WEBTVPLAY ORIGINAL APRESENTA

 QUERER É PODER

CAPÍTULO 05


MINISSÉRIE CRIADA E ESCRITA POR

Lucas Oliveira

 


Direção:

CRISTINA RAVELA

 

Personagens deste Capítulo:

BRUNO

CELSO

EVA

JOELMA

JUNO

LUAN

MAURO

MIRELA

NARA

PAULA

ROZETE

 

Participação:

DELEGADO


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***


CENA 01. CASA DE EVA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Continuação imediata do capítulo anterior.

Joelma e Luan frente a frente. Eva ao fundo.

JOELMA: Eu preciso tirar uma dúvida.

LUAN: Que dúvida?

JOELMA: Como eu tinha dito, você me lembra alguém. Como é mesmo o nome do seu pai?

LUAN: Meu pai se chama Mauro Garcia Toledo.

Reação espantosa de Joelma.

JOELMA: (Em choque) Como é que é? Mauro Garcia Toledo?

LUAN: Isso mesmo! Posso saber o motivo desse espanto?

JOELMA: (Grita) NÃAAAO! NÃAAO!

Joelma se afasta de Luan e começa a tremer.

JOELMA: Isso não pode tá acontecendo, Meu Deus! É um castigo! Só pode!

EVA: O que foi, vó?

LUAN: Eu não tô entendendo nada.

EVA: Será que tem como a senhora nos explicar o motivo dessa reação toda?

JOELMA: Vocês dois não podem ficar juntos!

EVA: Por que?

JOELMA: Porque a sua mãe era filha do pai desse seu namoradinho!

Reação espantosa de Eva e Luan.

LUAN: Como é que é?

JOELMA: Você não pode namorar minha neta porque você é o tio dela!

Em Luan, em choque. CORTE PARA/

 

CENA 02. DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INT. DIA.

Mirela caída no chão, desmaiada. Delegado começa a sacudi-la.

Mirela começa a acordar lentamente.

MIRELA: O que aconteceu?

DELEGADO: Você desmaiou, moça. Vamos chamar um médico!

MIRELA: Não precisa! Eu já estou melhor. Foi apenas queda de pressão, com certeza. Eu acho melhor ir embora!

DELEGADO: Sinto muito, minha cara. Mas você chegou aqui dizendo que iria fazer uma grave denúncia e nós não vamos deixá-la sair até que nos conte tim-tim por tim-tim!

Mirela se levanta e respira fundo.

MIRELA: É que... Eu e meu amante, nós praticávamos sadomasoquismo. Era bem sádico, violento, extremo mesmo. Eu saía às vezes com hematomas e até sangramentos.

DELEGADO: Entendi. Porém, essa prática sexual não é considerada crime, se consensual.

MIRELA: Ah, não?

DELEGADO: Não!

MIRELA: Nossa! Eu pensei que fosse!

DELEGADO: Só se você foi obrigada, oprimida, acuada a praticar. Foi isso que aconteceu?

MIRELA: Não, não. Eu consenti.

DELEGADO: Sendo assim, beba água e vá pra casa!

MIRELA: Obrigada, delegado!

Mirela beija a mão do delegado e sai.

DELEGADO: (Pra si mesmo) É cada uma que me aparece!

O delegado balança a cabeça negativamente. CORTE PARA/

 

CENA 03. DELEGACIA. FACHADA. EXT. DIA.

Mirela sai do local, caminhando devagar.

MIRELA: (Pra si mesma) Eu não posso contar a verdade! Eu vou colocar tudo a perder tendo que responder processo. Eu preciso estar livre pra assistir a tua queda, Celso! Seria tão mais fácil se você me amasse. Tão mais fácil...

Nela, cabisbaixa. CORTE PARA/

 

CENA 04. MANSÃO TOLEDO. QUARTO DE CASAL. INT. DIA.

Celso sentado na cama. Paula em frente.

PAULA: Eu vim conversar com você porque não aguento mais esses seus sumiços, esse teu distanciamento. Parece que nem somos mais marido e mulher.

CELSO: Não tô com cabeça pra conversar agora, Paula.

PAULA: Chega de adiar! Celso, eu estou te dando a chance de contar toda a verdade e se abrir comigo. Me diz o que tá acontecendo, pelo amor de Deus!

CELSO: São problemas na loja...

PAULA: Eu não sou nenhuma idiota, Celso! Para de querer subestimar minha inteligência, caramba!

Celso abaixa a cabeça e tapa o rosto com as mãos.

PAULA: Se você prefere tapar o sol com a peneira, tudo bem. Depois não diga que não te dei uma chance!

