WEBTVPLAY ORIGINAL APRESENTA

 QUERER É PODER

CAPÍTULO 06


MINISSÉRIE CRIADA E ESCRITA POR

Lucas Oliveira

 


Direção:

CRISTINA RAVELA 

Personagens deste Capítulo:

BRUNO

CELSO

EVA

JOELMA

JUNO

LUAN

MAURO

MIRELA

NARA

PAULA

ROZETE

Participação:

ALUNOS

EXECUTIVOS



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***

CENA 01. MANSÃO TOLEDO. COZINHA. INT. DIA.

Continuação imediata do capítulo anterior.

Celso à mesa, tomando café da manhã.

Paula vem de dentro com o celular em mãos.

CELSO: Que bom que você desceu, Paula! Eu queria te perguntar uma coisa. Que horas você foi pra cama ontem? Eu demorei um pouco de pegar no sono e não vi você chegar no quarto.

PAULA: (Firme) Agora quem faz as perguntas aqui sou eu!

CELSO: O que houve?

PAULA: Então você me trai com aquela vagabunda loira que teve aqui em casa há pouco tempo, né?

CELSO: (Apreensivo) Hã? Eu não sei do que você tá falando. Como assim?

PAULA: Ah, é?! Então como você me explica essa matéria fresquinha que acabou de sair no site da Rozete Mendes, seu desgraçado!

Paula coloca o celular na mesa, em frente a Celso. Ele fica em choque.

CELSO: (Trêmula) Paula, eu posso explicar, meu amor!

PAULA: (Furiosa) NÃO TEM O QUE EXPLICAR! Você me fez de trouxa esse tempo todo, meu Deus! A vagabunda esteve aqui dentro e você dissimulou toda a situação.

Celso se levanta e se aproxima de Paula.

CELSO: Fica calma! Deixa eu falar contigo!

Paula recua e começa a chorar. Ela sai correndo. Celso vai atrás dela. INTERCALA COM/

 

CENA 02. MANSÃO TOLEDO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Paula vem de dentro. Celso tenta segurar Paula.

PAULA: (GRITA) NÃO TOCA EM MIM! Eu quero você longe daqui, longe da minha vida. Cansei, cansei de ser enganada. Fui idiota por tempo demais. Agora já chega!

CELSO: Não toma nenhuma decisão precipitada, Paula. Um casamento sólido como o nosso, não merece ter esse fim.

PAULA: Se você estivesse tão preocupado com ele, não estava mantendo uma amante às escondidas.

CELSO: A Mirela não significava nada pra mim. Era só um lanche, uma merenda. Eu mantinha ela mais como uma válvula de escape. A gente tinha trocas que eu não conseguia ter com você, Paula. Mas amor, sentimento de verdade, eu só sinto por você. Acha mesmo que eu ia te trocar por uma putiane?

Celso começa a chorar e se ajoelha.

CELSO: Me perdoa, por favor! Eu te imploro!

PAULA: (Firme) Eu vou juntar tuas tralhas e você vai embora daqui! E depois que você sair por aquela porta, eu não quero te ver na minha frente nunca mais!

Paula limpa as lágrimas.

PAULA: Agora mesmo eu vou fazer tuas malas! Pode ficar tranquilo que até mesmo aqueles teus objetos de colecionador que tá no quarto do teu pai, eu coloco dentro. Não se preocupe!

Paula sai. Celso senta no sofá e começa a chorar descontroladamente.

Ouve-se a campainha tocar. Celso se levanta e abre a porta. Rozete entra.

ROZETE: Bom dia, Celso! Bem, essas horas você já teve ter visto a matéria que saiu no meu site. Eu vim aqui justamente pra fazer uma entrevista com você, ouvir o seu lado... Você pode achar que não, mas meu trabalho é sério!

CELSO: (Boquiaberto) Como cê se atreve a entrar na minha casa desse jeito depois de tudo que você fez?

ROZETE: Desculpa, mas eu não fiz nada. Eu apenas publiquei. Quem fez, foi você!

Celso pega Rozete pelo braço e coloca porta á fora.

CELSO: Fora da minha casa agora!

