA
(O.S):
Ficou
perfeito!
A vendedora (loira, cabelos amarrados) sorri
simpática.
VENDEDORA: Tenho certeza de que vai causar em sua festa.
Michael Mayer se olha no espelho, firme.
O suspense marca.
FADE TO BLACK
PSICOPATA AMERICANO
SEGUNDO ATO
FADE IN
Vista
aérea de alguns prédios / Ouvimos uma campainha tocar.
CENA
6
APTº
301 [INT. / MANHÃ]
Josué acaba de abrir a porta, chateado, e Ângela entra em disparada.
JOSUÉ: Olha só, Ângela, eu tenho que ir trabalhar, então seja rápida/
Ângela mostra um papel para Josué.
ÂNGELA: Sabe o que é isso?
JOSUÉ: Um papel?
ÂNGELA: Não se faça de idiota! A Joana não voltou pra casa desde que saiu do trabalho, o celular dela foi encontrado na rua, e nesse papel ela diz que tá bem, que tá com o namorado.
Josué dá de ombros.
JOSUÉ: E onde eu entro nisso?
ÂNGELA: Eu falei pra você que eu ia contar toda a verdade quando eu voltasse de viagem. Aí o João surta num dia, e a minha filha some em outro?
JOSUÉ (debochado): E todos os dois filhos da mesma mãe...Que coincidência, não?
Ângela o encara com ódio, quase trincando os dentes.
ÂNGELA: Você só pode tá me testando. Você deu um jeito de sumir com ela só pra calar a minha boca, não é? Você chegou a ameaçar os dois no dia de sua posse como diretor, lembra?
JOSUÉ: Escuta, Ângela, eu não sei o que houve com a Joana, nem o que o Papa tá fazendo agora, menos ainda a programação da TV pro fim de ano, ok?
Josué pega Ângela pelo braço e a leva até a porta.
ÂNGELA: Se alguma coisa acontecer com a minha filha/
JOSUÉ:
Você
conta tudo pro João, sei. Agora some!
E Josué bate com a
porta na cara de Ângela, põe as mãos na cintura, com raiva.
NO
CORREDOR
João espreita, tendo escutado tudo.
CENA 7 ED. ONDE MORAM BRUNO E JOSUÉ [EXT. / MANHÃ]
Ângela entra no carro, bate a porta, põe o cinto de segurança e gira a chave na ignição. João surge na janela.
JOÃO: Será que a gente pode conversar...Mãe?
Em Ângela estupefata.
CENA 8 FACHADA - LANCHONETE [MANHÃ]
Corta para o seu interior
João e Ângela estão sentados tomando café.
ÂNGELA: Eu não devia tá te contando isso. Josué me mata se souber.
JOÃO: Ele deixou o próprio irmão morrer no lugar dele, e ainda te ameaçou. Vai esperar a Joana aparecer morta pra tomar uma atitude?
ÂNGELA: Não! (pensa) Ele não ia fazer isso. Ele sabe que tem muito a perder também.
JOÃO: A carreira promissora dele? Que eu saiba, é a única coisa com a qual ele se importa.
ÂNGELA: Estranho você falar assim...Sempre se deu bem com ele.
JOÃO: Talvez a badtrip que eu sofri tenha me feito enxergar as coisas de outro modo...Mas infelizmente, não há nada que possamos fazer para detê-lo, né?
Ângela pensa um pouco, olha para ambos os lados, até que abre a bolsa e pega um iphone.
ÂNGELA: Eu jurei que eu só tomaria atitudes drásticas se algo de muito ruim acontecesse.
JOÃO: O que tem aí?
ÂNGELA: Talvez o fim da carreira do senhor diretor.
João esboça um sorriso maldoso.
CENA 9 FACHADA – PRÉDIO ABANDONADO [MANHÃ]
(O
cenário é o mesmo do episódio 3x11, onde Lila quase foi
assassinada)
Um carro preto acaba de estacionar.
RAFAELA (V.O): Já to ficando impaciente, sabia?
Emenda áudio com a cena seguinte, já no INTERIOR do Prédio.
Rafaela encostada ao batente da janela. Pelas suas costas, surge Cael.
CAEL: Não sei por que. É só uma questão de tempo pro Marco ir preso. Ou será que você tem algum outro plano?
Rafaela se volta, inquieta.
RAFAELA: O nosso plano já foi executado, Cael. Eu só quero vê-lo preso.
CAEL: Depende do que você chama de nosso plano. O meu era desmascarar o Marco, e o seu? Ter uma carreira sólida na Carioca News?
Rafaela o encara, séria.
RAFAELA: Uma coisa leva a outra.
CAEL: Sabe o que o Roger me disse ontem? Que se o Marco não for o assassino, como acredita o Danilo, a Lila seria demitida por ter divulgado um falso vídeo.
RAFAELA: Um jornalista é responsável pelo o que escreve. E pelo o que divulga.
CAEL: E claro que você nunca pensaria em prejudicá-la, não é? A não ser pelo fato de vocês serem rivais.
Rafaela sai de perto da janela, nervosa.
RAFAELA: Rivais? De onde tirou isso?
Cael segura em seu braço, sério, medonho.
CAEL: Eu já sei que você e Lila são velhas conhecidas e ex-colegas de blog.
Clima. Rafaela emudece, preocupada.
CAEL: O que eu não entendo é como duas pessoas brigam por causa de Raíza, e agora você entrega um grande furo de reportagem para alavancar ainda mais a carreira dela.
