CAPÍTULO 03
MINISSÉRIE CRIADA E ESCRITA POR
Lucas Oliveira
Direção:
CRISTINA RAVELA
Personagens deste Capítulo:
BRUNO
CELSO
EVA
JOELMA
JUNO
LUAN
MAURO
MIRELA
NARA
PAULA
Participação:
DELEGADO
POLICIAIS
***
CENA
01. MANSÃO TOLEDO. QUARTO DO CASAL. INT. NOITE.
Continuação
imediata do capítulo anterior.
Celso
deitado na cama, atende o celular. Paula ao lado.
CELSO: Alô?
PAULA: Como
que ligam pra casa dos outros numa hora dessas?!
DELEGADO:
(OFF) É o irmão do jovem Luan Toledo?
CELSO: Sim.
O que houve com meu irmão?
DELEGADO: Liguei
para avisar que ele foi detido, após se meter numa confusão na boate Dance.
CELSO: Como
é que é? Meu irmão tá preso?
Reação
assustada de Celso.
CELSO: Mas
isso não é possível! O Luan sempre foi pacifico. Nunca se envolveu em briga
nenhuma.
DELEGADO: Eu
vou te passar o endereço da delegacia e você venha ver!
Em
Paula, visivelmente preocupada. CORTA PARA/
CENA
02. RESTAURANTE. INT. NOITE.
Local
quase vazio. Bruno e Nara estão em uma mesa ao canto.
NARA: Você
disse que é bi?
BRUNO: Exatamente!
Eu prefiro deixar logo as coisas claras de início. Tem algum problema pra você?
NARA:
(Sem jeito) Não. É que eu não sabia que você ainda tava
confuso, sem se decidir.
BRUNO: Mas
eu já estou bem seguro da minha orientação sexual. Eu não estou confuso. Eu sou
bissexual!
Nara
se levanta.
NARA: Pra
mim, isso é muito complicado! Eu não estou preparada pra esse tipo de relação.
BRUNO: Talvez
porque você tenha uma ideia equivocada sobre bissexualidade. Muitas mulheres
ainda têm.
NARA: Olha,
é melhor eu ir embora! Você pode me levar pra casa, por favor?
BRUNO: Se
prefere assim, claro!
Bruno
acena para o garçom. Em Nara, inquieta. CORTE PARA/
CENA
03. DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INT. NOITE.
Delegado
à mesa. Celso sentado em frente. Eva ao canto da sala.
DELEGADO: Então
você é irmão do tal Luan.
CELSO: Eu
mesmo!
DELEGADO: Ele
bateu numa pessoa lá na boate Dance, onde estava acompanhado daquela moça ali,
que se diz namorada dele.
EVA: Eu
sou mesmo! A gente tá namorando há pouco tempo, mas o Luan já tava marcando de
me levar à casa da família dele.
DELEGADO: O
fato é que ele foi preso em flagrante.
CELSO: Mas
isso é uma absurdo! O Luan deve ser sido provocado. Ele sempre foi muito pacífico,
desde criança. Incapaz de bater em alguém.
EVA: Foi
exatamente isso que aconteceu! Foi um babaca que começou e o Luan só se
defendeu!
DELEGADO: A
mocinha fique quieta, senão irei pedir que se retire.
Eva
se retrai.
DELEGADO: Bom,
o fato é que ele é maior de idade e sabia muito bem das consequências de seus
atos. Mas o senhor tem condições de pagar a fiança?
CELSO: Mas
é claro que sim! E é exatamente isso que eu vou fazer!
DELEGADO: Qual
o seu nome?
CELSO: Celso
Toledo!
DELEGADO:
(Boquiaberto) Celso Toledo? O empresário dono da loja Celome?
CELSO: Isso!
DELEGADO: Nossa!
O senhor me desculpe. Eu não tinha ligado o nome à pessoa. Foi um
mal-entendido!
CELSO:
(Riso debochado) Que coisa! Eu exijo que solte meu
irmão imediatamente!
DELEGADO: Claro!
Daqui a pouco eu te passo os dados pra você fazer o pagamento da fiança. Vou
ali mandar o policial trazer seu irmão e já volto. Com licença!
O
delegado sai. Eva se aproxima de Celso.
EVA: Ai,
muito obrigada, Seu Celso! O Luan vai ficar tão feliz!