ROZETE: Você tá louco? Me segurar desse jeito?

CELSO: Você ainda vai ver o que é ser louco se não cair fora daqui imediatamente, sua desgraçada!

Celso bate à porta fortemente.

CELSO: Eu vou ter que dar um jeito nisso. A Mirela não vai destruir a minha vida. Não vai!

Em Celso, desnorteado. CORTE PARA/

 

CENA 03. MANSÃO TOLEDO. QUARTO DE MAURO. INT. DIA.

Paula adentra o local e vê Mauro e Joelma sobre a cama, mortos.

PAULA: (Grita) AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHH!

Em Paula, apavorada. CORTE PARA/

 

CENA 04. MANSÃO TOLEDO. JARDIM. EXT. DIA.

Juno encostado no carro, mexendo no celular. Celso vem de dentro.

JUNO: Bom dia, patrão! Eu acabei de ver a notícia aqui no site da Rozete Mendes. Eu juro que não fui eu quem contei nada pra ela.

CELSO: Eu sei que não. Foi a Mirela!

JUNO: A Mirela?

CELSO: Ela mesmo. E é exatamente com ela que eu vou acertar minhas contas agora.

JUNO: Eu te levo, Doutor!

CELSO: Não precisa, Juno! Eu vou sozinho!

Celso entra no carro e acelera em alta velocidade.

Juno balança a cabeça negativamente. CORTE PARA/

 

CENA 05. CASA DE MIRELA. EXT. DIA.

Mirela sai de dentro, com uma mala em mãos e com uma menina (de uns 8 anos) ao lado.

Mirela fecha o portão e se agacha em frente a menina.

MIRELA: Não fica com medo, tá?! A gente vai pra bem longe daqui!

MENINA: Mas pra onde?

MIRELA: Eu ainda não sei, minha prima. Mas você confia em mim?

A menina balança a cabeça positivamente.

MIRELA: Então pronto! Nós vamos juntas e vamos ser muitos felizes!

O carro de Celso para em frente. Ele desce do carro e se aproxima de Mirela.

MIRELA: O que você tá fazendo aqui?

Celso retira um revólver do bolso e aponta pra Mirela.

CELSO: Entra no carro e cala a tua boca, sua vadia!

MIRELA: (Amedrontada) Pelo amor de Deus, não faz nenhuma besteira! Olha a criança aqui! Pensa pelo o menos na minha priminha, Celso!

CELSO: Eu não sou nenhum estranho pra ela, você sabe muito bem!

A menina se agarra na calça de Mirela.

MIRELA: Calma, meu bem! O tio Celso tá nervoso, mas logo vai passar!

CELSO: (Grita) ENTRA LOGO NESSE CARRO, PORRA!

Celso empurra Mirela e a menina pra dentro do carro.

Celso entra no carro em seguida e acelera, cantando pneu. CORTE PARA/

 

CENA 06. CARRO EM ESTRADA. INT. DIA.

Veículo em alta velocidade. Mirela e a menina no banco de trás. Celso transtornado, fora de si.

MIRELA: Para esse carro, pelo amor de Deus! Olha o que tu tá fazendo, Celso!

CELSO: Você num quis destruir minha vida? Pois então. Agora eu vou te dar uma lição que você jamais vai esquecer!

A menina começa a chorar. Mirela dá uma chave de pescoço em Celso.

MIRELA: Ou tu para esse carro agora, ou eu te mato!

CELSO: A gente vai bater, sua maldita!

Celso começa a sufocar e fica vermelho. Ele tenta frear.

O carro perde a direção e capota várias vezes seguidas. Ele cai numa ribanceira e explode formando uma enorme nuvem de fumaça. CORTE PARA/

 

CENA 07. PARQUE DO IBIRAPUERA. EXT. DIA.

Eva sentada em frente a lagoa. Luan se aproxima dela e senta ao lado.

LUAN: Eu sabia que você estaria aqui.

EVA: Por que você veio atrás de mim? Eu passei a noite toda pensando na gente. Você tem que me esquecer!

LUAN: Eu também fiquei pensando na gente e cheguei à conclusão que te esquecer, é impossível!