RAFAELA: Olha, eu não to entendendo esse papo/
CAEL: Você tinha um blog que divulgava as ações de Raíza pela cidade, como se ela fosse uma heroína. A Lila quis escrever um livro sobre ela, mas você tinha medo de que ela ganhasse mais fama do que você.
RAFAELA (indignada): Você andou fuxicando a minha vida?
CAEL (por cima): Então vocês brigam, ela se torna uma das melhores jornalistas da cidade, e lança livros sobre um herói. E na primeira oportunidade, você entrega o ouro a ela?
Rafaela se solta de Cael, enfurecida.
RAFAELA: Você tá achando que o vídeo é fake também, é?
CAEL: O que eu to achando é que se você envolveu o meu dinheiro numa vingança pessoal, o único lugar onde você exercerá sua vocação é no jornaleco da Novo Dia, ok?
Muito
clima, olho no olho.
Ao fundo, Dcr ouvindo tudo, tenso.
CENA 10 HDM CONSTRUTORA – CORREDOR [INT. / MANHÃ]
Bruno fala algo para a recepcionista e quando se volta, dá com Cristiana, séria.
BRUNO: Doutora! Aconteceu alguma coisa?
CRISTIANA: A gente pode ir ali fora rapidinho?
CORTE DESCONTÍNUO
Em Bruno, assustado.
BRUNO: Mas isso é um absurdo!
CRISTIANA: A polícia tá achando que é trote. Só hoje eles já receberam 20 denunciando crimes bárbaros. E pra eles, a sua família é desequilibrada. Todas as atenções voltadas para o Marco, e agora surge a denúncia de que foi seu irmão quem tentou te matar? Se não fosse por mim, esse processo já teria sido arquivado.
BRUNO: Mas e agora? Eles vão atrás do Josué e do Edson?
Cristiana faz cara de pessimista.
CENA 11 CURTO-CIRCUITO [INT. / TARDE]
Roger cai sentado numa cadeira, estupefato.
ROGER: Como não pensei nisso antes? Claro! Rafaela e Dirce são a mesma pessoa!
Raíza e Dcr estão sentados a frente dele. Na mesa há uma abóbora decorativa.
DCR: Que isso fique entre nós, ok?
ROGER: Isso não faz sentido. Até onde eu sei as duas estavam brigadas, coisa feia viu.
RAÍZA: Devem ter feito às pazes, pelo jeito.
ROGER: Não, vocês não estão entendendo. A Lila me disse que traiu a tal da Dirce e acabou sendo expulsa do blog, onde ela era autora também. Então elas fazem as pazes e eu não fico sabendo?
DCR (finge não saber): A Lila traiu como?
ROGER: A Lila estudava jornalismo e era obcecada por histórias de super-heróis. Ela vivia dizendo que precisava de um herói de verdade para escrever um livro. Até que ela conheceu esse blog através do Hans, até então seu namorado (surpresa em Dcr) e fez um falso acordo com a Dirce, Rafaela, sei lá. Lila prometeu ajudá-la a ser reconhecida, pois o sonho da Dirce, pelo o que a Lila falou, era ser jornalista.
RAÍZA: A Lila ajudou a Rafaela com os vídeos?
ROGER: Não, quem te filmava era o Hans mesmo e que a incentivou a escrever um livro sobre as descobertas da Dirce. Parece que a Dirce ficou furiosa ao perceber o plano dos dois, afinal, pra ela, a Raíza era uma descoberta dela, os vídeos eram gravados com o consentimento dela.
DCR: Foi por causa disso que ela largou o blog, então?
ROGER: Parece que sim. O blog era sensacionalista e ela queria o sucesso só pra ela. Depois que o blog faliu por falta de gente pra forjar os efeitos especiais, nunca mais ouvi falar dela. Até que você apareceu e a Lila ficou obcecada em te transformar em herói literário.
DCR: A Rafaela não deve tá muito satisfeita, né?
ROGER: Você tem razão...Mas sabe, as duas podem ter feito as pazes mesmo, já que a Lila me dizia que tudo que ela fazia era um plano pra te ajudar.
RAÍZA: E por que o Hans odeia a Lila?
ROGER: Porque a Lila fez um artigo para tentar ser aceita na Carioca News, detonando blogs sem o menor compromisso com a verdade. O problema é que o nome dos autores ainda aparecia na pesquisa, e isso detonou o Hans também, que ingenuamente, não usava apelido. Pra piorar ainda mais, ela lança livros sobre o Nilo, por achar que ele sim teria o perfil de um herói.
Dcr põe a mão no queixo, pensativo e preocupado.
DCR: E depois disso tudo, Rafaela consegue o emprego na redação...
ROGER: Mas o que você tá achando, amigo?
Dcr quase fala, quando Bruno e Cristiana chegam, apressados.
RAÍZA: Pai? Doutora Cristiana?
BRUNO: Raíza, fizeram uma grave denúncia contra Josué.
Todos ali sem entender.
CRISTIANA: Denunciaram ele e um tal de Edson por tentar matar o seu pai ano passado.
Bruno encara Raíza, fazendo um ar de cúmplice.
BRUNO: Isso seria possível, Raíza?
RAÍZA: Ahn...Não sei, pai...
Raíza se levanta, toca suas mãos, preocupada.
RAÍZA: Mas eu não poria minha mão no fogo por ele.
CRISTIANA: Infelizmente, a polícia não tá levando essa denúncia a sério. É tanta reviravolta no caso Ari, que no dia como hoje, qualquer um poderia ser o assassino.
No olhar tenso de Raíza. Ao fundo, Roger assustado.
CENA 12 APTº 3011 [INT. / TARDE]
Ana
abre a porta e sorri ao ver João, segurando uma sacola.
