Sinopse: Ao passar o natal com o pai no Rio de Janeiro, Alison recebe um pacote inesperado, não era bem aquilo que ela tinha pedido de presente, mas ao desvendar esse mistério ela ganha muito mais que um simples presente de natal!
2x17 - Troca de Presentes
de Eliane Rodrigues
O dia amanheceu nublado, não era comum naquela época do ano, em pleno verão na “Cidade Maravilhosa” amanhecer assim, Alison levantou da cama desanimada – não podia acreditar que iria chover, logo naquele dia! - seria o primeiro natal que passaria com seu pai biológico, a garota de pouco mais de catorze anos finalmente o conhecera, não que isso diminuísse o amor que sentia por Beto, seu padrasto que sempre cuidou dela, ela o amava muito, mas sentia que faltava algo, para ser completa, precisava conhecer aquele de quem herdou seu DNA. Tudo tinha sido arranjado e Alison finalmente estava ali, no Rio de Janeiro, no apartamento de Gerson, seu progenitor. Quando chegou à cozinha descobriu que seu pai já havia saído para o trabalho e que só retornaria à noite, o desalento bateu em seu coração, ela imaginara tantas coisas para conversar com ele, os lugares que iriam juntos, mas agora, ela estava sozinha em uma cidade estranha.
Então
resolveu dar uma volta no bairro e caminhar na beira da praia, visitou algumas
lojinhas e descobriu que havia um shopping ali perto, daria até para ir a pé e
foi o que ela fez, a primeira loja que avistou era uma grande livraria, Alison
ficou encantada com tantos livros, era uma leitora voraz, mas em sua cidade não
havia livrarias, ela precisava comprar tudo online, mas nada se
comparava ao prazer de poder tocar nos livros, cheirá-los, ver todos os
acessórios que só se encontram em livrarias famosas – ela sonhava com a coleção
de luxo da Carina Rissi, sua autora de romances preferida, mas naquele dia ela
só poderia admirara-los, seu dinheiro mal daria para um lanche – Alison passou
o dia conhecendo as lojas e à tarde retornou para casa na esperança de que seu
pai pudesse dar-lhe um pouco de atenção.
Quando
chegou do shopping a empregada disse que havia um pacote para ela no quarto,
chegara logo depois que ela tinha saído, ao encontrar uma enorme caixa verde
com símbolo daquela livraria do shopping Alison não se conteve de emoção – Só
pode ter sido o Beto e mamãe para me mandar essa surpresa! - pensou - Mas
Alison não poderia abri-lo antes da hora certa!
À
noite, Gerson estava em casa, eles jantaram juntos e conversaram até tarde,
tomaram sorvete assistindo filmes de natal, ele disse que no dia seguinte
haveria uma festa no condomínio, mas que velho não podia entrar, era apenas
para os jovens e que a Denise, filha da vizinha oferecera para ir com ela, caso
quisesse – não era bem o que Alison esperava, mas aceitou a proposta, pelo
menos conheceria gente nova e faria amizades.
De
madrugada ela acordou com o barulho dos trovões, e seus olhos fixaram na enorme
caixa verde da livraria, seu coração disparou, a ansiedade invadiu seu peito e
em um impulso ela se levantou e pegou a caixa – ao abrir o pacote não podia
acreditar no que estava vendo – O quê, não é possível? Só pode ser brincadeira
– A coleção de luxo de Harry Potter? - Não!
Ela
estava desolada com o presente que certamente viera errado, ela esperara o ano
todo para ganhar aquela coleção, se esforçara para tirar boas notas e ainda
abrira mão dos presentes de aniversário – foi então que resolveu conferir a
etiqueta na caixa – o endereço estava certo, mas o nome estava errado “Alison
M. De Sousa” - então era isso – não havia número do prédio nem do apartamento,
somente o número do condomínio – certamente era de alguém que morava ali – mas
como ela conseguiria encontrar essa pessoa? Uma agulha no palheiro – pensou em
ir à loja, mesmo sem a nota fiscal e sem o número do pedido valia a pena tentar
- não queria dizer à sua mãe que estava decepcionada com o presente – ela
resolveria isso sozinha! Mas naquele dia precisava preparar-se para a festa.
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Alison
acordou cedo, estava animado com a véspera de natal, mesmo com o dia chuvoso
ele não se importava - pensando bem seria até melhor, mais fresco do que no ano
anterior em que a temperatura chegava à sensação térmica de 50ºC, sufocante –
essa chuvinha fina não vai atrapalhar meus planos, preciso terminar a arrumação
da festa, verificar a playlist
e todo o equipamento de som – ser DJ
exige responsabilidade, as pessoas contam comigo – pensava ele - A galera já estava no salão do condomínio
decorando tudo, a maioria do pessoal da sua turma morava no prédio, isso
facilitava na hora de prepararem as festas e essa não seria diferente, no
entanto Alison sentia falta de ter uma namorada, sempre via seus amigos acompanhados,
gabando-se de suas peripécias, mas até então ele não conseguira ninguém – Se
achava meio nerd para as meninas da sua turma, nenhuma delas
entendia seus gostos literários, não tinham assunto - isso desestimula qualquer
relacionamento – pensava ele.
O
interfone tocou e Alison correu para atender, era o porteiro avisando que uma
enorme caixa verde havia sido entregue para ele – o rapaz saiu em disparada
para buscar o pacote – Finalmente o presente prometido pela tia Danda havia
chegado, na véspera de natal, bem na hora – Ele colocou o pacote embaixo da
árvore, não tinha coragem de abri-lo antes da hora certa.