CELSO: O
pior que eu sei bem o motivo pelo qual somente o meu irmão foi preso nessa
história toda. Parece que o bicho-homem é o que menos evolui. É lamentável!
Celso
balança a cabeça negativamente. CORTE PARA/
CENA
04. CASA DE NARA. FACHADA. EXT. NOITE.
Carro
parado em frente. Nara e Bruno encostados nele.
NARA: Obrigada
por me trazer em casa! E me desculpe por sair daquela forma, mas é que pra mim
é estranho. Sou meio ignorante nesse assunto.
BRUNO: Mas
é exatamente a falta de informação que gera a ignorância. Se você procurar se
informar, vai ver que bissexualidade não é nada do que se imagina.
NARA: É
que tipo, toda mulher já espera ser traída por um cara hétero. Agora imagina um
cara bi? As chances aumentam mais ainda. Vai ser tentação de todos os lados.
Das amigas, dos amigos...
BRUNO:
(Risada) Que pensamento mais equivocado! Trair ou não trair,
não tem nada a ver com a orientação sexual. Se eu escolher namorar uma mulher,
não é porque eu sou bi que as chances de a trair vá aumentar. Uma coisa não tem
nada a ver com a outra!
NARA: E se
aparecer um carinha que também te interesse?
BRUNO: Nara,
por favor, entenda: É o sentimento ou a falta dele, que determina uma traição
dentro de um relacionamento. Ah, e principalmente o caráter! Agora se o
relacionamento for aberto, aí já é outra história. Mas não tem ligação nenhuma
com orientação sexual.
NARA: Entendi.
BRUNO: Eu
gostei de você. É uma pena que a gente perca uma oportunidade de se conhecer
melhor por causa de preconceitos tão bobos. Enfim, vou indo nessa! A gente se
encontra amanhã na aula. Boa noite!
Bruno
se vira. Nara toca em seu ombro.
NARA: Espera,
Bruno!
Bruno
vira novamente e olha fixamente para os olhos de Nara.
NARA: Já
que você tá aqui, entra um pouco. Vem conhecer minha casa!
Nara
pega nas mãos de Bruno e dá um leve sorriso. Ele retribui. CORTE PARA/
CENA
05. DELEGACIA. RECEPÇÃO. INT. NOITE.
Celso
e Eva por ali. Policiais ao canto.
Delegado
vem de dentro com Luan ao lado. Ele corre e abraça Celso e Eva.
LUAN: Ainda
bem que vocês estão aqui!
CELSO: Como
não estaríamos, meu irmão? O que fizeram com você foi um absurdo!
EVA: Você
tá bem, meu amor? Te machucaram?
LUAN: Eu
tô ótimo!
Luan
e Eva se beijam rapidamente.
CELSO: Vamos
embora, que eu já acertei tudo e não quero mais sentir nem o cheiro dessa
delegacia.
Celso,
Luan e Eva saem juntos. Os policiais observam.
POLICIAL
1: O negão tá tirando onda! Você viu a beca do cara?
POLICIAL
2: É só terem dinheiro que ficam assim.
Eles
riem. CORTE PARA/
CENA
06. CASA DE NARA. QUARTO. INT. NOITE.
Nara
e Bruno adentram o local se agarrando ferozmente.
NARA: Nossa,
que calor!
BRUNO: Você
ainda não viu nada!
NARA: Tá
gostando de conhecer minha casa?
BRUNO: Tô.
Mas confesso que esse seu quarto era o que eu mais tava ansioso pra conhecer.
Bruno
joga Nara na cama, rasga a blusa dela e começa a chupar os seios. Neles, em
chamas. CORTE PARA/
CENA
07. MANSÃO TOLEDO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Paula
sentada no sofá. Celso e Luan adentram o local. Paula se levanta.
PAULA: Ah,
finalmente vocês chegaram! Eu estava muito preocupada.
LUAN: Eu
tô bem. Depois que o Celso chegou lá, me soltaram logo.
CELSO: Você
precisava ver a cara de pau do delegado, Paula. Foi só eu dizer quem eu era,
pra ele baixar a crista e liberar o Luan.
PAULA: Esse
país continua igual. Você tem que ter dinheiro pra ser respeitado.
LUAN: E
graças a Deus que nós temos!
CELSO: O
papai já dormiu, Paula?
PAULA: Já
sim.
CELSO: Eu
vou lá dar um beijo nele.
LUAN: E eu
vou tomar um banho pra depois cair na cama. Eu tô morto de sono!