Paula sai e bate à porta de forma brusca. Celso começa a chorar e joga todas as almofadas no chão. CORTE PARA/

 

CENA 05. CASA DE EVA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Joelma e Luan frente a frente. Eva ao canto.

LUAN: Que história é essa de eu ser tio da Eva? Isso não faz o menor sentido!

EVA: (Chorando) Vó, para de brincar com isso! A senhora não tem esse direito!

JOELMA: Não é brincadeira, minha neta. Quando eu vi o rosto do Luan, me veio uma lembrança familiar. Aí quando ele me falou o nome completo do Mauro, não resta dúvidas. Você é sobrinha do Luan!

EVA: (GRITA) A SENHORA É LOUCA! ATÉ QUE PONTO PODE CHEGAR ESSE TEU PRECONCEITO?

Eva vai pra cima de Joelma e a segura pelos braços, surtada.

EVA: Como a senhora pode chegar tão baixo pra destruir a minha felicidade, vó? Quando foi que a senhora se tornou essa pessoa tão desprezível!

Joelma empurra Eva.

JOELMA: (GRITA) NÃO É MENTIRA! No passado, eu tive um caso com o Mauro. Nós éramos apaixonados, trocávamos juras de amor até que ele sumiu. E aí, pouco tempo depois eu me vi grávida e abandonada. Então eu tive a minha filha, a criei sozinha e nunca mais casei. Eu me fechei pra qualquer tipo de sentimento.

LUAN: (Perplexo) Meu Deus! Agora tudo começa a fazer sentido. O meu pai já tinha comentando com a gente sobre a primeira namorada dele. Filha de um grande diplomata alemão.

JOELMA: Era eu!

Joelma senta no sofá.

JOELMA: Aí a minha filha cresceu e engravidou de você, Eva. Seu pai morreu de acidente e sua mãe passou a gestação inteira com uma depressão profunda. Até que ela morreu no parto e eu te criei, minha neta. Com todo amor do mundo!

Eva chora descontroladamente.

EVA: A minha vida acabou, vó! Acabou!

Eva sai correndo.

LUAN: Eu vou atrás dela!

JOELMA: Espera!!! É melhor deixar que ela fique um tempo sozinha até digeri tudo isso.

Joelma se levanta.

JOELMA: Você disse que o Mauro adoeceu e tá entrevado na cama.

LUAN: Sim. Ele vive em estado vegetativo há anos na cama lá de casa. Ele enxerga, ouve, mas não fala nada.

JOELMA: Eu preciso que você me leve até ele. Eu tenho que ficar cara a cara com o Mauro novamente, nem que seja a última coisa que faça nessa vida!

Em Joelma, decidida. CORTE PARA/

 

CENA 06. SÃO PAULO. EXT. DIA.

Planos gerais. ANOITECE.

CORTE PARA/

 

CENA 07. CASA DE CAPOEIRA. INT. NOITE.

Bruno arrumando sua mochila. Nara chega por trás.

NARA: Eu num disse que vinha?!

Bruno se vira e beija Nara.

BRUNO: E aí, resolveu as coisas da viagem?

NARA: Sim. Mas eu vim pensando em te fazer um convite.

BRUNO: Qual?

NARA: Viaja comigo? Vai ser tão legal, Bruno. Eu tenho uma casa lá em Búzios e eu acho que vou aproveitar bem mais estando com você do que sozinha.

BRUNO: Por essa eu não esperava. Mas eu tenho que falar com o Celso primeiro. Se ele me liberar, eu vou. Acho que vai ser bom tirar umas férias, relaxar um pouco.

NARA: Ai, eu sabia que você ia amar!

Nara e Bruno se beijam apaixonadamente. CORTE PARA/

 

CENA 08. MANSÃO TOLEDO. QUARTO DOS FUNDOS. INT. NOITE.

Juno deitado na cama. Paula em pé.

JUNO: (Sorridente) Eu sabia que você vinha e que não ia resistir.

PAULA: Você sabe muito bem o motivo que me fez ceder.

JUNO: Por que é tão difícil admitir que também me deseja, madame?

PAULA: Cala a boca! Eu vou fazer tudo que você quiser, mas eu espero que depois você me conte tudo que sabe sobre o meu marido. Eu quero um relatório completo sobre o Celso nas minhas mãos!

JUNO: Como a madame quiser. Agora não perde mais tempo, não! Vem sentir o que realmente é ter prazer!

Paula tira o vestido ficando apenas de calcinha. Ela senta em cima de Juno e começa a beija-lo. Ele a segura com força, aperta a bunda e morde os seios dela. Paula se contorce de prazer. CORTE PARA/

 

CENA 09. MANSÃO TOLEDO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Luan e Joelma entram.

LUAN: Acho que não tem ninguém em casa. Fique à vontade!