ANA:
Entra,
a barra tá limpa.
João entra cauteloso.
JOÃO: Tem certeza de que o Danilo não costuma vir a essa hora?
ANA: Ele não morde não, tá?
Ana fecha a porta, e quando se volta, leva um susto.
ANA: Ai, credo! Cê não pretende ir assim na boate, né?
João está com uma máscara de Michael Mayer, e não responde.
ANA: João, para com isso. Mike me deprime, me faz lembrar o tempo que eu passei na reabilitação.
João revela uma faca e vai se aproximando.
ANA: João, esse teu silêncio tá me irritando.
João retira a máscara e guarda na sacola.
JOÃO: Poxa, Ana, eu to caracterizado e você quer que eu fale?
ANA: Você é sempre assim? Medonho?
JOÃO: A faca é de mentirinha, tá?
Os dois riem e ficam se olhando firmes. Até que a porta é aberta e Dcr se depara com a cena. João se assusta.
DCR: Ana...O que ele tá fazendo aqui?
ANA: Ahn...Ele veio me mostrar a fantasia dele.
DCR (malicioso): A fantasia dele?
ANA: Você não devia tá na boate?
Dcr põe as mãos na cintura e analisa João, que desvia o olhar.
DCR: Eu vim tomar um banho e me preparar pra festa. É bom que você esteja aqui, João. Alguém denunciou o Josué como autor do atentado contra o Bruno.
ANA: Gente...Como assim?
JOÃO: Ele foi intimado a depor?
DCR: Não...
JOÃO (estranhamente nervoso): Como não? Vão deixar quieto?
DCR (desconfiado): A polícia tá desconsiderando a denúncia, mas o Bruno quer jogar o verde com o Josué.
JOÃO: Alguém faz a denúncia e a polícia nem se mexe pra averiguar?
DCR: Foi uma denúncia vazia, João. Sem argumentos. Apenas apontaram os suspeitos.
ANA: Eu to achando isso muito estranho. Parece que só querem ferrar com o Josué. Cê não acha, João?
João olha rapidamente para Dcr, tenso.
CENA 13 APTº 301 [INT. / TARDE]
João entra preocupado, à procura de alguém, quando Bruno surge da cozinha.
BRUNO: Oi, João. Aproveitando seu dia de folga?
JOÃO: Ahn...Não tem nada pra me contar?
Os dois se encaram, Bruno titubeia.
BRUNO: Você tá falando...?
JOÃO: Do Josué ser o autor do seu atentado.
Bruno se senta, cansado.
BRUNO: A Raíza acha que pode ser verdade.
João se senta ao seu lado, ansioso.
JOÃO: Ela acha?
BRUNO: Escuta, João, eu não quero fazer nada de cabeça quente. O Josué...Ele não teria feito isso.
JOÃO: Não acha estranho que depois do seu atentado, a Raíza foi internada por ele? Se você estivesse bem, não teria permitido, não é?
Bruno pensa um pouco, relutante.
BRUNO: O Josué, ele...Ele a odiava por ser minha filha, entende? (João faz que não) Ele achava que a mãe dela tinha que ter ficado com ele.
JOÃO: E você permitiu que ele continuasse morando contigo?
BRUNO: Eu achei que ele já tivesse superado isso.
JOÃO: Ninguém supera o que considera uma traição, tio. (os dois se encaram) Fale com a sua advogada. Se a vítima não pedir uma investigação, a polícia nada fará.
BRUNO: Essa pode ser uma denúncia infundada como a que fizeram quando aqueles alunos foram assassinados.
JOÃO: Não é! (pensa) Eu que fiz a denúncia, tio.
BRUNO: Como é que é?
JOÃO: E eu teria feito pessoalmente, se minha palavra valesse, mas depois de ontem...Ele me dopou pra eu não contar tudo que ouvi.
Bruno se levanta, indignado.
BRUNO: Mas isso é terrível, ele...Ele fez isso com você?
João se levanta, chateado.
JOÃO: Não é por ele ser meu pai que o impediria, não é?
Bruno fica sem reação, dá as costas e olha um porta-retratos onde ele aparece ao lado de Josué.
JOÃO: Isso ainda é pouco perto de tudo.
Bruno
se volta, tenso.
A cena passa a ser vista de dentro de uma
CÂMERA.
João diz algo que não ouvimos, Bruno cobre a boca
horrorizado e cai sentado no sofá. João o abraça, compadecido.
CORTA PARA
CENA 14 COLÉGIO FRANÇA – PÁTIO [INT. / TARDE]
Os alunos estão espalhados pelo local, conversando, outros lanchando na cantina.
[INSERT de áudio no alto falante – cena 5/3x08]
[JOSUÉ (V.O): DROGA! DROGA! INFERNO!]
Os alunos se assustam, e alguns riem, sem entender.
[JOSUÉ (V.O): O que você tá fazendo aqui, sua ordinária?
ÂNGELA (V.O): (irônica) Vim prestigiar o novo diretor do colégio. Pena que durou tão pouco, né?
JOSUÉ (V.O): Vai ficar de deboche, é? Eu quero ver esse deboche quando os seus dois filhos estiverem em perigo e a mamãezinha não puder fazer nada.
ÂNGELA (V.O): Você tá me ameaçando?
JOSUÉ: Pergunta de novela, sempre com pergunta de novela, você não se cansa, não hen? Você me irrita com esse ar de atriz canastrona, sabia?]
Alguns alunos permanecem assustados, mas outros gargalham.
CORTA PARA
Josué andando pelos fundos do colégio, preocupado. Alunos apontam o dedo para ele, rindo.