EVA: Mas é isso que tem que acontecer, Luan! Somos parentes. Eu sou sua sobrinha. Você é meu tio. Nossa história acabou!

LUAN: Mas o sentimento mudou? O meu continua aqui!

EVA: A gente tem que pensar em alguma forma de matar ele dentro da gente. Já pensou o preconceito que íamos enfrentar? Não temos saída!

Luan e Eva se olham fixamente.

LUAN: A principal questão é: Tu ainda me ama?

EVA: (Começa a chorar) Você sabe que sim!

LUAN: Então foda-se o mundo! Foda-se as convenções sociais!

Luan se levanta e puxa Eva pela cintura.

LUAN: Eu quero você do meu lado pro resto da minha vida, Eva! Só você!

Luan e Eva se beijam apaixonadamente. CORTE PARA/

 

CENA 08. SÃO PAULO. EXT. DIA.

Planos gerais de diferentes pontos da cidade.

LEGENDA: Meses depois...

CORTE PARA/

 

CENA 09. CEMITÉRIO. FACHADA. EXT. DIA.

Carro parado. Nara encostada nele.

Bruno sai no cemitério e se aproxima dela.

NARA: E aí, visitou a cova do Celso?

BRUNO: Sim. E eu ainda não consigo acreditar que meu amigo se foi. Dia de finados é tão triste...

NARA: Quando algo começa mal, nunca acaba bem!

BRUNO: Eu sei disso.

NARA: Mas agora que viemos pra São Paulo você tem certeza que não vai querer assumir a escola de capoeira novamente? O Celso deixou pra você em testamento.

BRUNO: Eu já conversei com a Paula. Ela que administre tudo.

Bruno segura Nara pela cintura.

BRUNO: Sabe o que eu quero mesmo? É voltar pra Búzios e continuar a lua de mel contigo, meu amor!

NARA: Ah, mas eu tava criando gosto pela capoeira. Não queria parar!

BRUNO: Ué, você tá namorando com um professor de capoeira. Só para se quiser!

Bruno e Nara se beijam, apaixonados. CORTE PARA/

 

CENA 10. LOJA CELOME. SALA DE REUNIÃO. INT. DIA.

Vários executivos em volta da mesa. Paula e Juno em pé à frente de todos.

PAULA: Bem, como os senhores já sabem, eu como a viúva e uma das herdeiras do Celso Toledo, sou a nova presidente das lojas Celome.

Todos aplaudem.

PAULA: Comunico também que Luan, o irmão de meu falecido marido, se isentou de qualquer cargo administrativo por enquanto. Ele preferiu focar nos estudos e na vida pessoal. Por tanto, comunico que Juno Lopes, meu novo namorado aqui presente, será o novo gerente da loja.

Todos aplaudem.

JUNO: (Sorridente) Quero agradecer à todos e dizer que eu tô muito feliz com esse cargo. Ainda mais ao lado dessa gostosona aqui que é a minha mulher!

Juno dá um leve tapinha na bunda de Paula. Todos os executivos se entreolham. Paula tenta disfarçar o constrangimento.

PAULA: (Baixo) Menos é mais, meu amor! Nunca se esqueça disso!

JUNO: Pode deixar, madame!

PAULA: Ótimo!

JUNO: Vamo lá, meu povo! Mais aplausos, vai! Eu quero mais aplausos!

Todos aplaudem novamente. Juno e Paula se beijam. CORTE PARA/

 

CENA 11. CEMITÉRIO. EXT. DIA.

Eva em Luan em frente a lápide de Mauro e Joelma.

EVA: Oh, minha vó... Pode ter certeza que eu vou tá sempre rezando pela senhora.

LUAN: Parece que meu pai passou todos esses anos vegetando na cama só esperando esse momento. Foi só reencontrar a Joelma que ele se foi e descansou.

EVA: Tem acertos de contas que não podemos esperar outras vidas pra resolver.

LUAN: Depois de tudo que aconteceu com a gente, eu só tenho uma certeza: A vida é um mistério!