Celso
e Luan saem em direção ao quarto. Paula aliviada. CORTE PARA/
CENA
08. CASA DE EVA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Eva
adentra o local e se joga no sofá.
JOELMA
(Branca, estatura média, cabelos longos e com uns 69 anos) desce a escada de
forma imponente.
JOELMA: Minha
neta, aonde você tava? E por que não avisou? Eu quase enlouqueci de
preocupação.
EVA: Ah,
quanto exagero!
JOELMA:
(Firme) Exagero nenhum, mocinha! Se ainda vive nesse teto,
o mínimo a fazer é dar satisfações.
Eva
revira os olhos, impaciente.
JOELMA: Diga
logo: Aonde e com quem você estava?
EVA: Na
balada com o Luan, meu namorado.
JOELMA: E
esse tal Luan é de família rica? E como ele é fisicamente? Neta minha não pode
se envolver com um assalariado. Dinheiro e estética sempre falará mais alto no
nosso meio, Eva.
EVA: O
Luan é de família rica, sim. Mas isso pra mim é apenas um detalhe. Ele também é
lindo. Negro, forte, bem humorado...
JOELMA:
(Espantada) Como é que é? Um negro? Você disse negro?
EVA: Negro
sim, vó. Qual o problema?
JOELMA: Meu
Deus! Era só o que faltava! Com certeza ele se envolveu com você para limpar o
sangue. Não sabe que quando um negro ou negra se casa e entra pra uma família
branca é com esse intuito?
EVA:
(Boquiaberta) Eu não acredito que estou ouvindo isso. Eu não sei
se a senhora reparou, mas minha pele também não é branca, não.
JOELMA: É
diferente. Você é cabo verde, Eva. Seu cabelo é liso, seu nariz é afilado, sua
boca é delicada... Você é no máximo morena! Graças a Deus, a sua mãe escolheu
bem! Seu falecido pai era um indiano riquíssimo! Não tem sangue negro
percorrendo suas veias. Esse tal Luan é daqueles pretos que só tem de branco os
dentes ou é mais clarinho? Tem nariz achatado? É beiçudo?
EVA: Eu
acho melhor subir. Se eu ficar mais um minuto ouvindo isso, é capaz de eu
vomitar!
Eva
sobe a escada, indignada. CORTA PARA/
CENA
09. SÃO PAULO. EXT. NOITE.
PANORAMA
da grande metrópole. AMANHECE.
CORTE
PARA/
CENA
10. MOTEL. FACHADA. EXT. DIA.
O
carro para. Juno e Celso descem.
CELSO: Juno,
me aguarde aqui. Ou se preferir passear, fique à vontade! Só não demore, ok?
JUNO: Pode
deixar! Mas o senhor bem que podia ser generoso e liberar mais uma graninha
extra, né?
CELSO: De
novo? Eu já te dei aquele dia.
JUNO: E eu
não mereço mais? Poxa, Doutor! Eu sei de tudo e sou tão fiel, tão parceiro.
Acho que merecia mais gratidão.
Celso
respira fundo.
CELSO: Tá
certo, Juno! Eu vou fazer um novo PIX aqui pra você.
Celso
retira o celular do bolso e começa a digitar.
JUNO: Valeu,
Doutor!
CELSO: Pronto!
Agora deixa eu ir!
Celso
entra. Juno retira o celular do bolso e confere.
JUNO: Isso
tá me saindo melhor do que encomenda!
Nele,
sorridente. CORTE PARA/
CENA
11. MOTEL. QUARTO 128. INT. DIA.
Mirela
deitada na cama, apenas de lingerie. Celso tira a roupa e se joga em cima dela.
MIRELA: Eu
tava louca de saudade desse teu jeito selvagem assim!
CELSO:
(Ofegante) Cala a boquinha e aproveita então, vai!
MIRELA: Trouxe
aquilo pra gente?
CELSO: Sim.
A colombiana tá no meu bolso.
MIRELA:
(Riso malicioso) Gostoso! Gostou da tatuagem?
CELSO: Vendo
de perto, até que ficou interessante. Minha putinha!
Celso
segura pelos cabelos de Mirela e dá um tapa na cara dela. Eles transam
loucamente. CORTE PARA/
CENA
12. CASA DE EVA. COZINHA INT. DIA.
Joelma
à mesa, toma seu café da manhã. Eva vem de dentro.