JOSUÉ: Mas que merda é essa?
Cipriano surge, sem entender também.
CIPRIANO: Manda cortarem o áudio, Josué, rápido!
[JOSUÉ (V.O): [...] Você vai contar pra todo mundo que eu deixei o meu irmão morrer no meu lugar? Que a pobre Joana não pôde conviver com o João? Quem mais sabe dessa história? Você e sua imaginação torta, né?]
ALUNO #1: Gente...Esse diretor é macabro.
ALUNO #2: Ganhou o meu respeito.
[ÂNGELA (V.O): (arrogante) [...]Meu pai matou o seu irmão achando que ele não queria assumir o nosso filho. Imagine a repercussão: Novo Diretor do Colégio França deixou um irmão morrer e não assumiu a paternidade de seu filho, que tal?
JOSUÉ (V.O): E que tal você dar um passeio lá fora? Sai!
ÂNGELA (V.O): Cê tá me machucando...]
Josué
desliga o alto-falante
e ouvimos lamentações.
Os alunos que riram, levantam-se e
aplaudem.
ALUNO #1: SENHOR DIRETOR! QUEREMOS MAIS!
E gargalham.
CORTE DESCONTÍNUO
Para Josué, dando um soco na mesa.
CENA 15 COLÉGIO FRANÇA – SECRETARIA [INT. / TARDE]
Josué espuma de raiva.
JOSUÉ: Isso foi obra da Ângela, aquela maldita!
Cipriano sentado, encostado na cadeira com aquele ar de sonso.
CIPRIANO: Você devia ficar feliz. O estrago só não foi maior porque teve boa aceitação de público.
JOSUÉ: Cê tá de deboche com a minha cara? Eu avisei a ela pra não se meter comigo.
CIPRIANO: Vai fazer o quê? Vai dopá-la como fez com o irmão dela?
JOSUÉ: Muito melhor. (expressão cruel) Eu quero a cabeça daquela garota.
Cipriano sorri, sombrio.
A tela se fecha
TERCEIRO ATO
Takes da cidade, muito movimento entre os carros/
= = TOCANDO: This Is How We Do – Katy Perry = =
CENA 16 CARRO [EXT. / TARDE]
A
música que ouvimos vem do carro. Valentina, de óculos escuros, está
ao volante, cantarolando com a música.
O sinal
fecha.
Valentina dedilha o volante ao som da música, até que
olha para o lado e algo chama sua atenção.
Josué
está escorado na parede de um BAR sujo conversando com alguém que
não vemos. Josué disfarça e entrega um maço de
dinheiro.
Valentina desce os óculos, curiosa.
MUSIC OUT
CORTA
PARA
Josué tentando manter a paciência.
JOSUÉ: É coisa rápida, ok?
EDSON: Não sei fazer essas coisas a sangue frio, não, chefia.
JOSUÉ (debochado): Ah, tadinho dele...Inexperiente, né? Nunca fez nada semelhante.
EDSON: Daqui a pouco eu vou pedir mais só por esse deboche, escuta.
JOSUÉ: Escuta, você! Essa grana é a última que eu te dou pra você fazer o serviço e sumir, ok?
EDSON: E como será?
JOSUÉ: Hoje é noite de halloween na Curto-Circuito, então/
CAM toma distância, Valentina já está com o celular a postos.
VALENTINA: Marco, cê não vai acreditar.
CORTE DESCONTÍNUO
Fachada do prédio onde mora Dcr.
DCR (V.O): O Josué?
CENA 17 APTº 3011 – SALA [INT. / TARDE]
Dcr está de frente para Marco e Valentina.
DCR: Tudo bem que houve uma denúncia contra ele, mas aí/
MARCO: Se houve denúncia, houve verdade. Ele sempre fez tudo pra acabar com a Raíza, e não duvido que tenha tentado contra o próprio irmão para impedi-lo de internar a filha.
DCR: Peraí, você teve participação nisso também e, no entanto a gente tá aqui.
MARCO: Ok, digamos então que o Josué tenha se arrependido de tudo que fez. Pra quem ele entregaria um maço de dinheiro? E quem faria uma denúncia tão vazia?
VALENTINA: Alguém que quer incriminá-lo, claro.
Dcr pensa um pouco.
DCR: Não seria a primeira vez. Mas quanto a grana, pode ser uma dívida de jogo.
MARCO: Não seria a primeira vez, não é?
Dcr faz careta.
VALENTINA: Vocês têm que se concentrar na vaca da Rafaela. Eu, por mim, dava uma surra até ela abrir o bico, mas/
DCR: Sem violência, Valentina. Ela já tá se sentindo pressionada, e se ela revelar o assassino antes da Lila, a Lila é demitida.
Valentina se aproxima de Dcr, insinuante.
VALENTINA: Pensando em reatar, Danilo? (Ela acaricia seus ombros) Pensei que já quisesse partir pra outra.
Dcr afasta as mãos dela.
DCR: Essa outra não seria você, não é, Valentina?
Valentina faz cara feia, Marco sorri debochado.
CORTA PARA
CENA 18 COLÉGIO FRANÇA – AUDITÓRIO [INT. / TARDE]
Josué está atrás de um púlpito, ao lado de Cipriano.
JOSUÉ (discursa): O que aconteceu aqui foi uma brincadeira entre mim e a minha adorada amiga Ângela. A gente é assim, amamos novelas e ficamos encenando personagens.
O salão cheio, muitos atentos, outros rindo.
JOSUÉ: Peço desculpas pelo incidente. Isso não voltará a acontecer. Obrigado.