Luan abraça Eva. Clima melancólico. CORTE PARA/

 

CENA 12. MANSÃO TOLEDO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Paula e Juno sentados no sofá, bebem champanhe.

Luan e Eva adentram o local.

PAULA: Oi, meus queridos! E aí, como foi lá no cemitério?

LUAN: Ah, primeiro passamos na lápide do Celso e depois fomos até a do Mauro e da Joelma.

EVA: O melhor é que sentimos uma sensação boa, de paz. Acho que eles estão bem do outro lado.

PAULA: Mas agora vamos mudar de assunto. Apesar de ser 02 de novembro, não precisa ser um dia inteiro de tristeza.

JUNO: Disse tudo! Eu e a Paula já assumimos a loja e depois ela vai lá na escola de capoeira.

PAULA: Além de Juno e eu termos marcado a data do nosso casamento.

LUAN: Ah, fico muito feliz por você, Paula. Você merece!

PAULA: Obrigada, querido! E vocês, pretendem se casar também?

Luan e Eva se entreolham, cabisbaixo.

PAULA: Me desculpe, mas essa relação de vocês dois é demais pra mim. Incesto é o limite do meu progressismo! Os laços parentescos são fraternos, puros... Não consigo pensar em/

LUAN: (POR CIMA) Acontece que eu a Eva não vivemos esses laços. Passamos a vida toda desconhecendo esse fato e nos apaixonamos por obra do acaso. É mais fácil julgar, né? Sentimento não se controla, não. Se sente! E nós escolhemos enfrentar tudo pra vive-lo!

EVA: Quando se trata de incesto, todo progressista se torna moralista e conservador. Não é novidade!

JUNO: Calma aí, galera! Querem um pouco de champanhe pra aliviar o clima?

PAULA: Não esqueça que você é um Toledo e se for se casar com a sobrinha, pense no escândalo moral que seria entre os acionistas? E o público? Não quero nem pensar se uma notícia dessas chegar na imprensa!

LUAN: Pode ficar tranquila, Paula! Eu vou pegar minha parte e ir embora com a Eva daqui. Vamos pra bem longe viver nossa vida em total anonimato e sem chance alguma de prejudicar os negócios do meu irmão.

PAULA: Que agora são meus também!

EVA: Eu e o Luan conversamos e decidimos tomar essa decisão.

PAULA: Melhor assim!

JUNO: E aí, vamo brindar?

Em Juno, sorridente. CORTE PARA/

 

CENA 13. ESCOLA DE CAPOEIRA. INT. DIA.

Roda de capoeira formada. Paula e Juno no meio delas.

PAULA: Hoje, eu reabro a escola e conto com o apoio de todos vocês pra fazer dessa arte cada vez mais valorizada no nosso Brasil e principalmente aqui no Sudeste.

Todos aplaudem.

PAULA: Antes de iniciar a roda de hoje eu queria dizer algumas palavras. Todos nós sabemos a importância histórica da capoeira para o nosso povo preto. A capoeira aqui virou sinônimo de luta, de força, de defesa, de sobrevivência.

Paula se emociona e começa a chorar.

PAULA: E por mais que ainda hoje sejamos subestimados pela cor de nossa pele, é importante que todos vocês saibam que se a gente quiser, a gente pode. A gente pode ser tudo que a gente quiser. Essa frase nunca fez tanto sentido: QUERER É TAMBÉM PODER!

Paula começa a secar as lágrimas e beija Juno.

PAULA: Bem, agora é só alegria! Podem começar a roda, que eu vou assistir de camarote!

Uma grande roda de capoeira se inicia. Todos os alunos vão se revezando.

A CAM vai focando no gingado e no sorrido de cada um deles.

FIM

Créditos sobem ao som de: Camará – Walter Queiroz.

 

Elenco:

Celso (Rafael Zulu)

Paula (Aline Borges)

Mirela (Ellen Rocche)

Luan (Paulo Lessa)

Bruno (Cássio Nascimento)

Mauro (Tony Tornado)

Eva (Yanna Lavigne)

Joelma (Elaine Cristina)

Nara (Fernanda de Freitas)

Juno (Renan Monteiro)

Rozete (Karin Hils)

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