JOELMA: Obrigada!

LUAN: Eu só queria entender uma coisa, Dona Joelma. Como alguém com tantos preconceitos, pôde se relacionar e ter uma filha com meu pai, que é um homem preto?

JOELMA: Nunca foi sobre vocês. É sobre mim mesma!

LUAN: Enfim, a hipocrisia...

Joelma respira fundo e suspira.

JOELMA: Será que você pode me levar até o quarto do Mauro?

LUAN: Claro! Vem comigo!

Luan e Joelma sobem às escadas. INTERCALA COM/

 

CENA 10. MANSÃO TOLEDO. QUARTO DE MAURO. INT. NOITE.

Mauro deitado na cama, dormindo. Joelma e Luan entram.

LUAN: Fica à vontade! Eu vou deixar vocês aí e vou atrás da Eva. Eu já imagino aonde ela pode ter ido!

Luan sai e fecha a porta. Joelma se aproxima de Mauro. Ela senta ao lado dele e começa a acariciar seu rosto.

JOELMA: (Chorando) Por que você me abandonou, Mauro? Por que?

Mauro começa a abrir os olhos aos poucos. Ele vê Joelma e arregala os olhos, assustado. CORTE PARA/

 

CENA 11. RESTAURANTE. INT. NOITE.

Local cheio. Bruno e Celso em uma mesa ao canto, jantam.

CELSO: Pode fechar a escola, cara! Se você encontrou essa mina aí e ela tá te fazendo bem, vai fundo! Eu não tô com cabeça pra pensar em nada.

BRUNO: Valeu mesmo, Celso! Eu tava precisando respirar novos ares. E a Nara me trouxe isso. Foi tudo tão rápido, tão intenso. Mas ela mexeu comigo de uma forma que eu nem sei explicar.

CELSO: Eu só consigo pensar na puta da Mirela. Aquela vadia ia me matar!

BRUNO: Você tem que fazer alguma coisa.

CELSO: Mas o quê, cara?! A Paula já me botou contra a parede, mas eu recuei. Só que ela não é idiota. Sabe que tem algo errado. A Mirela com certeza vai dar um jeito de se vingar. Eu tô perdido, cara!

BRUNO: Eu fico pensando... Você com uma mulher preta linda da porra, foi se enroscar com essa loira padrão pra agora tá aí, correndo o risco de ficar sem uma e sem a outra.

CELSO: Meu casamento com a Paula tava em crise há tempos. Quando conheci a Mirela, fiquei maluco! Sabe quantas mulheres daquelas deu bola pra mim quando eu era moleque? Nenhuma! E agora que eu tenho grana, por que eu não posso pegar uma dessa?

BRUNO: Não estou dizendo que você não pode e muito menos te julgando. Mas a questão está justamente aí. Nessa mania que muito homem preto como a gente, tem de ficar querendo exibir uma loiraça do lado pra satisfazer o ego e também pra mostrar pra sociedade que a gente também consegue. Enfim, fica aí a reflexão.

CELSO: Meu lance com a Mirela não tem nada disso. Eu pensei que você me entendia, Bruno.

BRUNO: Mas eu entendo. E pode contar comigo sempre! É só o que eu posso te dizer!

Celso e Bruno apertam as mãos. CORTE PARA/

 

CENA 12. MANSÃO TOLEDO. QUARTO DE MAURO. INT. NOITE.

Mauro inquieto, começa a se mexer. Joelma segura os braços dele.

JOELMA: (Grita) CALMA! AGORA VOCÊ VAI ME OUVIR!

Mauro encara Joelma com um olhar aflito, tenso.

JOELMA: Por que você me abandonou, Mauro? Era só isso que eu queria saber. Éramos tão jovens, cheios de planos românticos... Eu estava apaixonada e você sabia disso! Eu enfrentei todos os preconceitos da minha família pra ficar contigo e aí no dia que íamos fugir juntos você me deixa um bilhete dizendo que não dava mais, me descartando.

Joelma começa a chorar e encara Mauro,

JOEMA: Você sabe como eu me senti? Um lixo! E como se não bastasse, logo depois eu descobri que tava grávida. Pois é, Mauro. Você teve uma filha!

Reação de Mauro, surpreso.

JOELMA: Filha que nunca você vai conhecer, pois ela morreu no parto da minha neta. E o destino foi tão cruel, que tratou de juntar a minha neta com o seu filho. COM O SEU FILHO, ENTENDEU?

Joelma começa a apertar o peito.

JOELMA: (Chorando) Ai, que dor, meu Deus! Eu não merecia aquele abandono. Se você tinha outra, devia ter me dito antes. Mas me descartar contando isso por um bilhete como se eu fosse uma qualquer, foi demais!