ALUNO #1: Uma pena, seu diretor. O senhor é um ótimo ator.
Risos.
Todos começam a se levantar, Josué observa os alunos se dispersarem, uns dão um tapinha no ombro dele. Josué sorri, forçado e se aproxima de Cipriano.
CIPRIANO: Tá tudo certo pra hoje à noite?
JOSUÉ: A minha parte está pronta. Mas eu não gostei do seu acordo. To jogando com a sorte.
CIPRIANO: Não se pode ter tudo que se quer, amigo. Gosto de brincar de ser Deus.
JOSUÉ: É bom que brinque direito e a meu favor.
CIPRIANO: Não se preocupe. De um jeito ou de outro, alguém sairá perdendo.
Cipriano sorri, maquiavélico.
CENA 19 ED. ONDE MORAM BRUNO E JOSUÉ [EXT. / TARDE]
Bruno está saindo, fecha o portão atrás de si.
CIPRIANO (O.S): Bruno. (Bruno se volta, chateado) Vim me despedir, amigo.
BRUNO: Resolveu se desintegrar no espaço? (Cipriano ri) Só não leva a Raíza junto, tá?
Bruno vai em direção ao carro e abre a porta.
CIPRIANO: Sabe que vou sentir falta disso. Seu sarcasmo involuntário.
BRUNO: O que você quer? Já não tem tudo que precisa?
CIPRIANO: Eu precisava de você como meu discípulo fiel de novo, mas nossos caminhos tomaram rumos diferentes.
BRUNO: Discípulo fiel? De novo? O que andou colocando nas suas poções, Cipriano?
CIPRIANO: Guardou o meu segredo o quanto pôde. És fiel. Cuidarei de Raíza para que nenhum mal a aflija.
BRUNO: Como cuidou quando ela ficou presa num manicômio? O que você não quer é que ela morra, esse é o único mal que não pode acontecer a ela, não é?
Bruno entra no carro e bate a porta, dando uma última olhada para Cipriano. O carro parte.
Cipriano observa ele indo embora.
CIPRIANO: Até breve.
CENA 20 CURTO-CIRCUITO [INT. / FIM DE TARDE]
A boate está pronta para o halloween, com decorações típicas, garçons mascarados de vampiros e luzes piscando freneticamente. Um garoto de 10 anos adentra, procurando alguém. Dcr, fantasiado de CORINGA, se surpreende.
DCR: Ei, garoto! Crianças não podem entrar aqui.
GAROTO: Me pediram pra entregar esse envelope pro Danilo.
DCR: Sou eu mesmo. Quem te pediu?
O garoto entrega e sai correndo. Dcr vai atrás.
DCR: EI!
Dcr SAI
Da
boate. Nenhum suspeito à vista.
Dcr abre o envelope e pega uma
chave grande e um bilhete, abismado. Muito suspense.
CORTE DESCONTÍNUO PARA
Dcr ao telefone, próximo ao BALCÃO.
DCR: Estão ameaçando matar a Joana, se a gente não for nesse endereço, Roger (T). Ok, mas nenhuma palavra com a Raíza. No bilhete tá claro: ela não pode ir com a gente.
RAÍZA: Eu não posso ir aonde?
Dcr a encara, frustrado.
CENA 21 APTº 301 – QUARTO [INT. / NOITE]
De costas para a porta, Bruno fala ao celular.
BRUNO: Não, doutora, independente do que o Josué me disser, amanhã irei à delegacia (T). O João não ia mentir sobre algo tão sério.
Ouvimos
tocar a campainha.
BRUNO:
Tem
gente tocando a campainha.
CORTA PARA
Bruno
andando pelo corredor e estranhando a SALA às escuras.
Assim
que adentra, há a sombra de alguém encostado à porta.
BRUNO: Quem taí?
CRISTIANA (V.O): Quem é, Bruno?
BRUNO (ao celular): É o João tentando me pregar uma peça, só pode. (indo até o sujeito) Acende essa luz, João, que agonia.
O tal sujeito se aproxima, Bruno para e pela luz vinda do corredor, o sujeito está com a máscara de Michael Mayer. Michael puxa o facão, Bruno vai pra trás.
BRUNO: João?
CRISTIANA (V.O): O que tá acontecendo, seu Bruno?
BRUNO: Não é o João...Eu sou mais alto do que ele...
Michael
ergue o facão, Bruno se espanta.
Seu celular cai no chão.
QUARTO ATO
FADE IN
Vista aérea da cidade à noite / Corta
A luz do poste falhando, CAM busca a calçada sombria, em frente a um depósito de paredes cinzas, janelas e portões de ferro.
CENA 22 DEPÓSITO [EXT. / NOITE]
= = Trilha incidental de Suspense = =
Luz
falhando algumas vezes, até que num BAQUE
Aparece a imagem de
uma pessoa com máscara de hóquei, em clara referência a Jason
Voorhees. Jason caminha cuidadosamente segurando sua câmera, logo
atrás Dcr, de CORINGA, seguido por outra com máscara de ghostface,
todos sorrateiros.
Ouvimos um barulho. Jason se joga de contra a
parede, medroso. Ghostface retira a máscara revelando ser Raíza.
DCR (murmurando): Será que a gente pode ir mais rápido?
Jason retira a máscara. É Roger, se borrando todo.
ROGER (murmurando): Eu não tenho vocação pra herói não, tá? Vocês precisam ter paciência comigo.
DCR: Ok, grande Jason...Raíza.
Raíza retira do bolso uma chave grande e engata na fechadura. O portão faz um barulho sinistro.
Em Roger, medroso.