Após
todos os preparativos da festa estarem prontos, Alison voltou para casa – a
curiosidade e ansiedade tomavam conta dele, em sua família a tradição sempre
fora entregar os presentes antecipados, quer seja de aniversário ou natal,
nunca se esperava o dia certo – Bom, se essa era a tradição da família, pra quê
quebrá-la logo nesse ano – Então ele pegou a enorme caixa verde e abriu – Seus
olhos se arregalaram, não podia acreditar no que estava vendo – O quê? - ele
tirou o box de livros de dentro para conferir e havia mais alguns livros no
fundo da caixa – era a coleção da Carina Rissi – Como assim, minha tia deve ter
bebido! Me comprar romance? Ela sabe que não é essa “minha praia”! Deve ser
sido algum engano!- Ele conferiu a etiqueta na caixa, o endereço estava
correto, mas no nome estava escrito “Alison N. De Souza”. Isso, foi isso! Ele
quase grita ao perceber que seu nome estava errado, mas quem seria Alison N.?
No condomínio só existia um Alison, mas aquele presente não seria para ele, de
jeito nenhum! - No mesmo instante, ele divulgou o ocorrido em suas redes
sociais, colocou fotos do livro e da etiqueta, compartilhou com todos os seus
amigos e ainda imprimiu um cartaz para colocar na portaria do prédio.
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Naquela noite Denise e Alison seguiram animadas para a festa, o local estava todo iluminado e a decoração era perfeita, realmente só haviam jovens ali, a pista de dança já estava lotada ao som de música eletrônica – a música é boa – pensava ela. Por um tempo ficou observando a festa até que seu olhar se encontrou com o dele – Ele estava lá, o DJ – lindo, animado, com uma linda boina vermelha! Alison ficou encantada, ele a olhou de volta e piscou pra ela, fazendo um aceno com a cabeça. Terminando aquela sequência de músicas ele desceu e veio cumprimentá-la.
–
Olá, é nova aqui? Sou DJ Maicon!
–
Oi, estou passando o natal com meu pai, o Gerson do 302, sou Nora.
–
Quer tomar um “refri”? Vem, vamos comer alguma coisa também.
– Sim, obrigada! Ela o seguiu pelo salão.
Eles
sentaram-se num dos bancos e conversaram durante horas, a playlist de Maicon já rodava sozinha, as pessoas estavam
deixando o salão, eles tinham muitos assuntos em comum, ambos sentiram-se
atraídos, então ele a convidou para um cinema no dia seguinte, à tarde –
combinaram de se encontrar no shopping, pois ela precisava ir mais cedo para
resolver umas coisas.
No dia seguinte, após o almoço Alison decidiu levar a caixa com os livros até à livraria do shopping e em seguida se encontraria com DJ Maicon para o cinema, ao passar pela portaria um papel colorido chamou sua atenção - eram fotos de livros da Carina Rissi e o nome “ALISON N. DE SOUZA” - Meus livros! Ela gritou – pegou o telefone e enviou uma mensagem.
–
Boa tarde, sou Alison N. De Souza, acho que você está com os meus livros.
–
Boa tarde, sério? Que bom! Queria mesmo me livrar deles! Onde posso te
encontrar para entregá-los?
–
Estou aqui na portaria do seu prédio, imagino que por isso você tenha recebido
minha encomenda e acho que recebi a sua!
–
Estou descendo, como saberei quem é você?
– Sou a única garota com uma caixa verde enorme nas mãos.
Não demorou nem cinco minutos e vinha ele com a bendita caixa verde nas mãos, quando a viu ele abriu um sorriso largo.
–
Você? Só podia ser mesmo, não existe outro Alison nesse condomínio!
–
Como assim? Você se chama Maicon, certo?
–
Alison Maicon de Sousa com “s” - ele respondeu fazendo um chiado.
–
Ah! Agora entendi a confusão, a loja deve ter trocado as etiquetas ou até mesmo
pensado que seria a mesma pessoa – prazer em conhecer – Sou Alison Nora de
Souza, com “z” - ela estica a mão pra ele e ambos caem na gargalhada.
–
Por que você usa o segundo nome?
–
E você por quê usa o seu?
–
O pessoal diz que é nome de mulher, aí com a coisa toda de DJ, acabei adotando
o nome do meio.
– Na minha escola tem outra Alison, e ainda fazemos aniversário no mesmo mês, então a maioria das pessoas me chamam pelo nome do meio, mas eu gosto!
Eles trocaram as caixas e ficaram maravilhados com seus presentes de natal que agora se encontravam com seus respectivos donos. Guardaram as caixas em casa e foram para o shopping curtir o cinema. Na volta ele acompanhou-a até a porta do apartamento.
–
Sabe, esse foi o melhor natal que tive até hoje e o melhor presente que ganhei
– ele disse fitando-a nos olhos.
–
Você gosta mesmo de Harry Potter, hein! Ela falou – em tom de brincadeira.
–
Falo de você Alison Nora De Souza, você é uma pessoa encantadora e linda! - ele
não desviava os olhos dos dela.
–
Também gostei muito de conhecer você Alison Maicon de Sousa, você é demais!
Naquele
momento ele a beijou, um beijo doce e gentil, o tempo parou, eles sentiam os
corações acelerados e um frio na barriga, típico de quem está apaixonado,
ficaram ali por um longo tempo sentindo a doce magia do natal!
Bruno Olsen
Cristina Ravela
Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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