EVA: Bom
dia!
JOELMA: Oh,
minha neta... Não leve a sério o que falei ontem. Você sabe que eu sou de outra
época, com outras vivências, outros princípios.
EVA: Isso
não é justificativa! É isso que a senhora precisa entender! E eu já aviso: Irei
trazer o Luan hoje aqui em casa para conhecer você. E eu espero que a senhora
não dê um show de preconceito. Senão, eu vou ser obrigada a apoiar meu namorado
para que ele tome as medidas judiciais cabíveis. Com licença!
Eva
sai. Joelma visivelmente preocupada. CORTA PARA/
CENA
13. CASA DE NARA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Bruno
e Nara deitados no chão, pelados.
NARA: (Respira
fundo) Meu Deus! Foi a transa mais intensa da minha vida!
BRUNO: Te
digo o mesmo, garota. Você é um furacão!
NARA: Pra
quem disse ser bissexual, até que você tem mó pegada de macho alfa, hein!
BRUNO: Pelo
amor de Deus! O fato de eu ser bi, não afeta em nada minha masculinidade. Mais
uma vez você tá completamente equivocada em relação a isso.
NARA: Tá,
tá, tá, tá! Não quero mais discutir esse assunto!
Nara
se levanta.
NARA: Vamos
pro banho que eu ainda tô morrendo de calor.
BRUNO: E eu
tô louco de fome!
NARA: Vamo
comigo pro banho que depois a gente come alguma coisa na cozinha. Vem!
Nara
puxa Bruno pelo braço e os dois saem correndo. CORTE PARA/
CENA
14. MANSÃO TOLEDO. COZINHA. INT. DIA.
Luan
em frente a pia, bebendo água. Paula vem de dentro.
PAULA: Já
está de pé, meu cunhado?
LUAN: Pois
é. Eu combinei com a Eva de ir na casa dela hoje. Vou conhecer a vó dela!
PAULA: Então
é por isso que vai chover!
LUAN:
(Inseguro) Será que ela vai gostar de mim?
PAULA: E
por que não iria gostar?! Larga de bobagem! Você é maravilhoso, Luan!
LUAN: Valeu,
Paula!
Luan
coloca o copo na pia.
LUAN: Bom,
vou lá dá um beijo no meu pai e vou nessa. Fui!
Luan
sai apressado. Paula sorri. CORTE PARA/
CENA
15. MANSÃO TOLEDO. QUARTO DE MAURO. INT. DIA.
Mauro
deitado na cama, dormindo. Luan sentado ao lado, alisa o rosto dele.
LUAN: Como
eu queria que o senhor acordasse e tivesse ao meu lado nesse momento, meu pai!
O senhor sempre me apoiou tanto, me deu tanta força...
Luan
começa a chorar.
LUAN: Eu
vou continuar rezando pra que o senhor acorde logo, viu?! E com fé em Deus,
isso não vai demorar de acontecer. Eu sei que não!
Luan
limpa as lágrimas e abraça Mauro. CORTE PARA/
CENA
16. MOTEL. QUARTO 128. INT. DIA.
Celso
deitado na cama, seminu. Mirela em pé, andando de um lado para o outro.
CELSO: Vem
deitar, Mirela! Vamo aproveitar pra fazer de novo, vai!
MIRELA: Melhor
não, Celso!
CELSO: Ué,
o que aconteceu? Você tava de boa e agora já tá com essa cara?
MIRELA: É que
eu tô cansada dessa repetição. Sempre é a mesma coisa. Você vem, merenda a sua
loira e volta pros braços daquela vaca da tua mulher. Eu sempre vou ficar em
segundo plano na tua vida, Celso. E pra mim chega!
CELSO: Isso
quer dizer o que?
MIRELA: Isso
quer dizer que agora minha decisão é definitiva. Ou você termina de vez com a
Paula ou eu denuncio você pra polícia por tudo que a gente faz escondido lá na
chácara!
Reação
espantosa de Celso.
CELSO:
(GRITA) TÁ MALUCA, CARALHO? ENLOUQUECEU DE VEZ, É ISSO?
MIRELA:
(Firme) Mesmo que eu vá presa junto, não tô nem aí. Eu
prefiro ter ver preso do que longe de mim! E aí, o que me diz? A decisão é tua!
Em
Celso, apavorado. CORTE PARA/
FIM
DO CAPÍTULO!
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