ROGER: Gente, isso aqui tá parecendo o galpão do planeta LV-426 do filme Aliens.
Dcr e Raíza apenas o encaram.
DCR: Você ainda quer ser um jornalista?
Roger abre um sorriso amarelo.
CENA 23 DEPÓSITO [INT. / NOITE]
Luz
fraca, vinda da janela. Um estreito corredor de chão e paredes
cinzas com marcas de sangue, alguns pontos do chão com grades,
indicando esgoto. Ouvimos gotas d’água cada vez mais perto,
enquanto Dcr, Raíza e Roger, devidamente mascarados, caminham
cautelosamente. Adiante, um portão de grade com acesso a outro
corredor.
Os três vem de frente, o Coringa liderando, Roger
gravando tudo.
Dcr põe a mão no cadeado e verifica que está
aberto.
CORTE DESCONTÍNUO
A imagem é vista de dentro da câmera.
O
corredor é cercado por caixas lacradas sobre bancadas de ferro.
Raíza olha para o alto e vê uma câmera de segurança.
OUVIMOS
gemidos femininos de dor, os três amigos se aproximam de um portão
tipo de cela de segurança (já visto no episódio 3x13) fechado e
olham para a pequena abertura de grade. Raíza engata outra chave,
mas o portão já está destrancado.
Ao abrir, tudo está escuro e conseguimos ouvir nitidamente os gemidos. Dcr aponta a lanterna e entra devagar, até que ilumina JOANA sentada e amordaçada. Ela se assusta, mas Roger larga a câmera e retira a máscara.
ROGER (murmurando): Joana...Sou eu, Roger. (Roger arranca a mordaça de Joana) Vamos te tirar daqui.
JOANA (chorando): Eles vão matar todos nós.
VELAS se acendem, todos se assustam. Dcr e Raíza olham para o altar onde há fotos deles, de Bruno, Josué e Ari. Na parede, um círculo envolvendo um pentagrama com a seguinte inscrição: “Vida longa aos que nos seguem – Círculo Fechado”.
Roger registra tudo. Raíza apanha a foto de Bruno, abismada. Raíza fita a imagem até que
NUM EFEITO DIGITAL, CAM INVADE OS OLHOS DELA
= = VISÃO DE RAÍZA = =
APTº 301 [INT. / NOITE]
Bruno tenta escapar, mas recebe uma facada nas costas e GRITA de dor.
BRUNO: Por que tá fazendo isso? Pelo amor de Deus!
Bruno cai de joelhos, vai se arrastando até se levantar. O sujeito com a máscara de Michael Mayer o segue, tranquilamente com a faca suja de sangue.
Bruno entra no
QUARTO
E
tenta trancar a porta, mas Michael acerta o facão na porta e Bruno
vai pra trás.
BRUNO: SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDE!
Michael avança, Bruno luta, segura sua mão e o joga de contra a parede, tentando ganhar tempo para fugir, mas Michael é rápido, pega Bruno pelos ombros e o arremessa na cama. É quando Michael retira a máscara, mas não vemos seu rosto. Bruno se atordoa.
BRUNO: Não faz isso...Não...NÃO!
E a mão de Michael ergue com o facão dando o golpe fatal.
= = FIM DA VISÃO = =
Raíza deixa o porta-retratos cair, OUVIMOS barulho de gente se rastejando. Todos se assustam.
DCR: Vamos! Rápido!
CORTE DESCONTÍNUO
Os
quatro amigos andam rapidamente pelo corredor que ainda falha a luz.
Dcr e Raíza vão na frente, seguido por Joana. Roger mais atrás
filmando o corredor. De repente, surge um MANEQUIM DE MADEIRA
caracterizado de louco. Roger salta de susto.
Logo OUVIMOS um
barulho de porta abrindo e um manequim cai diante de Dcr e Raíza. O
manequim está caracterizado de médico sujo de sangue.
JOANA:
Pelo
amor de Deus, onde fica a saída?
No clímax do suspense,
Uma
sombra pula em cima de Roger
Sua câmera cai para o outro
lado
Dcr tenta ajudá-lo, mas uma mulher o prensa contra a
parede. É Helena, toda de preto e maquiagem borrada.
HELENA:
A
sua hora chegou!
Dcr tenta se livrar, mas Helena aperta
seu pescoço. Raíza avança em Helena e as duas rolam pelo chão.
DCR: Vamos! Correm!
ROGER: VEM, RAÍZA!
Raíza acerta um soco na cara da inimiga e os quatro disparam pelo corredor.
CENA 24 ED. ONDE MORAM BRUNO E JOSUÉ [EXT. / NOITE]
Duas
pessoas tentam socorrer Josué, largado no chão com a nuca
sangrando.
Um carro para em frente, Raíza, Dcr, Roger e Joana
descem, atônitos com a cena. Raíza pega Josué pelo braço e quase
o sacode.
RAÍZA: Cadê o meu pai? CADÊ O MEU PAI!
JOSUÉ: Eu não sei direito...Eu fui atacado e/
Raíza
o larga e entra no prédio.
Dcr e Roger ajudam Josué a se
levantar.
CORTA PARA
CENA 25 APTº 301 [INT. / NOITE]
Raíza para na porta, Cristiana se aproxima, com ar de lamentação.
CRISTIANA: Raíza, eu...
RAÍZA: Pai! PAI!
Em
PLANO-SEQUÊNCIA
Raíza cruza a sala, passa pelo corredor sujo
de sangue, num ritmo angustiante, até que vê Ana e João na porta
do quarto, horrorizados. Raíza se apressa e força a passagem por
entre os dois.