Joelma respira fundo.

JOELMA: Depois que você me abandonou, eu nunca mais fui a mesma! Eu morri, eu sequei, eu fiquei amarga. Eu comecei a apoiar todos os pensamentos da minha família alemã. Comecei a ter ódio e a generalizar tua raça, Mauro! Pra mim nenhum preto prestava. Nenhum valia nada e queria me distanciar desse passado o máximo possível.

Joelma começa a limpar suas lágrimas.

JOELMA: Mas o destino mais uma vez me pregou uma peça. Coloca justamente teu filho no caminho da minha neta, e cá estou eu na tua frente novamente.

Joelma segura uma das mãos de Mauro e olha fixamente.

JOELMA: Eu nunca me casei de novo, sabia?! Eu me isolei pro amor, me fechei completamente. E sabe qual o motivo? A verdade é que eu nunca te esqueci, Mauro. E isso é o que mais me doía, que me dava raiva, ódioooo! Eu sempre te amei! Você foi o único amor da minha vida e eu sempre vou te amar, Mauro. Sempre!

Mauro derrama uma lágrima e começa apertar as mãos de Joelma fortemente.

Mauro arregala os olhos, suspira e morre.

JOELMA: (Paralisada) Mauro? Mauro? Fala comigo, Mauro! Não faz isso, pelo amor de Deus!

Joelma começa a sacudir Mauro com todas as suas forças.

JOELMA: (Chorando descontroladamente) MAUROOOOOOOO!

Joelma sente uma forte dor e coloca uma das mãos sobre o peito. Ela arregala os olhos e cai sobre o peito de Mauro, morta.

A CAM vai se afastando de forma lenta. Clima emocionante, melancólico. CORTE PARA/

 

CENA 13. SÃO PAULO. EXT. NOITE.

PANORAMA da grande metrópole. AMANHECE.

CORTE PARA/

 

CENA 14. MANSÃO TOLEDO. QUARTO DOS FUNDOS. INT. DIA.

Juno e Paula deitados na cama, seminus.

JUNO: E aí, assume que a noite foi boa, vai! Duvido que o Celso te pegava desse jeito, madame!

PAULA: Pode tirar o seu cavalo da chuva. Não vou alimentar teu ego, tá?! Você é muito pretencioso!

JUNO: Relaxa, madame! Eu sei que mulher não gosta de dar o braço a torcer. Mas sei que tu gostou e muito. Deve tá toda babada ainda aí, né?

PAULA: Não seja vulgar!

JUNO: Por que não? O que a gente fez nessa cama tem alguma ligação com o sagrado e a santidade? Como tu é metida!

Paula se levanta e começa a se vestir.

PAULA: Eu não vou discutir com você! Agora cumpra sua parte no acordo e me conte tudo que sabe sobre as escapadas do Celso!

O celular começa a tocar.

JUNO: Ihh... Acho que vai ter que ficar pra outra hora. A madame num mandou colocar o alarme pras 6h? Se o Dr. Celso costuma acordar 6h30mim, acho melhor cê correr antes que ele abre os olhos e não veja tu na cama.

PAULA: Seu safado! Cafajeste!

Paula termina de se vestir rapidamente e sai correndo. Juno sorri debochado. CORTE PARA/

 

CENA 15. JORNAL DA FAMA. SALA DE ROZETE. INT. DIA.

Rozete sentada, em ligação com Mirela.

ROZETE: Acabei de publicar a matéria falando do seu romance com o Celso Toledo.

MIRELA: (OFF) Sério?

ROZETE: Sim, Mirela. Agora não tem mais volta!

Em Rozete, firme. CORTE PARA/

 

CENA 16. MANSÃO TOLEDO. COZINHA. INT. DIA.

Celso à mesa, tomando café da manhã.

Paula vem de dentro com o celular em mãos.

CELSO: Que bom que você desceu, Paula! Eu queria te perguntar uma coisa. Que horas você foi pra cama ontem? Eu demorei um pouco de pegar no sono e não vi você chegar no quarto.

PAULA: (Firme) Agora quem faz as perguntas aqui sou eu!

CELSO: O que houve?

PAULA: Então você me traía com aquela vagabunda loira que teve aqui em casa há pouco tempo, né?

CELSO: (Apreensivo) Hã? Eu não sei do que você tá falando. Como assim?

PAULA: Ah, é?! Então como você me explica essa matéria fresquinha que acabou de sair no site da Rozete Mendes, seu desgraçado!

Paula coloca o celular na mesa, em frente a Celso. Ele fica em choque.

Em Paula, furiosa. CORTE PARA/

 

FIM DO CAPÍTULO!

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