Bruno está no chão, MORTO, de bruços e muito sangue a sua volta.
No GRITO de Raíza
A tela se fecha
FADE IN
Vista
aérea da cidade à noite / Ouvimos sirenes de polícia
CENA
26
ED.
ONDE MORAM BRUNO E JOSUÉ [EXT. / NOITE]
Policiais circulam pelo local, muitos curiosos, ambulância atendendo Josué que está sentado numa cadeira, todo desalinhado, diante de um policial.
POLICIAL #1: Então o senhor voltava pra casa quando foi atacado pelas costas?
JOSUÉ: Exatamente. Ainda roubaram minha carteira e o meu carro...(contém o choro). Aproveitaram essa maldita festa de halloween pra...(chora). Meu irmão...
POLICIAL #1: Tudo bem, sem mais perguntas.
Dcr, com os olhos lacrimejados, se aproxima com um copo d’agua e nota uma CICATRIZ grande na barriga de Josué. Dcr entrega a água a ele.
JOSUÉ: Obrigado.
DCR: Parece que não é a primeira vez que o senhor é atacado.
Josué olha para a sua barriga, meio desconcertado.
JOSUÉ: Não é fácil ser um diretor linha dura.
E sorri, meio forçado. Dcr se afasta.
Em outro ponto, um policial interroga uma senhora de 80 anos.
SENHORA: Todos os jovens do prédio foram à festa da boate, seu policial. E eu não ouço muito bem. Infelizmente. Seu Bruno parecia uma ótima pessoa.
Do outro lado, Raíza se debulhando em lágrimas, de braços cruzados. Dcr chega abraçando-a. João ao fundo, nitidamente compadecido.
RAÍZA (voz embargada): Eu previ, mas não pude salvar o meu pai, Dcr, o meu pai.
Dcr está com os olhos avermelhados, tentando conter o choro.
DCR: Eu sinto muito...
Raíza seca as lágrimas.
RAÍZA: Eu não me conformo... Ele não merecia ser assassinado...Não merecia.
Um policial, ao fundo, vai até Josué chamando atenção.
POLICIAL #2: Seu Josué, seu carro foi encontrado há alguns quilômetros daqui, capotado. O motorista tava com uma fantasia que me disseram ser de Michael Mayer. Havia um facão com ele, sujo de sangue.
JOSUÉ: E ele confessou o crime?
POLICIAL #2: Infelizmente, ele tá morto. (Josué faz cara de prostrado) Os agentes tiraram uma foto dele. O senhor poderia dar uma olhada para ver se reconhece?
Josué faz que sim.
O Policial estende a foto, nela está EDSON sem a máscara, e a cabeça ensanguentada.
POLICIAL #2: Sabe de quem se trata?
JOSUÉ (mente): Infelizmente não.
João se volta para Ana, que segura em seus ombros.
ANA: João, você não tinha vendido a fantasia para o Roger?
João a encara, tenso.
CORTE DESCONTÍNUO EM
DCR e RAÍZA perplexos.
DCR: O quê? O João vendeu a máscara de Michael Mayer pra você, Roger?
ROGER: Eu não tinha nenhuma até então, mas aí a Rafaela quis trocar comigo...
JOÃO: É claro que ela não matou o meu tio, mas ela pode ter vendido pro Edson, sem saber que ele mataria a mando do Josué.
ROGER: Não viaja, João! Seu tio quase teve a cabeça arrancada pelo golpe. Só se ele fosse louco pra isso.
Raíza observa, mostra-se exausta.
DCR: Roger tem razão, gente. Precisamos relatar isso à polícia. Você concorda, Raíza?
RAÍZA: Cês querem saber? Meu pai tá morto. Ninguém vai trazê-lo de volta. Tanto faz se foi o Josué, se foi o Edson, ou o porteiro. (segura as lágrimas) Eu não salvei o meu pai, poxa! Eu não dei um abraço nele hoje.
ROGER: Você não tinha como saber, amiga.
Raíza olha para cada um deles, que devolvem o olhar de compaixão. Ela sai cambaleando e dá de cara com Marco, olhando-a penalizado. Raíza segura o ódio e segue o caminho.
= = TOCANDO: The Climb – Miley Cyrus = =
Marco respira fundo, chateado.
CENA 27 VIADUTO [NOITE]
Raíza
vem caminhando de frente, carros passam ao lado, algumas pessoas
notam seu roupão preto de ghostface. Raíza segura numa grade e se
debruça nele.
= = FLASHBACK = =
Cena em que Bruno conversa com Raíza
Os dois se abraçando
Bruno chamando sua atenção
Na última vez (cena 11), em Bruno e Raíza na boate.
= = FIM DO FLASHBACK = =
Raíza chora compulsivamente.
FUSÃO PARA
CENAS FINAIS
CENA 28 CEMITÉRIO – CAPELA [INT. / MANHÃ]
Algumas pessoas abrem caminho para alguém que vem entrando. Josué, João, Dcr, Lila, Roger, Joana, Marco e Cael marcam presença. Dois coveiros se preparam para fechar o caixão, mas Raíza, toda de preto e óculos escuros, se aproxima e faz um sinal para eles pararem.
JOSUÉ: Raíza, eles precisam liberar a capela/
Raíza o afasta, chega bem perto do caixão. Bruno está com uma expressão tranquila, coberto por margaridas. Raíza acaricia seu rosto.
RAÍZA (murmura): Pai...Me perdoe. Eu queria ter te salvado.
Dcr a afasta do caixão, Raíza chora em seus braços, e quando repousa o rosto em seu ombro, ela vê algo que fecha sua expressão. Cipriano está ao batente da capela, espiando.
FUSÃO PARA
CENA 29 CEMITÉRIO [INT. / MANHÃ]
O caixão é içado à cova por dois coveiros. Todos ao redor, lamentando. Dcr abraçado à Raíza, que agora tem uma expressão fria.
MUSIC OUT
DCR: To pra te dizer uma coisa desde ontem, Raíza. Mas não sei se ainda é o momento.
RAÍZA: Diga.
DCR: Se eu te dissesse que retrocedi o tempo para salvar uma pessoa, e que se não fosse por isso, talvez...Talvez o seu pai/
RAÍZA: Tá falando da Joana, né? (os dois se encaram) A culpa não é sua, Dcr. Lembra que o bilhete dizia pra eu não acompanhar vocês?
DCR: Você tá achando que quem fez isso sabia o que ia acontecer?
RAÍZA: Pagaram pra ver. Deixaram eu escolher, sem saber, o destino de meu pai.
DCR: Jogaram com a vida dos dois. O assassino sabia que se você ficasse, daria tempo de salvar teu pai, mas...
RAÍZA: Vocês estariam mortos. (cara a cara) O Erom não ia querer a imprensa a par daquele santuário.
DCR: Você acha que o alvo era eu, a Joana e o Roger?
RAÍZA: Com certeza. Eles não me queriam por perto porque a minha morte não seria um bom negócio pro Cipriano. (T) Mas meu pai não terá morrido em vão.
A CAM vai se afastando, enquanto Dcr se mostra preocupado.
CORTE DESCONTÍNUO
O
cemitério vazio. Sapatos pretos masculinos caminham pela terra
batida até a sepultura de Bruno.
Close no jazigo:
Bruno
M. Ferraz
04/06/1968 – 31/10/2012
“Nunca esqueceremos de você”
Aos poucos, Cipriano é revelado na cena, trajando roupas e uma capa preta.
CIPRIANO: Não era esse o destino que eu imaginei pra você, amigo. Mas sacrifícios precisam ser feitos para que novos caminhos se abram. (Cipriano abaixa a cabeça) Até breve, Neithan Lennox.
Cipriano dá as costas, close no jazigo.
CORTA PARA
CENA 30 CEMITÉRIO [EXT. / MANHÃ]
Um carro estacionado. Cipriano abre a porta e ENTRA, dando com Raíza ao seu lado.
CIPRIANO: Raíza! Me desculpe eu não ter/
RAÍZA: Eu não vim reclamar a falta do seu apoio, Cipriano. Já to acostumada.
CIPRIANO: Raíza, veja bem/
RAÍZA: Sabia que eu recebi um bilhete pedindo pra eu não acompanhar o Dcr pra salvar Joana? Eu poderia ter salvado o meu pai, não acha? Quem fez isso sabia o que ia acontecer, então...Por que não o salvou?
CIPRIANO: Onde você quer chegar com isso?
RAÍZA: O meu pai morreu sem saber que salvou a vida de 3 pessoas, porque se eu tivesse obedecido a mensagem, eles estariam mortos.
CIPRIANO: Você não teve culpa, Raíza/
RAÍZA: É claro que eu não tive culpa. Mas onde é que você tava que não salvou o seu discípulo fiel, Cipriano? Deixou Neithan Lennox morrer de forma cruel pela segunda vez.
Cipriano pensa um pouco, meio surpreso.
CIPRIANO: Percebo que está bem informada...Mas eu não queria essa morte, assim como não quero a sua.
RAÍZA: Eu tenho certeza disso. Mas um dia todo mundo morre, meu caro. E ninguém sabe quando isso vai acontecer.
No olhar desconfiado de Cipriano.
Vista aérea da cidade
CENA 31 CURTO-CIRCUITO [INT. / MANHÃ]
A cena começa numa discussão entre Alexandre e Lara, sentados diante de uma mesa que ainda sustenta uma abóbora da noite anterior.
ALEXANDRE: Eu tenho esse direito, Lara!
LARA: O que você quer? Ter a chance de colocar seu filho pra dormir?
CAEL (O.S): Alexandre? (Cael aparece pelas suas costas com um jornal nas mãos) Pensei que estivesse no jornal se dedicando ao pior halloween da cidade.
Cael põe o jornal da NOVO DIA sobre a mesa com a seguinte inscrição: “Jason facilita Michael Mayer em novo assassinato”
ALEXANDRE: Hans é um verme, mas consegue vender jornal. Poucos fazem um trabalho sério. Mas não vim discutir sobre os métodos dele.
Lara vai se levantando.
LARA: Eu não vou participar disso.
Alexandre segura em sua mão, deixando Cael sem entender.
ALEXANDRE: Você quer que o Hans descubra e estampe na primeira página dele? Seria o único momento em que ele me faria um favor.
Lara se senta, inconformada.
CAEL: O que tá acontecendo aqui? (debocha) A senhora parece tão nervosa.
LARA: Por que você não vai ver se o Marco tá consolando a Raíza, hen?
ALEXANDRE: Lara!
CAEL: Deixa, Alexandre. Eu to acostumando a ser o saco de pancadas dela desde que o meu pai biológico a abandonou.
Lara o fulmina no olhar.
ALEXANDRE: Eu não abandonei ninguém!
Cael vai pra trás, ri, confuso.
CAEL: Como?
Alexandre se levanta, sem jeito.
ALEXANDRE: Não há um jeito melhor de te falar isso. (T)Eu sou teu pai.
Lara abaixa a cabeça. Cael sem reação.
FADE TO BLACK
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